Boatos de ataques a escola: como pais e alunos devem lidar com as ameaças nas redes sociais

Aumento de atentados em escolas e circulação de informações sobre supostos novos ataques preocupam famílias; especialistas orientam encaminhar denúncias às autoridades, tomar cuidado com o que compartilhamos e evitar pânico

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Escola Estadual Senador Casemiro da Rocha, de Ribeirão Pires (SP)
Escolas criam protocolos de saúde mental e prevenção à violência | Foto: Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
Buscador de educadores parentais
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Mensagens sobre supostos novos ataques em escolas de diversas cidades brasileiras, que circulam nas redes sociais, têm deixado pais, alunos e educadores assustados e apreensivos. Apesar de os indícios de que se trata de alarme falso, essas mensagens têm preocupado e alterado a rotina escolar. Os boatos aumentaram significativamente após as tragédias ocorridas em São Paulo (SP) e Blumenau (SC). Na sequência, houve ainda atentados no Rio de Janeiro (RJ), Manaus (AM), Santa Tereza de Goiás (GO), e Farias Brito (CE), que não tiveram mortes mas deixaram alunos feridos. Os governos têm anunciado reforços à segurança nos arredores dos colégios e ampliação da estrutura de investigação de denúncias.

Instituições particulares por todo o país enviaram comunicados esta semana para informar às famílias sobre a adoção de protocolos de segurança e ações de saúde mental. Entre as medidas anunciadas estão restrições de acesso e circulação nas dependências das unidades de ensino e reforço de efetivo de segurança especializado, a depender da instituição. No geral, as notas também destacam o cuidado de evitar espalhar pânico e chamam a atenção para o consumo e compartillhamento de informações sobre possíveis ataques.  

Denunciar mensagens de supostas ameaças é uma das recomendações dos especialistas às famílias para evitar o efeito contágio, que consiste na replicação de violências inspiradas nesses conteúdos. As denúncias ajudam a identificar quem está por trás das publicações e qual o objetivo dessas pessoas em disseminar medo. 

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A construção coletiva dos canais de diálogo, escuta ativa e soluções de conflitos também são ações essenciais neste momento. Para a psicanalista Bebel Soares, é essencial investir na autorregulação das emoções e mediação de conflitos para que os jovens sejam mentalmente saudáveis, do contrário, os ataques podem acabar se naturalizando, disse ela. Abaixo, veja outras orientações de especialistas, conforme mostra reportagem do Estadão

  • Denuncie mensagens suspeitas às autoridades. Ainda que os elementos indiquem que os avisos que circulam nas redes sociais sejam falsos, especialistas e autoridades orientam que toda ameaça seja denunciada à Polícia Civil e no canal Escola Segura,  criado pelo Ministério da Justiça para investigação. A denúncia é anônima. Basta indicar a página da internet onde circulou a notícia e explicar do que se trata em um campo aberto para comentário.
  • Denuncie às próprias redes postagens nocivas. A maioria das plataformas de mídias sociais têm canais de denúncia para mensagens de ódio ou supostas ameaças de ataques.
    WhatsApp: denúncias devem ser enviadas para o email [email protected], com detalhes do ocorrido e se possível envio de imagens de captura de tela.
    TikTok: há uma página para denunciar conteúdos como comentários, mensagens, hashtags e contas falsificadas.
    Instagram: é possível denunciar publicações do feed ou no próprio perfil da pessoa que publicou a informação suspeita por meio dos três pontinhos que aparecem no canto superior direito do perfil ou da postagem . Veja detalhes aqui
  • Atenção ao que você compartilha. Não encaminhe a amigos nem publique nas suas redes sociais fotos e vídeos que não tenham a veracidade confirmada, o que pode aumentar a sensação de insegurança e produzir o “efeito contágio”. “Pode ainda trazer uma sobrecarga para os agentes de segurança, atrapalhando as investigações. 
  • Evite entrar em pânico. Para não cair em desespero, vale buscar informações oficiais e orientações dos educadores do local onde você ou seu filho estuda. Desconfie de mensagens sobre ataques ou suspensão de atividades – muitas delas são falsas. 
  • Pais e professores devem tomar cuidado para não apavorar crianças e adolescentes com excesso de informações sobre o risco de ataques. Para responder a questionamentos, o adulto deve procurar saber o que a criança já sabe e ajustar o diálogo conforme a idade e maturidade da criança, visto que as notícias circulam na mídia e em redes sociais. Portanto, mais que esconder, vale orientar e acolher. 
  • Não hostilize pais, alunos e professores. Diante do estresse e do ineditismo da situação, é natural que haja alguma dificuldade ou dúvidas sobre como agir também por parte dos professores e das escolas. É direito das famílias demandar diálogo transparente sobre o assunto, mas também ajudar na construção coletiva de informações. Já as suspeitas e denúncias devem ser comunicadas às autoridades.

Investigações nas redes

O Ministério da Justiça publicou uma portaria, nesta quinta-feira (13)  no Diário Oficial que prevê a suspensão ou multa de redes sociais que não removerem conteúdos de apologia à violência. As plataformas terão até duas horas para fazer a remoção do conteúdo considerado violento. Caso descumpram as medidas estabelecidas, poderão ser multadas em até R$ 12 milhões e mesmo ter o serviço suspenso.

O pacote de ações anunciado pelo governo para combater a violência nas escolas traz uma série de obrigações para as redes sociais. Entre elas:

  • remoção de conteúdos de apologia à violência;
  • apresentação de relatórios de avaliação de riscos sistêmicos sobre propagação de conteúdos ilícitos;
  • informar sobre risco de acesso de crianças e adolescentes a conteúdos inapropriados para idade, além de conteúdos considerados ilegais, nocivos e danosos;
  • compartilhamento com a polícia de dados que identifiquem o usuário ou local de postagem de conteúdo de violência contra as escolas.

Média de ataques

Desde agosto, foram nove ataques no país, mais de um por mês. Até então, a média era de cerca de um a cada dois anos, entre 2002 e julho de 2022, segundo levantamento feito por pesquisadores da Unesp e da Unicamp, que consideram apenas eventos praticados por alunos ou ex-alunos.

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