Escritora e ‘mãe potencialmente louca’ é a nova colunista da Canguru News

A mineira Sheila Trindade, mãe de 4 crianças, promete trazer relatos bem-humorados da maternidade e de seu dia a dia em família

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A humorista Sheila Trindade (foto) promete contar histórias 'loucas' em nova coluna da Canguru
Sheila se apresenta como "fluente em deboche, mãe e potencialmente louca"
Buscador de educadores parentais
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Imagine a cena: você está indo levar sua filha para a escola, numa época anterior à pandemia, e ao chegar na instituição, entra no local, cruza o pátio e o corredor do prédio, cheios de alunos e funcionários, cumprimenta um e outro, até encontrar a sala de aula da sua filha. Lá, a professora te chama num canto e diz baixinho que o seu vestido está levantado. “O problema não era o vestido levantado, mas sim o fato de que eu teria de voltar à escola para buscar minha filha. Foi horrível, uma tragédia”, lembra a escritora mineira Sheila Trindade.

Ao invés de de lamentar o ocorrido, Sheila encarou a história com humor e assim a contou em suas redes sociais. A ironia da abordagem fez sucesso e rendeu vários comentários. Foi ali que ela percebeu que tinha uma certa habilidade para tornar engraçadas histórias reais e passou a explorar esse dom. A maternidade verdadeira e longe da perfeição que alguns insistem em dizer que existe é o foco principal de seus textos. Inspiração para escrever não lhe falta: “Eu tenho tanta história louca pra contar, porque são quatro filhos, né? História louca é que não falta”, diz ela. E complementa: “Sim, você entendeu direito, eu tenho quatro filhos”.

Samuel, Bernardo, Luiza e João. João tem 3 anos, explica a mãe, “com certeza, porque o aniversário dele foi um dia desses e eu falei que ele estava deixando de ser bebê”. Luiza ela acha que tem 7 anos e vai fazer 8, em dezembro. Samuel tem 11 anos e Bernardo… “deve ser 9 anos”, calcula Sheila.

“As mães ficam todas chocadas porque eu nunca lembro a data de aniversário deles, sou meio desligada no universo materno, não lembro nem do meu aniversário direito”, comenta. Não à toa, ela se apresenta em seu blog como “fluente em deboche, mãe e potencialmente louca. Perco a conta e troco o nome dos filhos, escrevo e uso “trem” para nomear quase tudo.”

É nesse mesmo tom de brincadeira que Sheila promete escrever artigos para sua nova coluna na Canguru News, em que falará sobre maternidade real (e com defeitos) e sobre seu dia a dia em família. Embora fazer humor no atual cenário brasileiro esteja complicado, ela avalia que o cotidiano de sua casa é cativante.

A mãe tá ‘on’ ou tá ‘off’?

Estudante de enfermagem, – como boa parte de sua família, inclusive, a mãe, que era enfermeira de UTI neonatal e se foi quando ela tinha 18 anos – Sheila também faz alguns trabalhos de gestão de redes sociais e ajuda o marido que trabalha com marketing de times de futebol. Além disso, ela aguarda a edição de seu primeiro livro de crônicas de humor.

“O nome do livro era ‘A mãe tá on’,  mas mudamos para ‘A mãe tá off’ para ficar mais atual. Quis mudar o ‘meme’ porque descobri que estou velha e sou ‘cringe’ – gíria de adolescentes para se referir a algo vergonhoso. Se a gente gosta de café da manhã, a gente é ‘cringe’, se a gente gosta de pagar boleto, a gente é ‘cringe’, brega, então pensamos em um título que acompanhasse as gírias do momento”, explica a escritora. Não por acaso, sua primeira coluna fala de outra gíria do mundo digital: “O que é ser uma mãe stalker.

Tem televisão em casa não?

Sheila conta que o tamanho da sua família sempre rende boas histórias. Isso graças aos comentários que as pessoas fazem quando descobrem que ela é mãe de quatro crianças. Para não se chatear, ela faz piadas do assunto. O tema rendeu até um post em suas redes sociais, em que ela comenta as perguntas mais comuns que ouve na rua:

– Tem TV em casa não?
– Tenho sim. E mais celulares, notebook, iPod e até luzinhas de Natal, mas nada disso serve de método contraceptivo, sabe?
– Animada, hein?
– Que nada! Morro de preguiça, vivo deitada, mas aí aproveito a posição e sempre acabo fazendo mais filhos.
– Foi planejado?
– Não! Estava andando calmamente na rua e do nada caí em cima de um p#into, coincidentemente do meu marido.
– E são todos dele?
– Olha, estamos pensando em fazer teste de DNA. Sei não, eu realmente caio muito em cima de p#intos alheios. Acidentalmente, é claro.
– Ele já sabe da gravidez?
– Que nada! Desconfia até hoje que é caroço de melancia que engoli.
– E como é que você vai fazer?
– Quando nascer eu vejo se doo o filho ou fico pra mim.

Em vídeo, Sheila conta história que aconteceu com ela na escola da filha e serviu de pontapé para que começasse a escrever sobre o seu cotidiano

Sair com os quatro filhos juntos dá muito trabalho!

Sair com os quatro filhos juntos é raro, conta a escritora, mas não por causa dos olhares e questionamentos alheios. Ela diz que dá muito trabalho e por isso sai com um ou dois filhos de maneira alternada. Ainda assim, se considera sortuda, porque “os meninos são tranquilos, não rodam no chão do shopping, nem gritam com voz de exorcista”.

O dia a dia em sua casa é animado, ou melhor, apertado – de espaço, dinheiro e tempo – diz ela. Como em muitas famílias grandes, as crianças menores aproveitam as roupas dos irmãos mais velhos e os brinquedos também. “Eles gostam e têm vários, mas não são de brincar muito com brinquedos. Meus filhos assistem a documentários, juro por Deus, eles são esquisitos. Samuel adora desenhar, gasto mais com lápis de cor, canetinha e folha do que com brinquedos”.

“Tomar banho quente ou lavar a louça? Tomar banho quente, claro”, diz Sheila.

Sheila se considera uma péssima dona de casa e diz que o lar está sempre uma bagunça. “Eu olho a pia e penso: ‘tomar banho quente ou lavar essa louça? Ah, vou tomar banho quente’”. Segundo a escritora, o marido participa bastante dos cuidados da casa, só não cozinha “porque ele cozinha muito mal e a gente não merece isso”. Com a pandemia e as aulas online, Sheila diz que os irmãos mais velhos ajudam os mais novos, mas a casa parece estar sempre uma farra e ela diz ter medo do conselho tutelar bater em sua porta.

Brincadeiras à parte, Sheila, como qualquer mãe, tem um dia a dia puxado. “É um desafio conciliar o estudo de enfermagem com os trabalhos, as coisas que escrevo e ainda os filhos. Os meninos estão sempre com as tarefas atrasadas e eu converso com as professoras e explico a situação em casa. Eu queria realmente que os professores se vacinassem e todo mundo pudesse voltar para a escola, mas por enquanto ainda não dá”, avalia.


Leia também: Eu sou uma mãe ‘stalker’


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