Hipertensão arterial infantil já atinge 17% das crianças e jovens

Doença costuma ser silenciosa nas crianças, mas tem diagnóstico fácil; cardiologistas explicam sintomas e como estilos de vida dos pequenos precisam ser modificados após o diagnóstico

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médica usando aparelho de pressão arteral no braço de criança
Fazer acompanhamento da pressão com pediatras é a chave para identificar problema
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A hipertensão arterial é uma doença silenciosa nas crianças, o que exige uma atenção redobrada dos pais, principalmente se já há histórico desta condição na família. A hipertensão arterial infantil já afeta 17% dos jovens e crianças no país.

“O aumento da pressão arterial em crianças e adolescentes vem se multiplicando, e isso pode trazer consequências graves para toda a vida”, alerta o cardiologista Pedro Junior, do Hospital HSANP.

De acordo com a presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, Ieda Jatene, quando a doença apresenta sinais eles costumam se manifestar em forma de dores de cabeças frequentes e cansaço excessivo após fazer atividades físicas.

 Quando medir a pressão arterial

 Para identificar a existência da condição precocemente, Jatene explica:

“O que nós recomendamos para os pediatras é medir a pressão arterial a partir dos 3 anos de idade pelo menos em uma das consultas, para que se tenha um valor basal”.

A médica ressalta que se um dos pais já tiver um quadro de hipertensão arterial, a orientação é que se comece a fazer esse acompanhamento na criança a partir dos 2 anos de idade. Ela aponta ainda a importância de se aferir a pressão arterial com manguitos adequados para a idade da criança para evitar interferências na medida.

Além da hipertensão arterial primária, quando não há causa de outro órgão, Jatene chama a atenção para a hipertensão como sintoma de uma condição congênita denominada coarctação da aorta. “Crianças pequenas podem procurar nosso consultório com essa história do pediatra ter detectado hipertensão arterial e, além de nos preocuparmos com tudo o que já foi dito, também precisamos ter certeza de que não existe essa alteração anatômica, que precisa ser tratada ou com cateterismo ou com cirurgia”, explica a cardiologista.

“Eu já tive um paciente, por exemplo, que me procurou com diagnóstico de hipertensão arterial, com tratamento com medicação para isso e na verdade ele tinha uma coarctação de aorta. Quando nós a tratamos, isso se reverteu e a criança passou a não apresentar mais esse sintoma”, complementa Jatene.  

Como prevenir

A prevenção para a hipertensão arterial infantil é feita principalmente com atividades físicas e uma alimentação mais saudável. O cardiologista do HSANP, Pedro Júnior, alerta que o estilo de vida dos pais e os exemplos que dão para os filhos são fundamentais para promover esses comportamentos mais saudáveis e seguros na criança. Segundo ele, “se os pais comem mal e não fazem exercícios, as crianças serão estimuladas ao mesmo comportamento, agravando o problema”.

Combater o sedentarismo e introduzir uma dieta balanceada são fundamentais para prevenir a doença, bem como fazer o acompanhamento com pediatras para identificar possíveis alterações na pressão da criança.

O cardiologista alerta para a importância da prevenção da hipertensão arterial infantil, pois a mudança de estilo de vida após um diagnóstico pode ser radical. “Após o diagnóstico, os primeiros cuidados são importantíssimos e envolvem basicamente uma mudança drástica no estilo de vida. É fundamental trocar guloseimas por frutas e vídeo game por esporte”, diz Júnior. Porém, ele afirma que a condição pode ser facilmente controlada com esses cuidados, garantindo uma vida normal para os afetados.

Tratamentos

Jatene afirma que o processo de tratamento começa logo após o diagnóstico dado por um pediatra, pois este deve encaminhar a família para um médico que possa tratar a condição, normalmente um cardiologista pediátrico. Uma vez com um médico especializado, as famílias são orientadas a fazer o controle alimentar da criança, reduzindo a quantidade de sal e introduzindo a atividade física. “É o que se chama de medidas não-farmacológicas. São medidas gerais que podem ser adotadas para que se tente controlar a hipertensão sem a necessidade de medicações”, explica Jatene.

Há casos, porém, em que o tratamento poderá ser realizado com medicamentos que serão prescritos de acordo com cada caso e o perfil da criança. Jatene recomenda que sejam realizados exames, além da opinião do pediatra e do cardiologista, para se confirmar o diagnóstico. 

Para a médica, com o diagnóstico confirmado é importante que os pais conscientizem a criança de sua condição e expliquem a ela o que é a hipertensão arterial. Assim, ela pode ter consciência do que precisa evitar e de como agir em benefício da própria saúde para controlar o problema.

*Erramos: o texto foi alterado em 04/05/2022
O nome da presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo é Ieda Jatene e não Leda Jatene como havíamos publicado inicialmente.


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