Estudo realizado pela USP testa dois aplicativos para ajudar mães com depressão pós-parto

“Nós queremos saber se ao aprender as técnicas e utilizar os aplicativos os problemas de depressão e ansiedade serão reduzidos", explica o psicólogo Daniel Fatori; ainda há vagas para interessadas em participar do estudo

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Mãe sentada no chão ao lado de berço, com rosto inclinado
Aplicativos visam ajudar a suprir a demanda causada pela dificuldade de acesso ao tratamento de saúde mental
Buscador de educadores parentais
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Pesquisadores do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) vêm testando dois aplicativos que visam ajudar as mães com depressão pós parto. Batizados de Motherly e COMVC, eles fazem parte de um ensaio clínico denominado Maay. A pesquisa é conduzida pela equipe liderada pelo psiquiatra e professor associado da Psiquiatria da USP, Guilherme Polanczy.

Os aplicativos, disponíveis gratuitamente no Google Play e na Apple Store, têm abordagens diferentes. O tratamento disponibilizado no Motherly é baseado em técnicas psicológicas como ativação comportamental, reestruturação cognitiva, manejo de estresse, regulação emocional, meditação e relaxamento. Ele ainda oferece uma agenda para consultas, exames e atividades, conteúdos sobre saúde mental, nutrição, desenvolvimento fetal, amamentação e vacinas, todos produzidos por médicos, psicólogos e nutricionistas.

Já o COMVC é voltado à saúde mental e usa a psicoeducação. O app reúne vídeos de dois e três minutos de duração com conceitos relacionados a técnicas psicológicas que auxiliam no tratamento contra a depressão, a ansiedade, o estresse, o burnout e a insônia, por exemplo. Há também métodos de relaxamento, meditação e respiração. São aulas com termos leves e para leigos.

“Enquanto o Motherly oferece modalidades mais ativas, os vídeos do COMVC são mais passivos. Você assiste e decide se aplica as técnicas no dia a dia. Nós queremos saber se ao aprender as técnicas e utilizar os aplicativos os problemas de depressão e ansiedade serão reduzidos”, explica o psicólogo Daniel Fatori, um dos pesquisadores envolvidos na criação dos apps, em entrevista à Folha de São Paulo. 

O estudo ainda possui vagas disponíveis para as mulheres interessadas em participar. Basta responder a um questionário no site oficial e aguardar o contato de um profissional da equipe. Depois, a interessada é submetida a uma conversa online com psicólogo e a um sorteio que determina qual aplicativo irá testar. As mulheres que entram para o estudo recebem suporte para aprenderem a instalar, usar e tirar melhor proveito dos recursos.

O estudo dura dois meses, sendo um de intervenção e outro de seguimento, que verifica se o tratamento foi realmente eficaz. Todas as participantes são monitoradas independentemente do aplicativo selecionado. Se em algum momento o avaliador achar que há a necessidade de um atendimento médico ou psicológico, a mulher é encaminhada à rede referenciada.

Para Ives Cavalcante Passos, professor do Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, aplicativos direcionados a pacientes ajudam a suprir a demanda causada pela dificuldade de acesso ao tratamento de saúde mental. 

“Das pessoas com depressão no mundo, 50% não têm acesso aos cuidados de saúde mental por três motivos: estigma em relação à doença, a falta de disponibilidade de profissionais na área em que a pessoa está ou a parte financeira. Com esses aplicativos, acredita-se que algumas barreiras serão aliviadas. A intervenção é positiva, pois o aplicativo é pervasivo e está disponível de maneira mais ampla na sociedade, o que ajuda a diminuir o estigma da doença mental de maneira que as pessoas se informam sobre o problema.”


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