A viagem de uma criança e o encontro com seu antepassado

No livro "A Viagem de Nini", inspirado em uma menina que vive numa comunidade quilombola, Fábia Prates mostra uma realidade distante da vida das crianças nas metrópoles

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A viagem de uma criança, Nini, e o encontro com seu antepassado
A jornalista Fábia Prates acaba de lançar seu primeiro livro infantil, um texto que ficou anos guardado na gaveta
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No mesmo rio de onde se bebe água, lavam-se as roupas e as louças. As casas são de adobe, os tetos de palha. No livro “A Viagem de Nini”, a jornalista Fábia Prates conta a muitas das crianças criadas nas metrópoles qual é a realidade de vida de uma menina que só tem medo de duas coisas: injeção e raios. Nini nunca tomou sorvete, nem sabe o que é celular ou máquina fotográfica.

A inspiração da jornalista para escrever essa história, seu primeiro livro infantil, surgiu a partir de uma viagem feita em 2003 para a comunidade quilombola dos Kalunga, em Cavalcante (GO). O livro conta o cotidiano da comunidade quilombola a partir da perspectiva de uma criança.

“Nasci numa cidade do interior e conheço um pouco essa vida simples do que a gente pode chamar de Brasil profundo, mas lá superava tudo o que eu já tinha visto… Eles não tinham nada, luz elétrica, saneamento básico. Saí de lá muito tocada.”

Em entrevista à Canguru News, Fábia conta que seu impulso de escrever para crianças começou a partir do convívio com dois sobrinhos, hoje já adultos. Uma das produções, inclusive, foi uma história sobre uma semente de biscoito “maizena” que começou a crescer dentro da barriga de uma criança.

A história de Nini era um desses textos guardados pela jornalista, que nunca havia tido a coragem de mostrá-los profissionalmente. Neste ano, Fábia Prates procurou uma amiga em uma editora e finalmente tirou os escritos da gaveta.

Quando Nini faz uma viagem – e aí é preciso ler o livro para saber como –, ela começa a descobrir sobre a sua ancestralidade. Para Fábia, conhecer as próprias origens é crucial para o desenvolvimento da autoestima e da compreensão ampliada de mundo das crianças, e felizmente as escolas e famílias, hoje, abordam esses assuntos com muito mais frequência e profundidade.

“De onde é que eu venho? Tem uma mistura grande, que não sei exatamente onde elas estão, de onde vieram. Hoje se tem mais acesso, se fala mais sobre isso, há uma valorização.”

Para a autora, a sociedade está mais atenta e o debate sobre ancestralidade nos faz refletir também sobre “as relações de poder e como diferenças étnicas foram tratadas no Brasil desde a formação”.

Depois de finalmente ter mexido nas gavetas, Fábia Prates se entusiasmou e promete fincar o pé na literatura infantil. Outros dois textos já estão no forno e devem ser os próximos livros publicados. Pelo menos um deve ser lançado em 2022. “Quero continuar escrevendo, buscar inspiração, porque é muito prazeroso”, diz a jornalista.


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