Daniel Azulay leva sua arte a oficinas de desenho no Rio e em Niterói

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    Prestes a completar 70 anos, Daniel Azulay, ícone dos anos 80, continua povoando o imaginário das crianças, com oficinas de desenho no Rio e em Niterói

    Por Luciana Ackermann – Se você passou dos 30 anos, certamente conhece a Turma do Lambe–Lambe, formada, entre outros, pelo professor Pirajá, a Xicória, a Damiana e a vaquinha Gilda. Quem nunca tentou seguir os traços que Daniel Azulay ensinava na tevê? Ou chegou a fazer, com itens simples e caseiros, um daqueles brinquedinhos que Azulay construía com a maior facilidade, muito antes de o termo reciclagem aparecer na vida dos brasileiros?

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    O multiartista, que ficou famoso nos anos 80, em seu ambiente. Foto: Ricardo Borges

    Por dez anos, Azulay esteve à frente de programas infantis, abrindo um mundo de fantasias e possibilidades para os pequenos. Primeiro, na TVE, depois, na Bandeirantes. Foi a partir das recorrentes cartas que recebia de pais e mães, querendo saber se ele tinha ou indicava algum curso semelhante ao que apresentava na telinha, que o multiartista mergulhou no mundo dos negócios e desenvolveu a Oficina de Desenho Daniel Azulay, que existe há 22 anos, em sistema de franquias.

    Atualmente, a oficina funciona em cinco bairros do Rio de Janeiro: Largo do Machado, Ipanema, Tijuca, Vila da Penha e no recém-inaugurado UpTown Barra. Todos os professores passam por capacitação e treinamento do método desenvolvido pelo próprio Azulay, que se faz presente nas aulas por meio de material audiovisual destindo aos alunos já no momento de boas-vindas. Nos vídeos, Azulay ensina, por exemplo, a técnica de desenhar rostos. E, para incrementar a lição, ele usa, além do papel e da caneta hidrocor, um balão de ar, mostrando também como se faz um perfil.

    Vinte temas, nomeados de alfabeto visual, compõem o curso. O fundo do mar e os dinossauros são os preferidos da garotada. Enquanto os vídeos são exibidos na sala de aula, a “amiga desenhista”, jeito carinhoso com que Azulay chama as professoras, atende a cada um dos alunos, complementando as explicações. “Eu quis oferecer algo diferente, a oficina é um espaço de sonho. Não tem certo ou errado, nem desenho feio ou bonito. Não usamos lápis nem borracha, mas caneta piloto, para a criança não ficar preocupada em apagar os erros”, diz Azulay, que complementa: “Ao fazer do jeito dela, trabalha a confiança. O menino introvertido, por exemplo, precisa do desenho para preencher o espaço. E se o faz muito pequeno, a gente pede para fazê-lo grande. O desenho convive com o universo de representação. O herói que ele desenha é aquele que ele quer ser”.

    Os módulos vão do iniciante, a partir dos 5 anos, ao avançado. A cada fim de ano, há sempre uma exposição conjunta com os desenhos dos alunos de todas as unidades e faixas etárias. Em 2016, a exposição foi sobre os 100 anos do samba, realizada no Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB). Entre as opções das oficinas estão desenho artístico, história em quadrinhos, mangá e mangazinho, pintura em tela e até o preparatório para teste de habilidade específica (THE) para vestibulandos das áreas de arquitetura e urbanismo, desenho industrial, artes plásticas etc. Isso sem falar nos cursos de férias.

    Para o carioca autoditada, ao desenhar, a criança adquire concentração, coordenação motora, aguça a criatividade e a curiosidade, ajudando em sua capacidade de assimilar conhecimentos. Também fortalece a autoestima a partir do estímulo afetivo e pessoal da descoberta. “O desenho aproxima a criança do foco, fixa a atenção, em especial nos dias de hoje, diante do excesso de informação e estímulos, tornando comum a dispersão. Faz com que os pequenos passem a lidar de forma harmoniosa com o seu interior e exterior. Rabiscando, trabalham o diálogo mesmo antes de saber falar”, resume o artista, que amava desenhar com os dedos em carros empoeirados e nas coberturas de bolos.

    Aos 13 anos, fez cursos de desenho por correspondência. Anos mais tarde, formou-se em direito para agradar ao pai, mas nunca deixou os traços de lado. Trabalhou como ilustrador e, em 1971, criou os primeiros personagens da Turma do Lambe-Lambe, passando a publicar tirinhas e cartuns nos jornais Correio da Manhã, Última Hora e Jornal do Brasil.

    Além das oficinas, o artista vem dando os primeiros passos em seu canal no YouTube e reformulando o projeto social Crescer com Arte, que já atendeu crianças e adolescentes da Associação Beneficente São Martinho e do Instituto Nacional do Câncer.

    Azulay é categórico: “desenhar na infância é fundamental, porque permite o desenvolvimento do universo de representação e a aglutinação do processo cognitivo. A criança desenha o que sente, o que pensa, o que sabe, o que aprende. Explica uma história com um desenho. Criança que não desenha passa a infância em branco.”

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