Crianças estão tomando menos vacinas e cresce risco de doenças

Segundo o estudo do IESP, o maior índice de redução de cobertura foi o da vacina contra hepatite B em crianças de até 30 dias

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Cobertura vacinal no Brasil despenca na pandemia, abrindo caminho a novos surtos sanitários; médica de luvas e máscara colocando a vacina em uma seringa
IEPS alerta para a importância da vacinação/Freepik: reprodução
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A pandemia do coronavírus mostrou a rapidez com que uma doença pode se disseminar e causar danos irreparáveis. A importância da vacina para a saúde global foi ainda mais evidenciada, já que é o principal instrumento para superar o atual cenário. Porém, de acordo com análise inédita do IEPS (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde), baseada em dados do Ministério da Saúde atualizados até o dia 4 de abril deste ano, a cobertura vacinal no Brasil, que já estava em queda nos últimos anos, despencou ainda mais em 2020. 

A pesquisa relatou que menos da metade dos municípios brasileiros atingiu a meta estabelecida pelo PNI (Plano Nacional de Imunizações) para nove vacinas, entre elas as que protegem contra hepatites, poliomielite, tuberculose e sarampo. Com exceção da pentavalente (contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e a bactéria Haemophilus influenzae tipo B), todas as demais apresentaram quedas preocupantes de cobertura. 

A maior redução de cobertura foi a da vacina contra hepatite B em crianças de até 30 dias, com uma perda de 16 pontos percentuais. De 2019 a 2020, caiu de 78,6% para 62,8%, deixando ainda mais crianças em risco de contraírem uma doença que pode ser prevenida. Em seguida, está a BCG e a Tríplice Viral (primeira dose), que reduziram aproximadamente 14 e 15 pontos percentuais, respectivamente.

Outra queda de cobertura vacinal que chamou a atenção dos pesquisadores foi a da vacina contra poliomielite, que teve uma redução de 8,3 pontos percentuais —de 84,2% para 75,9%. Em 2015, o país tinha registrado cobertura de 98,3%. Excluindo a pneumocócica, os percentuais de cobertura de todas as vacinas analisadas foram inferiores a 80% em 2020. Os dados ainda podem mudar, porque há atraso das notificações de alguns municípios. O IEPS divulgou um comparativo da cobertura vacinal no Brasil entre 2015, 2019 e 2020. Confira:


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Fonte: Panorama IEPS – Cobertura Vacinal no Brasil

A análise também mostra o Amapá e o Rio de Janeiro recorrentemente entre os piores estados em relação à cobertura em 2020. Por outro lado, Santa Catarina, Ceará, Paraná e Minas Gerais tendem a ser os estados com as melhores performances. A nível regional, Norte e Nordeste tiveram o pior desempenho em 2020 e atingiram uma cobertura vacinal de 65% e 72%, o que representa uma queda de 23 e 28 pontos percentuais com relação a 2015, respectivamente.


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Qual o motivo da queda em 2020?

 Segundo o relatório do IEPS, a redução da cobertura vacinal foi agravada no Brasil e no mundo durante 2020 devido à pandemia de Covid-19. O distanciamento social e o receio das pessoas em comparecer aos serviços de saúde são fatores que contribuíram para a baixa. Além disso, o estudo aponta que o aumento da preocupação com a segurança e confiabilidade dos imunizantes também diminuiu as vacinações de rotina.

O IEPS alerta que essa queda pode levar ao ressurgimento de surtos de doenças anteriormente controladas. Um exemplo é o sarampo, que tinha sido erradicado e voltou a circular em 2018 após uma redução na cobertura da vacina tríplice viral. Em 2020, foram registrados surtos em 21 estados brasileiros, com o Pará apresentando mais de 60% dos casos.

A pesquisa reforça que para o país conseguir superar essa pandemia e não vivenciar novas crises sanitárias, é fundamental reorganizar ações e serviços para retomar as coberturas vacinais e conscientizar a população sobre a importância da vacinação, visando combater os movimentos anti-vacina. 

Estudo na íntegra disponível em: https://ieps.org.br/wp-content/uploads/2021/05/Panorama_IEPS_01.pdf


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