Casos de puberdade precoce crescem; veja fatores que contribuem para isso

Excesso de telas e estilo de vida sedentário são alguns dos problemas que podem antecipar a entrada na vida adulta, trazendo prejuízos psicológicos e de crescimento para as crianças

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Menina sentada, com laço na cabeça, se olhando no espelho, com olhar de estranhamento
Aumento de casos de puberdade precoce afetam principalmente as meninas, explica especialista
Buscador de educadores parentais
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A puberdade é um período de diversas mudanças físicas e psicológicas nas crianças. Nos meninos, despontam pelos no corpo e no rosto, o testículo cresce e a voz engrossa. Nas meninas, acontece o desenvolvimento dos seios, surgem pelos nas axilas e virilha e ocorre a primeira menstruação. Se adaptar a essas mudanças que afetam o corpo e a cabeça das crianças, nem sempre é fácil para quem está em fase de transição para entrada na vida adulta, ainda mais, quando as alterações chegam antes da hora – a chamada puberdade precoce – o que pode provocar uma confusão na mente desses jovens.  

Esse é um distúrbio que até pouco tempo atrás não chamava muito a atenção de pediatras, mas isso mudou, dado o crescimento do número de casos, ressalta reportagem da revista Veja. A média da idade em que esse período se inicia, em geral, é por volta dos 8 anos nas meninas e dos 9 anos nos meninos. Mas, ao longo dos anos, investigações científicas têm mostrado uma redução nas idades especialmente entre as meninas.

Segundo estudo da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, desde 1977 há uma queda de três meses por década para o início da puberdade entre meninas, informa a reportagem. E a estimativa é que a puberdade seja vinte vezes mais prevalente no gênero feminino, porém, pouco se sabe sobre os motivos que provocam esse problema – 95% dos episódios têm causa desconhecida. Um estudo recente feito pelo grupo da endocrinologista Ana Claudia Latronico, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), mostrou que há uma predisposição genética. A pesquisa foi feita com 716 crianças de diferentes nacionalidades e constatou mutações de um gene reconhecidas como uma causa frequente da puberdade precoce de origem genética. 


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Fatores que podem antecipar a puberdade

Em 1900, a idade média da primeira menstruação era de 17 anos. Atualmente, está entre 12 e 12,6 anos. Variáveis no estilo de vida, no cotidiano e nas relações sociais também podem acelerar o processo. Por exemplo, quando surgem problemas como obesidade, sedentarismo, excesso de exposição às telas e até o consumo de conteúdo sexual ou erótico inadequado para a faixa etária. Não por acaso, observou-se um aumento de casos de puberdade precoce na pandemia, devido ao excesso de horas passadas em frente ao celular ou computador.

Um estudo italiano realizado com 490 crianças constatou um aumento de 122% nos diagnósticos de puberdade precoce ao comparar os casos registrados entre março e setembro de 2019 e mesmo período de 2020, principalmente entre as meninas. “Uma das causas é que as crianças ficaram expostas às telas nas aulas on-line, nos joguinhos”, ressaltou o endocrinologista pediátrico Durval Damiani, do Instituto da Criança e do Adolescente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em entrevista à Veja. A luminosidade inibe a liberação da melatonina, hormônio cuja deficiência estimula a entrada na puberdade. Já entre os meninos, embora esses fatores também pesem, cerca de 60% dos casos têm relação com tumores no sistema nervoso central. 

Garantir tratamento psicológico às crianças é fundamental, visto que a disfunção pode impactar nas interações em sociedade, bem como na relação dos pequenos com o próprio corpo. Outra questão diz respeito ao crescimento: a criança tende a crescer demais, mas depois para e fica com uma estatura abaixo da esperada. Pode ocorrer uma perda de altura entre 10 e 20 centímetros em relação ao potencial genético do indivíduo. O tratamento hormonal pode ser usado nessa condição para interromper a antecipação da puberdade – uma decisão a ser tomada em conjunto entre a família, o pediatra e o endocrinologista da criança.


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