\n[mc4wp_form id=\"26137\"]\n","post_title":"Luto infantil: a import\u00e2ncia de acolher a dor da crian\u00e7a","post_excerpt":"A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em processos de luto, explica como lidar com o sofrimento das crian\u00e7as e ajud\u00e1-las em momentos de perda de familiares, como agora, na pandemia da Covid-19","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"luto-infantil-a-importancia-de-acolher-a-dor-das-criancas","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2021-11-05 18:07:16","post_modified_gmt":"2021-11-05 21:07:16","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=43541","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"}],"next":false,"prev":false,"total_page":1},"paged":1,"column_class":"jeg_col_2o3","class":"epic_block_3"};
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
Nosso mundo seguro, ou nosso \u201cmundo presumido\u201d, veio abaixo em poucas semanas a partir do in\u00edcio da pandemia de covid-19, no in\u00edcio de 2020. Al\u00e9m das mudan\u00e7as radicais de rotina de trabalho, isolamento social e perdas financeiras bruscas, fam\u00edlias come\u00e7aram a conviver com o luto. A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em Teoria, Pesquisa e Interven\u00e7\u00e3o em Luto e em A\u00e7\u00f5es Terap\u00eauticas para Situa\u00e7\u00f5es de Luto, trabalha com atendimentos referentes ao rompimento de v\u00ednculos e tem um olhar especial para as crian\u00e7as e adolescentes que perderam pais e familiares com a covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
E \u00e9 neste contexto, ela concluiu, que a educa\u00e7\u00e3o parental adquire uma import\u00e2ncia ainda maior na atual conjuntura. \"Precisamos de pessoas de \u00e1reas de conhecimento diferentes que possam ajudar as fam\u00edlias a definir os pr\u00f3ximos passos. O educador parental \u00e9 figura fundamental para que a gente consiga resgatar o processo da aprendizagem por nossas crian\u00e7as e adolescentes.\"<\/p>\n","post_title":"O pesadelo de ver que seu filho n\u00e3o consegue aprender e detesta estudar","post_excerpt":"","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"dificuldades-de-aprendizagem-sao-desafio-para-pais","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:09:10","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:09:10","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45246","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":43541,"post_author":"42","post_date":"2021-10-28 17:24:01","post_date_gmt":"2021-10-28 20:24:01","post_content":"\n
Nosso mundo seguro, ou nosso \u201cmundo presumido\u201d, veio abaixo em poucas semanas a partir do in\u00edcio da pandemia de covid-19, no in\u00edcio de 2020. Al\u00e9m das mudan\u00e7as radicais de rotina de trabalho, isolamento social e perdas financeiras bruscas, fam\u00edlias come\u00e7aram a conviver com o luto. A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em Teoria, Pesquisa e Interven\u00e7\u00e3o em Luto e em A\u00e7\u00f5es Terap\u00eauticas para Situa\u00e7\u00f5es de Luto, trabalha com atendimentos referentes ao rompimento de v\u00ednculos e tem um olhar especial para as crian\u00e7as e adolescentes que perderam pais e familiares com a covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
Segundo Roberta Bento, obviamente todo adulto \u00e9 respons\u00e1vel por auxiliar a crian\u00e7a e o adolescente a superarem os desafios da aprendizagem, utilizando os est\u00edmulos corretos. Por\u00e9m, n\u00e3o se tem \"todas as respostas sobre como nossas crian\u00e7as v\u00e3o superar todas as lacunas de defasagem de aprendizagem\", enfatizou Roberta. <\/p>\n\n\n\n
E \u00e9 neste contexto, ela concluiu, que a educa\u00e7\u00e3o parental adquire uma import\u00e2ncia ainda maior na atual conjuntura. \"Precisamos de pessoas de \u00e1reas de conhecimento diferentes que possam ajudar as fam\u00edlias a definir os pr\u00f3ximos passos. O educador parental \u00e9 figura fundamental para que a gente consiga resgatar o processo da aprendizagem por nossas crian\u00e7as e adolescentes.\"<\/p>\n","post_title":"O pesadelo de ver que seu filho n\u00e3o consegue aprender e detesta estudar","post_excerpt":"","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"dificuldades-de-aprendizagem-sao-desafio-para-pais","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:09:10","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:09:10","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45246","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":43541,"post_author":"42","post_date":"2021-10-28 17:24:01","post_date_gmt":"2021-10-28 20:24:01","post_content":"\n
Nosso mundo seguro, ou nosso \u201cmundo presumido\u201d, veio abaixo em poucas semanas a partir do in\u00edcio da pandemia de covid-19, no in\u00edcio de 2020. Al\u00e9m das mudan\u00e7as radicais de rotina de trabalho, isolamento social e perdas financeiras bruscas, fam\u00edlias come\u00e7aram a conviver com o luto. A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em Teoria, Pesquisa e Interven\u00e7\u00e3o em Luto e em A\u00e7\u00f5es Terap\u00eauticas para Situa\u00e7\u00f5es de Luto, trabalha com atendimentos referentes ao rompimento de v\u00ednculos e tem um olhar especial para as crian\u00e7as e adolescentes que perderam pais e familiares com a covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
O sedentarismo excessivo \u00e9 outro fator que aumenta as dificuldades de aprendizagem. \"Praticar atividade f\u00edsica \u00e9 uma forma do nosso c\u00e9rebro produzir novos neur\u00f4nios. Isso impacta muito no aprendizado e no desenvolvimento da crian\u00e7a e do adolescente\", disse Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Segundo Roberta Bento, obviamente todo adulto \u00e9 respons\u00e1vel por auxiliar a crian\u00e7a e o adolescente a superarem os desafios da aprendizagem, utilizando os est\u00edmulos corretos. Por\u00e9m, n\u00e3o se tem \"todas as respostas sobre como nossas crian\u00e7as v\u00e3o superar todas as lacunas de defasagem de aprendizagem\", enfatizou Roberta. <\/p>\n\n\n\n
E \u00e9 neste contexto, ela concluiu, que a educa\u00e7\u00e3o parental adquire uma import\u00e2ncia ainda maior na atual conjuntura. \"Precisamos de pessoas de \u00e1reas de conhecimento diferentes que possam ajudar as fam\u00edlias a definir os pr\u00f3ximos passos. O educador parental \u00e9 figura fundamental para que a gente consiga resgatar o processo da aprendizagem por nossas crian\u00e7as e adolescentes.\"<\/p>\n","post_title":"O pesadelo de ver que seu filho n\u00e3o consegue aprender e detesta estudar","post_excerpt":"","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"dificuldades-de-aprendizagem-sao-desafio-para-pais","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:09:10","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:09:10","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45246","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":43541,"post_author":"42","post_date":"2021-10-28 17:24:01","post_date_gmt":"2021-10-28 20:24:01","post_content":"\n
Nosso mundo seguro, ou nosso \u201cmundo presumido\u201d, veio abaixo em poucas semanas a partir do in\u00edcio da pandemia de covid-19, no in\u00edcio de 2020. Al\u00e9m das mudan\u00e7as radicais de rotina de trabalho, isolamento social e perdas financeiras bruscas, fam\u00edlias come\u00e7aram a conviver com o luto. A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em Teoria, Pesquisa e Interven\u00e7\u00e3o em Luto e em A\u00e7\u00f5es Terap\u00eauticas para Situa\u00e7\u00f5es de Luto, trabalha com atendimentos referentes ao rompimento de v\u00ednculos e tem um olhar especial para as crian\u00e7as e adolescentes que perderam pais e familiares com a covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
Dormir tamb\u00e9m \u00e9 fundamental para aprender. Crian\u00e7a que n\u00e3o faz da forma correta a higiene do sono, com uma noite mal dormida, ter\u00e1 um c\u00e9rebro cansado \"e cheio de toxinas que atrapalham a conex\u00e3o dos neur\u00f4nios, que transformam o desafio de aprendizagem quase imposs\u00edvel de ser vencido\", afirmou.<\/p>\n\n\n\n
O sedentarismo excessivo \u00e9 outro fator que aumenta as dificuldades de aprendizagem. \"Praticar atividade f\u00edsica \u00e9 uma forma do nosso c\u00e9rebro produzir novos neur\u00f4nios. Isso impacta muito no aprendizado e no desenvolvimento da crian\u00e7a e do adolescente\", disse Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Segundo Roberta Bento, obviamente todo adulto \u00e9 respons\u00e1vel por auxiliar a crian\u00e7a e o adolescente a superarem os desafios da aprendizagem, utilizando os est\u00edmulos corretos. Por\u00e9m, n\u00e3o se tem \"todas as respostas sobre como nossas crian\u00e7as v\u00e3o superar todas as lacunas de defasagem de aprendizagem\", enfatizou Roberta. <\/p>\n\n\n\n
E \u00e9 neste contexto, ela concluiu, que a educa\u00e7\u00e3o parental adquire uma import\u00e2ncia ainda maior na atual conjuntura. \"Precisamos de pessoas de \u00e1reas de conhecimento diferentes que possam ajudar as fam\u00edlias a definir os pr\u00f3ximos passos. O educador parental \u00e9 figura fundamental para que a gente consiga resgatar o processo da aprendizagem por nossas crian\u00e7as e adolescentes.\"<\/p>\n","post_title":"O pesadelo de ver que seu filho n\u00e3o consegue aprender e detesta estudar","post_excerpt":"","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"dificuldades-de-aprendizagem-sao-desafio-para-pais","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:09:10","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:09:10","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45246","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":43541,"post_author":"42","post_date":"2021-10-28 17:24:01","post_date_gmt":"2021-10-28 20:24:01","post_content":"\n
Nosso mundo seguro, ou nosso \u201cmundo presumido\u201d, veio abaixo em poucas semanas a partir do in\u00edcio da pandemia de covid-19, no in\u00edcio de 2020. Al\u00e9m das mudan\u00e7as radicais de rotina de trabalho, isolamento social e perdas financeiras bruscas, fam\u00edlias come\u00e7aram a conviver com o luto. A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em Teoria, Pesquisa e Interven\u00e7\u00e3o em Luto e em A\u00e7\u00f5es Terap\u00eauticas para Situa\u00e7\u00f5es de Luto, trabalha com atendimentos referentes ao rompimento de v\u00ednculos e tem um olhar especial para as crian\u00e7as e adolescentes que perderam pais e familiares com a covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\"Eu posso deixar o meu filho ter o tempo de tela dele. Mas preciso trazer de volta aquele momento em que escutamos uma m\u00fasica juntos, em que sentamos para desenhar\", exemplifica Roberta.<\/p>\n\n\n\n
Dormir tamb\u00e9m \u00e9 fundamental para aprender. Crian\u00e7a que n\u00e3o faz da forma correta a higiene do sono, com uma noite mal dormida, ter\u00e1 um c\u00e9rebro cansado \"e cheio de toxinas que atrapalham a conex\u00e3o dos neur\u00f4nios, que transformam o desafio de aprendizagem quase imposs\u00edvel de ser vencido\", afirmou.<\/p>\n\n\n\n
O sedentarismo excessivo \u00e9 outro fator que aumenta as dificuldades de aprendizagem. \"Praticar atividade f\u00edsica \u00e9 uma forma do nosso c\u00e9rebro produzir novos neur\u00f4nios. Isso impacta muito no aprendizado e no desenvolvimento da crian\u00e7a e do adolescente\", disse Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Segundo Roberta Bento, obviamente todo adulto \u00e9 respons\u00e1vel por auxiliar a crian\u00e7a e o adolescente a superarem os desafios da aprendizagem, utilizando os est\u00edmulos corretos. Por\u00e9m, n\u00e3o se tem \"todas as respostas sobre como nossas crian\u00e7as v\u00e3o superar todas as lacunas de defasagem de aprendizagem\", enfatizou Roberta. <\/p>\n\n\n\n
E \u00e9 neste contexto, ela concluiu, que a educa\u00e7\u00e3o parental adquire uma import\u00e2ncia ainda maior na atual conjuntura. \"Precisamos de pessoas de \u00e1reas de conhecimento diferentes que possam ajudar as fam\u00edlias a definir os pr\u00f3ximos passos. O educador parental \u00e9 figura fundamental para que a gente consiga resgatar o processo da aprendizagem por nossas crian\u00e7as e adolescentes.\"<\/p>\n","post_title":"O pesadelo de ver que seu filho n\u00e3o consegue aprender e detesta estudar","post_excerpt":"","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"dificuldades-de-aprendizagem-sao-desafio-para-pais","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:09:10","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:09:10","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45246","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":43541,"post_author":"42","post_date":"2021-10-28 17:24:01","post_date_gmt":"2021-10-28 20:24:01","post_content":"\n
Nosso mundo seguro, ou nosso \u201cmundo presumido\u201d, veio abaixo em poucas semanas a partir do in\u00edcio da pandemia de covid-19, no in\u00edcio de 2020. Al\u00e9m das mudan\u00e7as radicais de rotina de trabalho, isolamento social e perdas financeiras bruscas, fam\u00edlias come\u00e7aram a conviver com o luto. A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em Teoria, Pesquisa e Interven\u00e7\u00e3o em Luto e em A\u00e7\u00f5es Terap\u00eauticas para Situa\u00e7\u00f5es de Luto, trabalha com atendimentos referentes ao rompimento de v\u00ednculos e tem um olhar especial para as crian\u00e7as e adolescentes que perderam pais e familiares com a covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\"Eu posso deixar o meu filho ter o tempo de tela dele. Mas preciso trazer de volta aquele momento em que escutamos uma m\u00fasica juntos, em que sentamos para desenhar\", exemplifica Roberta.<\/p>\n\n\n\n
Dormir tamb\u00e9m \u00e9 fundamental para aprender. Crian\u00e7a que n\u00e3o faz da forma correta a higiene do sono, com uma noite mal dormida, ter\u00e1 um c\u00e9rebro cansado \"e cheio de toxinas que atrapalham a conex\u00e3o dos neur\u00f4nios, que transformam o desafio de aprendizagem quase imposs\u00edvel de ser vencido\", afirmou.<\/p>\n\n\n\n
O sedentarismo excessivo \u00e9 outro fator que aumenta as dificuldades de aprendizagem. \"Praticar atividade f\u00edsica \u00e9 uma forma do nosso c\u00e9rebro produzir novos neur\u00f4nios. Isso impacta muito no aprendizado e no desenvolvimento da crian\u00e7a e do adolescente\", disse Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Segundo Roberta Bento, obviamente todo adulto \u00e9 respons\u00e1vel por auxiliar a crian\u00e7a e o adolescente a superarem os desafios da aprendizagem, utilizando os est\u00edmulos corretos. Por\u00e9m, n\u00e3o se tem \"todas as respostas sobre como nossas crian\u00e7as v\u00e3o superar todas as lacunas de defasagem de aprendizagem\", enfatizou Roberta. <\/p>\n\n\n\n
E \u00e9 neste contexto, ela concluiu, que a educa\u00e7\u00e3o parental adquire uma import\u00e2ncia ainda maior na atual conjuntura. \"Precisamos de pessoas de \u00e1reas de conhecimento diferentes que possam ajudar as fam\u00edlias a definir os pr\u00f3ximos passos. O educador parental \u00e9 figura fundamental para que a gente consiga resgatar o processo da aprendizagem por nossas crian\u00e7as e adolescentes.\"<\/p>\n","post_title":"O pesadelo de ver que seu filho n\u00e3o consegue aprender e detesta estudar","post_excerpt":"","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"dificuldades-de-aprendizagem-sao-desafio-para-pais","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:09:10","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:09:10","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45246","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":43541,"post_author":"42","post_date":"2021-10-28 17:24:01","post_date_gmt":"2021-10-28 20:24:01","post_content":"\n
Nosso mundo seguro, ou nosso \u201cmundo presumido\u201d, veio abaixo em poucas semanas a partir do in\u00edcio da pandemia de covid-19, no in\u00edcio de 2020. Al\u00e9m das mudan\u00e7as radicais de rotina de trabalho, isolamento social e perdas financeiras bruscas, fam\u00edlias come\u00e7aram a conviver com o luto. A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em Teoria, Pesquisa e Interven\u00e7\u00e3o em Luto e em A\u00e7\u00f5es Terap\u00eauticas para Situa\u00e7\u00f5es de Luto, trabalha com atendimentos referentes ao rompimento de v\u00ednculos e tem um olhar especial para as crian\u00e7as e adolescentes que perderam pais e familiares com a covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
Se a crian\u00e7a e o adolescente s\u00e3o absorvidos pelo mundo das telas, n\u00e3o sobre tempo para a intera\u00e7\u00e3o familiar, o que \u00e9 essencial para o desenvolvimento cognitivo, explicaram.<\/p>\n\n\n\n
Transtornos do sono e sedentarismo<\/h2>\n\n\n\n
\"Eu posso deixar o meu filho ter o tempo de tela dele. Mas preciso trazer de volta aquele momento em que escutamos uma m\u00fasica juntos, em que sentamos para desenhar\", exemplifica Roberta.<\/p>\n\n\n\n
Dormir tamb\u00e9m \u00e9 fundamental para aprender. Crian\u00e7a que n\u00e3o faz da forma correta a higiene do sono, com uma noite mal dormida, ter\u00e1 um c\u00e9rebro cansado \"e cheio de toxinas que atrapalham a conex\u00e3o dos neur\u00f4nios, que transformam o desafio de aprendizagem quase imposs\u00edvel de ser vencido\", afirmou.<\/p>\n\n\n\n
O sedentarismo excessivo \u00e9 outro fator que aumenta as dificuldades de aprendizagem. \"Praticar atividade f\u00edsica \u00e9 uma forma do nosso c\u00e9rebro produzir novos neur\u00f4nios. Isso impacta muito no aprendizado e no desenvolvimento da crian\u00e7a e do adolescente\", disse Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Segundo Roberta Bento, obviamente todo adulto \u00e9 respons\u00e1vel por auxiliar a crian\u00e7a e o adolescente a superarem os desafios da aprendizagem, utilizando os est\u00edmulos corretos. Por\u00e9m, n\u00e3o se tem \"todas as respostas sobre como nossas crian\u00e7as v\u00e3o superar todas as lacunas de defasagem de aprendizagem\", enfatizou Roberta. <\/p>\n\n\n\n
E \u00e9 neste contexto, ela concluiu, que a educa\u00e7\u00e3o parental adquire uma import\u00e2ncia ainda maior na atual conjuntura. \"Precisamos de pessoas de \u00e1reas de conhecimento diferentes que possam ajudar as fam\u00edlias a definir os pr\u00f3ximos passos. O educador parental \u00e9 figura fundamental para que a gente consiga resgatar o processo da aprendizagem por nossas crian\u00e7as e adolescentes.\"<\/p>\n","post_title":"O pesadelo de ver que seu filho n\u00e3o consegue aprender e detesta estudar","post_excerpt":"","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"dificuldades-de-aprendizagem-sao-desafio-para-pais","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:09:10","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:09:10","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45246","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":43541,"post_author":"42","post_date":"2021-10-28 17:24:01","post_date_gmt":"2021-10-28 20:24:01","post_content":"\n
Nosso mundo seguro, ou nosso \u201cmundo presumido\u201d, veio abaixo em poucas semanas a partir do in\u00edcio da pandemia de covid-19, no in\u00edcio de 2020. Al\u00e9m das mudan\u00e7as radicais de rotina de trabalho, isolamento social e perdas financeiras bruscas, fam\u00edlias come\u00e7aram a conviver com o luto. A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em Teoria, Pesquisa e Interven\u00e7\u00e3o em Luto e em A\u00e7\u00f5es Terap\u00eauticas para Situa\u00e7\u00f5es de Luto, trabalha com atendimentos referentes ao rompimento de v\u00ednculos e tem um olhar especial para as crian\u00e7as e adolescentes que perderam pais e familiares com a covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\"Quando eles est\u00e3o conectados em telas, diminui a qualidade e quantidade de intera\u00e7\u00f5es entre os membros da fam\u00edlia, o que \u00e9 essencial para a linguagem e o desenvolvimento emocional.\"<\/p>\n\n\n\n
Se a crian\u00e7a e o adolescente s\u00e3o absorvidos pelo mundo das telas, n\u00e3o sobre tempo para a intera\u00e7\u00e3o familiar, o que \u00e9 essencial para o desenvolvimento cognitivo, explicaram.<\/p>\n\n\n\n
Transtornos do sono e sedentarismo<\/h2>\n\n\n\n
\"Eu posso deixar o meu filho ter o tempo de tela dele. Mas preciso trazer de volta aquele momento em que escutamos uma m\u00fasica juntos, em que sentamos para desenhar\", exemplifica Roberta.<\/p>\n\n\n\n
Dormir tamb\u00e9m \u00e9 fundamental para aprender. Crian\u00e7a que n\u00e3o faz da forma correta a higiene do sono, com uma noite mal dormida, ter\u00e1 um c\u00e9rebro cansado \"e cheio de toxinas que atrapalham a conex\u00e3o dos neur\u00f4nios, que transformam o desafio de aprendizagem quase imposs\u00edvel de ser vencido\", afirmou.<\/p>\n\n\n\n
