Redução de faixa etária na vacinação de influenza “é um retrocesso”, diz médico

Presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria critica decisão do ministério de só dar vacina para menores abaixo de 5 anos: "Crianças transmitem mais, e por um tempo maior, o vírus da gripe", sendo, portanto, necessário elevar a faixa etária, e não reduzi-la

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Criança sorrindo ao ser vacinada
Ministério da Saúde reduz o público-alvo que pode ser vacinado contra o vírus da gripe
Buscador de educadores parentais
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Na última terça-feira, dia 16 de março, o Ministério da Saúde divulgou o novo calendário de vacinação da gripe. A campanha, que começa no dia 4 de abril, excluiu crianças a partir dos 5 anos de idade da vacinação. Até então, menores de até 5 anos e 11 meses ainda tinham direito à vacina na rede do Sistema Único de Saúde (SUS).

Segundo Renato Kfouri, pediatra, infectologista e presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a decisão, que reduz em 1 ano a faixa etária de crianças que podem ter acesso a vacinação contra o vírus Influenza, representa um retrocesso. 

O pediatra relata que, em vez de uma redução na faixa etária, o ideal seria que a vacinação fosse estendida entre todas as crianças, aumentando a rede de proteção e reduzindo o contágio e disseminação do vírus da gripe.

“O ideal é que a cada ano a gente aumente o número de pessoas que podem ser vacinadas, não diminua. A inclusão de crianças na vacinação sempre foi um pleito da Sociedade Brasileira de Pediatria porque as crianças, diferente de quando se fala do coronavírus, participam muito da cadeia de transmissão do vírus da gripe.”

Segundo o especialista, “as crianças transmitem mais, e por um tempo maior, o vírus da gripe, quando comparado com os adultos. Muitas vezes são a porta de entrada da doença na família. Pensando nisso, incorporar mais faixas etárias seria o ideal”. 

Nesta semana, reportagens na mídia apontaram que há risco de falta de insumos para vacinação, como por exemplo a quantidade de seringas, e que essa seria uma das principais razões para o ministério ter reduzido o público-alvo da campanha. 

“Caso seja essa a razão, espero que logo esses insumos sejam providenciados. Independente de qual seja a justificativa para a redução do público-alvo, retroagir no número de vacinados não é a solução”, enfatiza o pediatra. 

A campanha de vacinação, que vai do dia 4 de abril até 3 de junho, contará com a aplicação de 80 milhões de doses contra a Influenza. As crianças de até 4 anos e 11 meses poderão se vacinar na segunda etapa da vacinação, que tem início no dia 3 de maio. 

Veja a nota do Ministério da Saúde sobre a decisão

Ministério da Saúde informa que, em virtude da transmissão sustentada de casos de sarampo no país, a Campanha Nacional contra o Sarampo ocorrerá simultaneamente com a Campanha Nacional contra a Influenza, neste ano. A medida tem como objetivo oportunizar a vacinação contra as duas doenças e ampliar a cobertura vacinal.

Ambas as campanhas serão focadas em crianças de seis meses a menores de cinco anos de idade, visando otimizar questões operacionais e logísticas dos serviços de vacinação nos estados e municípios e reduzir o risco de complicações e óbitos para a influenza nesta faixa etária.

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