Filho adolescente: pais precisam olhar para o que eles são hoje

Mais do que focar no que eles eram ou poderão vir a ser, é importante valorizar as potências e capacidades dos jovens

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Bebel Soares e o filho Felipe
Bebel e o filho Felipe: "eles não são nossos espelhos e nem devem ser" | Foto: Estudio Lilliput
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Hoje sou brisa, mas já fui vendaval. Hoje sou montanha, mas já fui vulcão. Adolescer é uma tempestade. O luto pelo fim da infância, o medo da vida adulta. Os conflitos internos. As emoções transbordando, às vezes, incontroláveis. Ser adolescente é um desafio, para quem é e para os responsáveis por esse ser em transformação.

Uma transição desafiadora. Um renascimento do qual pouco falamos porque temos medo de expor nossos filhos. Medo de expor nossas falhas. Um momento ainda mais solitário na maternidade. O momento da mãe que cala por medo de falar demais.

Medo de pedir conselho, de parecer frágil. Medo de pensarem que falhamos. Que não sabemos o que fazer.

Adolescentes precisam confiar no amor incondicional dos pais. Saber que vamos estar ali, mesmo ouvindo desaforos. Saber que estamos fazendo o certo, mesmo quando eles acham que está tudo errado. Que não vamos desistir deles. Que vamos insistir para que estudem. Que vamos repetir a mesma coisa mil vezes para ter certeza de que eles ouviram.

Adolescente não é adulto, e não é mais criança, e a gente se lembra tanto do que eles não são, que se esquece do que eles são. O olhar da falta que a psicóloga Anna Cláudia Eutrópio me explicou o outro dia, em uma live sobre adolescência @meuadolescente . Esse é um desafio, olhar para o que eles são hoje, agora, e não o que eles deixaram de ser, ou o que eles não são ainda. Deixar de ver o que falta e olhar para as potências, as capacidades.

Lidar com filho adolescente, hoje, é lembrar que o nosso tempo também é hoje. Que hoje somos pais de adolescentes e o nosso tempo não passou. Nosso tempo é aqui e agora. O que nós vivemos quando éramos mais jovens é nosso. Aquelas experiências nos trouxeram até aqui, mas não devem ser objeto de comparação com a vivência dos nossos filhos e as pessoas que eles são. Eles não são nossos espelhos e nem devem ser. Eles estão em busca da sua própria identidade e não de comparação com os pais.

Se o jovem olhar para o adulto e perceber que a maturidade é boa, que existe felicidade em amadurecer, talvez o processo de deixar a infância e transitar pela adolescência fique mais fácil.

Para quem quiser refletir sobre os desafios da adolescência, acontece no dia 25 de março o Encontro de Mães Meu Adolescente. Será um dia de vivência, com rodas de conversa, palestras e debates sobre temas que têm inquietado as famílias, entre os quais, sexualidade, dificuldades de comunicação, medos e inseguranças que a adolescência dos filhos traz. O evento é organizado pelas psicólogas Anna Cláudia Eutrópio e Carolina Dantas e a designer e gestora editorial Carolina Lentz. Eu (Bebel) e Cris Pàz vamos participar como convidadas. Saiba mais aqui.

*Este texto é de responsabilidade do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.

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