O sedentarismo excessivo \u00e9 outro fator que aumenta as dificuldades de aprendizagem. \"Praticar atividade f\u00edsica \u00e9 uma forma do nosso c\u00e9rebro produzir novos neur\u00f4nios. Isso impacta muito no aprendizado e no desenvolvimento da crian\u00e7a e do adolescente\", disse Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Segundo Roberta Bento, obviamente todo adulto \u00e9 respons\u00e1vel por auxiliar a crian\u00e7a e o adolescente a superarem os desafios da aprendizagem, utilizando os est\u00edmulos corretos. Por\u00e9m, n\u00e3o se tem \"todas as respostas sobre como nossas crian\u00e7as v\u00e3o superar todas as lacunas de defasagem de aprendizagem\", enfatizou Roberta. <\/p>\n\n\n\n
E \u00e9 neste contexto, ela concluiu, que a educa\u00e7\u00e3o parental adquire uma import\u00e2ncia ainda maior na atual conjuntura. \"Precisamos de pessoas de \u00e1reas de conhecimento diferentes que possam ajudar as fam\u00edlias a definir os pr\u00f3ximos passos. O educador parental \u00e9 figura fundamental para que a gente consiga resgatar o processo da aprendizagem por nossas crian\u00e7as e adolescentes.\"<\/p>\n","post_title":"O pesadelo de ver que seu filho n\u00e3o consegue aprender e detesta estudar","post_excerpt":"","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"dificuldades-de-aprendizagem-sao-desafio-para-pais","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:09:10","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:09:10","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45246","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":43541,"post_author":"42","post_date":"2021-10-28 17:24:01","post_date_gmt":"2021-10-28 20:24:01","post_content":"\n
Nosso mundo seguro, ou nosso \u201cmundo presumido\u201d, veio abaixo em poucas semanas a partir do in\u00edcio da pandemia de covid-19, no in\u00edcio de 2020. Al\u00e9m das mudan\u00e7as radicais de rotina de trabalho, isolamento social e perdas financeiras bruscas, fam\u00edlias come\u00e7aram a conviver com o luto. A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em Teoria, Pesquisa e Interven\u00e7\u00e3o em Luto e em A\u00e7\u00f5es Terap\u00eauticas para Situa\u00e7\u00f5es de Luto, trabalha com atendimentos referentes ao rompimento de v\u00ednculos e tem um olhar especial para as crian\u00e7as e adolescentes que perderam pais e familiares com a covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
Roberta Bento enfatizou que, como educadora, \u00e9 totalmente favor\u00e1vel ao uso da tecnologia na educa\u00e7\u00e3o. \"O que gera uma rela\u00e7\u00e3o t\u00e3o pesada que nossos filhos t\u00eam com os estudos \u00e9 tudo o que eles deixam de fazer quando viver nas telas passa a ser o padr\u00e3o dentro de casa, quando n\u00e3o h\u00e1 equil\u00edbrio entre tempo de tela e tempo de conviv\u00eancia em fam\u00edlia\", justifica. <\/p>\n\n\n\n
\"Quando eles est\u00e3o conectados em telas, diminui a qualidade e quantidade de intera\u00e7\u00f5es entre os membros da fam\u00edlia, o que \u00e9 essencial para a linguagem e o desenvolvimento emocional.\"<\/p>\n\n\n\n
Se a crian\u00e7a e o adolescente s\u00e3o absorvidos pelo mundo das telas, n\u00e3o sobre tempo para a intera\u00e7\u00e3o familiar, o que \u00e9 essencial para o desenvolvimento cognitivo, explicaram.<\/p>\n\n\n\n
Transtornos do sono e sedentarismo<\/h2>\n\n\n\n
\"Eu posso deixar o meu filho ter o tempo de tela dele. Mas preciso trazer de volta aquele momento em que escutamos uma m\u00fasica juntos, em que sentamos para desenhar\", exemplifica Roberta.<\/p>\n\n\n\n
Dormir tamb\u00e9m \u00e9 fundamental para aprender. Crian\u00e7a que n\u00e3o faz da forma correta a higiene do sono, com uma noite mal dormida, ter\u00e1 um c\u00e9rebro cansado \"e cheio de toxinas que atrapalham a conex\u00e3o dos neur\u00f4nios, que transformam o desafio de aprendizagem quase imposs\u00edvel de ser vencido\", afirmou.<\/p>\n\n\n\n
O sedentarismo excessivo \u00e9 outro fator que aumenta as dificuldades de aprendizagem. \"Praticar atividade f\u00edsica \u00e9 uma forma do nosso c\u00e9rebro produzir novos neur\u00f4nios. Isso impacta muito no aprendizado e no desenvolvimento da crian\u00e7a e do adolescente\", disse Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Segundo Roberta Bento, obviamente todo adulto \u00e9 respons\u00e1vel por auxiliar a crian\u00e7a e o adolescente a superarem os desafios da aprendizagem, utilizando os est\u00edmulos corretos. Por\u00e9m, n\u00e3o se tem \"todas as respostas sobre como nossas crian\u00e7as v\u00e3o superar todas as lacunas de defasagem de aprendizagem\", enfatizou Roberta. <\/p>\n\n\n\n
E \u00e9 neste contexto, ela concluiu, que a educa\u00e7\u00e3o parental adquire uma import\u00e2ncia ainda maior na atual conjuntura. \"Precisamos de pessoas de \u00e1reas de conhecimento diferentes que possam ajudar as fam\u00edlias a definir os pr\u00f3ximos passos. O educador parental \u00e9 figura fundamental para que a gente consiga resgatar o processo da aprendizagem por nossas crian\u00e7as e adolescentes.\"<\/p>\n","post_title":"O pesadelo de ver que seu filho n\u00e3o consegue aprender e detesta estudar","post_excerpt":"","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"dificuldades-de-aprendizagem-sao-desafio-para-pais","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:09:10","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:09:10","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45246","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":43541,"post_author":"42","post_date":"2021-10-28 17:24:01","post_date_gmt":"2021-10-28 20:24:01","post_content":"\n
Nosso mundo seguro, ou nosso \u201cmundo presumido\u201d, veio abaixo em poucas semanas a partir do in\u00edcio da pandemia de covid-19, no in\u00edcio de 2020. Al\u00e9m das mudan\u00e7as radicais de rotina de trabalho, isolamento social e perdas financeiras bruscas, fam\u00edlias come\u00e7aram a conviver com o luto. A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em Teoria, Pesquisa e Interven\u00e7\u00e3o em Luto e em A\u00e7\u00f5es Terap\u00eauticas para Situa\u00e7\u00f5es de Luto, trabalha com atendimentos referentes ao rompimento de v\u00ednculos e tem um olhar especial para as crian\u00e7as e adolescentes que perderam pais e familiares com a covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o se trata de banir a tecnologia<\/h2>\n\n\n\n
Roberta Bento enfatizou que, como educadora, \u00e9 totalmente favor\u00e1vel ao uso da tecnologia na educa\u00e7\u00e3o. \"O que gera uma rela\u00e7\u00e3o t\u00e3o pesada que nossos filhos t\u00eam com os estudos \u00e9 tudo o que eles deixam de fazer quando viver nas telas passa a ser o padr\u00e3o dentro de casa, quando n\u00e3o h\u00e1 equil\u00edbrio entre tempo de tela e tempo de conviv\u00eancia em fam\u00edlia\", justifica. <\/p>\n\n\n\n
\"Quando eles est\u00e3o conectados em telas, diminui a qualidade e quantidade de intera\u00e7\u00f5es entre os membros da fam\u00edlia, o que \u00e9 essencial para a linguagem e o desenvolvimento emocional.\"<\/p>\n\n\n\n
Se a crian\u00e7a e o adolescente s\u00e3o absorvidos pelo mundo das telas, n\u00e3o sobre tempo para a intera\u00e7\u00e3o familiar, o que \u00e9 essencial para o desenvolvimento cognitivo, explicaram.<\/p>\n\n\n\n
Transtornos do sono e sedentarismo<\/h2>\n\n\n\n
\"Eu posso deixar o meu filho ter o tempo de tela dele. Mas preciso trazer de volta aquele momento em que escutamos uma m\u00fasica juntos, em que sentamos para desenhar\", exemplifica Roberta.<\/p>\n\n\n\n
Dormir tamb\u00e9m \u00e9 fundamental para aprender. Crian\u00e7a que n\u00e3o faz da forma correta a higiene do sono, com uma noite mal dormida, ter\u00e1 um c\u00e9rebro cansado \"e cheio de toxinas que atrapalham a conex\u00e3o dos neur\u00f4nios, que transformam o desafio de aprendizagem quase imposs\u00edvel de ser vencido\", afirmou.<\/p>\n\n\n\n
O sedentarismo excessivo \u00e9 outro fator que aumenta as dificuldades de aprendizagem. \"Praticar atividade f\u00edsica \u00e9 uma forma do nosso c\u00e9rebro produzir novos neur\u00f4nios. Isso impacta muito no aprendizado e no desenvolvimento da crian\u00e7a e do adolescente\", disse Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Segundo Roberta Bento, obviamente todo adulto \u00e9 respons\u00e1vel por auxiliar a crian\u00e7a e o adolescente a superarem os desafios da aprendizagem, utilizando os est\u00edmulos corretos. Por\u00e9m, n\u00e3o se tem \"todas as respostas sobre como nossas crian\u00e7as v\u00e3o superar todas as lacunas de defasagem de aprendizagem\", enfatizou Roberta. <\/p>\n\n\n\n
E \u00e9 neste contexto, ela concluiu, que a educa\u00e7\u00e3o parental adquire uma import\u00e2ncia ainda maior na atual conjuntura. \"Precisamos de pessoas de \u00e1reas de conhecimento diferentes que possam ajudar as fam\u00edlias a definir os pr\u00f3ximos passos. O educador parental \u00e9 figura fundamental para que a gente consiga resgatar o processo da aprendizagem por nossas crian\u00e7as e adolescentes.\"<\/p>\n","post_title":"O pesadelo de ver que seu filho n\u00e3o consegue aprender e detesta estudar","post_excerpt":"","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"dificuldades-de-aprendizagem-sao-desafio-para-pais","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:09:10","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:09:10","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45246","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":43541,"post_author":"42","post_date":"2021-10-28 17:24:01","post_date_gmt":"2021-10-28 20:24:01","post_content":"\n
Nosso mundo seguro, ou nosso \u201cmundo presumido\u201d, veio abaixo em poucas semanas a partir do in\u00edcio da pandemia de covid-19, no in\u00edcio de 2020. Al\u00e9m das mudan\u00e7as radicais de rotina de trabalho, isolamento social e perdas financeiras bruscas, fam\u00edlias come\u00e7aram a conviver com o luto. A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em Teoria, Pesquisa e Interven\u00e7\u00e3o em Luto e em A\u00e7\u00f5es Terap\u00eauticas para Situa\u00e7\u00f5es de Luto, trabalha com atendimentos referentes ao rompimento de v\u00ednculos e tem um olhar especial para as crian\u00e7as e adolescentes que perderam pais e familiares com a covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\"Educar os filhos para gostarem de estudar e se darem bem nos estudos \u00e9 um dos desafios em que precisamos focar agora, para que nossos filhos consigam seguir a vida deles de estudantes e desenvolvam um potencial pleno, apesar de tudo o que vivemos. S\u00f3 que \u00e9 mais f\u00e1cil para as crian\u00e7as do que para os adultos, mas eles dependem de n\u00f3s para retomar o ritmo de aprendizagem\", disse Roberta Bento.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
N\u00e3o se trata de banir a tecnologia<\/h2>\n\n\n\n
Roberta Bento enfatizou que, como educadora, \u00e9 totalmente favor\u00e1vel ao uso da tecnologia na educa\u00e7\u00e3o. \"O que gera uma rela\u00e7\u00e3o t\u00e3o pesada que nossos filhos t\u00eam com os estudos \u00e9 tudo o que eles deixam de fazer quando viver nas telas passa a ser o padr\u00e3o dentro de casa, quando n\u00e3o h\u00e1 equil\u00edbrio entre tempo de tela e tempo de conviv\u00eancia em fam\u00edlia\", justifica. <\/p>\n\n\n\n
\"Quando eles est\u00e3o conectados em telas, diminui a qualidade e quantidade de intera\u00e7\u00f5es entre os membros da fam\u00edlia, o que \u00e9 essencial para a linguagem e o desenvolvimento emocional.\"<\/p>\n\n\n\n
Se a crian\u00e7a e o adolescente s\u00e3o absorvidos pelo mundo das telas, n\u00e3o sobre tempo para a intera\u00e7\u00e3o familiar, o que \u00e9 essencial para o desenvolvimento cognitivo, explicaram.<\/p>\n\n\n\n
Transtornos do sono e sedentarismo<\/h2>\n\n\n\n
\"Eu posso deixar o meu filho ter o tempo de tela dele. Mas preciso trazer de volta aquele momento em que escutamos uma m\u00fasica juntos, em que sentamos para desenhar\", exemplifica Roberta.<\/p>\n\n\n\n
Dormir tamb\u00e9m \u00e9 fundamental para aprender. Crian\u00e7a que n\u00e3o faz da forma correta a higiene do sono, com uma noite mal dormida, ter\u00e1 um c\u00e9rebro cansado \"e cheio de toxinas que atrapalham a conex\u00e3o dos neur\u00f4nios, que transformam o desafio de aprendizagem quase imposs\u00edvel de ser vencido\", afirmou.<\/p>\n\n\n\n
O sedentarismo excessivo \u00e9 outro fator que aumenta as dificuldades de aprendizagem. \"Praticar atividade f\u00edsica \u00e9 uma forma do nosso c\u00e9rebro produzir novos neur\u00f4nios. Isso impacta muito no aprendizado e no desenvolvimento da crian\u00e7a e do adolescente\", disse Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Segundo Roberta Bento, obviamente todo adulto \u00e9 respons\u00e1vel por auxiliar a crian\u00e7a e o adolescente a superarem os desafios da aprendizagem, utilizando os est\u00edmulos corretos. Por\u00e9m, n\u00e3o se tem \"todas as respostas sobre como nossas crian\u00e7as v\u00e3o superar todas as lacunas de defasagem de aprendizagem\", enfatizou Roberta. <\/p>\n\n\n\n
E \u00e9 neste contexto, ela concluiu, que a educa\u00e7\u00e3o parental adquire uma import\u00e2ncia ainda maior na atual conjuntura. \"Precisamos de pessoas de \u00e1reas de conhecimento diferentes que possam ajudar as fam\u00edlias a definir os pr\u00f3ximos passos. O educador parental \u00e9 figura fundamental para que a gente consiga resgatar o processo da aprendizagem por nossas crian\u00e7as e adolescentes.\"<\/p>\n","post_title":"O pesadelo de ver que seu filho n\u00e3o consegue aprender e detesta estudar","post_excerpt":"","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"dificuldades-de-aprendizagem-sao-desafio-para-pais","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:09:10","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:09:10","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45246","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":43541,"post_author":"42","post_date":"2021-10-28 17:24:01","post_date_gmt":"2021-10-28 20:24:01","post_content":"\n
Nosso mundo seguro, ou nosso \u201cmundo presumido\u201d, veio abaixo em poucas semanas a partir do in\u00edcio da pandemia de covid-19, no in\u00edcio de 2020. Al\u00e9m das mudan\u00e7as radicais de rotina de trabalho, isolamento social e perdas financeiras bruscas, fam\u00edlias come\u00e7aram a conviver com o luto. A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em Teoria, Pesquisa e Interven\u00e7\u00e3o em Luto e em A\u00e7\u00f5es Terap\u00eauticas para Situa\u00e7\u00f5es de Luto, trabalha com atendimentos referentes ao rompimento de v\u00ednculos e tem um olhar especial para as crian\u00e7as e adolescentes que perderam pais e familiares com a covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
O c\u00e9rebro dos pais, para completar, tamb\u00e9m est\u00e1 num est\u00e1gio bastante vulner\u00e1vel, explicou Roberta Bento, pois o ciclo maluco de trabalho, tentando conciliar a vida profissional com a vida dom\u00e9stica, gera curto-circuitos. \"A conviv\u00eancia e o relacionamento [com os filhos] fica muito mais dif\u00edcil.\"<\/p>\n\n\n\n
\"Educar os filhos para gostarem de estudar e se darem bem nos estudos \u00e9 um dos desafios em que precisamos focar agora, para que nossos filhos consigam seguir a vida deles de estudantes e desenvolvam um potencial pleno, apesar de tudo o que vivemos. S\u00f3 que \u00e9 mais f\u00e1cil para as crian\u00e7as do que para os adultos, mas eles dependem de n\u00f3s para retomar o ritmo de aprendizagem\", disse Roberta Bento.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
N\u00e3o se trata de banir a tecnologia<\/h2>\n\n\n\n
Roberta Bento enfatizou que, como educadora, \u00e9 totalmente favor\u00e1vel ao uso da tecnologia na educa\u00e7\u00e3o. \"O que gera uma rela\u00e7\u00e3o t\u00e3o pesada que nossos filhos t\u00eam com os estudos \u00e9 tudo o que eles deixam de fazer quando viver nas telas passa a ser o padr\u00e3o dentro de casa, quando n\u00e3o h\u00e1 equil\u00edbrio entre tempo de tela e tempo de conviv\u00eancia em fam\u00edlia\", justifica. <\/p>\n\n\n\n
\"Quando eles est\u00e3o conectados em telas, diminui a qualidade e quantidade de intera\u00e7\u00f5es entre os membros da fam\u00edlia, o que \u00e9 essencial para a linguagem e o desenvolvimento emocional.\"<\/p>\n\n\n\n
Se a crian\u00e7a e o adolescente s\u00e3o absorvidos pelo mundo das telas, n\u00e3o sobre tempo para a intera\u00e7\u00e3o familiar, o que \u00e9 essencial para o desenvolvimento cognitivo, explicaram.<\/p>\n\n\n\n
Transtornos do sono e sedentarismo<\/h2>\n\n\n\n
\"Eu posso deixar o meu filho ter o tempo de tela dele. Mas preciso trazer de volta aquele momento em que escutamos uma m\u00fasica juntos, em que sentamos para desenhar\", exemplifica Roberta.<\/p>\n\n\n\n
Dormir tamb\u00e9m \u00e9 fundamental para aprender. Crian\u00e7a que n\u00e3o faz da forma correta a higiene do sono, com uma noite mal dormida, ter\u00e1 um c\u00e9rebro cansado \"e cheio de toxinas que atrapalham a conex\u00e3o dos neur\u00f4nios, que transformam o desafio de aprendizagem quase imposs\u00edvel de ser vencido\", afirmou.<\/p>\n\n\n\n
O sedentarismo excessivo \u00e9 outro fator que aumenta as dificuldades de aprendizagem. \"Praticar atividade f\u00edsica \u00e9 uma forma do nosso c\u00e9rebro produzir novos neur\u00f4nios. Isso impacta muito no aprendizado e no desenvolvimento da crian\u00e7a e do adolescente\", disse Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Segundo Roberta Bento, obviamente todo adulto \u00e9 respons\u00e1vel por auxiliar a crian\u00e7a e o adolescente a superarem os desafios da aprendizagem, utilizando os est\u00edmulos corretos. Por\u00e9m, n\u00e3o se tem \"todas as respostas sobre como nossas crian\u00e7as v\u00e3o superar todas as lacunas de defasagem de aprendizagem\", enfatizou Roberta. <\/p>\n\n\n\n
E \u00e9 neste contexto, ela concluiu, que a educa\u00e7\u00e3o parental adquire uma import\u00e2ncia ainda maior na atual conjuntura. \"Precisamos de pessoas de \u00e1reas de conhecimento diferentes que possam ajudar as fam\u00edlias a definir os pr\u00f3ximos passos. O educador parental \u00e9 figura fundamental para que a gente consiga resgatar o processo da aprendizagem por nossas crian\u00e7as e adolescentes.\"<\/p>\n","post_title":"O pesadelo de ver que seu filho n\u00e3o consegue aprender e detesta estudar","post_excerpt":"","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"dificuldades-de-aprendizagem-sao-desafio-para-pais","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:09:10","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:09:10","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45246","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":43541,"post_author":"42","post_date":"2021-10-28 17:24:01","post_date_gmt":"2021-10-28 20:24:01","post_content":"\n
Nosso mundo seguro, ou nosso \u201cmundo presumido\u201d, veio abaixo em poucas semanas a partir do in\u00edcio da pandemia de covid-19, no in\u00edcio de 2020. Al\u00e9m das mudan\u00e7as radicais de rotina de trabalho, isolamento social e perdas financeiras bruscas, fam\u00edlias come\u00e7aram a conviver com o luto. A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em Teoria, Pesquisa e Interven\u00e7\u00e3o em Luto e em A\u00e7\u00f5es Terap\u00eauticas para Situa\u00e7\u00f5es de Luto, trabalha com atendimentos referentes ao rompimento de v\u00ednculos e tem um olhar especial para as crian\u00e7as e adolescentes que perderam pais e familiares com a covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
Para agravar o quadro, as crian\u00e7as e adolescentes hoje s\u00e3o o que as especialistas chamam de \"gera\u00e7\u00e3o dopamina\". Os v\u00eddeos, os jogos, as curtidas, as postagens, a busca de lazer e divers\u00e3o \u00e9 imediata. \"E exige pouqu\u00edssimo esfor\u00e7o\", complementou Ta\u00eds. Com essa sensa\u00e7\u00e3o de prazer ocorrendo sempre de forma c\u00e9lere, o corpo perde a no\u00e7\u00e3o de senso de equil\u00edbrio entre prazer e dor. O prazer vence sempre, com uma libera\u00e7\u00e3o exagerada de dopamina. E claro, neste contexto, estudar est\u00e1 muito mais associado \u00e0 dor do que ao prazer, porque exige esfor\u00e7o. \"Estudar vira um peso\", acrescenta Ta\u00eds.<\/p>\n\n\n\n
O c\u00e9rebro dos pais, para completar, tamb\u00e9m est\u00e1 num est\u00e1gio bastante vulner\u00e1vel, explicou Roberta Bento, pois o ciclo maluco de trabalho, tentando conciliar a vida profissional com a vida dom\u00e9stica, gera curto-circuitos. \"A conviv\u00eancia e o relacionamento [com os filhos] fica muito mais dif\u00edcil.\"<\/p>\n\n\n\n
