Constelação familiar ajuda a quebrar padrões geracionais

Prática foca na resolução de diferentes conflitos e comportamentos passados de geração em geração

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Imagem talhada em madeira de uma espécie de árvore de pessoas
Trama energética tem como objetivo o equilíbrio do todo
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Por Paola Carvalho – Por diferentes motivos, existem momentos em que algo pode estar fora da ordem em uma família, impactando diretamente no relacionamento entre os membros. Pode ser um desconforto, uma tensão ou um conflito que se manifesta em um familiar ou em mais de um deles. Uma das maneiras de trabalhar isso é por meio da constelação familiar sistêmica, que pode ser definida como uma técnica de representação das relações familiares que busca identificar padrões e bloqueios emocionais passados de geração em geração.

Obs: A constelação familiar não é uma prática reconhecida pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Em março deste ano, o Conselho Federal de Psicologia emitiu uma nota técnica em que diz haver incompatibilidade no uso da constelação familiar como prática da psicologia.

Vejo muitos pais que não sabem lidar com as dores dos filhos por não saberem lidar com as próprias dores e frustrações. São padrões disfuncionais que herdamos de nossos pais e ancestrais e reproduzimos “sem perceber”. Isso faz também com que tenhamos dificuldade em ressignificar traços de comportamento surgidos na infância.

Eu, por exemplo, quando pré-adolescente, passei por uma situação de abuso e a estratégia familiar de escape foi me rotular como mentirosa. Os reflexos dessa situação fizeram com que, muitas vezes, eu me sentisse uma fraude. Até hoje vivo me colocando à prova sobre minhas habilidades e conhecimentos, mas tenho conseguido lidar com isso num trabalho diário sobre minha personalidade.

Assim como me ajudou, a constelação familiar pode ajudar outras famílias a evitar reproduzir comportamentos disfuncionais. Outra abordagem que contribui para um impacto positivo nas relações familiares é a conscienciologia, que se dedica a estudar a totalidade da manifestação da consciência, também conhecida como essência, eu superior, alma e corpo das emoções. 

A partir dessas dois métodos, que uso nos meus atendimentos, entendo que tudo que é criado e manifesto é energia e vibração, desde um grão de areia a uma cadeira, um pensamento, uma emoção, um planeta, uma galáxia. Com isso, existe uma trama energética, espiritual, que tem como objetivo o equilíbrio do todo.

Ao nos tornarmos pais e mães trazemos na “mochila” o referencial da nossa família, da sociedade, dos ambientes, das religiões. Mas trazemos também essa trama energética, o que na constelação familiar chamamos de movimentos ocultos ou emaranhamentos sistêmicos, e, nos estudos conscienciais, chamamos de carma.

E isso tudo molda o nosso comportamento como seres.

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Tendemos a acreditar que nossa trama energética familiar, em um determinado momento, vai convergir na mesma direção da do parceiro, só que, no geral, não é isso que acontece, inclusive o que une o casal é o contrário disso. É na diferença que mora o tempero das relações e da evolução dos seres. “É no contrafluxo que crescemos”, disse Waldo Vieira, criador do paradigma consciencial.

Com os filhos, os pais colocam a educação das crianças como o centro da relação. E o casal perde a força da sua reeducação relacional e constituição de novo sistema. Os filhos chegam e define-se que precisamos nos tornar iguais para não confundi-los, sem sabermos que eles já são a manifestação da fusão dos diferentes.

Mas tudo que é jogado para debaixo do tapete na relação dos pais se torna sombra e começa a coexistir em uma trama energética que vai criando forma, vida e manifestação. 

As consequências disso podem reverberar nos filhos, que podem passar a demonstrar comportamentos estranhos, desestruturados e fora do padrão.

Os filhos estão a serviço dos pais e da sua ancestralidade

Certa vez, atendi uma mulher casada, mãe de duas filhas, que me procurou porque a criança mais velha, de 6 anos, vinha apresentando padrões de comportamento alterados, com dificuldades de concentração, irritabilidade e baixa imunidade – ela estava sempre doente.

Como é prática nos atendimentos de constelação familiar, uso bonecos para me ajudar a identificar a origem da desordem. Os bonecos representam diferentes pessoas do sistema (mãe, pai, irmão, companheiros, chefes), e a escolha dele tem como objetivo criar um campo relacional e informacional da questão ou tema a ser investigado.

Pedi à mãe que escolhesse um boneco para representar os sintomas da filha e ela tirou um que representa a madrasta – todos os bonecos possuem capinhas e a pessoa os escolhe de forma aleatória.

Iniciei a investigação do histórico dos pais para saber se haviam sido criados por outra mulher que não a mãe, mas não era o caso. Quando pedi para escolher um outro boneco, a mãe escolheu o boneco da exclusão. Ali tínhamos um norte, alguém havia sido excluído.

Solicitei a escolha de um terceiro boneco para saber mais sobre a criança e veio um que representava o avô. Foi quando a mãe se lembrou que o sogro, após a morte da esposa, casou novamente, mas ele nunca deixou seus filhos e netos a conhecerem e conviverem com a mesma.

Havia um julgamento daquela mulher que promovia a sua exclusão da família. Quando eu julgo alguém, eu crio um ponto de vista sobre essa pessoa e levanto um muro na relação, não permitindo mais nada para além do meu ponto de vista. Só que as relações não deixam de existir a nível energético porque estamos todos conectados e a serviço do equilíbrio do todo. 

Essa neta estava a serviço de colocar em ordem o que estava fora da ordem, de promover o equilíbrio e a inclusão.

Um tempo depois a mãe me ligou, feliz, dizendo que foi levar a filha para conhecer a avó secundária. Disse também que a felicidade desta senhora acendeu seu coração. Essa simples ação contribuiu para colocar o sistema em ordem de novo.

Paola Carvalho é mãe do Cauã e da Iasmim, facilitadora em constelação familiar e pesquisadora metafísica – estuda a realidade energética por trás das relações.

*Este texto é de responsabilidade do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.

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