Escolas particulares querem retomar aulas presenciais antes da rede pública

Donos de instituições particulares de ensino alegam ter mais recursos para reabertura

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Sala de aula infantil vazia, somente com materiais escolares, em ilustração à matéria sobre reabertura das escolas particulares.
Especialistas apontam que escolas particulares voltando antes é algo que pode agravar desigualdades educacionais
Buscador de educadores parentais
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A retomada das aulas presenciais é um assunto que continua levantando muitas questões. Não há datas definidas para que as escolas iniciem a reabertura e não há consenso se crianças ou adolescentes devem retornar às aulas primeiro. Também ainda estão sendo definidos quais cuidados em relação à pandemia do novo coronavírus deverão ser tomados pelas instituições de ensino. E uma nova pergunta vem surgindo: a reabertura de escolas particulares pode acontecer antes da reabertura de escolas públicas? 

Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, donos de escolas particulares, sindicatos e entidades que representam o setor pressionam governadores e prefeitos pela permissão para realizar a reabertura dos estabelecimentos de ensino da rede particular antes da reabertura das escolas da rede pública. O argumento é que escolas particulares teriam os recursos para adotar protocolos de higiene e de saúde mais rapidamente. 

“A escola pública já tem diversos problemas, uma série de questões que foram acumuladas ao longo dos anos. Não podemos ser colocados na mesma situação e esperar que elas tenham condições para que nós possamos reabrir”, afirmou à Folha o presidente da Federação Nacional de Escolas Particulares (Fenep), Ademar Pereira. 

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Esther Cristina Pereira, presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinep-PR), também foi entrevistada pelo jornal. “Temos que ter um movimento para separarmos a rede particular da pública, nós temos condições de trabalho muito diferentes. A escola pública tem dificuldade e nós não podemos esperar parados até que resolva essas questões”, disse. 

Esther afirma ter protocolado pedidos de reabertura com 20% dos alunos da educação infantil (dos 0 aos 5 anos) em 30 prefeituras e no governo estadual do Paraná, sem respostas. No Rio Grande do Sul, a proposta do sindicato é a volta da educação infantil e dos alunos do 3º ano do ensino médio. Sindicatos patronais no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Santa Catarina tiveram movimentações semelhantes. 

Especialistas ouvidas pela reportagem da Folha apontam alguns problemas no plano que envolve a reabertura das escolas particulares primeiro. Além de prejuízos para as crianças caso a volta às aulas seja cedo demais, também haveria agravamento das desigualdades educacionais. 

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“É uma proposta em reação à liberação econômica e não à garantia de segurança e ensino das crianças. Se as autoridades de saúde defendem que ainda não é possível voltar às aulas, isso deve valer para todos”, afirmou Maria Carmem Barbosa, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). 

A professora apontou que as regras rígidas de convívio podem ser especialmente prejudiciais para as crianças de educação infantil. “O que ela deveria fazer na escola, que é brincar e socializar com os colegas, ela não vai poder fazer. Precisamos pensar no impacto que essas restrições podem ter no desenvolvimento dos alunos”, explicou. 

Já Ângela Soligo, professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), destacou a desigualdade educacional: alunos de escolas públicas, especialmente os do último ano do ensino médio, ficam em desvantagem. “O estudante da escola particular volta antes para sua rotina normal, se prepara melhor para o vestibular. É mais uma crueldade que [o aluno da rede pública] sofre porque sua escola é mais pobre e têm menos dinheiro”, apontou. 

Leia a reportagem completa no site da Folha de S. Paulo

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