História de mãe: ‘Mamãe, o que significa ‘bom’ para você?’

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    Por Daniela Azevedo

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    Foto: Pixabay

    Desde que soube que meu segundo filho seria uma menina, eu já imaginava a possibilidade de uma relação que fosse bem diferente da que tenho com meu filho, hoje com 6 anos. O que faz muito sentido, já que meu filho nasceu no Brasil (geograficamente falando) mas tenho certeza de que ele possui raízes junto aos monges tibetanos… E eu não teria dois santos em casa. Ah, não teria mesmo!

    E então, desde seu nascimento, eu não apenas confirmei o quanto eram diferentes as personalidades, como também percebi o quanto me instiga aquela menina com um comportamento tão seguro, cheio de atitude, causando espanto (num ótimo sentido!) em todas as pessoas que a cercam. E desde então, se passaram três anos, cheios de histórias, situações, momentos que merecem ser revividos sempre. Sem possibilidade nenhuma de serem esquecidos. De maneira alguma!

    O mais recente deles, e que conto aqui, aconteceu há alguns dias. E de lá para cá serve para mim como um mantra, diariamente. Já vestida com o uniforme da escola, sandália nos pés e dentes escovados. O que faltava? Arrumar o cabelo, ou, melhor dizendo, fazer o penteado.  E aqui cabe, antes da situação, uma explicação: esse momento é o ponto crucial da nossa preparação pré-escola. Isso porque, por um charme do destino, o cabelo ainda não cresceu o suficiente para ser feita uma trança a la Elza Frozen (e tenho certeza de que a maioria entende o que quero dizer). Na verdade, cresceu apenas o suficiente para que seja feito um mini-micro-rabo. Se isso é problema para minha filha? Nunca. Em tempo algum foi ou será problema, desde que eu faça uma mini-micro-trança…

    E, naquele dia, fiz a trança, como foi pedido. Coloquei as gominhas coloridas para prender, como ela queria. E, daí então, ela me pediu para que eu colocasse várias presilhas (os famosos “tic tac”) por todo o cabelo. E eu disse que iria ficar muito cheio de coisas na cabeça, que não precisava. Mas, depois de muita insistência, e naquela pressa para não chegar atrasada na escola, concordei e coloquei várias presilhas.

    E aí, então, veio a cereja do bolo: ela pegou uma tiara, mais parecida até com um arranjo de cabelo para damas de honra. Muito linda, mas nada condizente com a situação daquele cabelo já pronto e completamente cheio de informação!

    Já com a pasta e a lancheira nas mãos, pegando a chave do carro, chamando pelo meu filho, olhei para ela e disse:

        – Ah, não! Não está bom, não! Não precisa dessa tiara, não está combinando. Seu cabelo está arrumadinho. Não está bom, não!

    E ela, então, com toda a sua sabedoria, sua super autoestima, sua vivência e todo o seu conhecimento de vida conquistado ao longo de 3 anos, olhou para mim e disse:

        – Mamãe, o que é “bom” para você?

    E eu, sem pensar no que responder, perguntei:

        – Como assim?

    E ela insistiu na pergunta:

        – O que é “bom” para você, mamãe? Eu tô linda!

    E eu, sem perguntar mais nada, pensei por alguns segundos e disse:

        – Você está linda, filha. Você é linda, e hoje você está mais princesa ainda!

    E, daquele dia para cá, essa pergunta fez toda a diferença na descontrução dos meus conceitos pré-formados sobre o que significa bom, bonito e agradável… E foi minha filha que, sabiamente, veio me ensinar.

     

    Daniela Azevedo, 44 anos, cirurgiã-dentista mãe de Lucca, de 6 anos, e Manuela, de 3 anos. 

     

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