Como ajudar a criança a lidar com um pai (ou mãe) ausente

Especialista responde o que fazer quando um dos pais deixa de procurar pela criança ou não quer ter contato com ela

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menino de costas, olhando para o lado de fora de uma janela, com o rosto apoiado nos braços cruzados
Para explicar a situação do pai ou da mãe ausente é preciso respeito com os sentimentos da criança
Buscador de educadores parentais
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Casos em que o pai ou a mãe se torna ausente na criação dos filhos, infelizmente, não são raros. Isso pode acontecer, por exemplo, quando o casal enfrenta um divórcio conturbado e um dos genitores passa a cuidar do filho sozinho, enquanto o outro adulto simplesmente deixa de ver e procurar a criança. Ou ainda quando ambos os pais mantêm um contato mínimo com o filho que é criado pelos avós ou outros familiares.

Em situações como essas, a criança pode se sentir triste, insegura e culpada pelo abandono do adulto responsável, o que pode interferir, inclusive, na sua autoestima e em casos mais graves levar a quadros de desânimo e mudanças de comportamento. Por isso, é muito importante conversar com ela sobre o assunto, principalmente quando os questionamentos começam a surgir. “É preciso estar aberto para responder às dúvidas da criança e ser sincero nas respostas, sempre explicando de forma que a criança entenda, de acordo com sua idade”, orienta Miriam Hallake, psicóloga clínica e escolar, com especialização em terapia de família. 

Miriam afirma que um dos principais pontos é entender que cada caso é diferente. “Não podemos generalizar. Não é porque uma criança cresceu sem uma das figuras parentais que ela terá problemas de comportamento ou outros quando crescer. Cada família lida com isso de uma forma, dentro do seu possível”, explica. A seguir, a psicóloga faz 7 recomendações de como ajudar a criança a lidar com a ausência de um dos pais e assim tornar o seu dia a dia mais tranquilo. Confira.

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Responda com sinceridade

Segundo Miriam, os pais precisam ter diálogo aberto com os filhos sobre o que está acontecendo, o que se sabe até então e o que não foi resolvido ainda. “É muito importante que o adulto não minta, não fale uma história hoje e outra amanhã”, afirma.

A especialista relata que a partir dos quatro anos a criança já consegue compreender o que está acontecendo e é preciso ser claro ao explicar, no caso de um divórcio, o que vai mudar dali em diante, trazendo mais segurança para o pequeno. 

“Os adultos, muitas vezes, sentem uma necessidade de falar tudo de uma vez, passar uma certeza. Porém, é melhor responder para a criança somente aquilo que ela deseja saber naquele momento”, explica. Segundo ela, muitas vezes as crianças não querem ou não estão preparadas para saber todos os detalhes. E tudo bem. O ideal é responder a verdade e com sinceridade ao questionamento do filho. 

Inclua a criança na conversa

Segundo Miriam, umas das dicas principais é incluir a criança na “solução” da situação. Por exemplo, quando a criança perguntar por qual motivo o pai ou a mãe não vem visitá-lo, é possível responder: “Eu não sei, mas podemos perguntar ou descobrir juntos o porquê”. Assim, é possível ajudar a criança a ter uma visão mais clara da situação.

Nesse ponto, a especialista salienta que é muito importante lembrar a criança de que a culpa não é dela. “Às vezes, ela pode pensar que ela fez alguma coisa que desagradou e que levou ao afastamento. O adulto responsável precisa salientar que as razões são da outra parte, não dela”, afirma. 

Respeite os sentimentos

“Não precisa chorar por isso”, “não fique com raiva” ou “esquece isso”. Quando se fala em respeitar o sentimento das crianças, é preciso tirar essas frases da rotina, principalmente em situações de mudanças (como a separação) ou de abandono afetivo. O choro, por exemplo, é uma das formas que a criança encontra para expressar seus sentimentos e o adulto responsável deve buscar reconhecer essas emoções

Para Miriam, “muitas vezes os adultos querem ‘abafar’ os sentimentos, mas é preciso deixar a criança se expressar. Se ela está com vontade de chorar, é melhor deixá-la chorar e servir como apoio. Se falar que está com saudade, triste ou com raiva, esteja aberto para ouvir o que ela tem a dizer”. 

Não a vitimize

Outra questão abordada pela terapeuta de família é que, muitas vezes, o adulto responsável acaba vitimizando a criança, como se ela estivesse fadada a sofrer por conta da situação. De acordo com a especialista, fazer isso, além de entrar no campo da generalização, pode fazer com a criança seja superprotegida.

Com a superproteção, a criança pode acabar tendo dificuldades em lidar com frustração, por exemplo, e, isso sim, se transformar em problemas de comportamento futuramente. 

