Volta às aulas: cuidados a tomar para um retorno seguro

Epidemiologistas esclarecem as principais dúvidas dos pais sobre o início de ano letivo em meio ao aumento de casos de Covid-19

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A volta às aulas presenciais em grande parte do país tem levantado muitas dúvidas entre mães e pais quanto aos cuidados a tomar para evitar a transmissão da Covid, neste momento de explosão de casos da variante ômicron entre adultos e crianças. Felizmente, já é possível imunizar os pequenos, a partir de 5 anos de idade, mas muitas famílias ainda têm receio em mandar o filho para a escola sem o esquema vacinal completo.

Com a ajuda da epidemiologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Ethel Maciel, e do epidemiologista e infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), professor Marcelo Nascimento Burattini, esclarecemos a seguir as principais questões relacionadas à vacina das crianças e procedimentos de isolamento em situações de confirmação ou suspeita por Covid entre alunos e familiares. “É muito importante que as crianças se vacinem, e os trabalhadores da educação estejam com a dose de reforço em dia, para deixar o ambiente escolar mais seguro”, ressalta Maciel.

Só devo mandar meu filho à escola depois que ele tiver tomado as duas doses da vacina?

Para Ethel Maciel, o ideal seria estar com duas doses da vacina, ou esperar 15 dias após a primeira dose, já que a previsão é de que o pico da ômicron ocorra até a segunda semana de fevereiro, mas ela pondera que isso vai depender do contexto familiar de cada aluno. Depende também da orientação dos governos locais quanto ao formato das aulas neste momento – em estados como São Paulo, por exemplo, as aulas presenciais são obrigatórias. “É preciso avaliar o ambiente no qual a criança vive antes de tomar essa decisão. Vai depender com quem a criança mora, se há alguém com comorbidade em casa ou em situação de maior vulnerabilidade. Acredito que esperar o filho se vacinar seria a melhor opção, mas infelizmente, o Brasil não investiu na educação, isso não foi prioridade do governo, tivemos pouquíssimo investimentos nas escolas. Estamos numa situação de redução de dano e as famílias terão que fazer essas análises para decidir sobre a volta às aulas dos filhos”, destaca Maciel.

As aulas presenciais são obrigatórias?

Em São Paulo, segundo a Secretaria da Educação do Estado, o retorno presencial “é obrigatório desde novembro de 2021, embasado na recuperação pedagógica dos estudantes e com o aval das autoridades sanitárias”. A secretaria diz também que a recomendação, para a realização de aulas presenciais com total segurança, é de uso obrigatório de máscaras em todas as dependências, aferição da temperatura ao chegar na instituição, higienização constante das mãos com água e sabão, utilização de álcool em gel, ventilação nas salas de aula e evitar aglomerações.

Pelo menos 20 estados e o Distrito Federal irão voltar às aulas presencialmente e de forma obrigatória, de acordo com reportagem da CNN Brasil. Além de São Paulo, isso vale para: Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Alagoas, Bahia, Piauí, Maranhão, Ceará, Pernambuco, Sergipe, Rio Grande do Norte, Tocantins, Acre e Rondônia.

Se a criança não tiver febre, mas apresentar algum sintoma leve, pode ir para a escola?

“Qualquer sintoma respiratório, independentemente de teste ou resultado, o aluno não deve ir para a escola.  Ele deve ficar em casa e aguardar entre 5 e 7 dias ou fazer o teste entre 3 e 5 dias, após início de sintomas, para ver se é Covid ou não”, explica Burattini. A epidemiologista da UFES complementa que nessa situação ou mesmo com sintomas de síndrome gripal, a criança deve ser testada e aguardar o resultado para definir período de isolamento, e a escola avisada para que possa inclusive investigar outras pessoas com quem a criança teve contato.

Os protocolos mudaram? Quanto tempo meu filho deve ficar isolado em caso de suspeita de Covid?

“Sim, principalmente em relação ao tempo isolamento. Antes, a gente ficava isolado dez dias, hoje, porque as pessoas estão vacinadas, tem uma nova portaria no Brasil que diz que em sete dias sem sintomas as pessoas (adultos e crianças) podem retomar as atividades. Já se tiver sintomas, tem que ficar dez dias em isolamento antes de voltar para escola”, explica Maciel.

Eu testei positivo, mas meu filho testou negativo. Tudo bem ele ir para a escola?

O epidemiologista da Unifesp afirma que sim. “Se os pais testaram positivo e o filho não pegou a doença, e estiver assintomático e com teste negativo, ele pode ir para a escola sem nenhum problema. Isso supondo que o teste foi bem feito e no período certo – a sensibilidade máxima para realização do exame é entre 3 e 5 dias após surgimento dos sintomas”, relata Burattini.

Já a professora Ethel é mais cautelosa e lembra que o teste da criança pode dar falso negativo. “É importante ver em que momento o teste foi feito e comunicar a escola para ver qual é o procedimento a seguir. Algumas escolas, mesmo que o teste dê negativo, preferem que aluno não vá, outras vão aceitar. Infelizmente, não tivemos, por parte do Ministério da Educação, uma coordenação da pandemia, logo, temos procedimentos diferentes. São muitas analises a considerar e, portanto, não tem uma resposta só. Tem que ver que dia de sintomas a mãe testou positivo, quanto tempo ela ficou com o filho, se pode ser um falso negativo, tudo isso tem que ser analisado”, ressalta a professora e PhD em epidemiologia Ethel Maciel.

As escolas são obrigadas a oferecer aulas online para os alunos que não podem frequentar as aulas presenciais?

Em caso de sintomas ou teste confirmado de Covid neste período de volta às aulas, o aluno deve ter acesso ao ensino remoto. Em São Paulo, a secretaria de educação do estado diz que nas escolas estaduais, o aluno seguirá acompanhando as aulas via Centro de Mídias. “A recomendação para as escolas particulares é garantir que os alunos tenham acesso ao conteúdo, para que não tenham prejuízo à aprendizagem”, complementa a secretaria.

As escolas podem pedir o comprovante de vacinação dos alunos?

Sim. Para especialistas da área jurídica, assim como a vacina é obrigatória por lei, de acordo com a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente, a caderneta vacinal também deve ser exigida nas escolas. Porém, a não apresentação do documento não deve ser impedimento para frequentar as aulas. Nas escolas do estado de São Paulo, o comprovante será exigido a partir do 2o bimestre, informou a secretaria de educação.


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