4 maneiras como o racismo afeta o desenvolvimento e o cérebro das crianças, segundo Harvard

Estudo avaliou os impactos do racismo no aprendizado, no comportamento e na saúde física e mental

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4 maneiras como o racismo afeta o cérebro da criança, segundo Harvard; Menino negro triste deitado em cima de travesseiro
O estresse provocado pela discriminação racial pode causar cansaço, tristeza e sentimento de solitude
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Casos de racismo são muito frequentes no Brasil. Em 2020, mesmo com a pandemia, ocorreram diversas situações tristes e revoltantes que confirmam a violência racial e a discriminação no país. E não só os adultos, mas também as crianças são vítimas dessas práticas. O mais grave é que os efeitos nocivos podem perdurar por muito tempo. Um estudo feito por pesquisadores do Centro de Desenvolvimento Infantil da Universidade de Harvard mostra que “quando os sistemas de estresse das crianças ficam ativados em alto nível por um longo período de tempo, há um desgaste significativo nos seus cérebros em desenvolvimento e em outros sistemas biológicos”.

O estresse é uma das principais consequências vivenciadas pelas crianças que sofrem atitudes discriminatórias de colegas de escola, adultos ou mesmo na internet. O estudo sugere que ter de lidar constantemente com o racismo sistêmico e a discriminação diária é um ativador potente da resposta de estresse, que, por consequência, impacta o desenvolvimento infantil de diversas maneiras.


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Como o racismo impacta a vida das crianças?

Segundo os pesquisadores do Centro de Desenvolvimento Infantil da Universidade de Harvard, os pequenos podem ser afetados de quatro maneiras diferentes. São elas:

1. Desgaste emocional: Vivenciar essas experiências constantemente faz com que o cérebro permaneça em estado de alerta a maior parte do tempo. Isso leva áreas cerebrais relacionadas ao medo, à ansiedade ou à impulsividade a desenvolver um excesso de conexões neurais. Em contrapartida, os sistemas de aprendizado, de planejamento e de controle de comportamento ficam defasados. A longo prazo, isso pode prejudicar aspectos do aprendizado, comportamento, saúde física e mental, segundo o centro. “Um crescente corpo de evidências das ciências biológicas e sociais conecta esse conceito de desgaste (do cérebro) ao racismo. Essas pesquisas sugerem que ter de lidar constantemente com o racismo sistêmico e a discriminação cotidiana é um ativador potente da resposta de estresse.”

2. Cuidadores estressados: “Múltiplos estudos documentaram como o estresse da discriminação no dia a dia em pais e outros cuidadores, como ser associado a estereótipos negativos, têm efeitos nocivos na maneira de cuidar das crianças e na saúde mental desses adultos”, explica a pesquisa. Os estudiosos também lembram que os desafios de lidar com essas situações pode ser percebido pelos pequenos, que vivenciam ainda mais estresse dependendo da forma como são tratados. Mesmo que eles não sejam alvo direto de ofensas ou violência racista, podem ficar traumatizados ao testemunhar ou escutar sobre eventos que tenham afetado pessoas próximas – por exemplo, por meio de estereótipos racistas, relacionados a características físicas ou sociais, como “cabelo ruim” ou “isso é serviço de preto”. Segundo pesquisadores, a exposição frequente ao racismo indireto pode forçar as crianças a dar sentido cognitivamente a um mundo que sistematicamente as desvaloriza e marginaliza.

3. Efeitos a longo prazo: A exposição ao estresse provocado pelo racismo impacta na incidência de doenças crônicas na fase adulta, indica o Centro de Desenvolvimento Infantil. “Negros, indígenas e pessoas de outras raças, nos Estados Unidos, têm, em média, mais problemas crônicos de saúde e menores expectativas de vida do que pessoas brancas em todos os níveis de renda”, afirma o centro. E isso vale para outros países também, como o Brasil. É de amplo conhecimento científico que o estresse abre as portas para problemas cardiovasculares, dores crônicas, câncer e muitas outras doenças ao provocar o desequilíbrio do organismo.


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4. Diferenças sociais: O estudo de Harvard também alerta para o impacto do racismo estrutural no acesso desigual a serviços públicos como os de saúde e de educação e nas oportunidades econômicas, que afetam os índices de escolaridade, sobrevivência e atividade financeira da população adulta. “Pessoas de cor recebem tratamento desigual quando interagem em sistemas como o de saúde e educação, além de terem menos acesso à educação e serviços de saúde de alta qualidade, a oportunidades econômicas e a caminhos para o acúmulo de riqueza”, diz o documento.

Para mudar essa realidade, os pesquisadores aconselham a criação de novas estratégias, como a busca ativa por reduzir os preconceitos individuais e mudanças nas políticas socioeconômicas, como contratações trabalhistas justas, programas de habitação, iniciativas populares, oferta de crédito e treinamento contra atitudes racistas.

“É claro que a ciência não consegue lidar com esses desafios sozinha, mas a informação científica associada à capacidade de mudar sistemas estabelecidos e às experiências vividas pelas famílias que criam seus filhos sob diferentes condições podem ser poderosos catalisadores de estratégias mais eficientes”, afirma o Centro de Desenvolvimento Infantil.

Infográfico: Como o racismo pode afetar o desenvolvimento infantil – baixe pdf


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