Teste de coronavírus em crianças: o que considerar para realizar o exame

Sempre que houver suspeita de infecção por coronavírus é importante fazer o teste, mas o fundamental mesmo é o isolamento por 14 dias, mesmo em caso de teste negativo

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Teste de Covid-19 em criança: o que considerar para realizar o exame; menina sorridente segura teste de Covid-19; mãe acompanha filha que faz teste de Covid - médico coloca cotonete em sua boca para coleta de saliva
A criança deve fazer o teste de Covid-19 sempre que houver suspeita da infecção pelo coronavírus, orienta o infectologista Francisco Ivanildo de Oliveira
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Com o provável retorno às aulas presenciais nas escolas no próximo semestre, a preocupação em manter as crianças protegidas contra o coronavírus se torna ainda maior. Apesar dessa faixa etária geralmente apresentar sintomas leves, todo cuidado em relação a essa doença é pouco, pois cada organismo reage de uma forma diferente. Além disso, os pequenos podem transmitir a Covid-19. Para garantir a segurança de todos, é preciso seguir os protocolos de prevenção do coronavírus, aconselham os infectologistas. A Canguru News pediu a especialistas da área da saúde que explicassem qual é o exame mais adequado, quando é recomendado fazer o teste de Covid-19 nas crianças e com qual frequência, para que as escolas funcionem de forma segura.

A realização dos testes de diagnóstico é um protocolo importante para manter a segurança das famílias. Porém, é preciso saber escolher o teste de Covid-19 mais adequado e também seguir outros protocolos, como distanciamento social e utilização de máscaras.


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Quando fazer o exame de diagnóstico?

“A criança deve fazer o teste do coronavírus sempre que houver suspeita da infecção pelo coronavírus, quando ela demonstrar um quadro clínico compatível”, aponta Francisco Ivanildo de Oliveira, infectologista pediátrico e gerente médico do Sabará Hospital Infantil. Os sintomas da covid-19 na criança podem variar de acordo com a faixa etária. Quanto mais velha a criança for, especialmente depois que ela começa a entrar na adolescência, os sintomas se aproximam mais aos dos adultos: febre, dor de garganta, dor de cabeça, dor no corpo, coriza e indisposição, explica o médico. 

Já as crianças menores podem apresentar um perfil diferente. Segundo o médico Francisco de Oliveira, menores de dois ou três anos podem ter sintomas como: choro, recusar alimentação, desconforto respiratório ー no caso de comprometimento pulmonar ー, dor abdominal e sintomas gastrointestinais, como vômito e diarreia. “É um quadro que normalmente é bem diversificado, o que é um desafio diagnóstico, porque se confunde com o de outras infecções virais”, diz o infectologista.


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Crianças assintomáticas devem fazer o teste?

De acordo com Francisco de Oliveira, os exames de diagnóstico são importantes para que possa ser realizado o “rastreamento de contatos”, ou seja, detectar pessoas com coronavírus e monitorar quem interagiu com elas para buscar reduzir o surgimento de novos casos. Portanto, se a  criança teve contato com alguém infectado pelo coronavírus, é importante realizar o teste. “O cuidado que a gente deve ter com esse tipo de triagem é que nem todo mundo que se infectou, principalmente se fizer uma única coleta, vai ter o exame positivo. A pessoa ainda pode estar no período de incubação e ainda não ter começado a excretar os vírus quando fizer o teste”, diz o infectologista.

Segundo ele, quanto maior o intervalo entre a data do contato e a realização do exame, por volta de cinco ou sete dias, mais verdadeiro será o resultado do exame, porque o corpo pode levar até 14 dias para manifestar os sintomas. Caso a criança tenha tido contato com alguém com coronavírus, é fundamental que a família siga as medidas de segurança rigorosamente, mesmo que o teste seja negativo. “O teste pode ser utilizado sim, mas é preciso entender que ele não tem 100% de sensibilidade na detecção do vírus. Por isso, é recomendado cumprir o isolamento por duas semanas”, indica o médico.

Para Elisangela Pinto, pediatra da Sharecare (empresa de serviços de saúde digital), não é necessário realizar o PCR em crianças assintomáticas, o mais importante é realizar a quarentena. “Para qualquer indivíduo, o PCR só é recomendado em caso de sintomas ou situações especiais, como viagens. Pessoas assintomáticas têm maiores taxas de resultados falsos negativos e não há uma conduta específica além do isolamento em caso positivo”, aponta a pediatra. Essa falsa sensação de segurança pode ser prejudicial, pois caso a criança esteja contaminada, ela pode transmitir o vírus, mesmo com o resultado do teste negativo. “Na dúvida, sempre consulte o seu pediatra de confiança em relação a necessidade de realizar qualquer um dos exames”, recomenda.

Qual é o teste de Covid-19 mais recomendado para criança?

“O exame diagnóstico para infecção aguda pelo coronavírus é idêntico para as crianças e para os adultos. Os testes recomendados são aqueles que fazem a detecção do RNA do vírus, ou seja, do material genético do vírus, que são os testes de PCR ou os testes de antígeno”, relata Francisco de Oliveira. Segundo ele, tanto o PCR quanto o teste de antígeno podem ser feitos através da coleta de secreção do nariz e da faringe. 

