Data de corte no pré-escolar pode influenciar diagnóstico de TDAH, diz estudo

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Da redação 

Um estudo recém publicado no The New England Journal of Medicine, nos Estados Unidos, afirma que a data de corte para entrada no pré-escolar (para crianças de 5 anos) pode ter implicações importantes no diagnóstico do transtorno de déficit de atenção (TDAH). Quanto mais novas as crianças de uma turma, maiores as chances de apresentar o transtorno, afirma o estudo. Por mais novas, entenda-se aquelas que fazem aniversário justo antes da data de corte que define em que série ela deve ser matriculada. Nos Estados Unidos, essa data é no dia 1o de setembro, em grande parte dos estados. Logo, os que fazem aniversário em agosto são os mais novos da classe e os que nascem em setembro, os mais velhos. A pesquisa usou uma base de dados de seguro que incluía cerca de 407 mil crianças de todo o país, nascidas nos meses de agosto e setembro, entre 2007 e 2009, e que foram acompanhadas até 2015.

 O estudo feito por três pesquisadores de políticas de saúde da Universidade de Harvard, constatou que as taxas, o diagnóstico e o tratamento de TDAH foram 34% maiores entre as crianças nascidas em agosto do que entre as crianças nascidas em setembro, sendo que os efeitos foram maiores entre os meninos.

Segundo os pesquisadores, tais descobertas revelam quão subjetivo o diagnóstico de TDAH pode ser. Eles destacam que um comportamento desatento de uma criança mais jovem, nascida em agosto, por exemplo, pode ser considerado como sintoma do TDAH, e não como um comportamento imaturo mas biologicamente esperado para a sua pouca idade, em relação aos colegas mais velhos.  

Se o transtorno é diagnosticado adequadamente, os tratamentos comportamentais e médicos podem melhorar a concentração, o desempenho escolar e outros resultados, superando os efeitos colaterais. “Mas quando a doença é indevidamente diagnosticada, os danos clínicos e os custos do tratamento podem não ser atingidos com benefícios proporcionais”, relatam os estudiosos.

Em artigo sobre o assunto publicado no periódico The New York Times, eles ressaltam que essas descobertas não são novidade, mas sugerem um problema contínuo. Vários estudos mais antigos, feito tanto dentro como fora dos Estados Unidos, analisam taxas de diagnóstico de TDAH segundo a idade de corte para ingresso na pré-escola. E quase todos eles sugerem maior probabilidade de diagnóstico das crianças mais jovens em relação às mais velhas, no mesmo nível de ensino. Um outro estudo descobriu que a idade relativa de uma criança em uma classe afeta fortemente as avaliações dos professores quanto a ela ter sintomas de TDAH, mas não afeta as avaliações dos pais. Segundo os pesquisadores, isso sugere que muitos diagnósticos podem derivar das percepções dos professores sobre os alunos ao compará-los entre si.  

“Nosso estudo, que usa dados recentes, nos diz que o problema ainda existe e não é pequeno. Apesar da crescente conscientização de que o TDAH pode ser superdiagnosticado e o fato de que os medicamentos usados para tratá-lo têm sérios efeitos colaterais, algo tão arbitrário quanto o mês em que a criança nasce ainda tem um impacto significativo na probabilidade de a criança ter a condição”, concluem os pesquisadores.

Eles destacam a importância dos médicos terem ciência desses achados. “Um simples “ajuste” mental para saber se uma criança nasce em agosto pode ser suficiente para ajudar os médicos a reduzir o sobrediagnóstico”, dizem eles. Da mesma forma, orientam pais e escola a ficarem atentos a essa questão e questionarem o diagnóstico e a necessidade de tratamento.

 

 

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