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Menos autojulgamento, mais autocompaixão para todas as mães

Por Mariana Rossi – “Nenhuma mãe está preparada para ouvir que o seu filho tem qualquer doença grave, e eu vivenciei isso muito cedo, quando ainda estava aprendendo a ser mãe”, conta Daiana Garbin, jornalista e mãe de Lua, de 3 anos, fruto do relacionamento com o apresentador Tiago Leifert. O casal descobriu o diagnóstico de retinoblastoma em estágio avançado na filha, quando ela tinha apenas 11 meses e a notícia fez com que Daiana mudasse completamente o seu conceito sobre o que significava ser mãe.
“O que eu aprendi com o diagnóstico da minha filha é que não há garantia de nada. Não vamos conseguir proteger nossos filhos de tudo. A gente tem de ser a mãe possível – aquela que não vai dar conta de tudo, que erra, que falha”, disse Daiana, durante palestra na 10ª edição do Seminário de Mães, em São Paulo.
Ganhar essa consciência foi fundamental, segundo a jornalista, para tornar a sua relação com a maternidade mais saudável. “Sempre que você estiver brilhando em uma área da sua vida, estará faltando em outra, não tem como dar conta de tudo”. O principal, para ela, é se permitir ser imperfeita e saber colocar limites, dizer não. “Isso não é um atestado de incompetência, é você assumir os seus desejos e limitações”.
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O recado vale para qualquer mãe, ressalta Daiana, que tenta administrar sozinha os cuidados com os filhos, a casa, o marido e o trabalho, mas não se preocupa consigo mesma. O autocuidado, porém, é essencial diante de um cenário de crise de saúde mental, que afeta em especial as mulheres. Uma pesquisa da plataforma De Mãe em Mãe, divulgada no início do ano, revelou que, das 872 mães entrevistadas, 97% se sentem sobrecarregadas e 66% consideram a própria saúde mental como péssima, ruim ou regular.
Mães exaustas:
97% das mães estão sobrecarregadas
66% consideram a sua saúde mental péssima, ruim ou regular.
Fonte: Estudo feito por De Mãe em Mãe com 872 entrevistadas.
Já um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) apontou que 40,5% das mulheres entre os três mil voluntários ouvidos tinham sintomas de depressão, 34,9% de ansiedade e 37,3% de estresse. Entre as razões que explicam esses números estão o acúmulo de tarefas e responsabilidades da maternidade e a cobrança pela perfeição.
“Não quero que sigamos vivendo com a sensação de culpa, inadequação, fracasso, vergonha e ressentimento, o que acaba gerando inveja nas mães que sempre creem que as outras dão conta de tudo, o que não é verdade.”
Hoje, a jornalista procura trocar o autojulgamento pela autocompaixão e revela estar aprendendo a ser feliz mesmo com a dor. “Apesar de conviver com o terrível medo de que o câncer da minha filha volte, a doença me trouxe uma urgência de ser feliz e aproveitar o que der, administrando minhas angústias e dificuldades”, avalia.
Com a filha curada, um dos principais projetos que Daiana se dedica atualmente é a campanha De Olho nos Olhinhos, que incentiva que pais levem seus filhos para o oftalmologista antes dos seis meses de idade, a fim de prevenir doenças. A jornalista também produz conteúdo para outras mães e ressalta: “Nossos filhos não precisam de perfeição, mas de conexão e amor”.
Canguru News
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