Pesquisadoras discutem como reduzir riscos à saúde mental de gestantes e puérperas

Artigo publicado no periódico médico JAMA Psychiatry chama atenção para medidas de prevenção ao coronavírus que podem interferir na saúde mental materna

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Grávida segura ursinho de pelúcia em frente à barriga, em ilustração à matéria sobre saúde mental das gestantes na pandemia.
Ausência de acompanhante na hora do parto é um dos fatores que podem contribuir para que a experiência seja desorientadora, dizem pesquisadoras
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Gestantes e puérperas, que já são vulneráveis devido a transtornos de humor e de ansiedade, têm enfrentado danos intensificados em relação à saúde mental durante a pandemia do novo coronavírus. É o que afirma o artigo “Meeting Maternal Mental Health Needs During the Covid-19 Pandemic” (“Atendendo às necessidades de saúde mental materna durante a pandemia da Covid-19”, em tradução livre), publicado no periódico médico JAMA Psychiatry no dia 15 de julho. No artigo, as autoras Alison Hermann, Elizabeth M. Fitelson e Veerle Bergink, pesquisadoras em psiquiatria dos Estados Unidos, discutem estratégias para diminuir os riscos trazidos pela pandemia à saúde mental de gestantes e mulheres no pós-parto. 

Segundo o artigo, a ausência de parceiros ou visitantes no momento do parto durante a pandemia ocorre por motivos variados (por estarem infectados pelo coronavírus ou por restrições impostas pelas maternidades, por exemplo) e é um dos fatores que fazem com que a vivência do nascimento do bebê seja muito mais danosa à saúde mental das mães. “Essa experiência desorientadora aumenta o medo e a alienação de mulheres em trabalho de parto e pode aumentar o risco de transtorno de estresse pós-traumático relacionado ao nascimento, especialmente para mulheres com trauma pré-existente”, diz o texto. 

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As pesquisadoras afirmam que ter alguém na hora do parto (um parceiro, um membro da família ou um profissional que tenha acompanhado a gravidez) conhecidamente melhora resultados psicológicos e obstétricos para mulheres e seus recém-nascidos, especialmente em relação a minorias raciais. Por isso, elas recomendam que departamentos obstétricos ajustem suas equipes para adicionar doulas internas e assistentes médicas e providenciem que os parceiros participem do trabalho de parto por videoconferência quando não puderem estar fisicamente presentes. 

Outro ponto abordado no artigo são as hospitalizações pós-parto. Para as autoras, as hospitalizações por um período reduzido, que estão ocorrendo na pandemia, limitam a oportunidade de recuperação pós-parto com o apoio da equipe médica. Elas também dizem que as puérperas precisam ter contato com especialistas nesse primeiro momento. Consultas de telemedicina, de acordo com as pesquisadoras, podem ajudar, mas casos de mulheres que sofrem violência do parceiro ou estão em situação de pobreza, por exemplo, demandam recursos alternativos como clínicas com consulta presencial, mais acesso a plataformas de telemedicina e expansão de seu acesso ao wi-fi e até mesmo visitas domiciliares. 

O sono das puérperas também é abordado, com o alerta de que é importante que elas consigam dormir bem e o tempo apropriado. Durante a pandemia, no entanto, muitas mães se encontram sem apoio, com os avós indisponíveis para ajudá-las, o que faz com que seja preciso organizar horários de dormir com quem mora com elas para “proteger o sono materno”. 

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Em relação às gestantes com histórico de transtornos de humor ou de ansiedade, o artigo indica o uso preventivo de psicoterapias através de plataformas virtuais de saúde, sempre que possível. Em relação ao uso de medicação psicoativa, é sempre necessário que a gestante consulte seu médico, mas as pesquisadoras afirmam que, durante a pandemia, os riscos de transtornos mentais não tratados são maiores do que em cenários não pandêmicos. As pesquisadoras defendem que a interrupção de tratamentos bem-sucedidos é desencorajada para a maioria dos medicamentos. 

A opção pelo parto em casa, muito procurada por algumas mulheres durante a pandemia, tem sido feita de forma apressada devido ao medo de infecção pelo coronavírus em maternidades, segundo as autoras. “Isso coloca muitas mulheres em um risco maior de complicações obstétricas já conhecidamente associadas com partos em casa e riscos adicionais caso a resposta da emergência demore e departamentos de saúde estejam sobrecarregados”, diz o artigo. Para as pesquisadoras, mudanças no plano de parto motivadas por ansiedade e baseadas somente em medo da pandemia devem ser desencorajadas. 

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