Guia de etiquetas para visitar um recém-nascido em tempos de Ômicron:10 dicas infalíveis

A escritora e humorista elaborou um guia para que as pessoas mais próximas dos pais não cometam gafes e excessos ao visitar a mãe de um recém-nascido em tempos de explosão de casos de covid-19

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Pés de recém-nascido com pulseira rosa de identificação
É importante seguir um guia de etiquetas se você é muito próximo e quer visitar a mãe de um recém-nascido
Buscador de educadores parentais
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Criei uma listinha de etiquetas para visitar um recém-nascido. Mesmo com as variantes da covid-19 que surgem a todo instante e o perigo aglomerações, gente muito próxima dos pais certamente visitará o bebê, como irmã, melhor amiga, avós… E há um bom roteiro a seguir para evitar desconfortos.

  • 1) Ligue e pergunte: Antes de tentar adivinhar o que a mãe quer baseado na sua própria referência do que é bom, não custa perguntar se ela realmente precisa de uma visita sua.
  • 2) Marque um horário mais tranqüilo: Por favor, não seja o mala que chega sem avisar e atrapalha o banho da mãe, talvez o único do dia, ou a soneca da criança que custou a dormir. E sim, você está visitando a mãe, não o bebê que nem se lembrará da sua existência. Desculpe a sinceridade.
  • 3) Não vá… A) Se você estiver doente: Bebês tem o sistema imunológico muito frágil, por isso, mesmo que seja só um resfriado, poderá adoecer o recém nascido; B) Se você não agüenta ficar alguns minutos sem fumar: E eu nem preciso explicar o porquê, né? C) Se você faz questão de usar perfumes fortes. Quando nasce um bebê, a casa costuma ficar mais fechadinha por causa de ventos fortes e para evitar a barulhada da rua. Eu sei, parece óbvio, mas tem sempre alguém que ache de bom tom ir visitar fantasiado de aromatizador de ambientes.
  • 4) Lave sempre a mão: Lavar as mãos ao chegar da rua é um hábito que devemos ter independente de qualquer coisa, porém a coisa fica ainda mais séria quando se trata de bebês recém-nascidos, com seu sistema imunológico tão frágil! Vocês sabiam que a infecção hospitalar, que é causadora de tantas mortes em hospitais pelo mundo, seria reduzida de forma significante se médicos, enfermeiros e
    técnicos lavassem mais e melhor as mãos? Pois é… Não é chatice de mãe não, é importantíssimo! Não faça cara feia. Lave as
    mãos e faça bom uso do álcool em gel que, tenho certeza, será oferecido logo na entrada.
  • 5) Entenda que não é uma excursão!: Já aconteceu comigo: Cansada de acordar a noite toda para amamentar, dia seguinte, enquanto tomava um banho feliz por finalmente conseguir conciliar minha soneca com a da criança, do nada, a campainha toca e parecia uma parada de 7 de setembro. Um falatório, uma confusão. A casa invadida por um grupo enorme de parentes e amigos. O bebê acordou e eu perdi minha soneca. Tiraram fotos, tive que ir para a cozinha, deram pitacos, desmereceram minhas dores e foram embora. Fiquei sozinha com aquele abacaxi para resolver, bebê agitado e chorando. Perdi soneca e a vontade de existir em apenas quarenta minutos de visitas. Não seja este tipo de pessoa.