São realizados com o uso do chamado swab nasofaringe, que é aquele cotonete longo inserido pela narina que vai até o fundo do nariz, chegando à garganta. O PCR é considerado o padrão-ouro, isto é, o mais eficaz. De acordo com Francisco de Oliveira, esse exame também pode ser feito pelo swab da orofaringe, coletado pela boca. 

O infectologista explica que existe a possibilidade de fazer o diagnóstico através do teste de saliva, que teve bons resultados em crianças, segundo estudos do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (IMT-USP). “A detecção do vírus pela saliva tem se mostrado uma boa alternativa por ser indolor”, explica Elisangela Pinto. Além destes exames, também há o teste de sorologia, feito a partir da coleta de sangue, mas, para o médico, não é muito recomendado. Esse exame apenas detecta a presença de anticorpos do coronavírus e não identifica se a pessoa está com o vírus em si. 

“Muitas vezes as pessoas acabam se confundindo e fazendo testes sorológicos, mas esse teste não é adequado para fazer o diagnóstico da infecção aguda do coronavírus, porque o organismo pode demorar até duas semanas para começar a desenvolver os anticorpos”, afirma Francisco de Oliveira. O resultado negativo do teste sorológico não afasta a possibilidade da pessoa ter contraído a covid-19, por isso, não é o mais indicado. De acordo com Elisangela Pinto, a coleta do exame sorológico deve ser feita em até 30 dias após o décimo dia de sintomas do coronavírus.


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Crianças na escola: com que frequência fazer o teste?

Para Francisco de Oliveira, a realização do teste de Covid-19 para crianças que estão frequentando a escola deve ser avaliada com muito critério e não pode ser a única medida, ou a medida mais importante de segurança adotada. Os testes devem ser uma camada a mais de proteção, além das medidas sanitárias de identificação de casos sintomáticos, distanciamento social, utilização de máscaras, higienização das mãos e desinfecção de ambientes. Elisangela Pinto concorda que essas medidas são indispensáveis. A pediatra aponta que ainda não há uma recomendação formal para testagem regular dos alunos.

De acordo com o infectologista Francisco Oliveira, para que os testes sirvam como uma medida de proteção eficaz é preciso que sejam realizados mais de uma vez por semana. “O teste do PCR demora em torno de 24 a 48 horas para obter o resultado, então, se for coletado na segunda-feira, por exemplo, e a criança estiver infectada, caso ela for à escola ela vai expor outras crianças ao coronavírus, já que só vai ter o resultado na terça”, explica. Além disso, ele reforça que existe a possibilidade de a criança ainda não estar excretando o vírus no momento em que fizer o teste, obtendo um falso resultado negativo.

“O grande desafio da testagem seriada em escolas é que os testes devem ser realizados com intervalos curtos, a cada dois ou três dias. Isso significa que, em uma semana, essa criança deve ser testada duas ou três vezes”, afirma o médico. Para que esse cenário ideal seja atingido, a escola precisaria enfrentar alguns desafios, como a logística, garantir que todas as crianças sejam testadas, e a disposição, já que envolveria muitas horas para testar todos os alunos. “O exame deve ser utilizado como uma camada a mais, como um reforço de todas as outras medidas de proteção que já foram tomadas pela escola”, reforça.


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Onde fazer o teste do coronavírus?

Os testes de Covid-19 podem ser realizados gratuitamente em estabelecimentos públicos de saúde, de acordo com informações da Prefeitura da Cidade de São Paulo. Para aqueles com sintomas leves, como febre baixa, coriza, tosse e dor de garganta, uma opção é procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) do seu bairro. O horário de funcionamento das UBS pode variar, mas geralmente é de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h. Em São Paulo, os testes também podem ser feitos em Unidades de Assistência Ambulatorial (AMA). Além disso, é possível realizar a coleta do exame em laboratórios, clínicas e centros de diagnósticos (posto de coleta, unidades móveis e coleta domiciliar).

Em casos de sintomas mais graves, como a falta de ar persistente, rebaixamento de nível de consciência e sonolência, é indicado procurar Unidades de Pronto Atendimento (UPA), que funcionam 24 horas. Nestes estabelecimentos, caso necessário, a equipe médica faz a triagem e encaminha o paciente para hospitais secundários ou terciários, que apresentam maior suporte de atendimento. Os testes também podem ser realizados em hospitais e unidades de pronto socorro, mas estes só devem ser buscados quando a pessoa apresentar sintomas bastante graves e requerer atendimento médico, já que são locais com alto nível de contágio.

Caso o exame não seja realizado pelo SUS, o preço pode variar de R$200,00 a R$350,00, aproximadamente. É possível fazer o teste do PCR pelo plano de saúde. Porém, o teste será coberto somente nos casos em que há indicação médica, de acordo com o protocolo e as diretrizes definidas pelo Ministério da Saúde. 


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