Educador parental: o formador de um novo tempo

O papel desse profissional na transformação das famílias e como ele pode ajudar na promoção da diversidade foram temas de destaque da abertura do 3° Congresso Internacional de Educação Parental

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Ivana Moreira, durante abertura do congresso
Buscador de educadores parentais
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A pandemia potencializou os desafios das famílias, tornando ainda mais difícil a jornada de criação dos filhos. Ansiedade, depressão, excesso de telas e o não reconhecimento da autoridade dos pais são algumas das muitas questões com as quais estamos tendo de lidar agora com mais intensidade.

“As famílias não têm de ser perfeitas, mas sim melhores e responsáveis” disse o psicólogo,mestre em sáude coletiva e consultor de comportamento, educação e família, Rossandro Klinjey, durante a abertura do 3o Congresso Internacional de Educação Parental, realizado de forma online e presencial, em São Paulo, entre os dias 24 e 26 de novembro.

Para Rossandro, estamos diante de um momento de “profunda crise da humanidade, e o modelo que até então respondia à forma como educamos os filhos, construímos saberes e criamos um pacto coletivo, não responde mais às demandas atuais e ainda não há nada que o substitua”. Nesse contexto, ele destacou o papel do educador parental, que se mostra ainda mais importante para ajudar a criar respostas para que as próximas gerações tenham mais recursos na caixa de instrumentos emocionais que levem à construção de uma família saudável.

Por saudável entenda-se ser capaz também de lidar com problemas estruturais, como o racismo, e com a inclusão na sociedade de pessoas com deficiência e doenças raras. O capacitismo, preconceito que as pessoas com deficiência sofrem, sendo vistas como incapazes de gerir suas próprias vidas, ainda é um termo pouco conhecido, lembrou a educadora parental Mônica Pitanga, que participou do congresso, no painel Diversidade: educação parental no combate ao racismo e ao preconceito. 

Mônica contou sua experiência pessoal como mãe de uma adolescente que tem uma doença rara e comentou da dificuldade que é aceitar as pessoas como elas são. Ela lembrou de expressões preconceituosas que fazem parte do nosso cotidiano, como chamar alguém de cego, surdo, retardado ou mudinho. “Também sou capacitista, também estou aprendendo, mas hoje me vejo nesse lugar de conscientizar outros educadores para que permitam que as crianças convivam com pessoas com deficiências, pessoas pretas e com a diversidade humana.”

A discriminação a crianças e adolescentes negros foi abordada na palestra da atriz, socióloga e educadora parental Magda Figueiredo. Ela falou das inúmeras situações do cotidiano nas quais os negros são tratados de forma diferenciada, sendo vistos sempre como inferiores. “Não é mimimi, isso é real, um pacto estabelecido entre os brancos, em que ninguém conversa sobre o racismo estrutural. Tem que estudar, tem que saber o que é. Racismo não é sentimento, precisa entender que racismo é uma estrutura”, declarou Magda. 

Mesmo na educação parental, ela ressaltou da dificuldade que é para os negros entrarem nesse mercado. “A gente sabe que a educação parental é para brancos, para quem pode pagar. Muitas mulheres pretas não conseguem pagar”.

A jornalista e organizadora do congresso, Ivana Moreira celebrou a possibilidade de encontro dos educadores para debater e refletir sobre dilemas comuns da área. “As provocações e as perguntas que estão sendo feitas mostram o tanto que a gente tem que se unir para desenvolver esse mercado e fazer a educação parental crescer”. Para Ivana, o crescimento do evento, que está na sua terceira edição, só confirma o aumento da demanda por esses profissionais. “São formadores de um novo tempo que podem fazer toda a diferença na vida das famílias”.

A psicanalista Jacqueline Vilela, fundadora da Parent Brasil e também responsável pela organização do evento explicou que o congresso é o lugar onde as pessoas podem vir para encontrar os seus iguais. “Não me refiro a iguais de raça, cor, nada disso, mas de ideais, porque é uma jornada que pode ser muito solitária”, declarou. Segundo Jacqueline, é necessário desbravar essa questão da consciência coletiva de que a mulher já nasceu sendo mãe e não é preciso estudar para ser pai e mãe. “O congresso é esse lugar onde a gente vem, aprende, olha várias situações e a partir daí vai criando a nossa própria narrativa para explicar a educação parental. Neste primeiro dia, tivemos uma explosão de perspectivas diferentes para a educação parental, é isso o que a gente queria, mostrar as diferentes vertentes e possibilidades da área”.

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