\"Educar os filhos para gostarem de estudar e se darem bem nos estudos \u00e9 um dos desafios em que precisamos focar agora, para que nossos filhos consigam seguir a vida deles de estudantes e desenvolvam um potencial pleno, apesar de tudo o que vivemos. S\u00f3 que \u00e9 mais f\u00e1cil para as crian\u00e7as do que para os adultos, mas eles dependem de n\u00f3s para retomar o ritmo de aprendizagem\", disse Roberta Bento.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
N\u00e3o se trata de banir a tecnologia<\/h2>\n\n\n\n
Roberta Bento enfatizou que, como educadora, \u00e9 totalmente favor\u00e1vel ao uso da tecnologia na educa\u00e7\u00e3o. \"O que gera uma rela\u00e7\u00e3o t\u00e3o pesada que nossos filhos t\u00eam com os estudos \u00e9 tudo o que eles deixam de fazer quando viver nas telas passa a ser o padr\u00e3o dentro de casa, quando n\u00e3o h\u00e1 equil\u00edbrio entre tempo de tela e tempo de conviv\u00eancia em fam\u00edlia\", justifica. <\/p>\n\n\n\n
\"Quando eles est\u00e3o conectados em telas, diminui a qualidade e quantidade de intera\u00e7\u00f5es entre os membros da fam\u00edlia, o que \u00e9 essencial para a linguagem e o desenvolvimento emocional.\"<\/p>\n\n\n\n
Se a crian\u00e7a e o adolescente s\u00e3o absorvidos pelo mundo das telas, n\u00e3o sobre tempo para a intera\u00e7\u00e3o familiar, o que \u00e9 essencial para o desenvolvimento cognitivo, explicaram.<\/p>\n\n\n\n
Transtornos do sono e sedentarismo<\/h2>\n\n\n\n
\"Eu posso deixar o meu filho ter o tempo de tela dele. Mas preciso trazer de volta aquele momento em que escutamos uma m\u00fasica juntos, em que sentamos para desenhar\", exemplifica Roberta.<\/p>\n\n\n\n
Dormir tamb\u00e9m \u00e9 fundamental para aprender. Crian\u00e7a que n\u00e3o faz da forma correta a higiene do sono, com uma noite mal dormida, ter\u00e1 um c\u00e9rebro cansado \"e cheio de toxinas que atrapalham a conex\u00e3o dos neur\u00f4nios, que transformam o desafio de aprendizagem quase imposs\u00edvel de ser vencido\", afirmou.<\/p>\n\n\n\n
O sedentarismo excessivo \u00e9 outro fator que aumenta as dificuldades de aprendizagem. \"Praticar atividade f\u00edsica \u00e9 uma forma do nosso c\u00e9rebro produzir novos neur\u00f4nios. Isso impacta muito no aprendizado e no desenvolvimento da crian\u00e7a e do adolescente\", disse Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Segundo Roberta Bento, obviamente todo adulto \u00e9 respons\u00e1vel por auxiliar a crian\u00e7a e o adolescente a superarem os desafios da aprendizagem, utilizando os est\u00edmulos corretos. Por\u00e9m, n\u00e3o se tem \"todas as respostas sobre como nossas crian\u00e7as v\u00e3o superar todas as lacunas de defasagem de aprendizagem\", enfatizou Roberta. <\/p>\n\n\n\n
E \u00e9 neste contexto, ela concluiu, que a educa\u00e7\u00e3o parental adquire uma import\u00e2ncia ainda maior na atual conjuntura. \"Precisamos de pessoas de \u00e1reas de conhecimento diferentes que possam ajudar as fam\u00edlias a definir os pr\u00f3ximos passos. O educador parental \u00e9 figura fundamental para que a gente consiga resgatar o processo da aprendizagem por nossas crian\u00e7as e adolescentes.\"<\/p>\n","post_title":"O pesadelo de ver que seu filho n\u00e3o consegue aprender e detesta estudar","post_excerpt":"","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"dificuldades-de-aprendizagem-sao-desafio-para-pais","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:09:10","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:09:10","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45246","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":43541,"post_author":"42","post_date":"2021-10-28 17:24:01","post_date_gmt":"2021-10-28 20:24:01","post_content":"\n
Nosso mundo seguro, ou nosso \u201cmundo presumido\u201d, veio abaixo em poucas semanas a partir do in\u00edcio da pandemia de covid-19, no in\u00edcio de 2020. Al\u00e9m das mudan\u00e7as radicais de rotina de trabalho, isolamento social e perdas financeiras bruscas, fam\u00edlias come\u00e7aram a conviver com o luto. A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em Teoria, Pesquisa e Interven\u00e7\u00e3o em Luto e em A\u00e7\u00f5es Terap\u00eauticas para Situa\u00e7\u00f5es de Luto, trabalha com atendimentos referentes ao rompimento de v\u00ednculos e tem um olhar especial para as crian\u00e7as e adolescentes que perderam pais e familiares com a covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
Roberta Bento explicou que a \"s\u00edndrome do desgaste por empatia\" j\u00e1 era um termo muito conhecido, entre cuidadores na \u00e1rea da sa\u00fade, por exemplo, mas ganhou novos contornos com a pandemia, na \u00e1rea da educa\u00e7\u00e3o. \"Quando existe um desequil\u00edbrio por uma situa\u00e7\u00e3o emocional que vivemos e n\u00e3o temos consci\u00eancia, fica muito dif\u00edcil ajudar a pessoa. O pesadelo de ver o filho n\u00e3o conseguir se concentrar na aula remota, n\u00e3o conseguir dar conta do ac\u00famulo de atividades online, n\u00e3o ligar a c\u00e2mera, isso tudo se tornou ainda mais grave e impactou os alunos, porque os adultos respons\u00e1veis por eles estavam tamb\u00e9m desequilibrados na tentativa de ajud\u00e1-los\", afirmou a educadora Roberta Bento.<\/p>\n\n\n\n
Para agravar o quadro, as crian\u00e7as e adolescentes hoje s\u00e3o o que as especialistas chamam de \"gera\u00e7\u00e3o dopamina\". Os v\u00eddeos, os jogos, as curtidas, as postagens, a busca de lazer e divers\u00e3o \u00e9 imediata. \"E exige pouqu\u00edssimo esfor\u00e7o\", complementou Ta\u00eds. Com essa sensa\u00e7\u00e3o de prazer ocorrendo sempre de forma c\u00e9lere, o corpo perde a no\u00e7\u00e3o de senso de equil\u00edbrio entre prazer e dor. O prazer vence sempre, com uma libera\u00e7\u00e3o exagerada de dopamina. E claro, neste contexto, estudar est\u00e1 muito mais associado \u00e0 dor do que ao prazer, porque exige esfor\u00e7o. \"Estudar vira um peso\", acrescenta Ta\u00eds.<\/p>\n\n\n\n
O c\u00e9rebro dos pais, para completar, tamb\u00e9m est\u00e1 num est\u00e1gio bastante vulner\u00e1vel, explicou Roberta Bento, pois o ciclo maluco de trabalho, tentando conciliar a vida profissional com a vida dom\u00e9stica, gera curto-circuitos. \"A conviv\u00eancia e o relacionamento [com os filhos] fica muito mais dif\u00edcil.\"<\/p>\n\n\n\n
\"Educar os filhos para gostarem de estudar e se darem bem nos estudos \u00e9 um dos desafios em que precisamos focar agora, para que nossos filhos consigam seguir a vida deles de estudantes e desenvolvam um potencial pleno, apesar de tudo o que vivemos. S\u00f3 que \u00e9 mais f\u00e1cil para as crian\u00e7as do que para os adultos, mas eles dependem de n\u00f3s para retomar o ritmo de aprendizagem\", disse Roberta Bento.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
N\u00e3o se trata de banir a tecnologia<\/h2>\n\n\n\n
Roberta Bento enfatizou que, como educadora, \u00e9 totalmente favor\u00e1vel ao uso da tecnologia na educa\u00e7\u00e3o. \"O que gera uma rela\u00e7\u00e3o t\u00e3o pesada que nossos filhos t\u00eam com os estudos \u00e9 tudo o que eles deixam de fazer quando viver nas telas passa a ser o padr\u00e3o dentro de casa, quando n\u00e3o h\u00e1 equil\u00edbrio entre tempo de tela e tempo de conviv\u00eancia em fam\u00edlia\", justifica. <\/p>\n\n\n\n
\"Quando eles est\u00e3o conectados em telas, diminui a qualidade e quantidade de intera\u00e7\u00f5es entre os membros da fam\u00edlia, o que \u00e9 essencial para a linguagem e o desenvolvimento emocional.\"<\/p>\n\n\n\n
Se a crian\u00e7a e o adolescente s\u00e3o absorvidos pelo mundo das telas, n\u00e3o sobre tempo para a intera\u00e7\u00e3o familiar, o que \u00e9 essencial para o desenvolvimento cognitivo, explicaram.<\/p>\n\n\n\n
Transtornos do sono e sedentarismo<\/h2>\n\n\n\n
\"Eu posso deixar o meu filho ter o tempo de tela dele. Mas preciso trazer de volta aquele momento em que escutamos uma m\u00fasica juntos, em que sentamos para desenhar\", exemplifica Roberta.<\/p>\n\n\n\n
Dormir tamb\u00e9m \u00e9 fundamental para aprender. Crian\u00e7a que n\u00e3o faz da forma correta a higiene do sono, com uma noite mal dormida, ter\u00e1 um c\u00e9rebro cansado \"e cheio de toxinas que atrapalham a conex\u00e3o dos neur\u00f4nios, que transformam o desafio de aprendizagem quase imposs\u00edvel de ser vencido\", afirmou.<\/p>\n\n\n\n
O sedentarismo excessivo \u00e9 outro fator que aumenta as dificuldades de aprendizagem. \"Praticar atividade f\u00edsica \u00e9 uma forma do nosso c\u00e9rebro produzir novos neur\u00f4nios. Isso impacta muito no aprendizado e no desenvolvimento da crian\u00e7a e do adolescente\", disse Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Segundo Roberta Bento, obviamente todo adulto \u00e9 respons\u00e1vel por auxiliar a crian\u00e7a e o adolescente a superarem os desafios da aprendizagem, utilizando os est\u00edmulos corretos. Por\u00e9m, n\u00e3o se tem \"todas as respostas sobre como nossas crian\u00e7as v\u00e3o superar todas as lacunas de defasagem de aprendizagem\", enfatizou Roberta. <\/p>\n\n\n\n
E \u00e9 neste contexto, ela concluiu, que a educa\u00e7\u00e3o parental adquire uma import\u00e2ncia ainda maior na atual conjuntura. \"Precisamos de pessoas de \u00e1reas de conhecimento diferentes que possam ajudar as fam\u00edlias a definir os pr\u00f3ximos passos. O educador parental \u00e9 figura fundamental para que a gente consiga resgatar o processo da aprendizagem por nossas crian\u00e7as e adolescentes.\"<\/p>\n","post_title":"O pesadelo de ver que seu filho n\u00e3o consegue aprender e detesta estudar","post_excerpt":"","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"dificuldades-de-aprendizagem-sao-desafio-para-pais","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:09:10","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:09:10","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45246","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":43541,"post_author":"42","post_date":"2021-10-28 17:24:01","post_date_gmt":"2021-10-28 20:24:01","post_content":"\n
Nosso mundo seguro, ou nosso \u201cmundo presumido\u201d, veio abaixo em poucas semanas a partir do in\u00edcio da pandemia de covid-19, no in\u00edcio de 2020. Al\u00e9m das mudan\u00e7as radicais de rotina de trabalho, isolamento social e perdas financeiras bruscas, fam\u00edlias come\u00e7aram a conviver com o luto. A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em Teoria, Pesquisa e Interven\u00e7\u00e3o em Luto e em A\u00e7\u00f5es Terap\u00eauticas para Situa\u00e7\u00f5es de Luto, trabalha com atendimentos referentes ao rompimento de v\u00ednculos e tem um olhar especial para as crian\u00e7as e adolescentes que perderam pais e familiares com a covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\"O processo de aprendizagem envolve 98% de horm\u00f4nios e s\u00f3 2% de neur\u00f4nios. O estado emocional da crian\u00e7a, na hora em que vai para a escola, tem um impacto gigantesco no processo de aprendizagem\", explicou Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Roberta Bento explicou que a \"s\u00edndrome do desgaste por empatia\" j\u00e1 era um termo muito conhecido, entre cuidadores na \u00e1rea da sa\u00fade, por exemplo, mas ganhou novos contornos com a pandemia, na \u00e1rea da educa\u00e7\u00e3o. \"Quando existe um desequil\u00edbrio por uma situa\u00e7\u00e3o emocional que vivemos e n\u00e3o temos consci\u00eancia, fica muito dif\u00edcil ajudar a pessoa. O pesadelo de ver o filho n\u00e3o conseguir se concentrar na aula remota, n\u00e3o conseguir dar conta do ac\u00famulo de atividades online, n\u00e3o ligar a c\u00e2mera, isso tudo se tornou ainda mais grave e impactou os alunos, porque os adultos respons\u00e1veis por eles estavam tamb\u00e9m desequilibrados na tentativa de ajud\u00e1-los\", afirmou a educadora Roberta Bento.<\/p>\n\n\n\n
Para agravar o quadro, as crian\u00e7as e adolescentes hoje s\u00e3o o que as especialistas chamam de \"gera\u00e7\u00e3o dopamina\". Os v\u00eddeos, os jogos, as curtidas, as postagens, a busca de lazer e divers\u00e3o \u00e9 imediata. \"E exige pouqu\u00edssimo esfor\u00e7o\", complementou Ta\u00eds. Com essa sensa\u00e7\u00e3o de prazer ocorrendo sempre de forma c\u00e9lere, o corpo perde a no\u00e7\u00e3o de senso de equil\u00edbrio entre prazer e dor. O prazer vence sempre, com uma libera\u00e7\u00e3o exagerada de dopamina. E claro, neste contexto, estudar est\u00e1 muito mais associado \u00e0 dor do que ao prazer, porque exige esfor\u00e7o. \"Estudar vira um peso\", acrescenta Ta\u00eds.<\/p>\n\n\n\n
O c\u00e9rebro dos pais, para completar, tamb\u00e9m est\u00e1 num est\u00e1gio bastante vulner\u00e1vel, explicou Roberta Bento, pois o ciclo maluco de trabalho, tentando conciliar a vida profissional com a vida dom\u00e9stica, gera curto-circuitos. \"A conviv\u00eancia e o relacionamento [com os filhos] fica muito mais dif\u00edcil.\"<\/p>\n\n\n\n
\"Educar os filhos para gostarem de estudar e se darem bem nos estudos \u00e9 um dos desafios em que precisamos focar agora, para que nossos filhos consigam seguir a vida deles de estudantes e desenvolvam um potencial pleno, apesar de tudo o que vivemos. S\u00f3 que \u00e9 mais f\u00e1cil para as crian\u00e7as do que para os adultos, mas eles dependem de n\u00f3s para retomar o ritmo de aprendizagem\", disse Roberta Bento.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
N\u00e3o se trata de banir a tecnologia<\/h2>\n\n\n\n
Roberta Bento enfatizou que, como educadora, \u00e9 totalmente favor\u00e1vel ao uso da tecnologia na educa\u00e7\u00e3o. \"O que gera uma rela\u00e7\u00e3o t\u00e3o pesada que nossos filhos t\u00eam com os estudos \u00e9 tudo o que eles deixam de fazer quando viver nas telas passa a ser o padr\u00e3o dentro de casa, quando n\u00e3o h\u00e1 equil\u00edbrio entre tempo de tela e tempo de conviv\u00eancia em fam\u00edlia\", justifica. <\/p>\n\n\n\n
\"Quando eles est\u00e3o conectados em telas, diminui a qualidade e quantidade de intera\u00e7\u00f5es entre os membros da fam\u00edlia, o que \u00e9 essencial para a linguagem e o desenvolvimento emocional.\"<\/p>\n\n\n\n
Se a crian\u00e7a e o adolescente s\u00e3o absorvidos pelo mundo das telas, n\u00e3o sobre tempo para a intera\u00e7\u00e3o familiar, o que \u00e9 essencial para o desenvolvimento cognitivo, explicaram.<\/p>\n\n\n\n
Transtornos do sono e sedentarismo<\/h2>\n\n\n\n
\"Eu posso deixar o meu filho ter o tempo de tela dele. Mas preciso trazer de volta aquele momento em que escutamos uma m\u00fasica juntos, em que sentamos para desenhar\", exemplifica Roberta.<\/p>\n\n\n\n
Dormir tamb\u00e9m \u00e9 fundamental para aprender. Crian\u00e7a que n\u00e3o faz da forma correta a higiene do sono, com uma noite mal dormida, ter\u00e1 um c\u00e9rebro cansado \"e cheio de toxinas que atrapalham a conex\u00e3o dos neur\u00f4nios, que transformam o desafio de aprendizagem quase imposs\u00edvel de ser vencido\", afirmou.<\/p>\n\n\n\n
O sedentarismo excessivo \u00e9 outro fator que aumenta as dificuldades de aprendizagem. \"Praticar atividade f\u00edsica \u00e9 uma forma do nosso c\u00e9rebro produzir novos neur\u00f4nios. Isso impacta muito no aprendizado e no desenvolvimento da crian\u00e7a e do adolescente\", disse Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Segundo Roberta Bento, obviamente todo adulto \u00e9 respons\u00e1vel por auxiliar a crian\u00e7a e o adolescente a superarem os desafios da aprendizagem, utilizando os est\u00edmulos corretos. Por\u00e9m, n\u00e3o se tem \"todas as respostas sobre como nossas crian\u00e7as v\u00e3o superar todas as lacunas de defasagem de aprendizagem\", enfatizou Roberta. <\/p>\n\n\n\n
E \u00e9 neste contexto, ela concluiu, que a educa\u00e7\u00e3o parental adquire uma import\u00e2ncia ainda maior na atual conjuntura. \"Precisamos de pessoas de \u00e1reas de conhecimento diferentes que possam ajudar as fam\u00edlias a definir os pr\u00f3ximos passos. O educador parental \u00e9 figura fundamental para que a gente consiga resgatar o processo da aprendizagem por nossas crian\u00e7as e adolescentes.\"<\/p>\n","post_title":"O pesadelo de ver que seu filho n\u00e3o consegue aprender e detesta estudar","post_excerpt":"","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"dificuldades-de-aprendizagem-sao-desafio-para-pais","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:09:10","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:09:10","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45246","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":43541,"post_author":"42","post_date":"2021-10-28 17:24:01","post_date_gmt":"2021-10-28 20:24:01","post_content":"\n
Nosso mundo seguro, ou nosso \u201cmundo presumido\u201d, veio abaixo em poucas semanas a partir do in\u00edcio da pandemia de covid-19, no in\u00edcio de 2020. Al\u00e9m das mudan\u00e7as radicais de rotina de trabalho, isolamento social e perdas financeiras bruscas, fam\u00edlias come\u00e7aram a conviver com o luto. A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em Teoria, Pesquisa e Interven\u00e7\u00e3o em Luto e em A\u00e7\u00f5es Terap\u00eauticas para Situa\u00e7\u00f5es de Luto, trabalha com atendimentos referentes ao rompimento de v\u00ednculos e tem um olhar especial para as crian\u00e7as e adolescentes que perderam pais e familiares com a covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
Antes mesmo da pandemia, as dificuldades de aprendizagem j\u00e1 eram evidentes, pontuaram as especialistas, fundadores do site SOS Educa\u00e7\u00e3o e autores do livro \"Socorro, meu filho n\u00e3o estuda!\". No entanto, obviamente os dois \u00faltimos anos escancararam o problema, sobretudo porque o estresse cont\u00ednuo ao qual adultos e crian\u00e7as est\u00e3o submetidos no mundo contempor\u00e2neo se tornou ainda mais intenso.<\/p>\n\n\n\n
\"O processo de aprendizagem envolve 98% de horm\u00f4nios e s\u00f3 2% de neur\u00f4nios. O estado emocional da crian\u00e7a, na hora em que vai para a escola, tem um impacto gigantesco no processo de aprendizagem\", explicou Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Roberta Bento explicou que a \"s\u00edndrome do desgaste por empatia\" j\u00e1 era um termo muito conhecido, entre cuidadores na \u00e1rea da sa\u00fade, por exemplo, mas ganhou novos contornos com a pandemia, na \u00e1rea da educa\u00e7\u00e3o. \"Quando existe um desequil\u00edbrio por uma situa\u00e7\u00e3o emocional que vivemos e n\u00e3o temos consci\u00eancia, fica muito dif\u00edcil ajudar a pessoa. O pesadelo de ver o filho n\u00e3o conseguir se concentrar na aula remota, n\u00e3o conseguir dar conta do ac\u00famulo de atividades online, n\u00e3o ligar a c\u00e2mera, isso tudo se tornou ainda mais grave e impactou os alunos, porque os adultos respons\u00e1veis por eles estavam tamb\u00e9m desequilibrados na tentativa de ajud\u00e1-los\", afirmou a educadora Roberta Bento.<\/p>\n\n\n\n
Para agravar o quadro, as crian\u00e7as e adolescentes hoje s\u00e3o o que as especialistas chamam de \"gera\u00e7\u00e3o dopamina\". Os v\u00eddeos, os jogos, as curtidas, as postagens, a busca de lazer e divers\u00e3o \u00e9 imediata. \"E exige pouqu\u00edssimo esfor\u00e7o\", complementou Ta\u00eds. Com essa sensa\u00e7\u00e3o de prazer ocorrendo sempre de forma c\u00e9lere, o corpo perde a no\u00e7\u00e3o de senso de equil\u00edbrio entre prazer e dor. O prazer vence sempre, com uma libera\u00e7\u00e3o exagerada de dopamina. E claro, neste contexto, estudar est\u00e1 muito mais associado \u00e0 dor do que ao prazer, porque exige esfor\u00e7o. \"Estudar vira um peso\", acrescenta Ta\u00eds.<\/p>\n\n\n\n
O c\u00e9rebro dos pais, para completar, tamb\u00e9m est\u00e1 num est\u00e1gio bastante vulner\u00e1vel, explicou Roberta Bento, pois o ciclo maluco de trabalho, tentando conciliar a vida profissional com a vida dom\u00e9stica, gera curto-circuitos. \"A conviv\u00eancia e o relacionamento [com os filhos] fica muito mais dif\u00edcil.\"<\/p>\n\n\n\n
\"Educar os filhos para gostarem de estudar e se darem bem nos estudos \u00e9 um dos desafios em que precisamos focar agora, para que nossos filhos consigam seguir a vida deles de estudantes e desenvolvam um potencial pleno, apesar de tudo o que vivemos. S\u00f3 que \u00e9 mais f\u00e1cil para as crian\u00e7as do que para os adultos, mas eles dependem de n\u00f3s para retomar o ritmo de aprendizagem\", disse Roberta Bento.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
N\u00e3o se trata de banir a tecnologia<\/h2>\n\n\n\n
