Celular não é chupeta!

A pedagoga Iolene Lima questiona por que os pais cedem à pressão das crianças e deixam com que joguem online e usem sozinhas as redes sociais

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7 razões para que crianças não fiquem sozinhas na internet; menina de cabelo crespo está deitada sobre barriga de menino, ele segura e olha para celular, ela tem tablet nas mãos
"Não podemos criar filhos para se tornarem adultos birrentos", diz Iolene Lima
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Os “tempos modernos” relatados na música do cantor Lulu Santos citam dias melhores, novo começo de era e gente com mais habilidade de dizer sim do que não. A letra dessa música tem mais de 30 anos, mas tenho certeza de que você já ouviu. Eu realmente vejo muita verdade em alguns trechos. Ninguém duvida que o século XXI começou como uma nova era bem complicada.

Vivemos dias complexos por conta da pandemia provocada pela covid-19, mas não é só isso. A tecnologia que tanto nos ajuda (o que seria de nós sem o Whatsapp?), nos aproxima e nos faz ganhar minutos preciosos do dia, também deve ser encarada como uma ferramenta, ou seja, um instrumento. É uma ferramenta imprescindível para o crescimento da economia, da sociedade e da humanidade. Esperamos com sua ajuda, descobrir por exemplo a cura do câncer.

Mas, como a música também fala, temos visto gente falando muito sim para assuntos que na verdade não são tão simples e que muitas vezes, deveriam receber um não. Quer ver? Tenho percebido um número crescente de crianças com contas em redes sociais, contas onde são os administradores sozinhos. Postam, conversam com outros colegas e até com pessoas que não conhecem. Outros ainda passam horas jogando online com completos desconhecidos e sem a “observação” dos pais. Obviamente sabemos que os filhos fazem uma enorme pressão em seus pais para terem as tais contas, mas precisamos dizer não, ou seja, não ceder quando o assunto é segurança ou desrespeita regras e leis.

A maior questão a que os pais, nós, deveríamos responder é: estou disposto a ceder diante da pressão e expor meu filho  aos perigos da internet sem supervisão? Por outro lado, percebo também pais utilizando-se dessas ferramentas para acalmar crianças, como se o tablet ou o smartphone fossem chupeta e as plataformas de vídeos, filmes infantis da Disney. Precisamos enquanto pais, família, exercer nosso papel de proteger as crianças de todo perigo que esteja ao nosso alcance. Será que não estamos criando crianças dependentes de telinhas?

Crianças precisam brincar ao ar livre, correr, saltar, pular e até cair. Faz parte da infância. Precisam também de frustração, saber que nem sempre temos e conseguimos o que queremos. Que precisamos aguardar, ou seja, exercer a espera, a resiliência e a frustração. Essas habilidades, competências emocionais, serão muito úteis na vida adulta. Com certeza você conhece um adulto que ainda não consegue lidar por exemplo, com um não. Não podemos criar filhos para se tornarem adultos birrentos.

Há basicamente 7 razões para que crianças não fiquem sozinhas na internet:

  1. Existe assédio e violência por parte de predadores sexuais. Isso existe e infelizmente é mais comum do que você imagina.
  2. Ciberbullying: todo conteúdo postado não é apagado. A dor é legítima e as crianças podem sofrer tremendamente ao verem suas fotos virando memes de mal gosto por exemplo.
  3. Conteúdo impróprio para a faixa etária.
  4. Roubo de imagem e fotos: suas fotos podem ser usadas de forma inadequada e inclusive divulgadas em rede internacional de pedofilia.
  5. Vício de internet.
  6. Imaturidade para lidar com tanta exposição de consumo, de textos e até de imagens impróprias.
  7. Ansiedade: crianças muito expostas à tela podem desenvolver problemas emocionais como ansiedade, baixa tolerância e até agressividade.

Proteja seu filho, acompanhe seus acessos e discuta com ele as vantagens do uso seguro da tecnologia. Afinal, ela veio para ficar e deve ser usada a nosso favor.


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Iolene Lima
Iolene Lima tem 4 filhos adultos (Rafael, Pedro, Mateus e Rebeca). É pedagoga, pós-graduada em psicopedagogia clínica e institucional. Tem especializações em gestão de instituições escolares, qualidade educacional e alfabetização. Dá formação para professores, palestras para pais e consultoria a gestores escolares.

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