Seu filho se ‘comporta mal’? Ele pode estar querendo lhe dizer algo

Todo comportamento tem uma causa que vai além das palavras. O sono, o cansaço, a frustração, a saudade e a tristeza, por exemplo

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O mau comportamento na criança: o que isso quer dizer
A forma de entender o mau comportamento é estar atento aos filhos
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Quando uma planta está com as folhas caídas e amareladas, logo pensamos no que pode ter ocorrido. Falta de água? Excesso? Sol demais? Para ajudá-la, é preciso pensar o que os seus sinais estão comunicando.

Assim como as plantas, os comportamentos dos filhos também são indicadores importantes. Se uma criança se joga no chão ou o adolescente dá uma resposta desaforada aos pais, é preciso pensar no que eles estão querendo dizer.

Muitos pais logo pensam que essas situações acontecem porque os filhos querem desafiá-los. Outros acham que não souberam educar seus filhos, não têm domínio sob eles ou, ainda, não os castigam nem punem como deveriam. Mas não é bem assim.

“Cada vez mais, a gente entende comportamentos que seriam naturais da criança como maus comportamentos, como algo terrível que deveria ser estirpado da criança de qualquer jeito”, afirma a psicanalista Elisama Santos, autora dos livros “Por que gritamos?” e “Educação não violenta”. Abaixo, veja um diagrama feito pela especialista com algumas concepções do que os pais pensam que o comportamento inadequado pode significar.

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Ela explica que comportamentos como chorar e se jogar no chão são esperados em crianças de dois anos, assim como as de quatro anos tendem a fazer oposição aos pais, e um adolescente, a se afastar dos pais.

O que os pais podem não perceber é que por trás do mau comportamento a criança pode estar querendo comunicar algo. “Todo comportamento tem uma causa que vai além das palavras. O sono, o cansaço, a frustração, a vontade de se vingar, a saudade, a tristeza. Em tempo de quarentena, então, quantas emoções estão à flor da pele?”, relata Elisama.

Ela diz que seria mais fácil e simples se os filhos comunicassem as suas necessidades com palavras: “Estou com muitas saudades do meus amigos, por isso estou nervoso e impaciente!”, ou “O meu irmão chegou e as coisas mudaram aqui em casa, tenho muito medo que você goste mais dele que de mim!”. “Mas não é assim que funciona. Eles nos comunicam fazendo o que pedimos que não fizessem, reclamando da comida, da cor do céu e do sabor do suco. A resposta não é óbvia, nem em nós, nem neles”, explica. Abaixo, Elisama lista alguns exemplos do que o mau comportamento pode comunicar.

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Alguns significados do mau comportamento

  • Insegurança e certeza de não ser importante
  • Parte comum do desenvolvimento, algo esperado para a fase /idade
  • Energia mal direcionada. Necessidade de se mover e extravasar a energia
  • Medo, angústia, frustração, ansiedade, saudade, tristeza, decepção ou outro sentimento difícil de lidar.
  • Falta de conexão com os pais, cuidadores ou com o mundo ao redor.
  • Desejo de autonomia.
  • Sono, fome ou alguma necessidade física não atendida.  

A forma de entender o mau comportamento é estar atento aos filhos, orienta Elisama. Não existe uma fórmula, porque cada criança é única e os pais têm de aprender a lidar com as especificidades de seu filho. É essencial, portanto, observá-los, escutá-los e ter curiosidade em entendê-los: “poxa, ele está agindo assim, o que será?”.

E se os pais não conseguem entender o filho, Elisama sugere se aproximar dele e falar algo como: “Filho, tenho percebido que você está mais agitado, nervoso e acho que o seu comportamento está querendo me comunicar alguma coisa, você sabe me dizer o que é? Acho que você está com um pouco de medo, ansioso, angustiado. Isso faz sentido para você? Ou a gente pode tentar descobrir juntos o que está acontecendo?”.

No geral, os pais querem descobrir logo o motivo do ocorrido. “Mas não é uma receita de bolo, é algo que exige observar, estar presente e escutar, sair das suas verdades para saber o que a criança precisa. E lembre-se, quando um filho está difícil de amar, é quando mais precisa de amor. E isso se aplica a nós também.”, finaliza Elisama.

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5 COMENTÁRIOS

  1. Sou avó paterna de um menino de 5anos e 1/2. Vivo em outro país e ainda tenho dificuldades com o inglês e o italiano, seus idiomas. Mas não se trata de 1 problema de linguagem sómente. Ele é terrivelmente desobediente e agressivo com todos: pai, mãe e com a outra avó que convive diariamente com ele. Não “ouve”, não obedece e maltrata demais seu irmãozinho de apenas 1 ano. É preciso estar atento o tempo todo com ele e isso causa desgaste em toda a família. A mãe faz uma semana, que está hospitalizada com depressão. Hoje perdi a paciência com ele e com o mesmo “instrumento” que bateu no irmão, bati da mesma forma nele. Já havia dito diversas vezes que machucava, causava muita dor, porque ele já havia feito o mesmo comigo, mas ainda assim ele feriu o irmão. Mesmo eu fazendo-o sentir que doía, ele me atirou com ele ainda. Muito difícil conviver com ele, embora todo o amor que sentimos e vejo nos pais o stresse que causa (tanto é que a mãe está depressiva). A avó materna, me disse que nunca na vida conheceu uma criança assim, nem eu tampouco. Ele se modificou totalmente com a chegada do irmão. Peço uma orientação. Obrigada

    • Olá, Leandro, tudo bem? Que bom que gostou das dicas, espero que elas o ajudem a entender melhor os comportamentos do seu filho. Um abraço, Verônica.

    • Olá, Conceição, tudo bem? Obrigada por vir aqui compartilhar sua opinião conosco. Ficamos felizes em saber que a ajudamos, essa é a nossa intenção : ) Um abraço, Verônica.

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