Na ausência da presença afetiva de um dos pais, o outro deve, de acordo com Miriam, focar nos ensinamentos de valores éticos (como respeito, solidariedade e empatia), bons exemplos e, principalmente, passar segurança e limites aos filhos.

Mostre as características positivas

É importante salientar os pontos positivos, tanto da criança, quanto de sua vida, principalmente quando ela pensa que a culpa é sua pela ausência do pai ou da mãe. Vale falar sobre suas qualidades, habilidades e usar o reforço positivo para mostrar no que ele é bom. 

Para Miriam, também é importante mostrar ao pequeno que existem outras pessoas em sua vida que o valorizam e querem seu bem, como tios, avós, irmãos, primos, etc. Assim, a criança entende que sua família vai além da configuração que ela estava acostumada, mas que não há problema nisso. 

“Com as novas configurações de família que temos hoje em dia, fica mais fácil para a criança perceber que não é apenas o pai ou mãe que precisam estar presentes na sua vida, que outras pessoas também fazem parte daquilo”, afirma Miriam, que complementa explicando que é importante a criação dessa rede de apoio entre os familiares. 

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O acompanhamento psicológico é necessário?

“Quando perguntam se a criança vai precisar de algum acompanhamento, a resposta é: depende. Da situação, de como os acordos entre os pais foi feito, do que está acontecendo naquele momento”, afirma Miriam. 

Muitas vezes, a forma como o adulto responsável pela criança lida com o fato é tão ou até mais importante. “Se a mãe, por exemplo, não fizer da questão um grande problema, se tiver o diálogo aberto e respeitar os sentimentos da criança, muito provavelmente o pequeno também enxergará dessa maneira”, explica. 

Por isso, a especialista também aponta que, muitas vezes, é mais proveitoso que o responsável pela criança busque um acompanhamento psicológico. “É possível melhorar sua autoestima e trabalhar a sua frustração, o que faz com que ela lide melhor com a situação e saiba como lidar com o tema com a criança. (…) E depois, talvez seja interessante fazer a terapia em família, com os filhos e até o pai ou mãe que estão ausentes, se for o caso”.

Deixando as portas abertas para o pai ou mãe ausente

Por mais difícil que a situação seja, Miriam afirma que é preciso sempre buscar o que é melhor para a criança. Em casos de separação, de acordo com ela, podem haver mágoas e inúmeros assuntos não resolvidos com a outra parte, mas é preciso entender que a criança tem o direito de ter o contato e que vai se beneficiar dele, evitando, inclusive, a alienação parental

Por isso, a psicóloga indica que a “porta” para esse contato esteja sempre aberta, mesmo que naquele momento o pai ou a mãe esteja ausente. 

Aqui, vale lembrar que a distância não significa que uma das partes é ausente, é possível manter o contato e se manter interessado pela vida da criança mesmo de longe, principalmente com o uso da tecnologia, fazendo com que se torne uma pessoa presente no dia a dia do filho.

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20 COMENTÁRIOS

  1. O meu primo e a mãe da filha dele se separaram após o nascimento dela e desde então ele assumiu praticamente sozinho os cuidados com a bebê, a mãe não é nem um pouco presente na vida da filha (hoje a bebê tem 11 meses). Quem leva ao médico e para vacinar é somente o pai, a mãe nunca levou. Ela vive viajando com amigos e vive em baladas e nem durante os dias de semana ela não fica com a filha, a menina fica com o pai e nos horários que ele trabalha fica com uma babá. Nos finais de semana fica somente com ele, pois ela nunca tem tempo para a filha, pois a farra com os amigos é mais importante. Meu primo teve que viajar pra outra cidade devido a uma oferta de trabalho melhor que o trabalho atual dele e precisou levar a bebê junto, pois essa “mãe” se recusou a ficar com a menina. Sinceramente às vezes sinto vontade de dencuniar essa mulher para o Conselho Tutelar por abandono afetivo, será que dá para denunciar nesses casos?

  2. Me divorciei em 2015, meu filho na época 1 ano hoje com 9.
    Pai narcisista, exigente, chato muito difícil para o meu filho lhe dar. Já foi 3 anos no psicólogos juntando as 3 psicólogas que já foi porém teve alta de todas e no tempo dele saberá se impor com o pai e teve alta de todas. Acredito que quem precise mais sou eu com tantas questões, problemas que o pai cria. Queria saber é mais aconselhável eu fazer terapia do que eu filho né? Ainda não me sinto 100,% é muita coisa na minha cabeça, me cobro muito, não tenho muita paciência com meu filho eu acho mais faço tudo por ele, não estou sabendo muito lidar, dosar isso. Podem me ajudar?

