Sem vacinas, imunização de professores não avança no país

Profissionais da educação começam a ser vacinados em alguns Estados, mas demora é preocupante e compromete retorno mais seguro às aulas presenciais

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Sem vacinas, imunização de professores não avança no país; mulher recebe vacina no braço
Sindicatos dos professores em todos os Estados têm pressionado para que a vacinação da categoria e ande mais rápido
Buscador de educadores parentais
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A lentidão do processo de vacinação dos profissionais da educação em todo o país, por problemas de aquisição e distribuição de doses pelo Ministério da Saúde, gera apreensão sobre o retorno mais seguro e tranquilo às aulas presenciais. Sindicatos dos professores em todos os Estados têm pressionado pela vacinação mais célere de professores e funcionários de escolas. O  Ministério da Saúde assumiu o compromisso de assegurar vacinas para iniciar a imunização dos profissionais da educação até o dia 15 de junho. A promessa foi feita pelo secretário-executivo da pasta, Rodrigo Otávio Moreira da Cruz, em audiência com parlamentares no Senado para tratar do Programa Nacional de Imunização (PNI). 

Alguns Estados, como São Paulo e Bahia, se anteciparam e iniciaram a imunização dos profissionais da educação antes do cronograma nacional. São Paulo é o Estado que tem o maior número de profissionais da área e também foi pioneiro em incluí-los nos grupos prioritários de vacinação, mas também enfrenta problemas de continuidade do cronograma por falta de vacinas. De acordo com o último censo escolar, de 2014, o Estado tem mais de 1,2 milhão de professores para atendimento da educação básica na rede pública. Na semana passada, o governador de São Paulo, João Doria, anunciou que todos os profissionais que atuam em escolas no Estado, de 18 a 46 anos, estarão 100% imunizados até 31 de julho. O cronograma, no entanto, depende da liberação de vacinas.

“A escassez de vacinas e a falta de informações claras do Ministério da Saúde quanto à previsão de compra de doses nos impede de dar sequência à campanha”, afirmou a coordenadora do Programa Estadual de Imunização de SP contra a covid-19, Regiane de Paula. A campanha paulista prevê imunização de secretários, auxiliares de serviços gerais, faxineiras, mediadores, merendeiras, monitores, cuidadores, diretores, vice-diretores, professores de todos os ciclos da educação básica, professores coordenadores pedagógicos e professores temporários. Na primeira fase, foram vacinados profissionais a partir dos 47 anos. A professora Paloma França, 40 anos, aponta problemas desta escolha por faixa etária. “Essa divisão não é justa, nem resolve o problema já que todos os professores são convocados a trabalhar presencialmente”, declara Paloma.


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Lilian Lefol, 40 anos, professora em Salvador
Em Salvador, todos os professores acima de 18 anos foram vacinados após determinação da Justiça. Lilian Lefol, 40 anos, faz parte desse grupo; Foto: Arquivo pessoal

Na Bahia, a imunização de profissionais da educação na capital, Salvador, tornou-se obrigatória. Mas isso só aconteceu depois de uma decisão judicial que determinou que todos os trabalhadores do setor com mais de dezoito anos deveriam ser vacinados a partir do dia 4 de Maio. Todos os funcionários foram vacinados. A professora e pesquisadora Lilian Lefol de 40 anos faz parte deste grupo. “Os professores precisam ser vacinados para que haja um retorno mais seguro às aulas presenciais. Além disso, muitos pais já retornaram ao trabalho presencial e precisam deixar os seus filhos na escola”, afirma a professora. “A vacinação em Salvador foi o resultado de uma pressão dos profissionais da área. A decisão judicial veio depois da autorização do retorno das atividades presenciais, pois muitos professores se recusaram a retornar às aulas para proteger os profissionais da educação e os alunos”, conta Uelder Soares, professor de química soteropolitano. “A educação foi o primeiro serviço a parar de funcionar e está sendo o último a retornar, infelizmente”, lamenta o professor.

No Espírito Santo, a vacinação dos professores começou no dia 15 de abril. Segundo informações oficiais da Secretaria de Estado de Saúde, até o momento já foram realizadas quatro distribuições de doses destinadas à vacinação dos trabalhadores da educação no Estado, totalizando 20.655 doses distribuídas. “No momento, estão sendo vacinados professores e auxiliares que atuam em sala de aula das creches com crianças de 0 a 3 anos de idade, pré-escola, ensino fundamental I e II e ensino médio e técnico com o seguinte ordenamento por faixa etária. O Estado está vacinando os trabalhadores de 50 a 59 anos, e tem previsão de iniciar nesta semana a faixa etária dos 40 a 49 anos”, informou a assessoria de imprensa da secretaria, em e-mail enviado à Canguru News

No Distrito Federal, a meta é vacinar 80 mil profissionais das redes pública e privada. “O quantitativo de doses enviado pelo Ministério da Saúde à Secretaria de Saúde do DF não se destina ao público de professores, etapa posterior ao grupo de comorbidades, segundo o Plano Nacional de Vacinação. Porém, por determinação do governador, o Distrito Federal iniciará a vacinação dos profissionais da educação concomitantemente à vacinação do grupo prioritário de comorbidades”, informou a assessoria de comunicação da secretaria, em nota. 

A maioria das secretarias estaduais de saúde consultadas pela Canguru sobre o cronograma de vacinação de professores informou que segue o PNI (Plano Nacional de Imunização) e depende das doses vindas do Ministério da Saúde para dar início à imunização. 

“Ainda não há previsão para o início da vacinação porque dependemos do envio de novas remessas para avançar a imunização no estado. Já acionamos o STF (Supremo Tribunal Federal) para autorizar o início da vacinação no Estado, mas sem sucesso”, informou, por intermédio da assessoria, a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul. 

Em Minas, o governo espera iniciar a vacinação de profissionais da educação em junho. “A ordem de vacinação dos respectivos grupos prioritários, bem como o quantitativo de doses para vacinação da população destinados a cada estado, são definidos pelo Ministério da Saúde e divulgados a cada envio de remessa de imunizantes. O governador Romeu Zema vem solicitando ao Ministério da Saúde prioridade no calendário de vacinação para os professores”, explicou, em nota, a Secretaria de Saúde do Estado. 

Na semana passada, professores da rede municipal do Rio realizaram ato em frente à Prefeitura do Rio cobrando vacinação para a volta presencial das escolas. O novo calendário de vacinação da Prefeitura do Rio não prevê prioridades para categorias profissionais. De acordo com informação da assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde, o Estado deve começar a vacinação dos profissionais da educação apenas em junho.


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