Roberta Bento enfatizou que, como educadora, \u00e9 totalmente favor\u00e1vel ao uso da tecnologia na educa\u00e7\u00e3o. \"O que gera uma rela\u00e7\u00e3o t\u00e3o pesada que nossos filhos t\u00eam com os estudos \u00e9 tudo o que eles deixam de fazer quando viver nas telas passa a ser o padr\u00e3o dentro de casa, quando n\u00e3o h\u00e1 equil\u00edbrio entre tempo de tela e tempo de conviv\u00eancia em fam\u00edlia\", justifica. <\/p>\n\n\n\n
\"Quando eles est\u00e3o conectados em telas, diminui a qualidade e quantidade de intera\u00e7\u00f5es entre os membros da fam\u00edlia, o que \u00e9 essencial para a linguagem e o desenvolvimento emocional.\"<\/p>\n\n\n\n
Se a crian\u00e7a e o adolescente s\u00e3o absorvidos pelo mundo das telas, n\u00e3o sobre tempo para a intera\u00e7\u00e3o familiar, o que \u00e9 essencial para o desenvolvimento cognitivo, explicaram.<\/p>\n\n\n\n
Transtornos do sono e sedentarismo<\/h2>\n\n\n\n
\"Eu posso deixar o meu filho ter o tempo de tela dele. Mas preciso trazer de volta aquele momento em que escutamos uma m\u00fasica juntos, em que sentamos para desenhar\", exemplifica Roberta.<\/p>\n\n\n\n
Dormir tamb\u00e9m \u00e9 fundamental para aprender. Crian\u00e7a que n\u00e3o faz da forma correta a higiene do sono, com uma noite mal dormida, ter\u00e1 um c\u00e9rebro cansado \"e cheio de toxinas que atrapalham a conex\u00e3o dos neur\u00f4nios, que transformam o desafio de aprendizagem quase imposs\u00edvel de ser vencido\", afirmou.<\/p>\n\n\n\n
O sedentarismo excessivo \u00e9 outro fator que aumenta as dificuldades de aprendizagem. \"Praticar atividade f\u00edsica \u00e9 uma forma do nosso c\u00e9rebro produzir novos neur\u00f4nios. Isso impacta muito no aprendizado e no desenvolvimento da crian\u00e7a e do adolescente\", disse Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Segundo Roberta Bento, obviamente todo adulto \u00e9 respons\u00e1vel por auxiliar a crian\u00e7a e o adolescente a superarem os desafios da aprendizagem, utilizando os est\u00edmulos corretos. Por\u00e9m, n\u00e3o se tem \"todas as respostas sobre como nossas crian\u00e7as v\u00e3o superar todas as lacunas de defasagem de aprendizagem\", enfatizou Roberta. <\/p>\n\n\n\n
E \u00e9 neste contexto, ela concluiu, que a educa\u00e7\u00e3o parental adquire uma import\u00e2ncia ainda maior na atual conjuntura. \"Precisamos de pessoas de \u00e1reas de conhecimento diferentes que possam ajudar as fam\u00edlias a definir os pr\u00f3ximos passos. O educador parental \u00e9 figura fundamental para que a gente consiga resgatar o processo da aprendizagem por nossas crian\u00e7as e adolescentes.\"<\/p>\n","post_title":"O pesadelo de ver que seu filho n\u00e3o consegue aprender e detesta estudar","post_excerpt":"","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"dificuldades-de-aprendizagem-sao-desafio-para-pais","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:09:10","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:09:10","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45246","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":43541,"post_author":"42","post_date":"2021-10-28 17:24:01","post_date_gmt":"2021-10-28 20:24:01","post_content":"\n
Nosso mundo seguro, ou nosso \u201cmundo presumido\u201d, veio abaixo em poucas semanas a partir do in\u00edcio da pandemia de covid-19, no in\u00edcio de 2020. Al\u00e9m das mudan\u00e7as radicais de rotina de trabalho, isolamento social e perdas financeiras bruscas, fam\u00edlias come\u00e7aram a conviver com o luto. A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em Teoria, Pesquisa e Interven\u00e7\u00e3o em Luto e em A\u00e7\u00f5es Terap\u00eauticas para Situa\u00e7\u00f5es de Luto, trabalha com atendimentos referentes ao rompimento de v\u00ednculos e tem um olhar especial para as crian\u00e7as e adolescentes que perderam pais e familiares com a covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
Falta de habilidades b\u00e1sicas (paci\u00eancia, persist\u00eancia, capacidade de lidar com frustra\u00e7\u00f5es, por exemplo)<\/li>
C\u00e9rebro sob estresse constante<\/li>
S\u00edndrome do desgaste por empatia (o cuidador n\u00e3o consegue auxiliar a crian\u00e7a e se desespera)<\/li>
Gera\u00e7\u00e3o Dopamina (o imediatismo do prazer e do lazer, sem esfor\u00e7o)<\/li>
Pais multitarefas<\/li><\/ul>\n\n\n\n
Antes mesmo da pandemia, as dificuldades de aprendizagem j\u00e1 eram evidentes, pontuaram as especialistas, fundadores do site SOS Educa\u00e7\u00e3o e autores do livro \"Socorro, meu filho n\u00e3o estuda!\". No entanto, obviamente os dois \u00faltimos anos escancararam o problema, sobretudo porque o estresse cont\u00ednuo ao qual adultos e crian\u00e7as est\u00e3o submetidos no mundo contempor\u00e2neo se tornou ainda mais intenso.<\/p>\n\n\n\n
\"O processo de aprendizagem envolve 98% de horm\u00f4nios e s\u00f3 2% de neur\u00f4nios. O estado emocional da crian\u00e7a, na hora em que vai para a escola, tem um impacto gigantesco no processo de aprendizagem\", explicou Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Roberta Bento explicou que a \"s\u00edndrome do desgaste por empatia\" j\u00e1 era um termo muito conhecido, entre cuidadores na \u00e1rea da sa\u00fade, por exemplo, mas ganhou novos contornos com a pandemia, na \u00e1rea da educa\u00e7\u00e3o. \"Quando existe um desequil\u00edbrio por uma situa\u00e7\u00e3o emocional que vivemos e n\u00e3o temos consci\u00eancia, fica muito dif\u00edcil ajudar a pessoa. O pesadelo de ver o filho n\u00e3o conseguir se concentrar na aula remota, n\u00e3o conseguir dar conta do ac\u00famulo de atividades online, n\u00e3o ligar a c\u00e2mera, isso tudo se tornou ainda mais grave e impactou os alunos, porque os adultos respons\u00e1veis por eles estavam tamb\u00e9m desequilibrados na tentativa de ajud\u00e1-los\", afirmou a educadora Roberta Bento.<\/p>\n\n\n\n
Para agravar o quadro, as crian\u00e7as e adolescentes hoje s\u00e3o o que as especialistas chamam de \"gera\u00e7\u00e3o dopamina\". Os v\u00eddeos, os jogos, as curtidas, as postagens, a busca de lazer e divers\u00e3o \u00e9 imediata. \"E exige pouqu\u00edssimo esfor\u00e7o\", complementou Ta\u00eds. Com essa sensa\u00e7\u00e3o de prazer ocorrendo sempre de forma c\u00e9lere, o corpo perde a no\u00e7\u00e3o de senso de equil\u00edbrio entre prazer e dor. O prazer vence sempre, com uma libera\u00e7\u00e3o exagerada de dopamina. E claro, neste contexto, estudar est\u00e1 muito mais associado \u00e0 dor do que ao prazer, porque exige esfor\u00e7o. \"Estudar vira um peso\", acrescenta Ta\u00eds.<\/p>\n\n\n\n
O c\u00e9rebro dos pais, para completar, tamb\u00e9m est\u00e1 num est\u00e1gio bastante vulner\u00e1vel, explicou Roberta Bento, pois o ciclo maluco de trabalho, tentando conciliar a vida profissional com a vida dom\u00e9stica, gera curto-circuitos. \"A conviv\u00eancia e o relacionamento [com os filhos] fica muito mais dif\u00edcil.\"<\/p>\n\n\n\n
\"Educar os filhos para gostarem de estudar e se darem bem nos estudos \u00e9 um dos desafios em que precisamos focar agora, para que nossos filhos consigam seguir a vida deles de estudantes e desenvolvam um potencial pleno, apesar de tudo o que vivemos. S\u00f3 que \u00e9 mais f\u00e1cil para as crian\u00e7as do que para os adultos, mas eles dependem de n\u00f3s para retomar o ritmo de aprendizagem\", disse Roberta Bento.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
N\u00e3o se trata de banir a tecnologia<\/h2>\n\n\n\n
Roberta Bento enfatizou que, como educadora, \u00e9 totalmente favor\u00e1vel ao uso da tecnologia na educa\u00e7\u00e3o. \"O que gera uma rela\u00e7\u00e3o t\u00e3o pesada que nossos filhos t\u00eam com os estudos \u00e9 tudo o que eles deixam de fazer quando viver nas telas passa a ser o padr\u00e3o dentro de casa, quando n\u00e3o h\u00e1 equil\u00edbrio entre tempo de tela e tempo de conviv\u00eancia em fam\u00edlia\", justifica. <\/p>\n\n\n\n
\"Quando eles est\u00e3o conectados em telas, diminui a qualidade e quantidade de intera\u00e7\u00f5es entre os membros da fam\u00edlia, o que \u00e9 essencial para a linguagem e o desenvolvimento emocional.\"<\/p>\n\n\n\n
Se a crian\u00e7a e o adolescente s\u00e3o absorvidos pelo mundo das telas, n\u00e3o sobre tempo para a intera\u00e7\u00e3o familiar, o que \u00e9 essencial para o desenvolvimento cognitivo, explicaram.<\/p>\n\n\n\n
Transtornos do sono e sedentarismo<\/h2>\n\n\n\n
\"Eu posso deixar o meu filho ter o tempo de tela dele. Mas preciso trazer de volta aquele momento em que escutamos uma m\u00fasica juntos, em que sentamos para desenhar\", exemplifica Roberta.<\/p>\n\n\n\n
Dormir tamb\u00e9m \u00e9 fundamental para aprender. Crian\u00e7a que n\u00e3o faz da forma correta a higiene do sono, com uma noite mal dormida, ter\u00e1 um c\u00e9rebro cansado \"e cheio de toxinas que atrapalham a conex\u00e3o dos neur\u00f4nios, que transformam o desafio de aprendizagem quase imposs\u00edvel de ser vencido\", afirmou.<\/p>\n\n\n\n
O sedentarismo excessivo \u00e9 outro fator que aumenta as dificuldades de aprendizagem. \"Praticar atividade f\u00edsica \u00e9 uma forma do nosso c\u00e9rebro produzir novos neur\u00f4nios. Isso impacta muito no aprendizado e no desenvolvimento da crian\u00e7a e do adolescente\", disse Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Segundo Roberta Bento, obviamente todo adulto \u00e9 respons\u00e1vel por auxiliar a crian\u00e7a e o adolescente a superarem os desafios da aprendizagem, utilizando os est\u00edmulos corretos. Por\u00e9m, n\u00e3o se tem \"todas as respostas sobre como nossas crian\u00e7as v\u00e3o superar todas as lacunas de defasagem de aprendizagem\", enfatizou Roberta. <\/p>\n\n\n\n
E \u00e9 neste contexto, ela concluiu, que a educa\u00e7\u00e3o parental adquire uma import\u00e2ncia ainda maior na atual conjuntura. \"Precisamos de pessoas de \u00e1reas de conhecimento diferentes que possam ajudar as fam\u00edlias a definir os pr\u00f3ximos passos. O educador parental \u00e9 figura fundamental para que a gente consiga resgatar o processo da aprendizagem por nossas crian\u00e7as e adolescentes.\"<\/p>\n","post_title":"O pesadelo de ver que seu filho n\u00e3o consegue aprender e detesta estudar","post_excerpt":"","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"dificuldades-de-aprendizagem-sao-desafio-para-pais","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:09:10","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:09:10","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45246","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":43541,"post_author":"42","post_date":"2021-10-28 17:24:01","post_date_gmt":"2021-10-28 20:24:01","post_content":"\n
Nosso mundo seguro, ou nosso \u201cmundo presumido\u201d, veio abaixo em poucas semanas a partir do in\u00edcio da pandemia de covid-19, no in\u00edcio de 2020. Al\u00e9m das mudan\u00e7as radicais de rotina de trabalho, isolamento social e perdas financeiras bruscas, fam\u00edlias come\u00e7aram a conviver com o luto. A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em Teoria, Pesquisa e Interven\u00e7\u00e3o em Luto e em A\u00e7\u00f5es Terap\u00eauticas para Situa\u00e7\u00f5es de Luto, trabalha com atendimentos referentes ao rompimento de v\u00ednculos e tem um olhar especial para as crian\u00e7as e adolescentes que perderam pais e familiares com a covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
O desgaste emocional \u00e9 imenso: a crian\u00e7a n\u00e3o consegue aprender, se concentrar e desenvolve uma rela\u00e7\u00e3o de horror pelos estudos. Mas por que ser\u00e1 que as dificuldades de aprendizagem se tornaram um desafio t\u00e3o gigantesco para pais, professores, educadores e gestores escolares? Roberta Bento e Ta\u00eds Bento, m\u00e3e e filha, respectivamente, dedicaram-se a aplicar a neuroci\u00eancia na educa\u00e7\u00e3o e compreender profundamente esse processo, oferecendo \u00e0s fam\u00edlias e aos educadores respostas claras e objetivas. Elas apresentaram, durante palestra no 2\u00ba Congresso Internacional de Educa\u00e7\u00e3o Parental, organizado pela Canguru News<\/strong>, quais s\u00e3o os 5 aspectos que dificultam o processo de aprendizagem:<\/p>\n\n\n\n
Falta de habilidades b\u00e1sicas (paci\u00eancia, persist\u00eancia, capacidade de lidar com frustra\u00e7\u00f5es, por exemplo)<\/li>
C\u00e9rebro sob estresse constante<\/li>
S\u00edndrome do desgaste por empatia (o cuidador n\u00e3o consegue auxiliar a crian\u00e7a e se desespera)<\/li>
Gera\u00e7\u00e3o Dopamina (o imediatismo do prazer e do lazer, sem esfor\u00e7o)<\/li>
Pais multitarefas<\/li><\/ul>\n\n\n\n
Antes mesmo da pandemia, as dificuldades de aprendizagem j\u00e1 eram evidentes, pontuaram as especialistas, fundadores do site SOS Educa\u00e7\u00e3o e autores do livro \"Socorro, meu filho n\u00e3o estuda!\". No entanto, obviamente os dois \u00faltimos anos escancararam o problema, sobretudo porque o estresse cont\u00ednuo ao qual adultos e crian\u00e7as est\u00e3o submetidos no mundo contempor\u00e2neo se tornou ainda mais intenso.<\/p>\n\n\n\n
\"O processo de aprendizagem envolve 98% de horm\u00f4nios e s\u00f3 2% de neur\u00f4nios. O estado emocional da crian\u00e7a, na hora em que vai para a escola, tem um impacto gigantesco no processo de aprendizagem\", explicou Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Roberta Bento explicou que a \"s\u00edndrome do desgaste por empatia\" j\u00e1 era um termo muito conhecido, entre cuidadores na \u00e1rea da sa\u00fade, por exemplo, mas ganhou novos contornos com a pandemia, na \u00e1rea da educa\u00e7\u00e3o. \"Quando existe um desequil\u00edbrio por uma situa\u00e7\u00e3o emocional que vivemos e n\u00e3o temos consci\u00eancia, fica muito dif\u00edcil ajudar a pessoa. O pesadelo de ver o filho n\u00e3o conseguir se concentrar na aula remota, n\u00e3o conseguir dar conta do ac\u00famulo de atividades online, n\u00e3o ligar a c\u00e2mera, isso tudo se tornou ainda mais grave e impactou os alunos, porque os adultos respons\u00e1veis por eles estavam tamb\u00e9m desequilibrados na tentativa de ajud\u00e1-los\", afirmou a educadora Roberta Bento.<\/p>\n\n\n\n
Para agravar o quadro, as crian\u00e7as e adolescentes hoje s\u00e3o o que as especialistas chamam de \"gera\u00e7\u00e3o dopamina\". Os v\u00eddeos, os jogos, as curtidas, as postagens, a busca de lazer e divers\u00e3o \u00e9 imediata. \"E exige pouqu\u00edssimo esfor\u00e7o\", complementou Ta\u00eds. Com essa sensa\u00e7\u00e3o de prazer ocorrendo sempre de forma c\u00e9lere, o corpo perde a no\u00e7\u00e3o de senso de equil\u00edbrio entre prazer e dor. O prazer vence sempre, com uma libera\u00e7\u00e3o exagerada de dopamina. E claro, neste contexto, estudar est\u00e1 muito mais associado \u00e0 dor do que ao prazer, porque exige esfor\u00e7o. \"Estudar vira um peso\", acrescenta Ta\u00eds.<\/p>\n\n\n\n
O c\u00e9rebro dos pais, para completar, tamb\u00e9m est\u00e1 num est\u00e1gio bastante vulner\u00e1vel, explicou Roberta Bento, pois o ciclo maluco de trabalho, tentando conciliar a vida profissional com a vida dom\u00e9stica, gera curto-circuitos. \"A conviv\u00eancia e o relacionamento [com os filhos] fica muito mais dif\u00edcil.\"<\/p>\n\n\n\n
\"Educar os filhos para gostarem de estudar e se darem bem nos estudos \u00e9 um dos desafios em que precisamos focar agora, para que nossos filhos consigam seguir a vida deles de estudantes e desenvolvam um potencial pleno, apesar de tudo o que vivemos. S\u00f3 que \u00e9 mais f\u00e1cil para as crian\u00e7as do que para os adultos, mas eles dependem de n\u00f3s para retomar o ritmo de aprendizagem\", disse Roberta Bento.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
N\u00e3o se trata de banir a tecnologia<\/h2>\n\n\n\n
Roberta Bento enfatizou que, como educadora, \u00e9 totalmente favor\u00e1vel ao uso da tecnologia na educa\u00e7\u00e3o. \"O que gera uma rela\u00e7\u00e3o t\u00e3o pesada que nossos filhos t\u00eam com os estudos \u00e9 tudo o que eles deixam de fazer quando viver nas telas passa a ser o padr\u00e3o dentro de casa, quando n\u00e3o h\u00e1 equil\u00edbrio entre tempo de tela e tempo de conviv\u00eancia em fam\u00edlia\", justifica. <\/p>\n\n\n\n
\"Quando eles est\u00e3o conectados em telas, diminui a qualidade e quantidade de intera\u00e7\u00f5es entre os membros da fam\u00edlia, o que \u00e9 essencial para a linguagem e o desenvolvimento emocional.\"<\/p>\n\n\n\n
Se a crian\u00e7a e o adolescente s\u00e3o absorvidos pelo mundo das telas, n\u00e3o sobre tempo para a intera\u00e7\u00e3o familiar, o que \u00e9 essencial para o desenvolvimento cognitivo, explicaram.<\/p>\n\n\n\n
Transtornos do sono e sedentarismo<\/h2>\n\n\n\n
\"Eu posso deixar o meu filho ter o tempo de tela dele. Mas preciso trazer de volta aquele momento em que escutamos uma m\u00fasica juntos, em que sentamos para desenhar\", exemplifica Roberta.<\/p>\n\n\n\n
Dormir tamb\u00e9m \u00e9 fundamental para aprender. Crian\u00e7a que n\u00e3o faz da forma correta a higiene do sono, com uma noite mal dormida, ter\u00e1 um c\u00e9rebro cansado \"e cheio de toxinas que atrapalham a conex\u00e3o dos neur\u00f4nios, que transformam o desafio de aprendizagem quase imposs\u00edvel de ser vencido\", afirmou.<\/p>\n\n\n\n
O sedentarismo excessivo \u00e9 outro fator que aumenta as dificuldades de aprendizagem. \"Praticar atividade f\u00edsica \u00e9 uma forma do nosso c\u00e9rebro produzir novos neur\u00f4nios. Isso impacta muito no aprendizado e no desenvolvimento da crian\u00e7a e do adolescente\", disse Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Segundo Roberta Bento, obviamente todo adulto \u00e9 respons\u00e1vel por auxiliar a crian\u00e7a e o adolescente a superarem os desafios da aprendizagem, utilizando os est\u00edmulos corretos. Por\u00e9m, n\u00e3o se tem \"todas as respostas sobre como nossas crian\u00e7as v\u00e3o superar todas as lacunas de defasagem de aprendizagem\", enfatizou Roberta. <\/p>\n\n\n\n
E \u00e9 neste contexto, ela concluiu, que a educa\u00e7\u00e3o parental adquire uma import\u00e2ncia ainda maior na atual conjuntura. \"Precisamos de pessoas de \u00e1reas de conhecimento diferentes que possam ajudar as fam\u00edlias a definir os pr\u00f3ximos passos. O educador parental \u00e9 figura fundamental para que a gente consiga resgatar o processo da aprendizagem por nossas crian\u00e7as e adolescentes.\"<\/p>\n","post_title":"O pesadelo de ver que seu filho n\u00e3o consegue aprender e detesta estudar","post_excerpt":"","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"dificuldades-de-aprendizagem-sao-desafio-para-pais","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:09:10","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:09:10","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45246","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":43541,"post_author":"42","post_date":"2021-10-28 17:24:01","post_date_gmt":"2021-10-28 20:24:01","post_content":"\n
Nosso mundo seguro, ou nosso \u201cmundo presumido\u201d, veio abaixo em poucas semanas a partir do in\u00edcio da pandemia de covid-19, no in\u00edcio de 2020. Al\u00e9m das mudan\u00e7as radicais de rotina de trabalho, isolamento social e perdas financeiras bruscas, fam\u00edlias come\u00e7aram a conviver com o luto. A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em Teoria, Pesquisa e Interven\u00e7\u00e3o em Luto e em A\u00e7\u00f5es Terap\u00eauticas para Situa\u00e7\u00f5es de Luto, trabalha com atendimentos referentes ao rompimento de v\u00ednculos e tem um olhar especial para as crian\u00e7as e adolescentes que perderam pais e familiares com a covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\"A nossa sexualidade \u00e9 desenvolvida ao longo da vida. \u00c9 preciso cumprir nosso papel de educadores sexuais. O que eles far\u00e3o depois, escorre por nossas m\u00e3os. Estamos falando de orienta\u00e7\u00e3o sexual, n\u00e3o de op\u00e7\u00e3o sexual. Existem, nas escolas, muitos pensamentos distorcidos sobre o que \u00e9 educa\u00e7\u00e3o sexual\", desabafou a especialista. \"Educa\u00e7\u00e3o sexual n\u00e3o tem nada a ver com erotiza\u00e7\u00e3o.\" Ela defendeu, ainda, que os pais busquem um di\u00e1logo franco e aberto com as escolas sobre a educa\u00e7\u00e3o sexual. <\/p>\n","post_title":"\u2018Se seu filho falar com voc\u00ea sobre sexualidade, ele vai falar com voc\u00ea sobre qualquer assunto\u2019","post_excerpt":"Leiliane Rocha, psic\u00f3loga, falou no 2\u00ba Congresso Internacional de Educa\u00e7\u00e3o Parental sobre educa\u00e7\u00e3o sexual e a necessidade de quebrar tabus ","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"falar-sobre-sexualidade-e-sexo-com-as-criancas","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:08:58","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:08:58","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45386","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":45246,"post_author":"42","post_date":"2021-11-19 06:00:00","post_date_gmt":"2021-11-19 09:00:00","post_content":"\n
