Pediatras americanos orientam pais a não baterem em seus filhos

    288
    Buscador de educadores parentais
    Buscador de educadores parentais
    Buscador de educadores parentais

    Bater nas crianças sempre foi um tema polêmico. Embora especialistas não aprovem tal medida, por acreditar que ela não se mostra eficaz – o que é comprovado por inúmeras pesquisas – na prática, sabe-se que dar uma palmada nos filhos é algo que faz parte da rotina de muitas famílias. Diante de situações frequentes de desobediência, birra e outras atitudes inadequadas, muitos pais, talvez por não saber mais o que fazer para mudar esses comportamentos, decidem apelar para a violência física.

    Segundo dados da Unicef, 3 a cada 4 crianças em todo o mundo (cerca de 300 milhões), entre 2 e 4 anos de idade, sofrem regularmente algum tipo de violência por parte de seus cuidadores. Entre 2 e 14 anos, 80% dessa faixa etária (cerca de 250 milhões) sofre castigo físico ou agressão psicológica. Na região da América Latina e Caribe, a prática de bater nos filhos em casa atinge uma a cada duas crianças.

    Na tentativa de mudar esse cenário, a Academia Americana de Pediatria (AAP) publicou agora em novembro um guia voltado aos pais e outros responsáveis pelo cuidado de crianças, em que se pronuncia contra o abuso físico e verbal exercido sobre as crianças como medida corretiva.

    O documento Disciplina Efetiva para criar crianças sãs orienta os pediatras a dar assistência aos pais para que desenvolvam métodos educativos distintos a bater, frente a uma conduta indesejável de seus filhos

    Segundo a declaração de diretrizes, ‘estratégias disciplinares aversivas, incluindo todas as formas de punição corporal e gritar ou envergonhar crianças, são muito pouco eficazes a curto prazo e não são eficazes a longo prazo’.

    Baseados em novas evidências, os pesquisadores associam a punição corporal a um risco maior de resultados negativos comportamentais, cognitivos, psicossociais e emocionais para as crianças, afirma o documento. O mesmo traz orientações para pediatras e outros provedores de assistência à saúde infantil sobre estratégias parentais positivas e eficazes de disciplina para crianças em cada estágio do desenvolvimento, bem como referências a materiais educacionais.

    E quais são as sugestões dos pediatras americanos?

    A associação recomenda que os adultos que cuidam de crianças usem formas saudáveis de disciplina, como reforço positivo de comportamentos apropriados, definição de limites, redirecionamento e definição de expectativas futuras. Também orienta os pais a não dar palmada, bater, ameaçar, insultar, humilhar ou envergonhar os seus filhos.

    A Associação Americana de Pediatra destaca que:

    1. Pais, cuidadores e adultos que interagem com crianças e adolescentes não devem usar punição corporal (incluindo bater e espancar), como forma de punição devido a mau comportamento. Tampouco devem usar qualquer estratégia disciplinar, incluindo abuso verbal, que cause vergonha ou humilhação.

    2. Ao orientar sobre o comportamento infantil e práticas parentais, os pediatras devem oferecer aos pais ferramentas úteis tais como:
    estratégias disciplinares eficazes para ajudar os pais a ensinar aos filhos comportamentos aceitáveis e protegê-los de danos;
    informações sobre os riscos de efeitos prejudiciais e a ineficácia do uso de punição corporal;
    – o insight de que, embora muitas crianças que foram espancadas se tornem adultos saudáveis e felizes, as evidências atuais sugerem que a palmada não é necessária e pode resultar em danos a longo prazo.

    3. Centros de apoio familiar como escolas e outros espaços de saúde pública são fortemente encorajados a fornecer informações aos pais e familiares sobre alternativas eficazes ao castigo corporal

    A AAP também incentiva que os pais usem o reforço positivo como principal meio de ensinar comportamentos aceitáveis. Por exemplo, os pais podem aprender que crianças pequenas anseiam por atenção e assim dizer a elas algo como: “Eu adoro quando você…”Dessa forma, segundo a associação, os pais reforçam o comportamento que desejam ver em seus filhos.

    Sobre as consequências da punição, o documento comenta:

    O uso repetido de castigos corporais pode levar a comportamentos agressivos e brigas entre pais e filhos e afetar negativamente a relação entre eles;

    A punição corporal está associada ao aumento da agressão em crianças pré-escolares e escolares, favorecendo nelas atitudes desafiadoras e agressivas no futuro.

    Veja o documento da Associação Americana de Pediatria na íntegra aqui.

    Histórico da leis proibitivas

    Segundo dados da Unicef, menos de um terço dos países da América Latina e Caribe conta com uma proibição total de castigo físico contra crianças. Na região, apenas 10 países, incluindo o Brasil, Argentina, Bolívia e Costa Rica têm legislação específica para proibir o castigo corporal em todos os âmbitos, o que inclui espaços como a casa e a escola, entre outros.

    Na Europa, 31 de 44 estados possuem legislação contra a prática de bater nos filhos. Mas 13 países, entre os quais Bélgica, França, Itália e Reino Unido, não possuem normas sobre o tema. Nas escolas, porém, o castigo corporal não está permitido. A medida tem o amparo da Convenção dos Direitos da Criança, das Nações Unidas, de 1989, que afirma em um de seus 54 artigos ser proibido bater em crianças e foi assinada por .

    Mensagens em caixas de leite

    A Suécia foi o primeiro país a instituir uma lei que proibia os pais de bater em seus filhos. Era o ano de 1979 quando as caixas de leite no país passaram a trazer impressas uma mensagem para as famílias, informando que estava proibido por lei bater nos filhos. O anúncio circulou por meses e tratava-se de uma campanha do departamento de justiça que informava sobre a nova norma que vetava castigos físicos aos pequenos em casa, na escola e qualquer outro ambiente, informa reportagem publicada do jornal El País. O governo da Suécia fez história ao modificar o chamado Código de Paternidade e Tutela. Era o primeiro país do mundo a proibir por lei o castigo corporal em crianças em todas as suas formas.

    Facebook-01.png (83 KB) Instagram-01.png (104 KB)

    DEIXE UM COMENTÁRIO

    Por favor, deixe seu comentário
    Seu nome aqui