Especialistas e organizações da infância comentam sobre ataque a creche

Escola deve funcionar como um espaço saudável e seguro para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, afirmam educadoras, pediatra e entidades como Unicef, ChildFund Brasil e Fundação Maria Cecília Souto Vidigal

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Fachada da creche Bom Pastor, em Blumenau, onde ocorreu ataque a crianças
Fachada da creche Bom Pastor, em Blumenau, onde ocorreu ataque a crianças
Buscador de educadores parentais
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Especialistas das mais diversas áreas relacionadas à infância comentaram nas redes sociais sobre o ataque na creche Cantinho Bom Pastor em Blumenau (SC), na manhã da quarta-feira (5), se solidarizando com as famílias das vítimas e toda a comunidade escolar. O ataque resultou na morte de quatro crianças e outras quatro feridas. Segundo a Polícia Militar de Santa Catarina, um homem de 25 anos invadiu o local e atacou as crianças. Logo depois do crime, o suspeito se entregou no 10º Batalhão da Polícia Militar, onde foi preso e encaminhado para a Polícia Civil.

A tragédia causou comoção nacional e deixou a sociedade chocada e indignada com mais uma tragédia violenta ocorrida nas escolas do país. O pediatra Daniel Becker afirmou que a escola é um lugar sagrado, de convivência, aprendizados, brincadeiras, formação pessoal. “A gente tem que fortalecer a escola porque ela é justamente o antídoto para tudo isso. A escola é onde a gente vai aprender a exercitar o diálogo e a não-violência”, disse Becker.

Para a educadora Roberta Bento, criadora do perfil SOS Educação, é importante lembrar que o perigo não está dentro da escola, não é o professor ou funcionário que faz mal a alguém. Pelo contrário, eles também correm risco e são vítimas dos ataques. “O medo é de todo mundo, não é só pai e mãe, professores e diretores também têm medo.”

A educadora parental Mônica Pitanga, colunista da Canguru News, disse que colocar seguranças armados na porta das escolas é uma solução para “apagar o incêndio”, mas é necessário agir na causa do problema também. “É preciso acabar com o ciclo de violência intergeracional. Precisamos de políticas públicas que invistam na educação parental, na família, que é o alicerce da sociedade.”

A pedagoga Carolina Delboni falou sobre o adoecimento da sociedade e a pandemia dos transtornos mentais. “Como pessoas doentes podem ser capazes de cuidar, de maneira saudável, de crianças e adolescentes?”. questionou. Para Carolina, “estamos rompendo com a possibilidade de uma adolescência saudável. Com experiências e vivências promotoras de saúde. Estamos junto aniquilando a possibilidade de sonhar de uma geração inteira. Quem é que vai carregar a palavra “utopia” senão eles?”.

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A Fundação Maria Cecília Souto Vidigal ressaltou que um atentado contra uma criança é um atentado a todas as crianças. “Quando uma criança é vítima de um crime brutal é um pedaço da sociedade que vai com ela, com sua família. Perdemos todos.” Segundo a fundação, que atua em causas da primeira infância, a tragédia deve ser tema de reflexão e tomada de ação, mas nesse momento cabe sentir e acolher primeiro.

Já o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) disse ser “urgente investir em uma educação que proteja, que considere o papel da escola na prevenção da violência, mas também o papel de todo o Sistema de Garantia de Direitos, na retaguarda e na proteção da própria educação. É urgente garantir a segurança das crianças, principalmente dentro das escolas”.

A organização não-governamental ChildFund Brasil lembrou que desde 2011 foram 10 ataques a creches e escolas, “demonstrando a necessidade urgente de se trabalhar medidas eficazes para que as instituições voltem a ser reconhecidas como um ambiente de proteção e cuidado”.

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Verônica Fraidenraich
Editora da Canguru News, cobre educação há mais de dez anos e tem interesse especial pelas áreas de educação infantil e desenvolvimento na primeira infância. É mãe do Martim, 9 anos, sua paixão e fonte diária de inspiração e aprendizados.

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