O desgaste emocional \u00e9 imenso: a crian\u00e7a n\u00e3o consegue aprender, se concentrar e desenvolve uma rela\u00e7\u00e3o de horror pelos estudos. Mas por que ser\u00e1 que as dificuldades de aprendizagem se tornaram um desafio t\u00e3o gigantesco para pais, professores, educadores e gestores escolares? Roberta Bento e Ta\u00eds Bento, m\u00e3e e filha, respectivamente, dedicaram-se a aplicar a neuroci\u00eancia na educa\u00e7\u00e3o e compreender profundamente esse processo, oferecendo \u00e0s fam\u00edlias e aos educadores respostas claras e objetivas. Elas apresentaram, durante palestra no 2\u00ba Congresso Internacional de Educa\u00e7\u00e3o Parental, organizado pela Canguru News<\/strong>, quais s\u00e3o os 5 aspectos que dificultam o processo de aprendizagem:<\/p>\n\n\n\n
Falta de habilidades b\u00e1sicas (paci\u00eancia, persist\u00eancia, capacidade de lidar com frustra\u00e7\u00f5es, por exemplo)<\/li>
C\u00e9rebro sob estresse constante<\/li>
S\u00edndrome do desgaste por empatia (o cuidador n\u00e3o consegue auxiliar a crian\u00e7a e se desespera)<\/li>
Gera\u00e7\u00e3o Dopamina (o imediatismo do prazer e do lazer, sem esfor\u00e7o)<\/li>
Pais multitarefas<\/li><\/ul>\n\n\n\n
Antes mesmo da pandemia, as dificuldades de aprendizagem j\u00e1 eram evidentes, pontuaram as especialistas, fundadores do site SOS Educa\u00e7\u00e3o e autores do livro \"Socorro, meu filho n\u00e3o estuda!\". No entanto, obviamente os dois \u00faltimos anos escancararam o problema, sobretudo porque o estresse cont\u00ednuo ao qual adultos e crian\u00e7as est\u00e3o submetidos no mundo contempor\u00e2neo se tornou ainda mais intenso.<\/p>\n\n\n\n
\"O processo de aprendizagem envolve 98% de horm\u00f4nios e s\u00f3 2% de neur\u00f4nios. O estado emocional da crian\u00e7a, na hora em que vai para a escola, tem um impacto gigantesco no processo de aprendizagem\", explicou Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Roberta Bento explicou que a \"s\u00edndrome do desgaste por empatia\" j\u00e1 era um termo muito conhecido, entre cuidadores na \u00e1rea da sa\u00fade, por exemplo, mas ganhou novos contornos com a pandemia, na \u00e1rea da educa\u00e7\u00e3o. \"Quando existe um desequil\u00edbrio por uma situa\u00e7\u00e3o emocional que vivemos e n\u00e3o temos consci\u00eancia, fica muito dif\u00edcil ajudar a pessoa. O pesadelo de ver o filho n\u00e3o conseguir se concentrar na aula remota, n\u00e3o conseguir dar conta do ac\u00famulo de atividades online, n\u00e3o ligar a c\u00e2mera, isso tudo se tornou ainda mais grave e impactou os alunos, porque os adultos respons\u00e1veis por eles estavam tamb\u00e9m desequilibrados na tentativa de ajud\u00e1-los\", afirmou a educadora Roberta Bento.<\/p>\n\n\n\n
Para agravar o quadro, as crian\u00e7as e adolescentes hoje s\u00e3o o que as especialistas chamam de \"gera\u00e7\u00e3o dopamina\". Os v\u00eddeos, os jogos, as curtidas, as postagens, a busca de lazer e divers\u00e3o \u00e9 imediata. \"E exige pouqu\u00edssimo esfor\u00e7o\", complementou Ta\u00eds. Com essa sensa\u00e7\u00e3o de prazer ocorrendo sempre de forma c\u00e9lere, o corpo perde a no\u00e7\u00e3o de senso de equil\u00edbrio entre prazer e dor. O prazer vence sempre, com uma libera\u00e7\u00e3o exagerada de dopamina. E claro, neste contexto, estudar est\u00e1 muito mais associado \u00e0 dor do que ao prazer, porque exige esfor\u00e7o. \"Estudar vira um peso\", acrescenta Ta\u00eds.<\/p>\n\n\n\n
O c\u00e9rebro dos pais, para completar, tamb\u00e9m est\u00e1 num est\u00e1gio bastante vulner\u00e1vel, explicou Roberta Bento, pois o ciclo maluco de trabalho, tentando conciliar a vida profissional com a vida dom\u00e9stica, gera curto-circuitos. \"A conviv\u00eancia e o relacionamento [com os filhos] fica muito mais dif\u00edcil.\"<\/p>\n\n\n\n
\"Educar os filhos para gostarem de estudar e se darem bem nos estudos \u00e9 um dos desafios em que precisamos focar agora, para que nossos filhos consigam seguir a vida deles de estudantes e desenvolvam um potencial pleno, apesar de tudo o que vivemos. S\u00f3 que \u00e9 mais f\u00e1cil para as crian\u00e7as do que para os adultos, mas eles dependem de n\u00f3s para retomar o ritmo de aprendizagem\", disse Roberta Bento.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
N\u00e3o se trata de banir a tecnologia<\/h2>\n\n\n\n
Roberta Bento enfatizou que, como educadora, \u00e9 totalmente favor\u00e1vel ao uso da tecnologia na educa\u00e7\u00e3o. \"O que gera uma rela\u00e7\u00e3o t\u00e3o pesada que nossos filhos t\u00eam com os estudos \u00e9 tudo o que eles deixam de fazer quando viver nas telas passa a ser o padr\u00e3o dentro de casa, quando n\u00e3o h\u00e1 equil\u00edbrio entre tempo de tela e tempo de conviv\u00eancia em fam\u00edlia\", justifica. <\/p>\n\n\n\n
\"Quando eles est\u00e3o conectados em telas, diminui a qualidade e quantidade de intera\u00e7\u00f5es entre os membros da fam\u00edlia, o que \u00e9 essencial para a linguagem e o desenvolvimento emocional.\"<\/p>\n\n\n\n
Se a crian\u00e7a e o adolescente s\u00e3o absorvidos pelo mundo das telas, n\u00e3o sobre tempo para a intera\u00e7\u00e3o familiar, o que \u00e9 essencial para o desenvolvimento cognitivo, explicaram.<\/p>\n\n\n\n
Transtornos do sono e sedentarismo<\/h2>\n\n\n\n
\"Eu posso deixar o meu filho ter o tempo de tela dele. Mas preciso trazer de volta aquele momento em que escutamos uma m\u00fasica juntos, em que sentamos para desenhar\", exemplifica Roberta.<\/p>\n\n\n\n
Dormir tamb\u00e9m \u00e9 fundamental para aprender. Crian\u00e7a que n\u00e3o faz da forma correta a higiene do sono, com uma noite mal dormida, ter\u00e1 um c\u00e9rebro cansado \"e cheio de toxinas que atrapalham a conex\u00e3o dos neur\u00f4nios, que transformam o desafio de aprendizagem quase imposs\u00edvel de ser vencido\", afirmou.<\/p>\n\n\n\n
O sedentarismo excessivo \u00e9 outro fator que aumenta as dificuldades de aprendizagem. \"Praticar atividade f\u00edsica \u00e9 uma forma do nosso c\u00e9rebro produzir novos neur\u00f4nios. Isso impacta muito no aprendizado e no desenvolvimento da crian\u00e7a e do adolescente\", disse Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Segundo Roberta Bento, obviamente todo adulto \u00e9 respons\u00e1vel por auxiliar a crian\u00e7a e o adolescente a superarem os desafios da aprendizagem, utilizando os est\u00edmulos corretos. Por\u00e9m, n\u00e3o se tem \"todas as respostas sobre como nossas crian\u00e7as v\u00e3o superar todas as lacunas de defasagem de aprendizagem\", enfatizou Roberta. <\/p>\n\n\n\n
E \u00e9 neste contexto, ela concluiu, que a educa\u00e7\u00e3o parental adquire uma import\u00e2ncia ainda maior na atual conjuntura. \"Precisamos de pessoas de \u00e1reas de conhecimento diferentes que possam ajudar as fam\u00edlias a definir os pr\u00f3ximos passos. O educador parental \u00e9 figura fundamental para que a gente consiga resgatar o processo da aprendizagem por nossas crian\u00e7as e adolescentes.\"<\/p>\n","post_title":"O pesadelo de ver que seu filho n\u00e3o consegue aprender e detesta estudar","post_excerpt":"","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"dificuldades-de-aprendizagem-sao-desafio-para-pais","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:09:10","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:09:10","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45246","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":43541,"post_author":"42","post_date":"2021-10-28 17:24:01","post_date_gmt":"2021-10-28 20:24:01","post_content":"\n
Nosso mundo seguro, ou nosso \u201cmundo presumido\u201d, veio abaixo em poucas semanas a partir do in\u00edcio da pandemia de covid-19, no in\u00edcio de 2020. Al\u00e9m das mudan\u00e7as radicais de rotina de trabalho, isolamento social e perdas financeiras bruscas, fam\u00edlias come\u00e7aram a conviver com o luto. A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em Teoria, Pesquisa e Interven\u00e7\u00e3o em Luto e em A\u00e7\u00f5es Terap\u00eauticas para Situa\u00e7\u00f5es de Luto, trabalha com atendimentos referentes ao rompimento de v\u00ednculos e tem um olhar especial para as crian\u00e7as e adolescentes que perderam pais e familiares com a covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
Falar sobre quais s\u00e3o as \"partes privadas\", ensinar a crian\u00e7a a entender a diferen\u00e7a de p\u00fablico e privado, e, sobretudo, definir com clareza o que s\u00e3o as \"partes \u00edntimas\" \u00e9 uma aprendizagem fundamental. \"Os pais precisam descansar o cora\u00e7\u00e3o, mostrar a disponibilidade para a escuta. \u00c9 a escuta que far\u00e1 a diferen\u00e7a. A melhor receita \u00e9 a escuta\", disse a psic\u00f3loga, abordando tamb\u00e9m conflitos e anseios que os pais t\u00eam sobre a orienta\u00e7\u00e3o sexual dos filhos. Pais e especialistas, disse, precisam cumprir seu papel tamb\u00e9m de educadores sexuais. <\/p>\n\n\n\n
\"A nossa sexualidade \u00e9 desenvolvida ao longo da vida. \u00c9 preciso cumprir nosso papel de educadores sexuais. O que eles far\u00e3o depois, escorre por nossas m\u00e3os. Estamos falando de orienta\u00e7\u00e3o sexual, n\u00e3o de op\u00e7\u00e3o sexual. Existem, nas escolas, muitos pensamentos distorcidos sobre o que \u00e9 educa\u00e7\u00e3o sexual\", desabafou a especialista. \"Educa\u00e7\u00e3o sexual n\u00e3o tem nada a ver com erotiza\u00e7\u00e3o.\" Ela defendeu, ainda, que os pais busquem um di\u00e1logo franco e aberto com as escolas sobre a educa\u00e7\u00e3o sexual. <\/p>\n","post_title":"\u2018Se seu filho falar com voc\u00ea sobre sexualidade, ele vai falar com voc\u00ea sobre qualquer assunto\u2019","post_excerpt":"Leiliane Rocha, psic\u00f3loga, falou no 2\u00ba Congresso Internacional de Educa\u00e7\u00e3o Parental sobre educa\u00e7\u00e3o sexual e a necessidade de quebrar tabus ","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"falar-sobre-sexualidade-e-sexo-com-as-criancas","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:08:58","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:08:58","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45386","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":45246,"post_author":"42","post_date":"2021-11-19 06:00:00","post_date_gmt":"2021-11-19 09:00:00","post_content":"\n
O desgaste emocional \u00e9 imenso: a crian\u00e7a n\u00e3o consegue aprender, se concentrar e desenvolve uma rela\u00e7\u00e3o de horror pelos estudos. Mas por que ser\u00e1 que as dificuldades de aprendizagem se tornaram um desafio t\u00e3o gigantesco para pais, professores, educadores e gestores escolares? Roberta Bento e Ta\u00eds Bento, m\u00e3e e filha, respectivamente, dedicaram-se a aplicar a neuroci\u00eancia na educa\u00e7\u00e3o e compreender profundamente esse processo, oferecendo \u00e0s fam\u00edlias e aos educadores respostas claras e objetivas. Elas apresentaram, durante palestra no 2\u00ba Congresso Internacional de Educa\u00e7\u00e3o Parental, organizado pela Canguru News<\/strong>, quais s\u00e3o os 5 aspectos que dificultam o processo de aprendizagem:<\/p>\n\n\n\n
Falta de habilidades b\u00e1sicas (paci\u00eancia, persist\u00eancia, capacidade de lidar com frustra\u00e7\u00f5es, por exemplo)<\/li>
C\u00e9rebro sob estresse constante<\/li>
S\u00edndrome do desgaste por empatia (o cuidador n\u00e3o consegue auxiliar a crian\u00e7a e se desespera)<\/li>
Gera\u00e7\u00e3o Dopamina (o imediatismo do prazer e do lazer, sem esfor\u00e7o)<\/li>
Pais multitarefas<\/li><\/ul>\n\n\n\n
Antes mesmo da pandemia, as dificuldades de aprendizagem j\u00e1 eram evidentes, pontuaram as especialistas, fundadores do site SOS Educa\u00e7\u00e3o e autores do livro \"Socorro, meu filho n\u00e3o estuda!\". No entanto, obviamente os dois \u00faltimos anos escancararam o problema, sobretudo porque o estresse cont\u00ednuo ao qual adultos e crian\u00e7as est\u00e3o submetidos no mundo contempor\u00e2neo se tornou ainda mais intenso.<\/p>\n\n\n\n
\"O processo de aprendizagem envolve 98% de horm\u00f4nios e s\u00f3 2% de neur\u00f4nios. O estado emocional da crian\u00e7a, na hora em que vai para a escola, tem um impacto gigantesco no processo de aprendizagem\", explicou Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Roberta Bento explicou que a \"s\u00edndrome do desgaste por empatia\" j\u00e1 era um termo muito conhecido, entre cuidadores na \u00e1rea da sa\u00fade, por exemplo, mas ganhou novos contornos com a pandemia, na \u00e1rea da educa\u00e7\u00e3o. \"Quando existe um desequil\u00edbrio por uma situa\u00e7\u00e3o emocional que vivemos e n\u00e3o temos consci\u00eancia, fica muito dif\u00edcil ajudar a pessoa. O pesadelo de ver o filho n\u00e3o conseguir se concentrar na aula remota, n\u00e3o conseguir dar conta do ac\u00famulo de atividades online, n\u00e3o ligar a c\u00e2mera, isso tudo se tornou ainda mais grave e impactou os alunos, porque os adultos respons\u00e1veis por eles estavam tamb\u00e9m desequilibrados na tentativa de ajud\u00e1-los\", afirmou a educadora Roberta Bento.<\/p>\n\n\n\n
Para agravar o quadro, as crian\u00e7as e adolescentes hoje s\u00e3o o que as especialistas chamam de \"gera\u00e7\u00e3o dopamina\". Os v\u00eddeos, os jogos, as curtidas, as postagens, a busca de lazer e divers\u00e3o \u00e9 imediata. \"E exige pouqu\u00edssimo esfor\u00e7o\", complementou Ta\u00eds. Com essa sensa\u00e7\u00e3o de prazer ocorrendo sempre de forma c\u00e9lere, o corpo perde a no\u00e7\u00e3o de senso de equil\u00edbrio entre prazer e dor. O prazer vence sempre, com uma libera\u00e7\u00e3o exagerada de dopamina. E claro, neste contexto, estudar est\u00e1 muito mais associado \u00e0 dor do que ao prazer, porque exige esfor\u00e7o. \"Estudar vira um peso\", acrescenta Ta\u00eds.<\/p>\n\n\n\n
O c\u00e9rebro dos pais, para completar, tamb\u00e9m est\u00e1 num est\u00e1gio bastante vulner\u00e1vel, explicou Roberta Bento, pois o ciclo maluco de trabalho, tentando conciliar a vida profissional com a vida dom\u00e9stica, gera curto-circuitos. \"A conviv\u00eancia e o relacionamento [com os filhos] fica muito mais dif\u00edcil.\"<\/p>\n\n\n\n
\"Educar os filhos para gostarem de estudar e se darem bem nos estudos \u00e9 um dos desafios em que precisamos focar agora, para que nossos filhos consigam seguir a vida deles de estudantes e desenvolvam um potencial pleno, apesar de tudo o que vivemos. S\u00f3 que \u00e9 mais f\u00e1cil para as crian\u00e7as do que para os adultos, mas eles dependem de n\u00f3s para retomar o ritmo de aprendizagem\", disse Roberta Bento.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
N\u00e3o se trata de banir a tecnologia<\/h2>\n\n\n\n
Roberta Bento enfatizou que, como educadora, \u00e9 totalmente favor\u00e1vel ao uso da tecnologia na educa\u00e7\u00e3o. \"O que gera uma rela\u00e7\u00e3o t\u00e3o pesada que nossos filhos t\u00eam com os estudos \u00e9 tudo o que eles deixam de fazer quando viver nas telas passa a ser o padr\u00e3o dentro de casa, quando n\u00e3o h\u00e1 equil\u00edbrio entre tempo de tela e tempo de conviv\u00eancia em fam\u00edlia\", justifica. <\/p>\n\n\n\n
\"Quando eles est\u00e3o conectados em telas, diminui a qualidade e quantidade de intera\u00e7\u00f5es entre os membros da fam\u00edlia, o que \u00e9 essencial para a linguagem e o desenvolvimento emocional.\"<\/p>\n\n\n\n
Se a crian\u00e7a e o adolescente s\u00e3o absorvidos pelo mundo das telas, n\u00e3o sobre tempo para a intera\u00e7\u00e3o familiar, o que \u00e9 essencial para o desenvolvimento cognitivo, explicaram.<\/p>\n\n\n\n
Transtornos do sono e sedentarismo<\/h2>\n\n\n\n
\"Eu posso deixar o meu filho ter o tempo de tela dele. Mas preciso trazer de volta aquele momento em que escutamos uma m\u00fasica juntos, em que sentamos para desenhar\", exemplifica Roberta.<\/p>\n\n\n\n
Dormir tamb\u00e9m \u00e9 fundamental para aprender. Crian\u00e7a que n\u00e3o faz da forma correta a higiene do sono, com uma noite mal dormida, ter\u00e1 um c\u00e9rebro cansado \"e cheio de toxinas que atrapalham a conex\u00e3o dos neur\u00f4nios, que transformam o desafio de aprendizagem quase imposs\u00edvel de ser vencido\", afirmou.<\/p>\n\n\n\n
O sedentarismo excessivo \u00e9 outro fator que aumenta as dificuldades de aprendizagem. \"Praticar atividade f\u00edsica \u00e9 uma forma do nosso c\u00e9rebro produzir novos neur\u00f4nios. Isso impacta muito no aprendizado e no desenvolvimento da crian\u00e7a e do adolescente\", disse Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Segundo Roberta Bento, obviamente todo adulto \u00e9 respons\u00e1vel por auxiliar a crian\u00e7a e o adolescente a superarem os desafios da aprendizagem, utilizando os est\u00edmulos corretos. Por\u00e9m, n\u00e3o se tem \"todas as respostas sobre como nossas crian\u00e7as v\u00e3o superar todas as lacunas de defasagem de aprendizagem\", enfatizou Roberta. <\/p>\n\n\n\n
E \u00e9 neste contexto, ela concluiu, que a educa\u00e7\u00e3o parental adquire uma import\u00e2ncia ainda maior na atual conjuntura. \"Precisamos de pessoas de \u00e1reas de conhecimento diferentes que possam ajudar as fam\u00edlias a definir os pr\u00f3ximos passos. O educador parental \u00e9 figura fundamental para que a gente consiga resgatar o processo da aprendizagem por nossas crian\u00e7as e adolescentes.\"<\/p>\n","post_title":"O pesadelo de ver que seu filho n\u00e3o consegue aprender e detesta estudar","post_excerpt":"","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"dificuldades-de-aprendizagem-sao-desafio-para-pais","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:09:10","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:09:10","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45246","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":43541,"post_author":"42","post_date":"2021-10-28 17:24:01","post_date_gmt":"2021-10-28 20:24:01","post_content":"\n
Nosso mundo seguro, ou nosso \u201cmundo presumido\u201d, veio abaixo em poucas semanas a partir do in\u00edcio da pandemia de covid-19, no in\u00edcio de 2020. Al\u00e9m das mudan\u00e7as radicais de rotina de trabalho, isolamento social e perdas financeiras bruscas, fam\u00edlias come\u00e7aram a conviver com o luto. A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em Teoria, Pesquisa e Interven\u00e7\u00e3o em Luto e em A\u00e7\u00f5es Terap\u00eauticas para Situa\u00e7\u00f5es de Luto, trabalha com atendimentos referentes ao rompimento de v\u00ednculos e tem um olhar especial para as crian\u00e7as e adolescentes que perderam pais e familiares com a covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\"Crian\u00e7a precisa de consci\u00eancia corporal, n\u00e3o s\u00f3 no que se refere a quest\u00f5es motoras, mas sensitivas. Precisamos ensinar a sensibilidade. A crian\u00e7a precisa disso. N\u00e3o podemos rejeitar o sentir. O sentir vem da nossa signific\u00e2ncia, que \u00e9 muito mais do que o nosso significado. Precisamos tratar com positividade todas as sensa\u00e7\u00f5es do corpo da crian\u00e7a\", ensinou.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
Falar sobre quais s\u00e3o as \"partes privadas\", ensinar a crian\u00e7a a entender a diferen\u00e7a de p\u00fablico e privado, e, sobretudo, definir com clareza o que s\u00e3o as \"partes \u00edntimas\" \u00e9 uma aprendizagem fundamental. \"Os pais precisam descansar o cora\u00e7\u00e3o, mostrar a disponibilidade para a escuta. \u00c9 a escuta que far\u00e1 a diferen\u00e7a. A melhor receita \u00e9 a escuta\", disse a psic\u00f3loga, abordando tamb\u00e9m conflitos e anseios que os pais t\u00eam sobre a orienta\u00e7\u00e3o sexual dos filhos. Pais e especialistas, disse, precisam cumprir seu papel tamb\u00e9m de educadores sexuais. <\/p>\n\n\n\n
\"A nossa sexualidade \u00e9 desenvolvida ao longo da vida. \u00c9 preciso cumprir nosso papel de educadores sexuais. O que eles far\u00e3o depois, escorre por nossas m\u00e3os. Estamos falando de orienta\u00e7\u00e3o sexual, n\u00e3o de op\u00e7\u00e3o sexual. Existem, nas escolas, muitos pensamentos distorcidos sobre o que \u00e9 educa\u00e7\u00e3o sexual\", desabafou a especialista. \"Educa\u00e7\u00e3o sexual n\u00e3o tem nada a ver com erotiza\u00e7\u00e3o.\" Ela defendeu, ainda, que os pais busquem um di\u00e1logo franco e aberto com as escolas sobre a educa\u00e7\u00e3o sexual. <\/p>\n","post_title":"\u2018Se seu filho falar com voc\u00ea sobre sexualidade, ele vai falar com voc\u00ea sobre qualquer assunto\u2019","post_excerpt":"Leiliane Rocha, psic\u00f3loga, falou no 2\u00ba Congresso Internacional de Educa\u00e7\u00e3o Parental sobre educa\u00e7\u00e3o sexual e a necessidade de quebrar tabus ","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"falar-sobre-sexualidade-e-sexo-com-as-criancas","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:08:58","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:08:58","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45386","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":45246,"post_author":"42","post_date":"2021-11-19 06:00:00","post_date_gmt":"2021-11-19 09:00:00","post_content":"\n
