Doenças respiratórias do outono: médica esclarece principais dúvidas sobre o assunto

Otorrinolaringologista alerta sobre infecções comuns nesta época do ano e explica quais são os indícios de que é preciso buscar ajuda médica

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Menino usa lenço de papel para assoar o nariz
Coriza e tosse ou espirro são os sintomas iniciais das infecções respiratórias
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Os dias mais frios e o ar mais seco desta época do ano, que nos levam a ficar em ambientes fechados e com baixa circulação de ar, favorecem a propagação de doenças típicas da estação. E as crianças são as mais suscetíveis a contrair desde uma gripe ou resfriado até algo mais grave como asma ou pneumonia, ressalta a otorrinolaringologista Maura Neves, da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Ela explica a seguir as características das principais infecções respiratórias e alergias comuns neste período, e orienta os pais quanto aos cuidados a tomar. 

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  • Asma – É causada por fatores alérgicos ou irritativos na via respiratória. Se caracteriza por espasmo da musculatura dos brônquios, que provoca dificuldade de respirar, chiado e aperto no peito, respiração curta e rápida. Os sintomas pioram de noite e nas primeiras horas da manhã ou em resposta à prática de exercícios físicos, à exposição a alérgenos, à poluição ambiental e às mudanças climáticas. 
  • BronquioliteInfecção viral dos bronquíolos, tem início com um leve resfriado que progride após dois a três dias com chiado no peito, tosse, fadiga respiratória, cianose e febre. A infecção apresenta graus variáveis de gravidade: de leve a severa, necessitando de internação em UTI. O principal causador é o vírus sincicial respiratório.
  • Resfriado – coriza, espirros, obstrução nasal, dor de garganta, tosse e rouquidão são os sintomas da doença, que é causada por vírus. Duração de 3 a 7 dias.
  • Gripe – os sintomas dos resfriados são acompanhados de febre e são causados por vírus. Duração de 3 a 7 dias.
  • Pneumonia – infecção bacteriana ou viral no pulmão. Causa tosse, falta de ar, dor torácica e febre. Pode ocorrer tosse com expectoração.
  • Sinusite – infecção viral ou bacteriana dos seios da face. Causa sempre obstrução nasal e secreção amarelada (critérios diagnósticos maiores). Alguns pacientes podem apresentar dor de cabeça, dor nos dentes superiores, tosse e febre.
  • Rinite – causa alérgica ou irritativa. Os sintomas são obstrução nasal, coriza clara, espirros e coceira (nariz, céu da boca, olhos, ouvidos).
  • Otite – infecção bacteriana da orelha média. Causa dor de ouvido, alteração auditiva e febre. Em alguns pacientes pode ocorrer ruptura timpânica com saída de secreção.

Quais os sintomas iniciais dessas doenças? 

Segundo Maura, a maioria dos quadros respiratórios de via aérea alta se iniciam com coriza e tosse ou espirro – exceto a otite, que não apresenta esses sintomas. A febre é frequente em quadros infecciosos e não está presente em quadros alérgicos.

Quando procurar um médico?

Maura sugere procurar um profissional nos quadros infecciosos. Já os quadros alérgicos, se orientados em consulta, os pais podem iniciar o tratamento da criança em casa, diz ela. “Caso ocorra agravamento ou prolongamento dos sintomas, além de presença de algum sinal não habitual, aí sim levar o filho para nova avaliação”, orienta a médica. 

Quais cuidados seguir com a criança em casa?

A otorrinolaringologista diz que devem ser adotados cuidados gerais como manter a vacinação em dia, seguir uma alimentação saudável que inclua frutas e legumes,, garantir o descanso com horas de sono adequadas e promover a prática de atividades físicas. Além disso, é importante evitar aglomerações, lavar as mãos com frequência e realizar lavagem nasal ao menos duas vezes ao dia.

Por que a automedicação é contraindicada?

“O uso de medicações sem prescrição médica pode causar efeitos colaterais ao uso da mesma, mascarar sintomas da infecção atual e ainda levar a criança a ingerir um medicamento sem necessidade, por não ser indicado no quadro”, aponta a especialista.

Existe alguma faixa etária em que as infecções respiratórias são mais preocupantes? 

Maura alerta que as crianças abaixo de dois meses devem ser avaliadas de imediato. No geral, quanto menor a criança maior a potencial gravidade da infecção. Nestes casos um médico deve ser consultado.

Existe alguma idade em que é mais comum que as crianças fiquem doentes? 

Segundo a médica, crianças entre 2 e 4 anos de idade apresentam de 8 a 11 episódios de infecção viral ao ano. Ela explica que isto decorre da imaturidade do sistema imunológico associado ao início de atividades sociais como a ida à escola. 

Crianças com doença crônica ou alergia (como rinite ou asma) estão mais suscetíveis às doenças?

Sim. A presença de alergia ou doença crônica causa uma redução nas defesas do sistema respiratório. Isto facilita a entrada de um agente infeccioso.

Qual a importância de manter o calendário de vacinação em dia?

As vacinas são disponibilizadas gratuitamente no Brasil e são seguras. Quem se vacina ajuda a sua própria saúde, evitando infecções, e a do próximo ao diminuir a transmissão de doenças. Casos como os de câncer, hepatite ou gravidez devem ser avaliados individualmente. Nas crianças, atenção à idade: cada vacina tem indicação em uma determinada faixa etária.

Por que as infecções respiratórias são tão frequentes durante o outono e inverno?

O ar seco e frio favorece a proliferação de vírus. Além disso, há a tendência das pessoas buscarem aglomerações ou mesmo locais fechados, o que facilita a transmissão desses agentes infecciosos – por contato interpessoal — mãos e partículas de secreções.

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