Atendimento em casa pode ajudar a reduzir a falta de vagas em creches

481
Buscador de educadores parentais
Buscador de educadores parentais
Buscador de educadores parentais

Ter onde deixar os filhos enquanto trabalham fora é, para muitas mães brasileiras, questão de sobrevivência. E as creches têm um papel fundamental nesse sentido, visto que não só acolhem os bebês, mas também os alimentam e oferecem carinho e estímulos adequados que contribuem para o seu desenvolvimento saudável.

No Brasil, porém, a oferta de vagas em creches ainda é um desafio para a educação pública. Hoje, apenas 35% das crianças possuem acesso a creches. A meta do PNE (Plano Nacional de Educação) prevê uma taxa de atendimento de 50% até 2024, o que levaria 25 anos para acontecer, segundo Renata Citron, fundadora do Cantinho do Brincar, em São Paulo.

Em ensaio para o Nexo Jornal, Renata diz ser essencial buscar outras formas de garantir que todas as crianças de 0 a 3 anos possam frequentar uma creche. “Não podemos ficar esperando a universalização das creches por meio de modelos caros e tradicionais enquanto a desigualdade social se perpetua no Brasil, justamente para as crianças que mais precisam”, afirma Renata.

Para mudar essa realidade, a autora criou uma rede de cuidadoras profissionais – formada por mulheres de periferia que costumam cuidar de crianças pequenas enquanto as mães saem para trabalham. A iniciativa proporciona metodologia pedagógica para essas participantes e permite que possam montar seus próprios espaços de desenvolvimento infantil, profissionalizando as creches em casa. Elas também recebem formação contínua, suporte na gestão de empreendimentos e uma rede de trocas com outras cuidadoras da comunidade.

Além de prejudicar o desenvolvimento da criança e o seu desempenho profissional ao longo da vida, a falta de vagas também dificulta a vida, em especial, das mães. Segundo pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mulheres com filhos de até três anos que estão em creche têm 20% mais emprego do que aquelas que têm crianças nessa faixa etária fora da creches. Sem acesso à instituições públicas ou privadas, muitas recorrem a creches em casas de conhecidas.

Importância da primeira infância

Uma das maiores causas da perpetuação da pobreza e do aumento da desigualdade social é a falta de acesso a estímulos durante a primeira infância, de acordo com James Heckman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2000. O economista afirma que 90% das nossas conexões cerebrais são desenvolvidas entre o nascimento e os seis anos de idade. Portanto, uma criança que não tem acesso a estímulos nessa fase da vida pode não desenvolver adequadamente sua capacidade cognitiva.

Heckman conclui que o investimento nos primeiros anos de vida é uma alternativa eficaz para quebrar o círculo da pobreza. Essa política pública tende a reduzir a evasão escolar, índices criminais e população encarcerada.

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor, deixe seu comentário
Seu nome aqui