Criar uma criança é fácil, mas educar…

É preciso sair da zona de conforto de agir somente no modo automático e aprender aquilo que você ainda não sabe sobre a infância e o mau comportamento infantil

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Criar uma criança é fácil, mas educar...; mulher loira carrega criança morena nas costas em área verde ao ar livre
Educar e entrar no mundo lúdico da criança para conseguir a colaboração dela de forma espontânea e positiva
Buscador de educadores parentais
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Dar banho, alimentar, comprar roupa, pagar escola, isso qualquer pessoa adulta e responsável pode fazer por uma criança – os pais, os avós, um cuidador, uma babá ou um tio, por exemplo,, mas educar…. Educar é outra coisa e nem todos os cuidadores estão dispostos a desempenhar esse papel.

Educar é bem mais complexo, mais difícil e trabalhoso. E conseguir desempenhar essa função de forma emocionalmente saudável é ainda mais desafiador. Mas a ciência evoluiu, mudou e cada vez temos mais informação e conhecimento disponíveis para compreensão do comportamento infantil e humano.

A ciência já provou há tempos os malefícios de criar uma criança com agressividade e desrespeito. O desequilíbrio emocional dos pais é transferido aos filhos de geração em geração e nada vai mudar se não existir a tomada de consciência de que, educar seres humanos para serem emocionalmente saudáveis não é algo que se nasce sabendo fazer.

Muitos acreditam que bater é educar, mas disciplinar vem do latim, da palavra “Discipulus”, que quer dizer ser orientado pelo exemplo, aquele que inspira através do respeito. Esperar respeito sem respeitar, é incoerente, já que o exemplo ensina muito mais que as palavras.

Esperar respeito sem respeitar, é incoerente, já que o exemplo ensina muito mais que as palavras.

Bater, punir, diminuir e esperar respeito em troca?

Não faz sentido. Respeito conquistamos primeiramente sendo respeitosos. É crucial ser coerente com as mensagens enviadas aos filhos. Se o amor de um pai e de uma mãe é incondicional, por que tantos pais oferecem seu amor de forma condicional? Te amo, se você passar de ano, se você fizer o que eu mando, se você me obedecer, se você for um bom menino, mas se você não fizer nada disso, então terá que pagar por isso, através de castigos, punições, ameaças, surras e humilhações.

O excesso de autoridade se torna autoritarismo e um convite certo a grandes lutas por poder entre pais e filhos. Esse comportamento gera raiva e desconexão na criança, e a tendência é que ela não aprenda a lição ensinada. Obedece na hora por medo, mas não educa, e logo o mau comportamento se repete como um ciclo vicioso.

Aprender a educar exige ação e dedicação constantes. É preciso sair da zona de conforto de agir somente no modo automático e aprender aquilo que você ainda não sabe sobre a infância e o mau comportamento infantil.

Educar não é sair dando ordens e cobrar obediência cega ou muito menos querer ter sempre razão, mas sim aprender a considerar o pequeno ser humano único que habita em cada criança. Considerar o que essa criança pensa, sente e percebe sobre o mundo a sua volta.

É aprender a colocar limites sem usar a agressividade. A usar um tom de voz gentil e respeitoso ao invés de gritar o dia todo. É entrar no mundo lúdico de uma criança para conseguir a colaboração dela de forma espontânea e positiva ao invés de usar ameaças ou recompensas.


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Mas como conseguir fazer tudo isso?

Comece olhando para dentro, identificando suas dores e crenças negativas sobre a infância que te fazem agir de maneira automática, repetitiva e impulsiva, dia após dia, sem se questionar se os resultados dessas atitudes são mesmo aqueles que você deseja para a sua vida e do seu filho.

A mudança precisa começar em você, pois crianças são apenas uma extensão do meio em que vivem. Elas não possuem repertório para mudar e fazer diferente, mas os adultos sim. A caminhada para essa transformação é longa, mas toda grande jornada começa com um primeiro passo, então por que não dar o seu agora mesmo?


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Telma Abrahão
Telma Abrahão é formada em Biomedicina mas mudou de carreira após a maternidade, tornando-se educadora parental. Autora do livro "Pais que evoluem" e apaixonada pelo tema da Parentalidade Positiva, fundou a empresa Positive Parenting Education, uma escola de pais localizada na Flórida (EUA), que ajuda famílias a encontrar mais equilíbrio em suas relações entre pais e filhos.

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