  3. Me separei a 1 mês e foi uma separação muito dolorosa, eu e o pai da minha filha brigávamos muito, ele sempre foi um pai muito amoroso pra ela, até demais, eram muito apegados, porém por ele estar com ódio de mim , acaba descontando na menina, ele sabe q isso me atinge que sofro demais vendo ela com saudade dele , então se ela não liga , ele não liga, passa dias sem ver a menina sendo q mora a 10 minutos da minha casa, eu quero dar um gelo nele, deixar q ele procure a filha, porém ela fica choramingando q esta com saudade, aí eu não aguento e dou o celular para ela ligar pra ele. Ta muito dificil, ele esta mexendo na minha parte mais sensivel, meu coração, que é a minha filha.

  4. Meu caso é diferente.meu exmarido avó de coração dos meus netos,era muito parceiro de um deles de 6 anos.agora se afastou e o menino pergunta todo dia pelo avô.nao sabemos o que falar para a criança….podem nos ajudar?

    • Meu filho tem 3 anos e 3 meses e não pergunta do pai. O pai parou de ver o menino faz 7 meses. Ontem a psicóloga falou que eu preciso perguntar pro pai o que ele quer ! E sinceramente estou com zero vontade de cobrar o óbvio!

  5. O Pai do meu filho nunca foi presente, não registrou e só vou ele quando ele tinha um dia de vida.
    Hoje meu filho está com 3 anos e 5 meses e está começando a perguntar pelo pai, eu não sei o que responder e muito difícil pra mim, pois cresci sem a figura paterna e sei o quanto eu sofri e senti falta e hoje sofro pelo meu filho e por muitas vezes me culpo pelo pai que deu a ele.
    Estou pensando em levá-lo ao psicólogo, o que me indicaria, estou perdida.

  6. O pai da minha filha ñ tem responsabilidade afetiva. Infelizmente ele tem alguns transtorno, mas se recusa tratar. Separmos e ele vinha ve_la de vez enquando ja tem uns 2 meses q ele ñ aparece. Porém liga, mas ela ñ quer atender, ñ quer responder aos audios. Eu ate tento conversar cm ela, olhando pra ela q ela é de bom coração, q ele é o pai dela. Porém ela dis: Quando ele tava aqui ele ñ tava nem ai, pq fica me enchendo agora.
    As vezes ñ sei mais o que fazer, pq eu preciso respeitar os sentimentos da minha filha.

    • Eu acho que você tem que respeitar o sentimento da sua filha e pronto. Se um dia ela quiser falar com esse pai ela vai procurar por ele .Voce não tem que sofrer por isso e nem ficar preocupada.

  7. Quando um casal se divorcia, a mãe abandona filho com o pai e fica com a filha e tem uma vida desregrada, a filha fica com a mãe e culpa o pai pelas suas frustrações, mesmo o pai sendo presente , defende a mãe errada, e sua negatividade , e faz a vi da da madrastra um inferno , a mesma que criou o filho abandonado com amor , o que fazer para tirar esse trauma a filha ela faz terapia familiar, mas joga a culpa no pai , e a mãe mesmo com todo erro, culpa impai sempre presente, e a madrastra trata mal, o que fazer se sua mãe não quis mais o pai, foram casados 13 anos , e agora vive há 22 com a madrasta que criou o filho abandonado, que é educado e muito respeitador carinhoso, estou querendo pular fora desse barco , cansei, já engoli vibras e lagartos

  8. Minha filha sente falta do pai e si recusa a ver ela…ela tá sempre triste ..acorda dizendo que tá com saudades e que quer o pai e não tá querendo nem ir pra escola .. ela tem ,sete anos ..o e eu faço

    • Se eu fosse vc eu lembraria ela todos os dias as pessoas que amam de verdade,e nem tocava no nome dele,e n dava mais o zap dela pra ele nao.
      Quando ela perg por ele,fala q ele quer assim,melhor n ter contato do que ficar sofrendo esperando buscar.

  9. olá ,me divorciei, e o pai dos meus filhos é ausente, e essa negligencia dela me magoa porq sinto a dor pelos meus filhos, na vdd eles estoa super bem, sao crianças alegres,e pelo q vejo e sempre conversamos ,eles não sentem falta dele, pois ele nunca foi afetivo ou de se preocupar ou demonstrar amor, ele nunca foi impedido de ver os filhos, só não os ve e nem liga por q não quer…bloqueou meu teledone ao inves disso….o que posso fazer , e nem ajuda em nada tbm, isso ja faz mais de um ano

  10. Estou passando por este momento agora. Acabei de ler a matéria e irei colocar em prática. Sou madrasta onde mãe não tem estudo e nem conhecimento do que está havendo com o filho, e não liga se tá bem ou nao. Quero ser essa figura materna q ele não tem para que seja solucionado a bomba de sentimentos negativos que ele sente

    • Oi Vanusa, tudo bem? que bom que gostou da matéria. Essa é a nossa intenção – poder ajudar famílias que passam por situações semelhantes às tratadas nas reportagens. Muito obrigada pelo retorno. Um abraço, Verônica.

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