O movimento Red Pill e o papel dos pais nesse cenário

Grupos que ressaltam a masculinidade de forma tóxica vêm crescendo no país; investir no diálogo é o caminho para um futuro mais igualitário para as crianças, acredita o educador parental Mauricio Maruo

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Homem segura pílula vermelha perto do ouvido
Nome do movimento faz alusão à pílula vermelha do filme Matrix
Buscador de educadores parentais
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Você já deve ter ouvido falar sobre um assunto muito comentado da internet chamado movimento Red Pill. Caso ainda não conheça esse movimento, clique no link explicativo para entender melhor.

Resolvi me aprofundar nesse assunto pois ele mexe bastante com os valores que eu acredito e acho válido refletir sobre o tema. Abaixo, separei os assuntos por tópicos, deixando assim o texto mais leve e organizado. 

O que é o movimento e por que ele tem tantos adeptos?

O movimento Red Pill (inspirado na história do filme Matrix, em que o protagonista deve escolher entre a pílula azul, que o fará seguir vivendo num mundo de alusões, e a vermelha, que lhe dará consciência do mundo real ) ganhou um grande destaque no Brasil depois que o coach Thiago Schutz (o moço do Campari e adepto ao Red Pill) deu uma série de entrevistas ensinando os homens como eles devem se comportar em um relacionamento com uma mulher. Até aí já deu para imaginar o grau de ensinamento, né? Caso tenha alguma dúvida sobre o moço, veja aqui a entrevista que mais deu repercussão.

O movimento nasceu nos Estados Unidos em meados dos anos 2000. Com a ideia do filme Matrix, os Red Pills se auto intitulam “os homens que despertaram do sistema”. Até aí acho interessante pois acredito que precisamos de rebeldia contra o sistema, principalmente contra o patriarcado.

Porém, sempre tem um porém…

Os Red Pills vão em sentido contrário aos valores que acredito, focando o alvo no relacionamento com as mulheres. Eles acreditam que as mulheres são inferiores aos homens. Mas como eles podem ter tantos seguidores?

Uma das bases do movimento é relacionar a dor dos homens (e olha que os homens têm muitas) com o empoderamento feminino. Seguem alguns exemplos sobre isso que ficaram claros para mim depois que assisti ao documentário The Red Pill:

Se ela começar a te bater novamente é melhor você sair de casa, pois se ela quebrar uma unha, pode te processar e você ir preso.

Basta ela dizer que você a violentou que o sistema pode tirar sua casa, seus filhos e tudo que você tem.

Dados estatísticos dessas dores, que são retratados também no documentário brasileiro O Silêncio do Homens, são verdadeiros e não questionáveis, porém encontrar uma forma de suprir essa dor punindo e culpando o outro gênero é um caminho muito ruim, aliás, isso nem é um caminho.

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Os movimentos de misoginia estão no caminho certo para construção de uma nova masculinidade? 

Muitos adeptos desses movimentos de desprezo e ódio contra as mulheres acreditam que sim, pois para eles o feminismo agravou ainda mais essa dor que o homem sente.

Em uma visão beeeem duvidosa, a construção de uma nova masculinidade é uma forma de fortalecer a cultura do patriarcado e retomar os privilégios dos homens assim como era na década de 50, 60 e 70.

Até aí, cada um acredita no que acha importante para sua vida, o problema é que incentivar um caminho que ressalta a masculinidade de forma tóxica e cria alvos que são as mulheres ou qualquer outro tipo de gênero que não seja o masculino é também incentivar uma luta para conquistar isso, e todos nós sabemos como acaba um movimento de incentivo ao combate e conquista, feitos exclusivamente de homens heteros cis, não sabemos?

Violência!

(Veja exemplo do caso Moço do Campari e a atriz Livia La Gatto)

O que vamos enfrentar em um futuro breve?

Segundo matéria exibida pelo Fantástico, sites, blogs e grupos dentro das redes que falam abertamente sobre misoginia vêm crescendo de forma muito rápida, acumulando seguidores por todo país. 

Não quero e nem posso associar o fato do crescimento desses grupos com a gestão do governo anterior (pois não tenho dados oficiais para essa associação), mas o que posso afirmar com certeza é que os casos de feminicídio bateram recorde no primeiro semestre de 2022 (dentro da gestão do governo Bolsonaro).

