Crianças estão mais dependentes dos pais e das telas, diz estudo

Segundo pesquisa Datafolha, 70% das crianças e dos adolescentes estão mais dependentes dos pais e 89% aumentaram o tempo no celular, TV e videogame

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Crianças estão mais dependentes dos pais e das telas, diz estudo Datafolha; garoto usa tablet e está no colo da mãe dentro de uma casa
Além de maior dependência das telas e dos pais, quase metade das crianças apresenta perdas de aprendizagem, revela o estudo
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A rotina das famílias mudou muito nestes 15 meses de pandemia, trazendo um impacto direto sobre o comportamento e a saúde mental de crianças e adolescentes. Ao passar mais tempo em casa, longe de familiares e amigos, grande parte dos jovens estão mais expostos às telas e apresentam mudanças diversas de comportamento e nas questões emocionais. Um novo estudo sobre o assunto mostra que 70% das crianças e dos adolescentes, entre 6 e 18 anos de idade, estão mais dependentes dos pais, mais ansiosos (64%) e tristes (52%), sendo também alto o número dos que ganharam peso (54%) e se sentem sozinhos (45%). A pesquisa C6 Bank/Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (10), também revela que 89% desse público passaram a usar mais celulares, computadores, TVs e videogames.   

No total, foram ouvidos, entre os dias 10 e 14 de maio, 2079 brasileiros de todas as classes sociais e regiões do país. Desses, 24% possuem filhos com idade entre 6 e 18 anos. A amostra reuniu ao todo 744 crianças e adolescentes.

Entre as famílias com filhos, 15% têm 1 filho, 7%, 2 filhos, e 2%, 3 ou mais filhos. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, para a amostra total, e de quatro pontos percentuais, para mais ou para menos, na amostra de pais.


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Perdas na aprendizagem e desigualdades entre rede pública e privada

Além de abordar aspectos psicológicos e de comportamento relacionados aos estudantes, o levantamento também aponta os efeitos do ensino a distância nesse período. A pesquisa indica que 46% das crianças e adolescentes estão com dificuldade de aprendizagem, o que inclui alunos da rede pública e privada. Esse índice é maior entre meninos e meninas de 6 a 10 anos (53%) do que entre jovens de 16 a 18 (41%). A dificuldade em se concentrar também afeta 39% dos alunos.

De acordo com o estudo, 95% dos entrevistados declararam que os filhos estão matriculados em escolas, sendo 81% nas unidades da rede pública, 12% na rede particular, 5% não estão matriculados e 1% não respondeu. Em média, 27% dos alunos da rede pública voltaram às aulas presenciais, contra 55% da rede privada. Já 68% não voltaram principalmente porque a escola não reabriu.

Os dados também refletem as diferenças entre as redes de ensino no país. Enquanto 36% dos alunos de escolas públicas dizem ter perdido o interesse pelos estudos, esse percentual é de 28% entre estudantes de escolas privadas. Nesse grupo, a aprovação do ensino a distância também é maior (43%) do que entre alunos de escolas públicas (37%). A maior disparidade, no entanto, está nos impactos da interrupção da merenda escolar. A alimentação de 11% dos alunos de escolas públicas piorou sem as refeições oferecidas pela escola, enquanto entre estudantes do ensino particular esse percentual é de 4%.

“As diferenças de resultados entre alunos de escolas públicas e privadas é preocupante e configura mais um sinal do aprofundamento das desigualdades gerado pela pandemia em um país já tão marcado por contrastes sociais e econômicos”, afirma o diretor de pesquisas do Datafolha, Alessandro Janoni. 


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Retomada das aulas presenciais

Em maio, quando a pesquisa foi realizada, 27% dos alunos brasileiros de 6 a 18 anos tinham retomado as aulas presenciais, sendo a maioria deles da rede privada. Entre estudantes de escolas particulares esse índice é de 55% e nas escolas públicas, de 22%. Quando questionados o que impediu o retorno à sala de aula, 65% dos entrevistados afirmaram que não voltaram porque a escola não reabriu. Outros motivos também foram apontados como o agravamento da pandemia (13%), evitar o risco de contaminação por coronavírus (7%), criança ou adolescente está com problema de saúde (6%) ou porque a escola não garante a segurança de todos (6%). Segundo o levantamento encomendado pelo C6 Bank, 91% das crianças e adolescentes de 6 a 18 anos matriculados na escola tiveram ensino remoto no último ano.  


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