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  • 6) Não pegue no bebê ou tire fotos sem pedir permissão: Não custa muito perguntar. Vai que o bebê acabou de dormir? Vai que a mãe
    não se sente segura com outra pessoa segurando o bebê? E olha, mesmo se você for alguém muito próximo, sempre pergunte se pode
    tirar fotos do bebê. Aproveitando a deixa, jamais poste fotos nas redes sociais sem a autorização dos pais, ok?
  • 7) Evite dar conselhos e palpites descabidos: Todo mundo tem uma história, alguma dica, solução milagrosa para contar. Porém é chato demais ouvir que tudo o que você faz está errado ou que há sempre algum jeito melhor de se fazer. Sabe qual a melhor forma de cuidar do bebê? A forma que a própria mãe dele cuida. Ninguém conhece melhor o seu bebê do que a mãe dele. Por isso, a não ser que seja solicitado, nada de conselhos sobre o maternar, nem comentários descabidos sobre o corpo da mulher. E por favor, não comecem com histórias trágicas de crianças que morreram dormindo, afogadas, sufocadas pela manta, com alguma queda. Já estamos neuróticas o suficiente, favor não perturbar ainda mais!
  • 8) Ajude no que for necessário: Imagine aí uma mesa linda com café fresco, talvez alguns quitutes. Todos ao redor da mesa conversando enquanto se deliciam com um chá da tarde. Imaginou? Então agora esquece! A única chance de isso acontecer ao visitar uma mãe recém-parida é se você mesmo chegar e preparar o café, o que na verdade, recomendo porque, sinceramente, entre agradar as visitas e tomar um banho, tenha certeza absoluta que a escolha certeira é da segunda opção! Não espere que a mãe vá correndo para a cozinha fazer um bolo e um cafezinho, ela estará cansada demais para tanto. Ao invés disso, que tal você mesmo levar um lanchinho? Às vezes a mamãe está faminta ou louca para comer uma comidinha caseira, que tal preparar alguma coisa? Melhor presente, eu garanto. Se você chegar e identificar louça na pia, chão para varrer, roupas de bebês para passar, coisinhas pequenas para fazer, faça! Claro, se tiver intimidade para isso, né? Se não tiver intimidade, não entendo o motivo da visita. Desculpe novamente a sinceridade. Ah! E não espere que ela peça. Pelo contrário. Provavelmente vai dizer que não precisa. Insista. Ficamos com aquele peso de ter que dar conta de tudo, a cobrança velada dos que acreditam que mulher é multitarefas. Cada uma tem o seu limite, portanto, nada de “mãezímetros” e comparações absurdas!
  • 9) Rapidinho, rapidinho: Visitas como esta não são para passar um dia inteiro, chegar para o café, almoçar e ainda ficar para o lanche da tarde. A ideia é ajudar, não dar trabalho, lembra? A mãe precisa descansar, o bebê tem a sua rotina de sono, banho e amamentação. A visita atrapalha o ritmo da casa, que está começando a se ajustar com a chegada do bebê. Não se esqueça que existe uma mãe lá, além do bebê!  Quando nasce um bebê é muito natural só termos olhos para ele. Porém ali existe uma mãe cansada de só ouvir palpites, críticas e sugestões do que fazer. Cansada das cobranças, muitas que ela mesma impõe para si, mas que existem e ficam martelando em sua cabeça. Trate-a com carinho. Não despreze suas dores, reclamações e aflições que ela provavelmente tem. Se ela quiser conversar, ouça com carinho. Dê atenção. Às vezes, o que aquela mãe precisa é apenas conversar e nem sempre é sobre fraldas sujas, se o umbigo já caiu, se está tendo leite. Lembro-me de sentir falta de conversar sobre outros assuntos, algo não relacionado à maternidade. Por isso,
    converse sobre assuntos leves, gostosos que a faça perceber que existe vida pós-maternidade.
  • 10) Seja rede de apoio. Acolha! Seja aquela amiga que ouve. Que convida para ir a uma festa, mesmo sabendo que não podemos ir, só para mostrar que lembra. E aparece para uma visita, mas que na verdade, é para pegar o mais velho e levá-lo ao cinema. Passa no sacolão e compra frutas ou envia uma cesta de café da manhã. Aquela pessoa que liga durante a semana e conversa sobre diversos
    assuntos, nos faz rir. Não abandone o barco, seja presente e não use o novo bebê como pretexto para ser uma péssima amiga.

E você? Acrescentaria alguma coisa à lista?

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