Por Bebel Soares
Sou casada há quase 14 anos (agora 18), só no cartório, sem gracinha nenhuma. Nunca me importei com festa, cerimônia e vestido de noiva.Saio em defesa das noivas, na polêmica das crianças proibidas nas festas, porque entendo o sonho do dia perfeito que muitas têm, mesmo que nunca tenha sido o meu.
O “felizes para sempre” é aquele dia, um único dia, um dia que vale para a vida toda e para toda a realidade que virá depois desse sonho. Rotina, supermercado, contas a pagar, rabugices e afins. E depois vêm os filhos, que faziam parte do pacote do sonho, mas que vêm junto com vários pequenos pesadelos diários também.
A noiva pensa na cerimônia perfeita e, no dia do casamento, ela só pensa no que os filhos dos outros podem fazer para atrapalhar tudo. Chorar, atropelar garçons, puxar o forro da mesa, derrubar arranjos.
Casamento é um momento egoísta, a noiva pensa nela e no que ela sonhou para aquele dia, e pronto. Talvez seja um dos poucos momentos egoístas na vida de uma mulher. Talvez, quando ela tiver seus próprios filhos, quando ela vir como eles podem comportar-se numa festa ou como é difícil conseguir alguém para ficar com eles para que ela possa ir ao casamento de outra noiva, ela entenda que a escolha poderia ter sido diferente.
Hoje ela é a noiva. Hoje o universo gira em torno do seu umbigo, e ela não se importa com o umbigo de mais ninguém. Se ela escolheu um evento sem crianças, respeite a escolha, aceite. Se você não conseguir ninguém para ficar com seus filhos, paciência, não vá e explique. Pode ser que hoje ela não te entenda, mas um dia ela vai entender. A noiva de hoje será a mãe de amanhã e também se sentirá excluída.
Um dia ela vai entender a futilidade dos argumentos sobre criança atrapalhar. Nada como um casamento após o outro.