Relação mãe e filho: o relacionamento que marca toda a vida

A biomédica e colunista Telma Abrahão diz que é preciso estabelecer um apego seguro com os filhos, de modo a lhes trazer segurança, conforto, calma e prazer

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Relação mãe e filho – o primeiro relacionamento que temos na vida; mãe olha para filho, ambos deitados na cama
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A característica mais importante dos seres humanos é a necessidade de conexão e o desejo de formar e manter relacionamentos. A primeira relação que temos na vida é com a nossa mãe e dele depende a nossa sobrevivência.

Os relacionamentos que formamos posteriormente ao longo da vida terão como base a primeira experiência que tivemos com nossa mãe e afetará, positiva ou negativamente, todos as outras relações que teremos na escola, no trabalho, na sociedade, com pessoas próximas e com os futuros amores.

Entre os maiores desafios que encontraremos nas nossas relações humanas, as mais intensas, agradáveis ou dolorosas serão aquelas com nossa família e amigos.

Dentro desse núcleo de relacionamentos, nos ligamos uns aos outros pelo amor e pela conexão emocional que desenvolvemos com cada uma dessas pessoas, tendo como base a primeira experiência de amor com nossa mãe.

Se no início da vida fomos amados, acolhidos, desejados e cuidados, nos desenvolvemos com segurança e apego, e teremos grandes chances de buscar relações saudáveis no futuro; se, em vez disso, fomos rejeitados, ignorados, privados de amor e atenção e muitas vezes até de alimento, cresceremos em constante estado de alerta, de ameaça e medo, então nossas relações futuras tendem a ser inseguras, doloridas ou até mesmo tóxicas.

Afinal, o que significa estabelecer um apego seguro com os filhos?

O apego seguro refere-se à qualidade do vínculo especial que se forma na relação entre mãe e filho, desde o útero até os primeiros três anos de vida. Alguns pontos importantes, como a durabilidade e a estabilidade do vínculo, devem ser levados em consideração quando se trata de avaliar a qualidade desse apego. A relação próxima e saudável entre mãe e filho, nesse período da vida, traz segurança, conforto, calma e prazer. A simples ameaça de perda da mãe ou do cuidador causa intenso sofrimento à criança, por isso os pais devem ser cuidadosos para dar a segurança emocional necessária para que esse vínculo seja bem estabelecido nessa fase da vida.

A qualidade desse vínculo é importante para o desenvolvimento futuro da criança.

Um apego emocional saudável a uma mãe presente e amorosa durante o início da vida está associado à alta probabilidade de relacionamentos saudáveis com outras pessoas, enquanto o apego inseguro à mãe está associado a uma série de problemas emocionais e comportamentais mais tarde na vida.

Mães ou cuidadores que ameaçam as crianças de abandono ou que não demonstram conexão, afeto ou cuidados básicos por segurança e proteção no início da vida colocam em risco a segurança emocional dos seus filhos.

E essa informação não deveria trazer culpa, mas sim a tomada de consciência necessária para fazermos ajustes importantes nos relacionamentos entre mães, pais e filhos.

Para trazer mais esperança para as crianças que sofreram algum tipo de negligência na primeira infância, a ciência já mostrou o quanto nosso cérebro é plástico e pode se moldar em qualquer tempo da vida. Uma das característica mais notáveis dos seres humanos é a flexibilidade do nosso cérebro e a capacidade de se ajustar a novas situações.

Podemos superar traumas, ressignificar crenças limitantes e aprender novas formas de nos relacionar por meio do amor, da empatia e da compaixão. O amor cura, ensina e transforma. Confie nisso!


Leia também: Livro espanhol fala do ‘apego seguro’, do vínculo e da regulação das emoções


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