O desgaste emocional \u00e9 imenso: a crian\u00e7a n\u00e3o consegue aprender, se concentrar e desenvolve uma rela\u00e7\u00e3o de horror pelos estudos. Mas por que ser\u00e1 que as dificuldades de aprendizagem se tornaram um desafio t\u00e3o gigantesco para pais, professores, educadores e gestores escolares? Roberta Bento e Ta\u00eds Bento, m\u00e3e e filha, respectivamente, dedicaram-se a aplicar a neuroci\u00eancia na educa\u00e7\u00e3o e compreender profundamente esse processo, oferecendo \u00e0s fam\u00edlias e aos educadores respostas claras e objetivas. Elas apresentaram, durante palestra no 2\u00ba Congresso Internacional de Educa\u00e7\u00e3o Parental, organizado pela Canguru News<\/strong>, quais s\u00e3o os 5 aspectos que dificultam o processo de aprendizagem:<\/p>\n\n\n\n
Falta de habilidades b\u00e1sicas (paci\u00eancia, persist\u00eancia, capacidade de lidar com frustra\u00e7\u00f5es, por exemplo)<\/li>
C\u00e9rebro sob estresse constante<\/li>
S\u00edndrome do desgaste por empatia (o cuidador n\u00e3o consegue auxiliar a crian\u00e7a e se desespera)<\/li>
Gera\u00e7\u00e3o Dopamina (o imediatismo do prazer e do lazer, sem esfor\u00e7o)<\/li>
Pais multitarefas<\/li><\/ul>\n\n\n\n
Antes mesmo da pandemia, as dificuldades de aprendizagem j\u00e1 eram evidentes, pontuaram as especialistas, fundadores do site SOS Educa\u00e7\u00e3o e autores do livro \"Socorro, meu filho n\u00e3o estuda!\". No entanto, obviamente os dois \u00faltimos anos escancararam o problema, sobretudo porque o estresse cont\u00ednuo ao qual adultos e crian\u00e7as est\u00e3o submetidos no mundo contempor\u00e2neo se tornou ainda mais intenso.<\/p>\n\n\n\n
\"O processo de aprendizagem envolve 98% de horm\u00f4nios e s\u00f3 2% de neur\u00f4nios. O estado emocional da crian\u00e7a, na hora em que vai para a escola, tem um impacto gigantesco no processo de aprendizagem\", explicou Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Roberta Bento explicou que a \"s\u00edndrome do desgaste por empatia\" j\u00e1 era um termo muito conhecido, entre cuidadores na \u00e1rea da sa\u00fade, por exemplo, mas ganhou novos contornos com a pandemia, na \u00e1rea da educa\u00e7\u00e3o. \"Quando existe um desequil\u00edbrio por uma situa\u00e7\u00e3o emocional que vivemos e n\u00e3o temos consci\u00eancia, fica muito dif\u00edcil ajudar a pessoa. O pesadelo de ver o filho n\u00e3o conseguir se concentrar na aula remota, n\u00e3o conseguir dar conta do ac\u00famulo de atividades online, n\u00e3o ligar a c\u00e2mera, isso tudo se tornou ainda mais grave e impactou os alunos, porque os adultos respons\u00e1veis por eles estavam tamb\u00e9m desequilibrados na tentativa de ajud\u00e1-los\", afirmou a educadora Roberta Bento.<\/p>\n\n\n\n
Para agravar o quadro, as crian\u00e7as e adolescentes hoje s\u00e3o o que as especialistas chamam de \"gera\u00e7\u00e3o dopamina\". Os v\u00eddeos, os jogos, as curtidas, as postagens, a busca de lazer e divers\u00e3o \u00e9 imediata. \"E exige pouqu\u00edssimo esfor\u00e7o\", complementou Ta\u00eds. Com essa sensa\u00e7\u00e3o de prazer ocorrendo sempre de forma c\u00e9lere, o corpo perde a no\u00e7\u00e3o de senso de equil\u00edbrio entre prazer e dor. O prazer vence sempre, com uma libera\u00e7\u00e3o exagerada de dopamina. E claro, neste contexto, estudar est\u00e1 muito mais associado \u00e0 dor do que ao prazer, porque exige esfor\u00e7o. \"Estudar vira um peso\", acrescenta Ta\u00eds.<\/p>\n\n\n\n
O c\u00e9rebro dos pais, para completar, tamb\u00e9m est\u00e1 num est\u00e1gio bastante vulner\u00e1vel, explicou Roberta Bento, pois o ciclo maluco de trabalho, tentando conciliar a vida profissional com a vida dom\u00e9stica, gera curto-circuitos. \"A conviv\u00eancia e o relacionamento [com os filhos] fica muito mais dif\u00edcil.\"<\/p>\n\n\n\n
\"Educar os filhos para gostarem de estudar e se darem bem nos estudos \u00e9 um dos desafios em que precisamos focar agora, para que nossos filhos consigam seguir a vida deles de estudantes e desenvolvam um potencial pleno, apesar de tudo o que vivemos. S\u00f3 que \u00e9 mais f\u00e1cil para as crian\u00e7as do que para os adultos, mas eles dependem de n\u00f3s para retomar o ritmo de aprendizagem\", disse Roberta Bento.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
N\u00e3o se trata de banir a tecnologia<\/h2>\n\n\n\n
Roberta Bento enfatizou que, como educadora, \u00e9 totalmente favor\u00e1vel ao uso da tecnologia na educa\u00e7\u00e3o. \"O que gera uma rela\u00e7\u00e3o t\u00e3o pesada que nossos filhos t\u00eam com os estudos \u00e9 tudo o que eles deixam de fazer quando viver nas telas passa a ser o padr\u00e3o dentro de casa, quando n\u00e3o h\u00e1 equil\u00edbrio entre tempo de tela e tempo de conviv\u00eancia em fam\u00edlia\", justifica. <\/p>\n\n\n\n
\"Quando eles est\u00e3o conectados em telas, diminui a qualidade e quantidade de intera\u00e7\u00f5es entre os membros da fam\u00edlia, o que \u00e9 essencial para a linguagem e o desenvolvimento emocional.\"<\/p>\n\n\n\n
Se a crian\u00e7a e o adolescente s\u00e3o absorvidos pelo mundo das telas, n\u00e3o sobre tempo para a intera\u00e7\u00e3o familiar, o que \u00e9 essencial para o desenvolvimento cognitivo, explicaram.<\/p>\n\n\n\n
Transtornos do sono e sedentarismo<\/h2>\n\n\n\n
\"Eu posso deixar o meu filho ter o tempo de tela dele. Mas preciso trazer de volta aquele momento em que escutamos uma m\u00fasica juntos, em que sentamos para desenhar\", exemplifica Roberta.<\/p>\n\n\n\n
Dormir tamb\u00e9m \u00e9 fundamental para aprender. Crian\u00e7a que n\u00e3o faz da forma correta a higiene do sono, com uma noite mal dormida, ter\u00e1 um c\u00e9rebro cansado \"e cheio de toxinas que atrapalham a conex\u00e3o dos neur\u00f4nios, que transformam o desafio de aprendizagem quase imposs\u00edvel de ser vencido\", afirmou.<\/p>\n\n\n\n
O sedentarismo excessivo \u00e9 outro fator que aumenta as dificuldades de aprendizagem. \"Praticar atividade f\u00edsica \u00e9 uma forma do nosso c\u00e9rebro produzir novos neur\u00f4nios. Isso impacta muito no aprendizado e no desenvolvimento da crian\u00e7a e do adolescente\", disse Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Segundo Roberta Bento, obviamente todo adulto \u00e9 respons\u00e1vel por auxiliar a crian\u00e7a e o adolescente a superarem os desafios da aprendizagem, utilizando os est\u00edmulos corretos. Por\u00e9m, n\u00e3o se tem \"todas as respostas sobre como nossas crian\u00e7as v\u00e3o superar todas as lacunas de defasagem de aprendizagem\", enfatizou Roberta. <\/p>\n\n\n\n
E \u00e9 neste contexto, ela concluiu, que a educa\u00e7\u00e3o parental adquire uma import\u00e2ncia ainda maior na atual conjuntura. \"Precisamos de pessoas de \u00e1reas de conhecimento diferentes que possam ajudar as fam\u00edlias a definir os pr\u00f3ximos passos. O educador parental \u00e9 figura fundamental para que a gente consiga resgatar o processo da aprendizagem por nossas crian\u00e7as e adolescentes.\"<\/p>\n","post_title":"O pesadelo de ver que seu filho n\u00e3o consegue aprender e detesta estudar","post_excerpt":"","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"dificuldades-de-aprendizagem-sao-desafio-para-pais","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:09:10","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:09:10","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45246","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":43541,"post_author":"42","post_date":"2021-10-28 17:24:01","post_date_gmt":"2021-10-28 20:24:01","post_content":"\n
Nosso mundo seguro, ou nosso \u201cmundo presumido\u201d, veio abaixo em poucas semanas a partir do in\u00edcio da pandemia de covid-19, no in\u00edcio de 2020. Al\u00e9m das mudan\u00e7as radicais de rotina de trabalho, isolamento social e perdas financeiras bruscas, fam\u00edlias come\u00e7aram a conviver com o luto. A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em Teoria, Pesquisa e Interven\u00e7\u00e3o em Luto e em A\u00e7\u00f5es Terap\u00eauticas para Situa\u00e7\u00f5es de Luto, trabalha com atendimentos referentes ao rompimento de v\u00ednculos e tem um olhar especial para as crian\u00e7as e adolescentes que perderam pais e familiares com a covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
Quando a crian\u00e7a n\u00e3o recebe informa\u00e7\u00f5es sobre sexualidade, \"a m\u00e3e da educa\u00e7\u00e3o sexual \u00e9 a pornografia\", alfinetou a especialista. <\/p>\n\n\n\n
\"Crian\u00e7a precisa de consci\u00eancia corporal, n\u00e3o s\u00f3 no que se refere a quest\u00f5es motoras, mas sensitivas. Precisamos ensinar a sensibilidade. A crian\u00e7a precisa disso. N\u00e3o podemos rejeitar o sentir. O sentir vem da nossa signific\u00e2ncia, que \u00e9 muito mais do que o nosso significado. Precisamos tratar com positividade todas as sensa\u00e7\u00f5es do corpo da crian\u00e7a\", ensinou.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
Falar sobre quais s\u00e3o as \"partes privadas\", ensinar a crian\u00e7a a entender a diferen\u00e7a de p\u00fablico e privado, e, sobretudo, definir com clareza o que s\u00e3o as \"partes \u00edntimas\" \u00e9 uma aprendizagem fundamental. \"Os pais precisam descansar o cora\u00e7\u00e3o, mostrar a disponibilidade para a escuta. \u00c9 a escuta que far\u00e1 a diferen\u00e7a. A melhor receita \u00e9 a escuta\", disse a psic\u00f3loga, abordando tamb\u00e9m conflitos e anseios que os pais t\u00eam sobre a orienta\u00e7\u00e3o sexual dos filhos. Pais e especialistas, disse, precisam cumprir seu papel tamb\u00e9m de educadores sexuais. <\/p>\n\n\n\n
\"A nossa sexualidade \u00e9 desenvolvida ao longo da vida. \u00c9 preciso cumprir nosso papel de educadores sexuais. O que eles far\u00e3o depois, escorre por nossas m\u00e3os. Estamos falando de orienta\u00e7\u00e3o sexual, n\u00e3o de op\u00e7\u00e3o sexual. Existem, nas escolas, muitos pensamentos distorcidos sobre o que \u00e9 educa\u00e7\u00e3o sexual\", desabafou a especialista. \"Educa\u00e7\u00e3o sexual n\u00e3o tem nada a ver com erotiza\u00e7\u00e3o.\" Ela defendeu, ainda, que os pais busquem um di\u00e1logo franco e aberto com as escolas sobre a educa\u00e7\u00e3o sexual. <\/p>\n","post_title":"\u2018Se seu filho falar com voc\u00ea sobre sexualidade, ele vai falar com voc\u00ea sobre qualquer assunto\u2019","post_excerpt":"Leiliane Rocha, psic\u00f3loga, falou no 2\u00ba Congresso Internacional de Educa\u00e7\u00e3o Parental sobre educa\u00e7\u00e3o sexual e a necessidade de quebrar tabus ","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"falar-sobre-sexualidade-e-sexo-com-as-criancas","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:08:58","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:08:58","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45386","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":45246,"post_author":"42","post_date":"2021-11-19 06:00:00","post_date_gmt":"2021-11-19 09:00:00","post_content":"\n
O desgaste emocional \u00e9 imenso: a crian\u00e7a n\u00e3o consegue aprender, se concentrar e desenvolve uma rela\u00e7\u00e3o de horror pelos estudos. Mas por que ser\u00e1 que as dificuldades de aprendizagem se tornaram um desafio t\u00e3o gigantesco para pais, professores, educadores e gestores escolares? Roberta Bento e Ta\u00eds Bento, m\u00e3e e filha, respectivamente, dedicaram-se a aplicar a neuroci\u00eancia na educa\u00e7\u00e3o e compreender profundamente esse processo, oferecendo \u00e0s fam\u00edlias e aos educadores respostas claras e objetivas. Elas apresentaram, durante palestra no 2\u00ba Congresso Internacional de Educa\u00e7\u00e3o Parental, organizado pela Canguru News<\/strong>, quais s\u00e3o os 5 aspectos que dificultam o processo de aprendizagem:<\/p>\n\n\n\n
Falta de habilidades b\u00e1sicas (paci\u00eancia, persist\u00eancia, capacidade de lidar com frustra\u00e7\u00f5es, por exemplo)<\/li>
C\u00e9rebro sob estresse constante<\/li>
S\u00edndrome do desgaste por empatia (o cuidador n\u00e3o consegue auxiliar a crian\u00e7a e se desespera)<\/li>
Gera\u00e7\u00e3o Dopamina (o imediatismo do prazer e do lazer, sem esfor\u00e7o)<\/li>
Pais multitarefas<\/li><\/ul>\n\n\n\n
Antes mesmo da pandemia, as dificuldades de aprendizagem j\u00e1 eram evidentes, pontuaram as especialistas, fundadores do site SOS Educa\u00e7\u00e3o e autores do livro \"Socorro, meu filho n\u00e3o estuda!\". No entanto, obviamente os dois \u00faltimos anos escancararam o problema, sobretudo porque o estresse cont\u00ednuo ao qual adultos e crian\u00e7as est\u00e3o submetidos no mundo contempor\u00e2neo se tornou ainda mais intenso.<\/p>\n\n\n\n
\"O processo de aprendizagem envolve 98% de horm\u00f4nios e s\u00f3 2% de neur\u00f4nios. O estado emocional da crian\u00e7a, na hora em que vai para a escola, tem um impacto gigantesco no processo de aprendizagem\", explicou Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Roberta Bento explicou que a \"s\u00edndrome do desgaste por empatia\" j\u00e1 era um termo muito conhecido, entre cuidadores na \u00e1rea da sa\u00fade, por exemplo, mas ganhou novos contornos com a pandemia, na \u00e1rea da educa\u00e7\u00e3o. \"Quando existe um desequil\u00edbrio por uma situa\u00e7\u00e3o emocional que vivemos e n\u00e3o temos consci\u00eancia, fica muito dif\u00edcil ajudar a pessoa. O pesadelo de ver o filho n\u00e3o conseguir se concentrar na aula remota, n\u00e3o conseguir dar conta do ac\u00famulo de atividades online, n\u00e3o ligar a c\u00e2mera, isso tudo se tornou ainda mais grave e impactou os alunos, porque os adultos respons\u00e1veis por eles estavam tamb\u00e9m desequilibrados na tentativa de ajud\u00e1-los\", afirmou a educadora Roberta Bento.<\/p>\n\n\n\n
Para agravar o quadro, as crian\u00e7as e adolescentes hoje s\u00e3o o que as especialistas chamam de \"gera\u00e7\u00e3o dopamina\". Os v\u00eddeos, os jogos, as curtidas, as postagens, a busca de lazer e divers\u00e3o \u00e9 imediata. \"E exige pouqu\u00edssimo esfor\u00e7o\", complementou Ta\u00eds. Com essa sensa\u00e7\u00e3o de prazer ocorrendo sempre de forma c\u00e9lere, o corpo perde a no\u00e7\u00e3o de senso de equil\u00edbrio entre prazer e dor. O prazer vence sempre, com uma libera\u00e7\u00e3o exagerada de dopamina. E claro, neste contexto, estudar est\u00e1 muito mais associado \u00e0 dor do que ao prazer, porque exige esfor\u00e7o. \"Estudar vira um peso\", acrescenta Ta\u00eds.<\/p>\n\n\n\n
O c\u00e9rebro dos pais, para completar, tamb\u00e9m est\u00e1 num est\u00e1gio bastante vulner\u00e1vel, explicou Roberta Bento, pois o ciclo maluco de trabalho, tentando conciliar a vida profissional com a vida dom\u00e9stica, gera curto-circuitos. \"A conviv\u00eancia e o relacionamento [com os filhos] fica muito mais dif\u00edcil.\"<\/p>\n\n\n\n
\"Educar os filhos para gostarem de estudar e se darem bem nos estudos \u00e9 um dos desafios em que precisamos focar agora, para que nossos filhos consigam seguir a vida deles de estudantes e desenvolvam um potencial pleno, apesar de tudo o que vivemos. S\u00f3 que \u00e9 mais f\u00e1cil para as crian\u00e7as do que para os adultos, mas eles dependem de n\u00f3s para retomar o ritmo de aprendizagem\", disse Roberta Bento.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
N\u00e3o se trata de banir a tecnologia<\/h2>\n\n\n\n
Roberta Bento enfatizou que, como educadora, \u00e9 totalmente favor\u00e1vel ao uso da tecnologia na educa\u00e7\u00e3o. \"O que gera uma rela\u00e7\u00e3o t\u00e3o pesada que nossos filhos t\u00eam com os estudos \u00e9 tudo o que eles deixam de fazer quando viver nas telas passa a ser o padr\u00e3o dentro de casa, quando n\u00e3o h\u00e1 equil\u00edbrio entre tempo de tela e tempo de conviv\u00eancia em fam\u00edlia\", justifica. <\/p>\n\n\n\n
\"Quando eles est\u00e3o conectados em telas, diminui a qualidade e quantidade de intera\u00e7\u00f5es entre os membros da fam\u00edlia, o que \u00e9 essencial para a linguagem e o desenvolvimento emocional.\"<\/p>\n\n\n\n
Se a crian\u00e7a e o adolescente s\u00e3o absorvidos pelo mundo das telas, n\u00e3o sobre tempo para a intera\u00e7\u00e3o familiar, o que \u00e9 essencial para o desenvolvimento cognitivo, explicaram.<\/p>\n\n\n\n
Transtornos do sono e sedentarismo<\/h2>\n\n\n\n
\"Eu posso deixar o meu filho ter o tempo de tela dele. Mas preciso trazer de volta aquele momento em que escutamos uma m\u00fasica juntos, em que sentamos para desenhar\", exemplifica Roberta.<\/p>\n\n\n\n
Dormir tamb\u00e9m \u00e9 fundamental para aprender. Crian\u00e7a que n\u00e3o faz da forma correta a higiene do sono, com uma noite mal dormida, ter\u00e1 um c\u00e9rebro cansado \"e cheio de toxinas que atrapalham a conex\u00e3o dos neur\u00f4nios, que transformam o desafio de aprendizagem quase imposs\u00edvel de ser vencido\", afirmou.<\/p>\n\n\n\n
O sedentarismo excessivo \u00e9 outro fator que aumenta as dificuldades de aprendizagem. \"Praticar atividade f\u00edsica \u00e9 uma forma do nosso c\u00e9rebro produzir novos neur\u00f4nios. Isso impacta muito no aprendizado e no desenvolvimento da crian\u00e7a e do adolescente\", disse Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Segundo Roberta Bento, obviamente todo adulto \u00e9 respons\u00e1vel por auxiliar a crian\u00e7a e o adolescente a superarem os desafios da aprendizagem, utilizando os est\u00edmulos corretos. Por\u00e9m, n\u00e3o se tem \"todas as respostas sobre como nossas crian\u00e7as v\u00e3o superar todas as lacunas de defasagem de aprendizagem\", enfatizou Roberta. <\/p>\n\n\n\n
E \u00e9 neste contexto, ela concluiu, que a educa\u00e7\u00e3o parental adquire uma import\u00e2ncia ainda maior na atual conjuntura. \"Precisamos de pessoas de \u00e1reas de conhecimento diferentes que possam ajudar as fam\u00edlias a definir os pr\u00f3ximos passos. O educador parental \u00e9 figura fundamental para que a gente consiga resgatar o processo da aprendizagem por nossas crian\u00e7as e adolescentes.\"<\/p>\n","post_title":"O pesadelo de ver que seu filho n\u00e3o consegue aprender e detesta estudar","post_excerpt":"","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"dificuldades-de-aprendizagem-sao-desafio-para-pais","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:09:10","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:09:10","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45246","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":43541,"post_author":"42","post_date":"2021-10-28 17:24:01","post_date_gmt":"2021-10-28 20:24:01","post_content":"\n
Nosso mundo seguro, ou nosso \u201cmundo presumido\u201d, veio abaixo em poucas semanas a partir do in\u00edcio da pandemia de covid-19, no in\u00edcio de 2020. Al\u00e9m das mudan\u00e7as radicais de rotina de trabalho, isolamento social e perdas financeiras bruscas, fam\u00edlias come\u00e7aram a conviver com o luto. A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em Teoria, Pesquisa e Interven\u00e7\u00e3o em Luto e em A\u00e7\u00f5es Terap\u00eauticas para Situa\u00e7\u00f5es de Luto, trabalha com atendimentos referentes ao rompimento de v\u00ednculos e tem um olhar especial para as crian\u00e7as e adolescentes que perderam pais e familiares com a covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
De acordo com a psic\u00f3loga, \"a educa\u00e7\u00e3o sexual come\u00e7a no ventre e s\u00f3 termina na morte\". Se os pais e as escolas n\u00e3o compreenderem a import\u00e2ncia da educa\u00e7\u00e3o sexual, as crian\u00e7as ser\u00e3o presas muito mais f\u00e1ceis da ind\u00fastria da pornografia e de abusadores sexuais. \"10 anos \u00e9 a m\u00e9dia de idade de crian\u00e7as que acessam a pornografia pela primeira vez (dado do SaferNet). Um v\u00eddeo de um beb\u00ea sendo abusado pode valer R$ 100 mil na ind\u00fastria da pornografia. Os ped\u00f3filos est\u00e3o fazendo a festa na internet. \u00c9 a educa\u00e7\u00e3o sexual que protege as crian\u00e7as de abusadores.\"<\/p>\n\n\n\n
Quando a crian\u00e7a n\u00e3o recebe informa\u00e7\u00f5es sobre sexualidade, \"a m\u00e3e da educa\u00e7\u00e3o sexual \u00e9 a pornografia\", alfinetou a especialista. <\/p>\n\n\n\n
\"Crian\u00e7a precisa de consci\u00eancia corporal, n\u00e3o s\u00f3 no que se refere a quest\u00f5es motoras, mas sensitivas. Precisamos ensinar a sensibilidade. A crian\u00e7a precisa disso. N\u00e3o podemos rejeitar o sentir. O sentir vem da nossa signific\u00e2ncia, que \u00e9 muito mais do que o nosso significado. Precisamos tratar com positividade todas as sensa\u00e7\u00f5es do corpo da crian\u00e7a\", ensinou.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
