‘Cheguei na fase que me dava mais medo: ser mãe de adolescente’

Apesar da má fama desse período, ele pode não ser tão assustador assim. A escritora Bebel Soares diz até se sentir mais leve; "Ser adolescente é mágico, é sofrido, é lindo", afirma

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Filho adoelscente mexe no celular e mãe do lado acompanha
Resgatar o seu "eu" adolescente e falar a língua deles, pode ajudar a se manter conectada com o filho teenager
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Quando decidi ser mãe, meu maior medo era ser mãe de adolescente, e cá estamos nós! Há 13 anos ele nasceu. Sou oficialmente mãe de teenager. Não sou mais aquela pessoa de 13 anos atrás. Ele cresceu e eu amadureci. Eu me cuidei. Hoje eu sou uma mãe muito melhor. Mais paciente, muito mais calma.

Ele é um garoto sensacional, inteligente, esquentadinho, criativo, culto. Sabe fazer bolo, cuida da Meg, nossa gata, ajuda a fazer supermercado, é monitor de história e de português e faz parte do comitê de tecnologia da escola. Fala muito! Lê muito. Tem muitos amigos. Adora assistir a telejornal e ficar por dentro do que acontece no mundo. E também cola no TikTok.

Eu tenho muito orgulho do meu filho. Espero ser uma mãe de adolescente melhor do que fui mãe de criança. Amigos vêm dormir aqui, ele vai dormir na casa dos amigos. Vão ao cinema, ao clube. Farra boa, casa cheia! Adoro!

“Minha mãe voltou para a adolescência”, ele disse, eu concordei. No meu caso, uma adolescência madura, experiente. A única descoberta: nunca é tarde para tirar o peso das costas e apreciar a vida! Dançar como se ninguém estivesse olhando, cantar a plenos pulmões, usar roupas coloridas, ser jovem na meia-idade.

Quando me tornei mãe eu tinha endurecido, mas nesses treze anos fui recuperando a leveza. Hoje sou mais leve até como mãe. São muitas responsabilidades e preocupações, e cheguei na fase que me dava mais medo: ser mãe de adolescente. Olhando de perto, não parece mais tão assustador!

Claro que eu não voltei para a adolescência, eu apenas consigo falar a língua deles, e isso facilita muito as coisas. É resgatando meu “eu” adolescente, que eu consigo entender as demandas do Felipe. Entender que preciso manter distância, mas estar sempre perto, quando ele precisa de mim. Que preciso saber ouvir, mesmo quando ela não diz nada. O silêncio diz muito.

Resgatar meu “eu” adolescente dói. Eu me sentia muito só, muito julgada, silenciada. Me retraí, senti medo de viver, medo de enfrentar os desafios. Eu gostava de dormir, passar a tarde dormindo depois da escola, dormindo eu sonhava e nos sonhos eu era livre.

Meu quarto, meu sono, eram minha fuga. Não quero que meu filho precise fugir da realidade.

Não quero que ele tenha essas lembranças de não ter vivido por um período tão lindo da vida. Para isso sei que é preciso manter a conexão com ele. Saber ouvir sem recriminar, saber entender que as experiências dele serão diferentes das minhas. 

Ser adolescente é mágico, é sofrido, é lindo. A despedida do corpo infantil, as descobertas, as mudanças que acontecem tão rápido. A gente nunca está preparada para vê-los crescendo tão depressa, mas eles crescem e nós precisamos continuar sendo o ponto de apoio, o lugar pra onde eles voltam quando precisam.


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