Minha reflexão sobre o assunto é que os homens misóginos sempre existiram, porém com o governo anterior eles ganharam espaço e se sentiram mais seguros para espalhar seus ideais.

Na minha visão sobre o futuro é que vão aparecer muitos mais “Moços do Campari” e consequentemente mais manifestações de violência contra a mulher, porém grupos que vão na direção de uma masculinidade emocionalmente mais saudável também vem crescendo, não tão rápido quanto os misóginos, pois é mais fácil manifestar ódio contra outro gênero do que se auto responsabilizar.

Ninguém é capaz de mudar os ideais ou valores de uma pessoa sem que a pessoa queira, ou seja, o que me preocupa não é o que os homens misóginos pensam e sim o que manifestam. 

O que espero de um futuro é que consigamos resolver todas essas diferenças através do diálogo e não da violência. 

O que nossas crianças vão enfrentar quando forem adultos?

Esse é um ponto extremamente delicado para mim. Diante de tudo que estudei e continuo estudando sobre criação com respeito e parentalidade emocionalmente saudável, é triste demais me deparar com crianças que replicam comportamentos misóginos vindos dos adultos. 

Na minha bolha não são muitos os casos, porém sei que representamos um espaço minúsculo frente ao universo de manifestações machistas que o mundo apresenta. Não precisa ir tão longe, basta você dar uma volta em um shopping para presenciar essas manifestações.

Minha responsabilidade, assim como de muitas mães e pais que se preocupam em um futuro mais igualitário para nossas crianças, é criar formas de mostrar não somente aos nossos filhos, mas também aos filhos dos nossos amigos, familiares, colegas de trabalho, clientes e todos que pudermos, que existe um caminho possível para o entendimento, o diálogo e o respeito – e que a violência não é esse caminho. 

Fica aqui o convite para ouvir sua reflexão.

*Este texto é de responsabilidade do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.

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6 COMENTÁRIOS

  1. Gostei do texto dele. Realmente muitos homens tem uma necessidade de tentar controlar a mulher. Ditando o que ela deve ou não fazer, onde deve ou não ir. Homens! Vocês não serão pais de suas esposas e pronto. Comecem a vê-las como suas parceiras, não como inimigas e tudo dará mais certo. Mulheres, não sejam tolas. Dar amor aos seus parceiros não é sinal de fraqueza. Amor é bom pra ambos e todos saem ganhando. Parem com esse engessamento chato de um ver um ao outro como diabos, tá ficando chato pra car@lho isso!

  2. Cara vc tá errado, falou como se fosse todo mundo, as pessoas de fato que se importam, não são ruins igual vc descreveu, igual a esquerda tem uma agenda progressista não só ela outros partidos/direção tbm, queremos o melhor pra população, população essa que é a minoria e o governo não trabalha pra eles. Fato é pronto!!!

  3. eu trato bem todas mulheres na minha vida pessoal, tenho uma otima relaçao com minha mae e irma, respeito e as admiro na intensidade que merecem.
    minha familia tem total admiraçao mulheres maravilhosas.
    mas isso nao implica eu amar todas mulheres e ser servo delas.
    como muitas querem.
    querendo ou nao
    os grandes analistas querendo aceitar o fato. tem pessaos ruins no sexo feminino
    igual tem no sexo masculino
    e principalmente feministas radicias se opoem a isso
    elas nao aceitam
    toda mulher é um anjo que merece ser bajulado e doutrinado pela sociedade
    criticar uma mulher é machismo em qualquer hipotese.
    se todas no brasil fossem a angela merkel eu ate concordaria.
    a sociedade precisa parar de ser hipocrita. isto sim

  4. Os homens também tem direito de primeiro cuidar da vida financeira da saúde e só querer filhos após os 50 anos.
    Nosso corpo nossas regras.

  5. Fonte: canguru news.

    *Este texto é de responsabilidade do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.

    Traduzindo: permitimos que um despreparado alinhado a nossa ideologia bosteje pelos dedos numa verborragia frenética e irracional, no entanto tudo que ele disser representa apenas a visão particular dele e não NECESSARIAMENTE a nossa. Resumindo: arregou.

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