“O que custa não é viver, é saber viver” ouvi a minha vida toda, como se viver fosse uma arte em que é preciso saber manipulá-la para deleite dos seus criadores. Mas não deixa de ser verdade porque de fato é necessário ser virtuoso nisto de conter os ímpetos e moderar o mal que nos podemos causar.
Da arte vou para a influência e pergunto-me até que ponto somos influência naquilo que os nossos filhos se vão tornar? Temos imensa, mas não em tudo. Vamos falar sobre isto abaixo.
Várias teorias sólidas revelam que a forma como o adulto de referência nas nossas vidas se relaciona conosco vai ter um impacto gigantesco nas escolhas que vamos fazer ao longo da nossa vida, sobretudo, em termos das relações mais íntimas. E normalmente, o adulto que fica com o bebê em casa, nos primeiros tempos, é a mãe. Ora, sobre ela recai essa responsabilidade enorme.
Então, se é verdade que as relações iniciais da vida de uma criança têm um impacto na sua vida, também é certo que o ambiente tem um peso igual na forma como a criança vai se desenvolver, influenciando ainda o adulto que está com ela. Viver em espaços desorganizados (desculpem, mas as mães têm razão quando insistem em querer ver uma casa organizada!) com pouca luz, no meio de edifícios e com pouco contato com áreas mais abertas e a natureza não dos deixam expandir física e emocionalmente – nem contribuem para a expansão da natureza da criança ou a arte de se saber viver. E aqui quero parar, sentar-me ao teu lado e pedir um café e um copo de água para estarmos um pouco à conversa.
Gostaria que escutasses isto bem: se é verdade que temos um impacto enorme na vida dos nossos filhos, que é nosso dever orientá-los e guiá-los, precisamos também entender que não controlamos nem queremos controlar tudo. E o tudo são as suas decisões, à medida que vão crescendo. Mostramos a vida, corrigimos, orientamos, mas também temos de saber largar e perceber que cada um de nós é responsável pelas suas decisões. Tendo nós feito o que é suposto fazer, tendo assegurado uma relação segura, amor e afeto, momentos de acertos e ensinamentos, não preciso me sentir culpada porque algo falhou. Não quando a criança começa a crescer e toma decisões em consciência. E disse culpada, no feminino, porque, como referi acima, a maior parte das vezes são as mães que ficam com os filhos. E daí que haja amor da mãe mas também a culpa dela. E esta culpa é castradora e de nada nos serve se não para nos colocar num ambiente de tristeza, pressão, apatia e até ansiedade. A culpa só é útil quando dela conseguimos tirar ensinamentos e evitar que outras situações semelhantes se repitam. Daí a importância de saber conduzir a nossa vida. De saber viver.
Como disse no começo – o que custa não é viver, o que custa é saber viver.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.
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