Meninos de 7 a 14 anos são os que mais sofrem acidentes com cães, indica estudo

Levantamento realizado por pediatra do Hospital das Clínicas da Unicamp analisou o perfil das crianças que foram vítimas de acidentes

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Cão brinca com menino no sofá
Crianças não devem ficar sozinhas com os cães
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Acidentes envolvendo cães são comuns, principalmente em crianças. Além de ferimentos agudos, as agressões por cães podem causar fraturas, infecções, cicatrizes e traumas psicológicos. Um estudo realizado com dados do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) traçou o perfil das crianças vítimas de acidentes com cães. 

A análise identificou 1.012 atendimentos relacionados a acidentes com cachorros no período de janeiro de 2010 a dezembro de 2019. Segundo o levantamento, os meninos são as principais vítimas e a faixa etária mais atingida é de 7 a 14 anos, sendo a maioria dos ferimentos localizados na cabeça ou no pescoço. A causa da maior parte dos ataques, em todas as faixas etárias, foi acidental. E a maioria dos acidentes aconteceu em ambiente externo (68,2%), ocorrendo, em 31,5% dos casos, na própria casa da criança. Os acidentes se caracterizam principalmente por mordeduras, arranhaduras e lambeduras. O estudo usou dados da Unidade de Emergência Referenciada Infantil do hospital.

“Verificamos que as crianças mais novas sofrem mais lesões localizadas na cabeça e no pescoço, provocadas em acidentes que ocorrem com cães de contato habitual, dentro da própria casa, por causa provocada, dependente da interação da criança com o animal. À medida que a idade aumenta, cresce o número de lesões localizadas em membros superiores e inferiores, como braços e pernas, em ataques de causa acidental, em ambientes externos”, diz a médica pediatra responsável pela pesquisa, Michelle Marchi de Medeiros.

Segundo Michele, essa é uma das únicas pesquisas que avalia as diferenças entre os acidentes com cães em diversas faixas etárias da área de pediatria no Brasil. “Sem dúvida, ocorrem muitas mordeduras por cães que não chegam às unidades de emergência dos hospitais terciários”, alerta a médica. 

Acidentes com cães

Principais vítimas:

Crianças do sexo masculino (65,2%)
Crianças do sexo feminino (34,8%)

Faixa etária mais atingida:

7 a 14 anos – 498 crianças (49,2%)
4 a 6 anos – 268 crianças (26,5%)
0 a 3 anos – 246 crianças (24,3%)

Locais mais comuns da lesão:

Região da cabeça e pescoço (37,4%)
Membros superiores (34%)
Membros inferiores (27,9%)
Tronco (9,4%)
Mucosas (1,4%)

Causa:

Acidental (64,9%) 

Raça:

Sem raça definida (SRD) (36,2%)
Pit bull (3,6%)
Pastor alemão (1,4%)
Poodle (1,3%)

De acordo com a pediatra Andrea Fraga, orientadora da pesquisa, os acidentes com cães representam um grande problema de saúde pública nos países em desenvolvimento.

“Esses dados são úteis para o desenvolvimento de medidas preventivas direcionadas a cada faixa etária da pediatria, incluindo oferecer orientação aos pais, tutores de cães e crianças maiores e desenvolver políticas públicas buscando o controle da população animal abandonada nas ruas e o incentivo à posse consciente de animais domésticos”, recomenda Fraga.

Foram documentadas, no total, 26 raças, mas cerca de metade das fichas de atendimento não trazia informações sobre a raça do cão. Os animais sem raça definida (SRD) foram os mais comuns, seguidos pelas raças pit bull, pastor alemão e poodle.

Quanto ao tipo de lesão, as profundas foram descritas em mais de 84% dos casos nas diferentes áreas do corpo. Lesões dilacerantes foram relatadas com mais frequência na cabeça e no pescoço, em um total de 29 casos (7,7%), seguidas por 14 casos (5%) em membros inferiores e 7 casos (2%) em membros superiores.

O estudo, fruto de dissertação de mestrado, foi publicado na revista Frontiers in Pediatrics.

Cuidados para evitar acidentes com cães

Estudos já mostraram que a convivência das crianças com um cachorro pode incentivar o desenvolvimento infantil e também pode reduzir os níveis de estresse, entre muitos outros benefícios. Contudo, a pediatra Andrea Fraga lembra que todo e qualquer cão pode morder, o que independe de tamanho, raça ou condições de saúde, e toda criança deve ser vigiada.

Em reportagem no portal G1, ela destacou alguns cuidados que podem ser ajudar na prevenção dessas ocorrências.

  • Crianças pequenas não devem alimentar, abraçar, beijar, colocar o rosto perto, dar petiscos e, em hipótese nenhuma, ficar sozinhas com os cães;
  • Não deixar bebês engatinharem ou ficar no chão, no mesmo ambiente que os animais;
  • Não acordar o cão quando ele estiver dormindo e nunca tentar interagir quando ele estiver se alimentando.
    Na presença de um cão desconhecido, evitar sair correndo ou fazer movimentos agressivos. Deve-se ficar parado e deixar que ele cheire e depois saia normalmente;
  • Ensine as crianças a reconhecerem sinais que podem significar maior chance de ataque: quando os cães ficam com o corpo rígido, com a cauda retificada, olhando fixamente ou na posição agachados. (Com informações do site da Unicamp)

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