Falar sobre quais s\u00e3o as \"partes privadas\", ensinar a crian\u00e7a a entender a diferen\u00e7a de p\u00fablico e privado, e, sobretudo, definir com clareza o que s\u00e3o as \"partes \u00edntimas\" \u00e9 uma aprendizagem fundamental. \"Os pais precisam descansar o cora\u00e7\u00e3o, mostrar a disponibilidade para a escuta. \u00c9 a escuta que far\u00e1 a diferen\u00e7a. A melhor receita \u00e9 a escuta\", disse a psic\u00f3loga, abordando tamb\u00e9m conflitos e anseios que os pais t\u00eam sobre a orienta\u00e7\u00e3o sexual dos filhos. Pais e especialistas, disse, precisam cumprir seu papel tamb\u00e9m de educadores sexuais. <\/p>\n\n\n\n
\"A nossa sexualidade \u00e9 desenvolvida ao longo da vida. \u00c9 preciso cumprir nosso papel de educadores sexuais. O que eles far\u00e3o depois, escorre por nossas m\u00e3os. Estamos falando de orienta\u00e7\u00e3o sexual, n\u00e3o de op\u00e7\u00e3o sexual. Existem, nas escolas, muitos pensamentos distorcidos sobre o que \u00e9 educa\u00e7\u00e3o sexual\", desabafou a especialista. \"Educa\u00e7\u00e3o sexual n\u00e3o tem nada a ver com erotiza\u00e7\u00e3o.\" Ela defendeu, ainda, que os pais busquem um di\u00e1logo franco e aberto com as escolas sobre a educa\u00e7\u00e3o sexual. <\/p>\n","post_title":"\u2018Se seu filho falar com voc\u00ea sobre sexualidade, ele vai falar com voc\u00ea sobre qualquer assunto\u2019","post_excerpt":"Leiliane Rocha, psic\u00f3loga, falou no 2\u00ba Congresso Internacional de Educa\u00e7\u00e3o Parental sobre educa\u00e7\u00e3o sexual e a necessidade de quebrar tabus ","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"falar-sobre-sexualidade-e-sexo-com-as-criancas","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:08:58","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:08:58","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45386","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":45246,"post_author":"42","post_date":"2021-11-19 06:00:00","post_date_gmt":"2021-11-19 09:00:00","post_content":"\n
O desgaste emocional \u00e9 imenso: a crian\u00e7a n\u00e3o consegue aprender, se concentrar e desenvolve uma rela\u00e7\u00e3o de horror pelos estudos. Mas por que ser\u00e1 que as dificuldades de aprendizagem se tornaram um desafio t\u00e3o gigantesco para pais, professores, educadores e gestores escolares? Roberta Bento e Ta\u00eds Bento, m\u00e3e e filha, respectivamente, dedicaram-se a aplicar a neuroci\u00eancia na educa\u00e7\u00e3o e compreender profundamente esse processo, oferecendo \u00e0s fam\u00edlias e aos educadores respostas claras e objetivas. Elas apresentaram, durante palestra no 2\u00ba Congresso Internacional de Educa\u00e7\u00e3o Parental, organizado pela Canguru News<\/strong>, quais s\u00e3o os 5 aspectos que dificultam o processo de aprendizagem:<\/p>\n\n\n\n
Falta de habilidades b\u00e1sicas (paci\u00eancia, persist\u00eancia, capacidade de lidar com frustra\u00e7\u00f5es, por exemplo)<\/li>
C\u00e9rebro sob estresse constante<\/li>
S\u00edndrome do desgaste por empatia (o cuidador n\u00e3o consegue auxiliar a crian\u00e7a e se desespera)<\/li>
Gera\u00e7\u00e3o Dopamina (o imediatismo do prazer e do lazer, sem esfor\u00e7o)<\/li>
Pais multitarefas<\/li><\/ul>\n\n\n\n
Antes mesmo da pandemia, as dificuldades de aprendizagem j\u00e1 eram evidentes, pontuaram as especialistas, fundadores do site SOS Educa\u00e7\u00e3o e autores do livro \"Socorro, meu filho n\u00e3o estuda!\". No entanto, obviamente os dois \u00faltimos anos escancararam o problema, sobretudo porque o estresse cont\u00ednuo ao qual adultos e crian\u00e7as est\u00e3o submetidos no mundo contempor\u00e2neo se tornou ainda mais intenso.<\/p>\n\n\n\n
\"O processo de aprendizagem envolve 98% de horm\u00f4nios e s\u00f3 2% de neur\u00f4nios. O estado emocional da crian\u00e7a, na hora em que vai para a escola, tem um impacto gigantesco no processo de aprendizagem\", explicou Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Roberta Bento explicou que a \"s\u00edndrome do desgaste por empatia\" j\u00e1 era um termo muito conhecido, entre cuidadores na \u00e1rea da sa\u00fade, por exemplo, mas ganhou novos contornos com a pandemia, na \u00e1rea da educa\u00e7\u00e3o. \"Quando existe um desequil\u00edbrio por uma situa\u00e7\u00e3o emocional que vivemos e n\u00e3o temos consci\u00eancia, fica muito dif\u00edcil ajudar a pessoa. O pesadelo de ver o filho n\u00e3o conseguir se concentrar na aula remota, n\u00e3o conseguir dar conta do ac\u00famulo de atividades online, n\u00e3o ligar a c\u00e2mera, isso tudo se tornou ainda mais grave e impactou os alunos, porque os adultos respons\u00e1veis por eles estavam tamb\u00e9m desequilibrados na tentativa de ajud\u00e1-los\", afirmou a educadora Roberta Bento.<\/p>\n\n\n\n
Para agravar o quadro, as crian\u00e7as e adolescentes hoje s\u00e3o o que as especialistas chamam de \"gera\u00e7\u00e3o dopamina\". Os v\u00eddeos, os jogos, as curtidas, as postagens, a busca de lazer e divers\u00e3o \u00e9 imediata. \"E exige pouqu\u00edssimo esfor\u00e7o\", complementou Ta\u00eds. Com essa sensa\u00e7\u00e3o de prazer ocorrendo sempre de forma c\u00e9lere, o corpo perde a no\u00e7\u00e3o de senso de equil\u00edbrio entre prazer e dor. O prazer vence sempre, com uma libera\u00e7\u00e3o exagerada de dopamina. E claro, neste contexto, estudar est\u00e1 muito mais associado \u00e0 dor do que ao prazer, porque exige esfor\u00e7o. \"Estudar vira um peso\", acrescenta Ta\u00eds.<\/p>\n\n\n\n
O c\u00e9rebro dos pais, para completar, tamb\u00e9m est\u00e1 num est\u00e1gio bastante vulner\u00e1vel, explicou Roberta Bento, pois o ciclo maluco de trabalho, tentando conciliar a vida profissional com a vida dom\u00e9stica, gera curto-circuitos. \"A conviv\u00eancia e o relacionamento [com os filhos] fica muito mais dif\u00edcil.\"<\/p>\n\n\n\n
\"Educar os filhos para gostarem de estudar e se darem bem nos estudos \u00e9 um dos desafios em que precisamos focar agora, para que nossos filhos consigam seguir a vida deles de estudantes e desenvolvam um potencial pleno, apesar de tudo o que vivemos. S\u00f3 que \u00e9 mais f\u00e1cil para as crian\u00e7as do que para os adultos, mas eles dependem de n\u00f3s para retomar o ritmo de aprendizagem\", disse Roberta Bento.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
N\u00e3o se trata de banir a tecnologia<\/h2>\n\n\n\n
Roberta Bento enfatizou que, como educadora, \u00e9 totalmente favor\u00e1vel ao uso da tecnologia na educa\u00e7\u00e3o. \"O que gera uma rela\u00e7\u00e3o t\u00e3o pesada que nossos filhos t\u00eam com os estudos \u00e9 tudo o que eles deixam de fazer quando viver nas telas passa a ser o padr\u00e3o dentro de casa, quando n\u00e3o h\u00e1 equil\u00edbrio entre tempo de tela e tempo de conviv\u00eancia em fam\u00edlia\", justifica. <\/p>\n\n\n\n
\"Quando eles est\u00e3o conectados em telas, diminui a qualidade e quantidade de intera\u00e7\u00f5es entre os membros da fam\u00edlia, o que \u00e9 essencial para a linguagem e o desenvolvimento emocional.\"<\/p>\n\n\n\n
Se a crian\u00e7a e o adolescente s\u00e3o absorvidos pelo mundo das telas, n\u00e3o sobre tempo para a intera\u00e7\u00e3o familiar, o que \u00e9 essencial para o desenvolvimento cognitivo, explicaram.<\/p>\n\n\n\n
Transtornos do sono e sedentarismo<\/h2>\n\n\n\n
\"Eu posso deixar o meu filho ter o tempo de tela dele. Mas preciso trazer de volta aquele momento em que escutamos uma m\u00fasica juntos, em que sentamos para desenhar\", exemplifica Roberta.<\/p>\n\n\n\n
Dormir tamb\u00e9m \u00e9 fundamental para aprender. Crian\u00e7a que n\u00e3o faz da forma correta a higiene do sono, com uma noite mal dormida, ter\u00e1 um c\u00e9rebro cansado \"e cheio de toxinas que atrapalham a conex\u00e3o dos neur\u00f4nios, que transformam o desafio de aprendizagem quase imposs\u00edvel de ser vencido\", afirmou.<\/p>\n\n\n\n
O sedentarismo excessivo \u00e9 outro fator que aumenta as dificuldades de aprendizagem. \"Praticar atividade f\u00edsica \u00e9 uma forma do nosso c\u00e9rebro produzir novos neur\u00f4nios. Isso impacta muito no aprendizado e no desenvolvimento da crian\u00e7a e do adolescente\", disse Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Segundo Roberta Bento, obviamente todo adulto \u00e9 respons\u00e1vel por auxiliar a crian\u00e7a e o adolescente a superarem os desafios da aprendizagem, utilizando os est\u00edmulos corretos. Por\u00e9m, n\u00e3o se tem \"todas as respostas sobre como nossas crian\u00e7as v\u00e3o superar todas as lacunas de defasagem de aprendizagem\", enfatizou Roberta. <\/p>\n\n\n\n
E \u00e9 neste contexto, ela concluiu, que a educa\u00e7\u00e3o parental adquire uma import\u00e2ncia ainda maior na atual conjuntura. \"Precisamos de pessoas de \u00e1reas de conhecimento diferentes que possam ajudar as fam\u00edlias a definir os pr\u00f3ximos passos. O educador parental \u00e9 figura fundamental para que a gente consiga resgatar o processo da aprendizagem por nossas crian\u00e7as e adolescentes.\"<\/p>\n","post_title":"O pesadelo de ver que seu filho n\u00e3o consegue aprender e detesta estudar","post_excerpt":"","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"dificuldades-de-aprendizagem-sao-desafio-para-pais","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:09:10","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:09:10","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45246","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":43541,"post_author":"42","post_date":"2021-10-28 17:24:01","post_date_gmt":"2021-10-28 20:24:01","post_content":"\n
Nosso mundo seguro, ou nosso \u201cmundo presumido\u201d, veio abaixo em poucas semanas a partir do in\u00edcio da pandemia de covid-19, no in\u00edcio de 2020. Al\u00e9m das mudan\u00e7as radicais de rotina de trabalho, isolamento social e perdas financeiras bruscas, fam\u00edlias come\u00e7aram a conviver com o luto. A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em Teoria, Pesquisa e Interven\u00e7\u00e3o em Luto e em A\u00e7\u00f5es Terap\u00eauticas para Situa\u00e7\u00f5es de Luto, trabalha com atendimentos referentes ao rompimento de v\u00ednculos e tem um olhar especial para as crian\u00e7as e adolescentes que perderam pais e familiares com a covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
Como e quando falar sobre sexualidade e sexo?<\/h2>\n\n\n\n
De acordo com a psic\u00f3loga, \"a educa\u00e7\u00e3o sexual come\u00e7a no ventre e s\u00f3 termina na morte\". Se os pais e as escolas n\u00e3o compreenderem a import\u00e2ncia da educa\u00e7\u00e3o sexual, as crian\u00e7as ser\u00e3o presas muito mais f\u00e1ceis da ind\u00fastria da pornografia e de abusadores sexuais. \"10 anos \u00e9 a m\u00e9dia de idade de crian\u00e7as que acessam a pornografia pela primeira vez (dado do SaferNet). Um v\u00eddeo de um beb\u00ea sendo abusado pode valer R$ 100 mil na ind\u00fastria da pornografia. Os ped\u00f3filos est\u00e3o fazendo a festa na internet. \u00c9 a educa\u00e7\u00e3o sexual que protege as crian\u00e7as de abusadores.\"<\/p>\n\n\n\n
Quando a crian\u00e7a n\u00e3o recebe informa\u00e7\u00f5es sobre sexualidade, \"a m\u00e3e da educa\u00e7\u00e3o sexual \u00e9 a pornografia\", alfinetou a especialista. <\/p>\n\n\n\n
\"Crian\u00e7a precisa de consci\u00eancia corporal, n\u00e3o s\u00f3 no que se refere a quest\u00f5es motoras, mas sensitivas. Precisamos ensinar a sensibilidade. A crian\u00e7a precisa disso. N\u00e3o podemos rejeitar o sentir. O sentir vem da nossa signific\u00e2ncia, que \u00e9 muito mais do que o nosso significado. Precisamos tratar com positividade todas as sensa\u00e7\u00f5es do corpo da crian\u00e7a\", ensinou.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
Falar sobre quais s\u00e3o as \"partes privadas\", ensinar a crian\u00e7a a entender a diferen\u00e7a de p\u00fablico e privado, e, sobretudo, definir com clareza o que s\u00e3o as \"partes \u00edntimas\" \u00e9 uma aprendizagem fundamental. \"Os pais precisam descansar o cora\u00e7\u00e3o, mostrar a disponibilidade para a escuta. \u00c9 a escuta que far\u00e1 a diferen\u00e7a. A melhor receita \u00e9 a escuta\", disse a psic\u00f3loga, abordando tamb\u00e9m conflitos e anseios que os pais t\u00eam sobre a orienta\u00e7\u00e3o sexual dos filhos. Pais e especialistas, disse, precisam cumprir seu papel tamb\u00e9m de educadores sexuais. <\/p>\n\n\n\n
\"A nossa sexualidade \u00e9 desenvolvida ao longo da vida. \u00c9 preciso cumprir nosso papel de educadores sexuais. O que eles far\u00e3o depois, escorre por nossas m\u00e3os. Estamos falando de orienta\u00e7\u00e3o sexual, n\u00e3o de op\u00e7\u00e3o sexual. Existem, nas escolas, muitos pensamentos distorcidos sobre o que \u00e9 educa\u00e7\u00e3o sexual\", desabafou a especialista. \"Educa\u00e7\u00e3o sexual n\u00e3o tem nada a ver com erotiza\u00e7\u00e3o.\" Ela defendeu, ainda, que os pais busquem um di\u00e1logo franco e aberto com as escolas sobre a educa\u00e7\u00e3o sexual. <\/p>\n","post_title":"\u2018Se seu filho falar com voc\u00ea sobre sexualidade, ele vai falar com voc\u00ea sobre qualquer assunto\u2019","post_excerpt":"Leiliane Rocha, psic\u00f3loga, falou no 2\u00ba Congresso Internacional de Educa\u00e7\u00e3o Parental sobre educa\u00e7\u00e3o sexual e a necessidade de quebrar tabus ","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"falar-sobre-sexualidade-e-sexo-com-as-criancas","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:08:58","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:08:58","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45386","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":45246,"post_author":"42","post_date":"2021-11-19 06:00:00","post_date_gmt":"2021-11-19 09:00:00","post_content":"\n
O desgaste emocional \u00e9 imenso: a crian\u00e7a n\u00e3o consegue aprender, se concentrar e desenvolve uma rela\u00e7\u00e3o de horror pelos estudos. Mas por que ser\u00e1 que as dificuldades de aprendizagem se tornaram um desafio t\u00e3o gigantesco para pais, professores, educadores e gestores escolares? Roberta Bento e Ta\u00eds Bento, m\u00e3e e filha, respectivamente, dedicaram-se a aplicar a neuroci\u00eancia na educa\u00e7\u00e3o e compreender profundamente esse processo, oferecendo \u00e0s fam\u00edlias e aos educadores respostas claras e objetivas. Elas apresentaram, durante palestra no 2\u00ba Congresso Internacional de Educa\u00e7\u00e3o Parental, organizado pela Canguru News<\/strong>, quais s\u00e3o os 5 aspectos que dificultam o processo de aprendizagem:<\/p>\n\n\n\n
Falta de habilidades b\u00e1sicas (paci\u00eancia, persist\u00eancia, capacidade de lidar com frustra\u00e7\u00f5es, por exemplo)<\/li>
C\u00e9rebro sob estresse constante<\/li>
S\u00edndrome do desgaste por empatia (o cuidador n\u00e3o consegue auxiliar a crian\u00e7a e se desespera)<\/li>
Gera\u00e7\u00e3o Dopamina (o imediatismo do prazer e do lazer, sem esfor\u00e7o)<\/li>
Pais multitarefas<\/li><\/ul>\n\n\n\n
Antes mesmo da pandemia, as dificuldades de aprendizagem j\u00e1 eram evidentes, pontuaram as especialistas, fundadores do site SOS Educa\u00e7\u00e3o e autores do livro \"Socorro, meu filho n\u00e3o estuda!\". No entanto, obviamente os dois \u00faltimos anos escancararam o problema, sobretudo porque o estresse cont\u00ednuo ao qual adultos e crian\u00e7as est\u00e3o submetidos no mundo contempor\u00e2neo se tornou ainda mais intenso.<\/p>\n\n\n\n
\"O processo de aprendizagem envolve 98% de horm\u00f4nios e s\u00f3 2% de neur\u00f4nios. O estado emocional da crian\u00e7a, na hora em que vai para a escola, tem um impacto gigantesco no processo de aprendizagem\", explicou Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Roberta Bento explicou que a \"s\u00edndrome do desgaste por empatia\" j\u00e1 era um termo muito conhecido, entre cuidadores na \u00e1rea da sa\u00fade, por exemplo, mas ganhou novos contornos com a pandemia, na \u00e1rea da educa\u00e7\u00e3o. \"Quando existe um desequil\u00edbrio por uma situa\u00e7\u00e3o emocional que vivemos e n\u00e3o temos consci\u00eancia, fica muito dif\u00edcil ajudar a pessoa. O pesadelo de ver o filho n\u00e3o conseguir se concentrar na aula remota, n\u00e3o conseguir dar conta do ac\u00famulo de atividades online, n\u00e3o ligar a c\u00e2mera, isso tudo se tornou ainda mais grave e impactou os alunos, porque os adultos respons\u00e1veis por eles estavam tamb\u00e9m desequilibrados na tentativa de ajud\u00e1-los\", afirmou a educadora Roberta Bento.<\/p>\n\n\n\n
Para agravar o quadro, as crian\u00e7as e adolescentes hoje s\u00e3o o que as especialistas chamam de \"gera\u00e7\u00e3o dopamina\". Os v\u00eddeos, os jogos, as curtidas, as postagens, a busca de lazer e divers\u00e3o \u00e9 imediata. \"E exige pouqu\u00edssimo esfor\u00e7o\", complementou Ta\u00eds. Com essa sensa\u00e7\u00e3o de prazer ocorrendo sempre de forma c\u00e9lere, o corpo perde a no\u00e7\u00e3o de senso de equil\u00edbrio entre prazer e dor. O prazer vence sempre, com uma libera\u00e7\u00e3o exagerada de dopamina. E claro, neste contexto, estudar est\u00e1 muito mais associado \u00e0 dor do que ao prazer, porque exige esfor\u00e7o. \"Estudar vira um peso\", acrescenta Ta\u00eds.<\/p>\n\n\n\n
O c\u00e9rebro dos pais, para completar, tamb\u00e9m est\u00e1 num est\u00e1gio bastante vulner\u00e1vel, explicou Roberta Bento, pois o ciclo maluco de trabalho, tentando conciliar a vida profissional com a vida dom\u00e9stica, gera curto-circuitos. \"A conviv\u00eancia e o relacionamento [com os filhos] fica muito mais dif\u00edcil.\"<\/p>\n\n\n\n
\"Educar os filhos para gostarem de estudar e se darem bem nos estudos \u00e9 um dos desafios em que precisamos focar agora, para que nossos filhos consigam seguir a vida deles de estudantes e desenvolvam um potencial pleno, apesar de tudo o que vivemos. S\u00f3 que \u00e9 mais f\u00e1cil para as crian\u00e7as do que para os adultos, mas eles dependem de n\u00f3s para retomar o ritmo de aprendizagem\", disse Roberta Bento.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
N\u00e3o se trata de banir a tecnologia<\/h2>\n\n\n\n
Roberta Bento enfatizou que, como educadora, \u00e9 totalmente favor\u00e1vel ao uso da tecnologia na educa\u00e7\u00e3o. \"O que gera uma rela\u00e7\u00e3o t\u00e3o pesada que nossos filhos t\u00eam com os estudos \u00e9 tudo o que eles deixam de fazer quando viver nas telas passa a ser o padr\u00e3o dentro de casa, quando n\u00e3o h\u00e1 equil\u00edbrio entre tempo de tela e tempo de conviv\u00eancia em fam\u00edlia\", justifica. <\/p>\n\n\n\n
\"Quando eles est\u00e3o conectados em telas, diminui a qualidade e quantidade de intera\u00e7\u00f5es entre os membros da fam\u00edlia, o que \u00e9 essencial para a linguagem e o desenvolvimento emocional.\"<\/p>\n\n\n\n
Se a crian\u00e7a e o adolescente s\u00e3o absorvidos pelo mundo das telas, n\u00e3o sobre tempo para a intera\u00e7\u00e3o familiar, o que \u00e9 essencial para o desenvolvimento cognitivo, explicaram.<\/p>\n\n\n\n
Transtornos do sono e sedentarismo<\/h2>\n\n\n\n
\"Eu posso deixar o meu filho ter o tempo de tela dele. Mas preciso trazer de volta aquele momento em que escutamos uma m\u00fasica juntos, em que sentamos para desenhar\", exemplifica Roberta.<\/p>\n\n\n\n
Dormir tamb\u00e9m \u00e9 fundamental para aprender. Crian\u00e7a que n\u00e3o faz da forma correta a higiene do sono, com uma noite mal dormida, ter\u00e1 um c\u00e9rebro cansado \"e cheio de toxinas que atrapalham a conex\u00e3o dos neur\u00f4nios, que transformam o desafio de aprendizagem quase imposs\u00edvel de ser vencido\", afirmou.<\/p>\n\n\n\n
O sedentarismo excessivo \u00e9 outro fator que aumenta as dificuldades de aprendizagem. \"Praticar atividade f\u00edsica \u00e9 uma forma do nosso c\u00e9rebro produzir novos neur\u00f4nios. Isso impacta muito no aprendizado e no desenvolvimento da crian\u00e7a e do adolescente\", disse Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Segundo Roberta Bento, obviamente todo adulto \u00e9 respons\u00e1vel por auxiliar a crian\u00e7a e o adolescente a superarem os desafios da aprendizagem, utilizando os est\u00edmulos corretos. Por\u00e9m, n\u00e3o se tem \"todas as respostas sobre como nossas crian\u00e7as v\u00e3o superar todas as lacunas de defasagem de aprendizagem\", enfatizou Roberta. <\/p>\n\n\n\n
