O toque, a linguagem, o olhar, o sorriso e a presença são formas de estímulos pelas quais a mãe e o pai podem se comunicar com o bebê e assim estabelecer um vínculo com ele, de modo a favorecer o seu desenvolvimento. “Em todos os aspectos, o desenvolvimento da criança é feito em cima do vinculo construído entre ela e seus cuidadores, e isso demonstra a potência da linguagem e da comunicação como essência do ser humano”, diz o pediatra, palestrante e escritor Daniel Becker, um dos convidados do Ciclo de Conversas sobre Leitura com Bebês, realizado pelo clube de leitura A Taba em parceria com o Itaú Social.
Convidado para falar sobre a importância da comunicação nas relações familiares e o desenvolvimento na primeira infância, Becker explicou que toda a aquisição de habilidades e compreensão do mundo, das potências físicas e psíquicas do bebê, se dão em cima da comunicação. “Isso começa desde a amamentação, com um simples olhar do bebê para a sua mãe. E à medida que ele cresce surgem outros signos (de comunicação) cada vez mais elaborados.” A exemplo de quando o bebê começa a balbuciar as primeiras palavras – “mamá” ou “papá”, por exemplo – e os pais abrem um sorriso. “Nessa troca afetiva, a criança aprende que “mamá” tem um significado e assim vai construindo a linguagem”.
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Trata-se de um processo que envolve a multiplicidade de estímulos e formas variadas de comunicação, que devem ser exploradas até chegar à palavra escrita, respeitando sempre o tempo da criança e que ela manifeste seu interesse e desejo em compreender o universo letrado.
E mesmo antes da criança aprender a ler e escrever, é fundamental que os adultos leiam e contem histórias para os pequenos, em formatos diversos, como contos, lendas, parlendas e poesias. “As histórias têm papel fundamental na infância, visto que contribuem para a construção de uma narrativa que evoca temporalidade, reflexão e o estímulo à cognição. É por meio da história que acontece um dos primeiros contatos da criança com o uso mais sofisticado da palavra e deriva daí a importância brutal da literatura na vida dela”, pontua Becker. O uso da palavra para se comunicar faz parte da essência do ser humano”, diz ele.
As histórias dão repertório à criança para construir o seu mundo”, afirma Denise Guilherme
Denise Guilherme, idealizadora e diretora da Taba, que mediou a conversa com Daniel Becker, lembra que mais importante que oferecer letras, é trabalhar com palavras e historias. “Existe, às vezes, uma preocupação em antecipar o aprendizado da leitura e da escrita, mas as crianças que têm contato com historias, com adultos que falam com elas, que veem palavras, elas vão aprender a partir da escola, com um bom professor e até sozinhas”, relata Denise. Ela afirma que as memórias afetivas que ficam dessas historias ajudam a criar um mundo interior rico. “Essas palavras dão repertório à criança para construir o seu mundo e conseguir se encontrar dentro de si, o que também pode dar prazer e diversão sem necessitar a todo momento da atenção de um adulto”, avalia a diretora.
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