Diabetes: casos entre jovens crescem na pandemia

Estudos dos Estados Unidos revelam que os casos se tornaram mais graves em 2020, resultando em uma alta de internações

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Diabetes não é doença só de adulto: número de casos entre jovens cresce durante a pandemia; menino com mancha marrom no pescoço
O aparecimento de manchas marrons no pescoço pode indicar resistência à insulina
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A diabetes, condição que afeta o transporte de glicose para as células, levando ao acúmulo de açúcar no sangue, é uma doença preocupante que pode atingir as crianças. Infelizmente, durante a pandemia, houve um aumento na incidência de diabetes tipo 2 em jovens, caracterizada pela produção insuficiente de insulina, de acordo com dois estudos conduzidos nos Estados Unidos. As pesquisas, uma de Washington, D.C. e a outra do Centro de Pesquisa Biomédica Pennington, na Louisiana, foram apresentadas em junho deste ano, na 81ª Sessão Científica da American Diabetes Association (ADA), organização estadunidense que realiza pesquisas para gerenciar, curar e prevenir a doença.

Ambos estudos revelaram que os casos não apenas subiram drasticamente em 2020 entre os jovens, como também se tornaram mais graves, resultando em uma alta de hospitalizações. Segundo apurações do Centro de Pesquisa Biomédica Pennington, a taxa de internações de crianças por diabetes tipo 2 foi de 0,27% ー ou 8 casos em 2.964 internações ー, no período entre março e dezembro de 2019. No mesmo período de 2020, a taxa saltou para 0,62% ー 17 casos em 2.729 hospitalizações. 

O sedentarismo e a má alimentação durante os meses de isolamento social pode ter sido um dos motivos do aumento da diabetes entre os jovens. De acordo com o Grupo Prontobaby, hospital infantil do Rio de Janeiro, muitas crianças e adolescentes tiveram ganho significativo de peso, de dez quilos ou mais, no período da pandemia. A obesidade é um dos principais fatores que pode provocar a diabetes do tipo 2. Ainda não há dados sobre a alta da doença no Brasil, porém, vale lembrar que somos o 3º país com mais casos de diabetes, segundo a Federação Internacional da Diabetes. Por isso, é importante que os pais fiquem em alerta.


Leia também: Diabetes: um risco silencioso


Cuidado com manchas marrons no pescoço e axilas

A obesidade influencia no desenvolvimento da diabetes tipo 2 e pode ser identificada facilmente. O acúmulo de gordura abdominal em excesso é um fator sério que não deve ser ignorado. Além da diabetes, a obesidade pode levar a outras doenças, como casos de hipertensão arterial na infância, doença renal crônica, esteatose hepática (gordura no fígado) e síndrome metabólica.

No entanto, um sinal que nem todos conhecem e pode passar despercebido é o aparecimento de manchas marrons no pescoço e axilas. Elas também podem surgir em outras dobras do corpo, como a virilha, entre a perna e a coxa, entre o braço e o antebraço. Chamadas de “acantose nigricans”, as manchas apresentam um aspecto aveludado, castanho-escuro e inicialmente parecem sujeiras. Apesar das manchas normalmente estarem relacionadas à obesidade ou ao desenvolvimento da resistência à insulina, também podem estar associadas a outras condições clínicas, como a doença da tireoide. Portanto, é fundamental buscar ajuda médica para identificar se existe, de fato, algum problema.

Dicas para prevenir a diabetes tipo 2

Uma forma de prevenir a diabetes tipo 2 é evitar a obesidade infantil. Segundo, o Grupo Prontobaby, se a criança que tiver engordado significativamente perder 10% de seu peso corporal, já ajudará bastante. Mas isso não significa impor um regime sobre a criança, existem outras alternativas muito mais saudáveis. Conforme a matéria “Como seu filho pode perder peso sem sofrimento”, da Canguru News, é interessante estimular uma alimentação adequada e realizar exercícios físicos diariamente. Confira algumas dicas:

Brincadeiras que movimentam as crianças

Fábio Ceschini, profissional de Educação Física e especialista em fisiologia do exercício, sugere pular corda e brincar de amarelinha. Mesmo brincadeiras e dinâmicas simples são eficazes para estimular o movimento. Alongamento na varanda e caminhadas no pátio do condomínio, se permitidas, são algumas das opções.

Introdução gradual da alimentação saudável

Segundo a dra.  Mônica Moretzsohn, membro do Departamento Científico de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o ideal é que as crianças comam a cada 3 horas e façam pelo menos três principais refeições ao dia. Os pratos devem conter alimentos saudáveis, mas os pais podem tentar introduzir as comidas gradualmente. Não é necessário tirar tudo que a criança gosta, chocolate, por exemplo, pode ser reduzido; ou no lugar de comer uma pizza congelada, a família pode tentar fazer uma pizza em casa.

Tirar alimentos ultraprocessados

Os produtos ultraprocessados são aqueles que passam por maior processamento industrial, contendo quase nenhum alimento natural. Eles acabam perdendo a estrutura, cor, sabor, e é preciso adicionar emulsificantes, aromatizantes, corantes e outras substâncias que podem ser prejudiciais à saúde. Entre eles estão refrigerantes, macarrão de preparo instantâneo, suco de caixinha, nuggets, bolachas, doces e balas, por exemplo. Especialistas da saúde recomendam que estes alimentos sejam evitados.

Dar o exemplo

É importante lembrar que os filhos se espelham nos seus pais. Se querem que as crianças tenham uma alimentação saudável, eles também precisam adotar esse hábito. Uma ideia é fazer as refeições em família, juntos, para que, com o exemplo, a criança adquira bons hábitos alimentares. 


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