E \u00e9 neste contexto, ela concluiu, que a educa\u00e7\u00e3o parental adquire uma import\u00e2ncia ainda maior na atual conjuntura. \"Precisamos de pessoas de \u00e1reas de conhecimento diferentes que possam ajudar as fam\u00edlias a definir os pr\u00f3ximos passos. O educador parental \u00e9 figura fundamental para que a gente consiga resgatar o processo da aprendizagem por nossas crian\u00e7as e adolescentes.\"<\/p>\n","post_title":"O pesadelo de ver que seu filho n\u00e3o consegue aprender e detesta estudar","post_excerpt":"","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"dificuldades-de-aprendizagem-sao-desafio-para-pais","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:09:10","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:09:10","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45246","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":43541,"post_author":"42","post_date":"2021-10-28 17:24:01","post_date_gmt":"2021-10-28 20:24:01","post_content":"\n
Nosso mundo seguro, ou nosso \u201cmundo presumido\u201d, veio abaixo em poucas semanas a partir do in\u00edcio da pandemia de covid-19, no in\u00edcio de 2020. Al\u00e9m das mudan\u00e7as radicais de rotina de trabalho, isolamento social e perdas financeiras bruscas, fam\u00edlias come\u00e7aram a conviver com o luto. A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em Teoria, Pesquisa e Interven\u00e7\u00e3o em Luto e em A\u00e7\u00f5es Terap\u00eauticas para Situa\u00e7\u00f5es de Luto, trabalha com atendimentos referentes ao rompimento de v\u00ednculos e tem um olhar especial para as crian\u00e7as e adolescentes que perderam pais e familiares com a covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
A educa\u00e7\u00e3o sexual, disse Leiliane Rocha, \u00e9 crucial para o desenvolvimento da afetividade da crian\u00e7a de forma saud\u00e1vel. \"Crian\u00e7a n\u00e3o tem fantasia sexual, repert\u00f3rio sexual, exceto, se acessa a pornografia. E a\u00ed, n\u00e3o ter\u00e1 uma experi\u00eancia saud\u00e1vel. Todo movimento que a crian\u00e7a faz ao tocar suas partes \u00edntimas n\u00e3o tem nenhuma inten\u00e7\u00e3o sobre sexo\", afirmou.<\/p>\n\n\n\n
Como e quando falar sobre sexualidade e sexo?<\/h2>\n\n\n\n
De acordo com a psic\u00f3loga, \"a educa\u00e7\u00e3o sexual come\u00e7a no ventre e s\u00f3 termina na morte\". Se os pais e as escolas n\u00e3o compreenderem a import\u00e2ncia da educa\u00e7\u00e3o sexual, as crian\u00e7as ser\u00e3o presas muito mais f\u00e1ceis da ind\u00fastria da pornografia e de abusadores sexuais. \"10 anos \u00e9 a m\u00e9dia de idade de crian\u00e7as que acessam a pornografia pela primeira vez (dado do SaferNet). Um v\u00eddeo de um beb\u00ea sendo abusado pode valer R$ 100 mil na ind\u00fastria da pornografia. Os ped\u00f3filos est\u00e3o fazendo a festa na internet. \u00c9 a educa\u00e7\u00e3o sexual que protege as crian\u00e7as de abusadores.\"<\/p>\n\n\n\n
Quando a crian\u00e7a n\u00e3o recebe informa\u00e7\u00f5es sobre sexualidade, \"a m\u00e3e da educa\u00e7\u00e3o sexual \u00e9 a pornografia\", alfinetou a especialista. <\/p>\n\n\n\n
\"Crian\u00e7a precisa de consci\u00eancia corporal, n\u00e3o s\u00f3 no que se refere a quest\u00f5es motoras, mas sensitivas. Precisamos ensinar a sensibilidade. A crian\u00e7a precisa disso. N\u00e3o podemos rejeitar o sentir. O sentir vem da nossa signific\u00e2ncia, que \u00e9 muito mais do que o nosso significado. Precisamos tratar com positividade todas as sensa\u00e7\u00f5es do corpo da crian\u00e7a\", ensinou.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
Falar sobre quais s\u00e3o as \"partes privadas\", ensinar a crian\u00e7a a entender a diferen\u00e7a de p\u00fablico e privado, e, sobretudo, definir com clareza o que s\u00e3o as \"partes \u00edntimas\" \u00e9 uma aprendizagem fundamental. \"Os pais precisam descansar o cora\u00e7\u00e3o, mostrar a disponibilidade para a escuta. \u00c9 a escuta que far\u00e1 a diferen\u00e7a. A melhor receita \u00e9 a escuta\", disse a psic\u00f3loga, abordando tamb\u00e9m conflitos e anseios que os pais t\u00eam sobre a orienta\u00e7\u00e3o sexual dos filhos. Pais e especialistas, disse, precisam cumprir seu papel tamb\u00e9m de educadores sexuais. <\/p>\n\n\n\n
\"A nossa sexualidade \u00e9 desenvolvida ao longo da vida. \u00c9 preciso cumprir nosso papel de educadores sexuais. O que eles far\u00e3o depois, escorre por nossas m\u00e3os. Estamos falando de orienta\u00e7\u00e3o sexual, n\u00e3o de op\u00e7\u00e3o sexual. Existem, nas escolas, muitos pensamentos distorcidos sobre o que \u00e9 educa\u00e7\u00e3o sexual\", desabafou a especialista. \"Educa\u00e7\u00e3o sexual n\u00e3o tem nada a ver com erotiza\u00e7\u00e3o.\" Ela defendeu, ainda, que os pais busquem um di\u00e1logo franco e aberto com as escolas sobre a educa\u00e7\u00e3o sexual. <\/p>\n","post_title":"\u2018Se seu filho falar com voc\u00ea sobre sexualidade, ele vai falar com voc\u00ea sobre qualquer assunto\u2019","post_excerpt":"Leiliane Rocha, psic\u00f3loga, falou no 2\u00ba Congresso Internacional de Educa\u00e7\u00e3o Parental sobre educa\u00e7\u00e3o sexual e a necessidade de quebrar tabus ","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"falar-sobre-sexualidade-e-sexo-com-as-criancas","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:08:58","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:08:58","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45386","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":45246,"post_author":"42","post_date":"2021-11-19 06:00:00","post_date_gmt":"2021-11-19 09:00:00","post_content":"\n
O desgaste emocional \u00e9 imenso: a crian\u00e7a n\u00e3o consegue aprender, se concentrar e desenvolve uma rela\u00e7\u00e3o de horror pelos estudos. Mas por que ser\u00e1 que as dificuldades de aprendizagem se tornaram um desafio t\u00e3o gigantesco para pais, professores, educadores e gestores escolares? Roberta Bento e Ta\u00eds Bento, m\u00e3e e filha, respectivamente, dedicaram-se a aplicar a neuroci\u00eancia na educa\u00e7\u00e3o e compreender profundamente esse processo, oferecendo \u00e0s fam\u00edlias e aos educadores respostas claras e objetivas. Elas apresentaram, durante palestra no 2\u00ba Congresso Internacional de Educa\u00e7\u00e3o Parental, organizado pela Canguru News<\/strong>, quais s\u00e3o os 5 aspectos que dificultam o processo de aprendizagem:<\/p>\n\n\n\n
Falta de habilidades b\u00e1sicas (paci\u00eancia, persist\u00eancia, capacidade de lidar com frustra\u00e7\u00f5es, por exemplo)<\/li>
C\u00e9rebro sob estresse constante<\/li>
S\u00edndrome do desgaste por empatia (o cuidador n\u00e3o consegue auxiliar a crian\u00e7a e se desespera)<\/li>
Gera\u00e7\u00e3o Dopamina (o imediatismo do prazer e do lazer, sem esfor\u00e7o)<\/li>
Pais multitarefas<\/li><\/ul>\n\n\n\n
Antes mesmo da pandemia, as dificuldades de aprendizagem j\u00e1 eram evidentes, pontuaram as especialistas, fundadores do site SOS Educa\u00e7\u00e3o e autores do livro \"Socorro, meu filho n\u00e3o estuda!\". No entanto, obviamente os dois \u00faltimos anos escancararam o problema, sobretudo porque o estresse cont\u00ednuo ao qual adultos e crian\u00e7as est\u00e3o submetidos no mundo contempor\u00e2neo se tornou ainda mais intenso.<\/p>\n\n\n\n
\"O processo de aprendizagem envolve 98% de horm\u00f4nios e s\u00f3 2% de neur\u00f4nios. O estado emocional da crian\u00e7a, na hora em que vai para a escola, tem um impacto gigantesco no processo de aprendizagem\", explicou Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Roberta Bento explicou que a \"s\u00edndrome do desgaste por empatia\" j\u00e1 era um termo muito conhecido, entre cuidadores na \u00e1rea da sa\u00fade, por exemplo, mas ganhou novos contornos com a pandemia, na \u00e1rea da educa\u00e7\u00e3o. \"Quando existe um desequil\u00edbrio por uma situa\u00e7\u00e3o emocional que vivemos e n\u00e3o temos consci\u00eancia, fica muito dif\u00edcil ajudar a pessoa. O pesadelo de ver o filho n\u00e3o conseguir se concentrar na aula remota, n\u00e3o conseguir dar conta do ac\u00famulo de atividades online, n\u00e3o ligar a c\u00e2mera, isso tudo se tornou ainda mais grave e impactou os alunos, porque os adultos respons\u00e1veis por eles estavam tamb\u00e9m desequilibrados na tentativa de ajud\u00e1-los\", afirmou a educadora Roberta Bento.<\/p>\n\n\n\n
Para agravar o quadro, as crian\u00e7as e adolescentes hoje s\u00e3o o que as especialistas chamam de \"gera\u00e7\u00e3o dopamina\". Os v\u00eddeos, os jogos, as curtidas, as postagens, a busca de lazer e divers\u00e3o \u00e9 imediata. \"E exige pouqu\u00edssimo esfor\u00e7o\", complementou Ta\u00eds. Com essa sensa\u00e7\u00e3o de prazer ocorrendo sempre de forma c\u00e9lere, o corpo perde a no\u00e7\u00e3o de senso de equil\u00edbrio entre prazer e dor. O prazer vence sempre, com uma libera\u00e7\u00e3o exagerada de dopamina. E claro, neste contexto, estudar est\u00e1 muito mais associado \u00e0 dor do que ao prazer, porque exige esfor\u00e7o. \"Estudar vira um peso\", acrescenta Ta\u00eds.<\/p>\n\n\n\n
O c\u00e9rebro dos pais, para completar, tamb\u00e9m est\u00e1 num est\u00e1gio bastante vulner\u00e1vel, explicou Roberta Bento, pois o ciclo maluco de trabalho, tentando conciliar a vida profissional com a vida dom\u00e9stica, gera curto-circuitos. \"A conviv\u00eancia e o relacionamento [com os filhos] fica muito mais dif\u00edcil.\"<\/p>\n\n\n\n
\"Educar os filhos para gostarem de estudar e se darem bem nos estudos \u00e9 um dos desafios em que precisamos focar agora, para que nossos filhos consigam seguir a vida deles de estudantes e desenvolvam um potencial pleno, apesar de tudo o que vivemos. S\u00f3 que \u00e9 mais f\u00e1cil para as crian\u00e7as do que para os adultos, mas eles dependem de n\u00f3s para retomar o ritmo de aprendizagem\", disse Roberta Bento.<\/p><\/blockquote>\n\n\n\n
N\u00e3o se trata de banir a tecnologia<\/h2>\n\n\n\n
Roberta Bento enfatizou que, como educadora, \u00e9 totalmente favor\u00e1vel ao uso da tecnologia na educa\u00e7\u00e3o. \"O que gera uma rela\u00e7\u00e3o t\u00e3o pesada que nossos filhos t\u00eam com os estudos \u00e9 tudo o que eles deixam de fazer quando viver nas telas passa a ser o padr\u00e3o dentro de casa, quando n\u00e3o h\u00e1 equil\u00edbrio entre tempo de tela e tempo de conviv\u00eancia em fam\u00edlia\", justifica. <\/p>\n\n\n\n
\"Quando eles est\u00e3o conectados em telas, diminui a qualidade e quantidade de intera\u00e7\u00f5es entre os membros da fam\u00edlia, o que \u00e9 essencial para a linguagem e o desenvolvimento emocional.\"<\/p>\n\n\n\n
Se a crian\u00e7a e o adolescente s\u00e3o absorvidos pelo mundo das telas, n\u00e3o sobre tempo para a intera\u00e7\u00e3o familiar, o que \u00e9 essencial para o desenvolvimento cognitivo, explicaram.<\/p>\n\n\n\n
Transtornos do sono e sedentarismo<\/h2>\n\n\n\n
\"Eu posso deixar o meu filho ter o tempo de tela dele. Mas preciso trazer de volta aquele momento em que escutamos uma m\u00fasica juntos, em que sentamos para desenhar\", exemplifica Roberta.<\/p>\n\n\n\n
Dormir tamb\u00e9m \u00e9 fundamental para aprender. Crian\u00e7a que n\u00e3o faz da forma correta a higiene do sono, com uma noite mal dormida, ter\u00e1 um c\u00e9rebro cansado \"e cheio de toxinas que atrapalham a conex\u00e3o dos neur\u00f4nios, que transformam o desafio de aprendizagem quase imposs\u00edvel de ser vencido\", afirmou.<\/p>\n\n\n\n
O sedentarismo excessivo \u00e9 outro fator que aumenta as dificuldades de aprendizagem. \"Praticar atividade f\u00edsica \u00e9 uma forma do nosso c\u00e9rebro produzir novos neur\u00f4nios. Isso impacta muito no aprendizado e no desenvolvimento da crian\u00e7a e do adolescente\", disse Ta\u00eds Bento.<\/p>\n\n\n\n
Segundo Roberta Bento, obviamente todo adulto \u00e9 respons\u00e1vel por auxiliar a crian\u00e7a e o adolescente a superarem os desafios da aprendizagem, utilizando os est\u00edmulos corretos. Por\u00e9m, n\u00e3o se tem \"todas as respostas sobre como nossas crian\u00e7as v\u00e3o superar todas as lacunas de defasagem de aprendizagem\", enfatizou Roberta. <\/p>\n\n\n\n
E \u00e9 neste contexto, ela concluiu, que a educa\u00e7\u00e3o parental adquire uma import\u00e2ncia ainda maior na atual conjuntura. \"Precisamos de pessoas de \u00e1reas de conhecimento diferentes que possam ajudar as fam\u00edlias a definir os pr\u00f3ximos passos. O educador parental \u00e9 figura fundamental para que a gente consiga resgatar o processo da aprendizagem por nossas crian\u00e7as e adolescentes.\"<\/p>\n","post_title":"O pesadelo de ver que seu filho n\u00e3o consegue aprender e detesta estudar","post_excerpt":"","post_status":"publish","comment_status":"open","ping_status":"closed","post_password":"","post_name":"dificuldades-de-aprendizagem-sao-desafio-para-pais","to_ping":"","pinged":"","post_modified":"2022-08-01 16:09:10","post_modified_gmt":"2022-08-01 19:09:10","post_content_filtered":"","post_parent":0,"guid":"https:\/\/cangurunews.com.br\/?p=45246","menu_order":0,"post_type":"post","post_mime_type":"","comment_count":"0","filter":"raw"},{"ID":43541,"post_author":"42","post_date":"2021-10-28 17:24:01","post_date_gmt":"2021-10-28 20:24:01","post_content":"\n
Nosso mundo seguro, ou nosso \u201cmundo presumido\u201d, veio abaixo em poucas semanas a partir do in\u00edcio da pandemia de covid-19, no in\u00edcio de 2020. Al\u00e9m das mudan\u00e7as radicais de rotina de trabalho, isolamento social e perdas financeiras bruscas, fam\u00edlias come\u00e7aram a conviver com o luto. A psic\u00f3loga Ivana Tolotti, especialista em Teoria, Pesquisa e Interven\u00e7\u00e3o em Luto e em A\u00e7\u00f5es Terap\u00eauticas para Situa\u00e7\u00f5es de Luto, trabalha com atendimentos referentes ao rompimento de v\u00ednculos e tem um olhar especial para as crian\u00e7as e adolescentes que perderam pais e familiares com a covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Em entrevista \u00e0 Canguru News<\/strong>, a psic\u00f3loga explica que compreender o luto infantil exige tamb\u00e9m uma compreens\u00e3o do desenvolvimento cognitivo da crian\u00e7a. \u201cA primeira coisa que a gente pode apontar \u00e9 que uma crian\u00e7a est\u00e1 em desenvolvimento cognitivo e emocional diferente de um adulto, que j\u00e1 tem seu desenvolvimento cognitivo conclu\u00eddo. Dependendo da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a, ela vai compreender o conceito de morte de maneira distinta. O luto da crian\u00e7a passa pelo luto do adulto, que cuida dela. A crian\u00e7a precisa de cuidado, de prote\u00e7\u00e3o. Quando ela perde um av\u00f4, um pai, uma m\u00e3e, \u00e9 o senso de prote\u00e7\u00e3o que ela perde: quem \u00e9 que vai cuidar de mim agora? O luto vai nos deixando um tanto indispon\u00edveis para o outro\u201d, explica a especialista, que fez atendimentos volunt\u00e1rios e auxiliou especialistas em Jundia\u00ed que trabalham num projeto social \u2013 \"M\u00e3es que Acolhem\" \u2013 com crian\u00e7as em situa\u00e7\u00e3o de orfandade por causa da covid-19.<\/p>\n\n\n\n
Neste processo de sofrimento cont\u00ednuo e m\u00faltiplo, muitas d\u00favidas surgem nas fam\u00edlias que perderam entes queridos e onde h\u00e1 crian\u00e7as. Como falar sobre a morte? A crian\u00e7a deve participar do vel\u00f3rio, do funeral? A crian\u00e7a deve ser alertada antes sobre o risco de morte de um familiar, especialmente se for pai ou m\u00e3e?<\/p>\n\n\n\n
\u2018Pensar que a crian\u00e7a n\u00e3o percebe \u00e9 um erro<\/strong>\u2019<\/h2>\n\n\n\n
\u201cNossa sociedade tende a tratar a crian\u00e7a como meio caf\u00e9 com leite. N\u00e3o \u00e9 incomum que elas n\u00e3o participem do que est\u00e1 acontecendo na fam\u00edlia, de um processo de adoecimento, e talvez at\u00e9 de uma morte. Pensar que uma crian\u00e7a n\u00e3o percebe que alguma coisa est\u00e1 acontecendo, \u00e9 um erro\u201d, alerta a psic\u00f3loga. Se a fam\u00edlia vive um momento de tens\u00e3o com algum infectado por covid-19 e prefere n\u00e3o contar para a crian\u00e7a, ela come\u00e7ar\u00e1, segundo Ivana Tolotti, a duvidar da sua pr\u00f3pria percep\u00e7\u00e3o ou a duvidar do adulto.<\/p>\n\n\n\n
N\u00e3o funciona, com crian\u00e7as, inventar historinhas se a rotina delas foi completamente alterada por alguma raz\u00e3o. Os pais precisam e se recomenda que sejam sinceros. \u201cA crian\u00e7a percebe. Ela percebe que o pai est\u00e1 chorando, que antes era a m\u00e3e que cuidava dela e agora ela tem que ficar na casa da av\u00f3\u201d, conclui a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Rituais de despedida: a crian\u00e7a deve ir ao vel\u00f3rio?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
A morte \u00e9 uma informa\u00e7\u00e3o que precisa ser digerida, e isso leva tempo. Os rituais, de acordo com a psic\u00f3loga, s\u00e3o importantes para esse processo de assimila\u00e7\u00e3o. \u201cOs rituais possibilitam uma organiza\u00e7\u00e3o de uma experi\u00eancia que \u00e9 altamente desorganizadora.\u201d Segundo a psic\u00f3loga, esse processo de \u201crealizar a morte\u201d foi muito dificultado na pandemia de covid-19 pela impossibilidade de realiza\u00e7\u00e3o de rituais. \u201cEu s\u00f3 posso imaginar o que \u00e9 deixar o seu ente querido na porta de um hospital e buscar um caix\u00e3o. S\u00f3 posso imaginar\u201d, lamenta a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u201cE h\u00e1 outro aspecto do ritual: o vel\u00f3rio \u00e9 um espa\u00e7o autorizado para voc\u00ea sofrer. Voc\u00ea pode expressar todo o seu pesar, com menos julgamento. E \u00e9 um lugar em que voc\u00ea recebe apoio de toda a comunidade.\u201d<\/p>\n\n\n\n
E as crian\u00e7as devem participar? Para Ivana Tolotti, n\u00e3o existe uma resposta adequada e esse questionamento. O ideal, diz a psic\u00f3loga, \u00e9 conversar e perguntar para a crian\u00e7a se ela quer participar. \u201cA gente d\u00e1 para a crian\u00e7a um pouco de controle sobre o sentimento dela. Possibilitamos que ela participe deste processo de decis\u00e3o.\u201d Claro que a forma de explicar sobre o que \u00e9 o vel\u00f3rio, o enterro e a pr\u00f3pria morte \u00e9 algo que exige didatismo e a compreens\u00e3o da faixa et\u00e1ria da crian\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n
Como ajudar a crian\u00e7a no processo do luto?<\/strong><\/h2>\n\n\n\n
O luto \u00e9 potencialmente traum\u00e1tico, mas n\u00e3o necessariamente vai gerar um trauma na crian\u00e7a, explica a psic\u00f3loga. \u201c\u00c9 uma situa\u00e7\u00e3o traumatog\u00eanica, pode ser traum\u00e1tica, mas n\u00e3o necessariamente. Se essa crian\u00e7a puder ter adultos que cuidem dela, que acolham a dor dela, que deem espa\u00e7o para ela expressar os seus medos e fantasias, ela vai ter melhores condi\u00e7\u00f5es de se reorganizar do que uma crian\u00e7a que n\u00e3o tiver esse espa\u00e7o garantido\u201d, aponta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
Outra quest\u00e3o que precisa ser avaliada pela fam\u00edlia \u00e9 que, al\u00e9m da perda de um ente querido e fundamental para sua pr\u00f3pria vida, a crian\u00e7a pode ter ainda perdas secund\u00e1rias muito dolorosas, como mudan\u00e7a de casa, mudan\u00e7a de n\u00facleo familiar, mudan\u00e7as bruscas de rotina e at\u00e9 mesmo mudan\u00e7a de escola, por raz\u00f5es financeiras. Quanto menos a fam\u00edlia alterar a rotina da crian\u00e7a, melhores s\u00e3o as condi\u00e7\u00f5es para que ela se fortaleza para vivenciar o luto.<\/p>\n\n\n\n
Todos n\u00f3s, pontua Ivana Tolotti, reagimos aos rompimentos de v\u00ednculos. \u201cA gente n\u00e3o aceita de bom grado. As rea\u00e7\u00f5es podem ser de muitas ordens.\u201d Alguns ficam mais excitados, euf\u00f3ricos; outros, mais entristecidos ou deprimidos. Isso tamb\u00e9m ocorre com as crian\u00e7as, o que pode provocar reflexos na rotina escolar. A crian\u00e7a pode ficar desatenta, n\u00e3o participar das aulas, ter rea\u00e7\u00f5es cognitivas, como perda de mem\u00f3ria, explica a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 poss\u00edvel, ainda, que ocorram algumas rea\u00e7\u00f5es comportamentais: \u201cA crian\u00e7a pode regredir em comportamentos, voltar a fazer xixi na cama, chupar o dedo, ou pode ficar com cuidado compulsivo do outro cuidador, que sobreviveu.\u201d Pode haver, ainda, aumento de ansiedade e at\u00e9 mesmo situa\u00e7\u00f5es em que a crian\u00e7a tente \u201ctestar a morte\u201d, o que exige bastante aten\u00e7\u00e3o dos familiares e respons\u00e1veis. \u201cMuitas vezes essa \u00e9 uma fantasia da crian\u00e7a de que, assim, ela vai encontrar a pessoa que perdeu\u201d, alerta a especialista.<\/p>\n\n\n\n
O luto nos afeta em todos os \u00e2mbitos da vida. No caso das crian\u00e7as, dar a ela espa\u00e7o para sentir a dor, sem julgamentos, e tentar preservar ao m\u00e1ximo a rotina que tinham antes daquela morte dar\u00e1 um pouco mais de previsibilidade e seguran\u00e7a, ensina a psic\u00f3loga.<\/p>\n\n\n\n
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