Escolas privadas contestam plano de retorno escolar e defendem ações por região e nível de ensino

Plano de retomada da educação, apresentado pelo governo do Estado de São Paulo prevê volta às aulas em setembro com 35% dos alunos

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Plano de retomada da educação em São Paulo é contestado por escolas privadas; na imagem sala de aula mostra alunos mantendo distanciamento
Abepar quer retorno em agosto para acolhimento emocional
Buscador de educadores parentais
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A Associação Brasileira de Escolas Particulares (Abepar), que reúne 24 colégios de elite em São Paulo, como o Santa Cruz, Bandeirantes e Escola da Vila, disse ter ficado surpresa com algumas das decisões divulgadas no “Plano de Retorno da Educação”, apresentado ontem pelo governo do Estado de São Paulo. Entre elas, o fato de as medidas não serem regionalizadas, nem considerarem as realidades específicas de cada região do Estado em relação às taxas de transmissão do novo coronavírus e às condições de enfrentamento da doença.

“Ao considerar o Estado de São Paulo como um todo homogêneo, o Plano pode acabar prejudicando estudantes e famílias em regiões onde a pandemia estiver sob controle”, disse a Abepar em nota divulgada nesta quinta-feira. A associação afirmou também que a regionalização atenderia melhor as diferentes realidades das redes pública e privada de ensino e recordou que o Plano São Paulo, do próprio governo paulista, já havia proposto a divisão do Estado em regiões de acordo com o estágio de cada uma em relação à pandemia.

“A Abepar acredita que, tanto para a rede pública quanto para a particular, é possível preservar o respeito mais criterioso aos protocolos de saúde e às regras de distanciamento social oferecendo alternativas às famílias e aos alunos para uma volta segura e parcial às atividades letivas presenciais”, declarou a entidade.

Outro ponto destacado na nota se refere ao tratamento único dado aos diferentes ciclos de ensino – da Educação Infantil ao Ensino Superior. “A Educação Infantil deve receber especial atenção até por força das implicações sociais que ela tem para as famílias, especialmente para as que têm filhos matriculados na rede pública”, acredita a Abepar. Ela questiona como os pais poderão voltar ao trabalho sem escolas e creches abertas para deixar os filhos e lembra ainda o risco de fechamento de escolas particulares de Educação Infantil.

Acolhimento socioemocional e práticas avaliativas poderiam começar em agosto

Uma das medidas que a Abepar propõe é começar, ainda em agosto, a trabalhos de acolhimento socioemocional e a atividades avaliativas nas escolas. “As consequências da quarentena precisam ser superadas com gestos profundos de escuta ao aluno e à família, cuja situação emocional vem sendo duramente afetada nesses tempos”, disse o órgão que finaliza a carta reforçando a importância do diálogo das autoridades estaduais com a comunidade escolar. “Estamos todos do mesmo lado, combatendo juntos e solidários a terrível pandemia do novo coronavírus. Juntos poderemos tornar essa travessia menos árida a quem realmente importa – o aluno, a família, o professor e toda a comunidade educativa.”

Secretário da Educação reafirma: medidas serão iguais para públicas e privadas

O secretário da Educação do Estado de São Paulo, Rossieli Soares, refutou hoje a possibilidade das escolas privadas voltarem às aulas presenciais antes das escolas públicas. Em entrevista para a TV Globo, Rossieli disse que é preciso tomar cuidado para não aumentar diferenças entre sistemas de ensino. “Não existe a possibilidade de abrir primeiro para a privada e depois para a pública. Quando abrirmos, tem que ser para todos. Já temos desigualdades sociais, dificuldades enormes, não podemos abrir a escola para o filho do rico e não abrir a escola para o filho do pobre. Precisamos ter a compreensão para não aumentar ainda mais a desigualdade.”

Sindicato de escolas particulares diz estar pronto para a volta

O plano de retomada da educação do governo paulista também foi contestado pelo Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieeesp), que representa cerca de dez mil escolas em todo o estado. À Canguru News, o presidente do sindicato, Benjamin Ribeiro da Silva, disse não concordar com as medidas anunciadas pela secretaria de educação estadual. “Nós não concordamos, usaram nosso nome, não fomos consultados para esse plano. Estamos preparados com certificações e anuência de renomados médicos e da Associação Paulista de Medicina”, declarou Benjamin.

Hoje, o órgão publicou uma nota de repúdio ao anúncio do plano de retomada da educação previsto para 8 de setembro. Segundo o Sieeesp, as escolas particulares já estão prontas para retomar as aulas presenciais com 20% dos alunos em sala de aula, percentual menor do que o previsto no plano do governo, que é de 35%, adotando todos os procedimentos de segurança, higiene e saúde.

“A escola particular não pode ser culpabilizada e nem ser refém do demorado tempo das redes públicas estaduais e municipais, que ainda não estão preparadas para promover a volta dos seus alunos à sala de aula. Nem por isso deixamos de ter competência e capacidade para que sejam tomadas todas as providências necessárias para uma volta segura. Mas não ao custo de sermos obrigados a ficar atrelados ao ensino básico estatal”, declarou Benjamin no comunicado.

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