Volta às aulas: 9 ações para ajudar as crianças a superar a ansiedade

Três especialistas orientam pais e responsáveis a lidar com o emocional dos pequenos e ajudá-los a manter a saúde mental

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Ansiedade na volta às aulas: 9 ações para ajudar as crianças; menina de macacão jeans e cabelo crespo está com as duas mãos sobre a boca
Covnersar com a criança e perguntar como ela se sente é uma forma de validar suas emoções
Buscador de educadores parentais
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Todo início de ano escolar gera expectativas nos alunos quanto aos novos desafios que eles encontrarão pela frente. E neste ano, em especial, essa readaptação pode se tornar ainda mais difícil, principalmente para as crianças que passaram por momentos desafiadores durante a pandemia, como a perda de algum familiar, ou para aquelas que têm mais dificuldade em retomar a rotina e cumprir os horários e compromissos da escola.

Por mais que as mudanças sejam positivas – sabe-se o quão benéfico é poder retomar a convivência com os amigos e educadores – elas podem gerar estresse e ansiedade nas crianças. “Nós teremos que nos readaptar às rotinas e conhecer novos hábitos, como medidas de isolamento, esquemas híbridos de aulas, entre outros. É comum que nesse período haja sintomas de ansiedade e alterações de sono nas crianças e adolescentes”, explica Marco Antônio Abud, médico psiquiatra e fundador do canal Saúde da Mente. Ele ressalta que os pais devem ficar atentos a possíveis alterações de comportamento e outras questões que possam vir a surgir nos filhos.

Para a psicóloga e psicopedagoga Karin Kenzler, é importante conversar com as crianças sobre todas essas mudanças de hábito na escola. “Dessa forma, é possível minimizar o impacto na volta às aulas e também avaliar as reações e emoções dos filhos a respeito”, diz Karin.

Expressar as emoções e receber apoio de seus pais e cuidadores pode ser muito benéfico às crianças neste momento. “O sentimento de ansiedade não acontece apenas em adultos. As crianças também precisaram lidar com rupturas e modificações de forma rápida e inesperada”, relata a psicóloga Julia de Almeida Braga, mestre em educação inclusiva e gerente de produtos do Instituto ABCD, voltado ao desenvolvimento de pessoas com dislexia e outros transtornos de aprendizagem. A seguir, os especialistas orientam os pais quanto a como ajudar os filhos a lidar com a ansiedade nesse período de volta às aulas. Confira!


Leia também: 10 ações para ajudar na readaptação da rotina escolar do seu filho


Atitudes que contribuem para que as crianças superem a ansiedade

1. Pergunte como seu filho se sente. É válido perguntar à criança como ela se sente em relação às restrições e ao isolamento. “Valide as emoções da criança, mas pontuando sempre a importância das medidas para a preservação da saúde e vida”, explica Karin.

2. Nomeie o que está acontecendo. Reconhecer e conversar sobre as mudanças ocorridas são formas de ajudar os pequenos a lidar melhor com isso. “É necessário validar o sentimento da criança antes de aconselhá-la. Isso significa reconhecer o que sente e dar o direito a ela de sofrer, de se expressar”, afirma o psiquiatra.

3. Recorde experiências semelhantes que você já viveu. Ações de empatia podem provocar um efeito positivo em situações como as de ansiedade em crianças. “Você pode expressar para a criança que já sentiu algo parecido e deixar claro que existe um espaço aberto para que ela possa conversar com você sobre isso”, orienta Abud.

4. Explique a nova rotina, normas e horários da escola. Ter consciência de como será o dia e poder prever o que virá a seguir ajuda muito a criança a lidar com a ansiedade “É importante que sejam comunicadas as regras de volta às aulas, planos e horários que a escola passou para os pais. Isso deve ser feito de uma forma que a criança entenda, com clareza. E, também, é fundamental deixar um espaço para que ela faça perguntas sobre as dúvidas que surgirem”, reforça o médico. Ele diz que esse tipo de conduta auxilia o cérebro a sentir que há segurança e que se trata de algo previsível. Abud fornece algumas dicas nesse sentido. “Você pode fazer pequenos rituais com seus filhos, como sempre dar um abraço nele antes dele entrar na escola. Isso dá uma sensação de controle”.

5. Foque na adaptação e não nas notas e avaliações. Para Karin, o foco das famílias deve estar em ajudar os seus filhos a lidar com a pandemia, os seus sentimentos, inseguranças e cuidados necessários relacionados a ela, ao invés de cobrar boas notas.

6. Ajude seu filho a ver o lado positivo das mudanças. Perguntas como “o que você vai querer fazer assim que chegar na escola?” ajudam a mostrar que existe um aspecto positivo na mudança, apesar do clima de incerteza.

7. Não faça promessas nem minta. Diante de tantas incertezas é difícil dizer quando tudo vai acabar e voltar ao normal. Os pais não devem prometer nada aos filhos, mas sim dizer a verdade, contando o que está sendo feito para combater a pandemia. “Os pais devem dialogar e acolher os sentimentos da criança, procurando passar tranquilidade e confiança para ela”, afirma Karin.

8. Procure controlar a sua ansiedade. Se a criança percebe que a mãe ou o pai estão inseguros quanto à nova rotina escolar, ela pode ficar ainda mais receosa em retomar as aulas presenciais. Portanto, procure passar confiança a seu filho e se for o caso, converse com a escola para saber mais das medidas e cuidados de segurança e assim ficar mais tranquilo quanto ao retorno.

9. Ensine estratégias de atenção plena (mindfulness). Para Júlia, atividades de respiração e relaxamento ajudam a aliviar a ansiedade e podem ser muito benéficas neste momento.

10. Fique atento caso as dificuldades persistam. Retomar a rotina ou se habituar a um novo formato exige um certo tempo de adaptação. Mas se esse tempo é muito longo e as dificuldades passam a interferir no dia a dia das crianças, é preciso atenção dos pais. “A criança não pode ter dificuldade de fazer aquilo que ela se propõe a fazer em termos de rotina, atividade extracurriculares e lições de casa”, afirma o psiquiatra. De acordo com Abud, se a criança ou o adolescente começarem a ter crises de choro e ansiedade na hora de ir para a escola – e isso durar mais do que duas semanas – é importante fazer uma avaliação com um profissional de saúde mental.


Leia também: 5 necessidades emocionais que devem ser atendidas para que a criança se torne um adulto saudável


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