Pais adotivos: como contar a verdade ao filho

Para os pais que estão em dúvida sobre se devem falar para a criança sobre sua história de adoção, psicoterapeuta explica a melhor maneira de tratar o tema

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Mãos entrelaçadas de adulto e criança
Segundo especialista, família deve abrir espaço para que a criança explore sua história de maneira saudável | Crédito: depositphotos.com
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Por Helen Mavichian* – O tema adoção sempre envolve um mix de emoções e percepções tanto dos pais adotivos, quanto da criança adotada. São muitas questões sensíveis que podem ser conduzidas de diversas formas e cada família, com o passar do tempo, encontrará a sua. A decisão de contar ou não sobre a adoção e como fazê-lo é talvez a principal delas, pois depende de vários fatores, incluindo a idade da criança, a cultura e o contexto familiar, os valores e as circunstâncias da adoção, entre outros. E, enquanto não se toma a decisão ou não se encontra uma “oportunidade” para contar, alguns pais ficam com o coração apertado.

Acredito que tudo acontece no tempo certo, mas precisamos ter em mente que a verdade sempre deve ser esclarecida para a criança, afinal, ela tem o direito de saber sobre sua própria vida. Porém, a maneira como o tema será tratado pode variar de acordo com a idade da criança e sua maturidade emocional. Antes de contar a verdade, é necessário que a criança estabeleça um laço afetivo com os pais e confie nas suas palavras. 

Existem algumas formas e maneiras mais cautelosas para que um pai adotivo possa abordar o tema, mas o ideal é falar sobre essa questão com a criança desde cedo, para que assim não haja surpresas, frustrações ou desconfianças com o passar do tempo. É recomendado usar terminologias e a linguagem adequada à idade de cada criança. Explicações simples e concretas funcionam melhor para crianças pequenas, enquanto informações mais detalhadas podem ser fornecidas à medida que a criança vai ficando mais velha. 

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Antes de tudo, como pai ou responsável por uma criança, sugiro criar um ambiente seguro e afetuoso para que assunto adoção possa ser abordado e acolhido. Deixe claro para o seu filho adotivo que ele pode fazer perguntas e expressar seus sentimentos a qualquer momento. Isso irá ajudar a construir uma relação de confiança e a normalizar diálogos sobre a adoção. Conte como se deu a adoção e narre-a como parte da história de vida dela, de forma natural e leve, sem atropelos ou receios. Essa tranquilidade irá fazer com que a criança sinta que é parte da família, que foi escolhida, que entenda que a adoção é uma característica importante de sua identidade e o quanto é amada por seus pais adotivos. 

Além de tudo, é importante que você, como pai, esteja preparado para lidar com as emoções da criança, suas dúvidas e reações às vezes inesperadas. Nem sempre serão emoções fáceis, porém são necessárias para que a criança absorva e assimile sua realidade. E é claro que, caso sinta dificuldade em abordar o tema com a criança, considere buscar orientação de um profissional de um terapeuta, que certamente poderá oferecer orientações e direcionamentos adequados para lidar com cada situação específica.

Apesar de existirem muitas dicas e reflexões a respeito do tema, lembre-se de que cada criança é diferente, e não existe uma maneira única ou padrão que funcione para todos. O mais importante é criar um ambiente amoroso, seguro e aberto, onde a criança se sinta à vontade para explorar sua história de adoção e sua identidade de maneira saudável, lidando sempre com a verdade de forma clara e respeitosa, de acordo com a idade e maturidade de cada uma delas.

Helen Mavichian é psicoterapeuta especializada em crianças e adolescentes e mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.

*Este texto é de responsabilidade do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.

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