A inteligência artificial está cada vez mais presente no nosso cotidiano, impactando significativamente a forma como trabalhamos e vivemos. O uso de IA no dia a dia pode servir para diferentes finalidades, como estudos, pesquisas, produção de textos, em aplicativos de trânsito e plataformas de streaming, entre muitas outras utilidades. Trata-se de uma tecnologia cada vez mais popular e simples de usar.
Para Rafael Irio, consultor em inteligência artificial aplicada à educação e ao futuro do trabalho, a IA está transformando o mercado, automatizando tarefas rotineiras e criando novas profissões, sendo importante preparar as novas gerações para que sejam capazes de lidar com a IA.
“Para que nossas crianças e adolescentes não sejam apenas consumidores passivos dessas tecnologias, mas protagonistas na construção do futuro, precisamos ajudá-los a entender como a IA funciona — e, principalmente, como ela afeta o mundo à sua volta”, afirma.
O consultor diz existir uma distância entre a percepção dos pais e educadores e a realidade prática do ensino sobre IA. Uma pesquisa recente da Samsung Solve for Tomorrow mostrou que 88% dos pais acreditam que o conhecimento em IA será essencial para a educação e a carreira de seus filhos. No entanto, 81% deles não sabem se esse conteúdo já está presente no currículo escolar.
“Famílias e escolas podem (e devem) atuar em conjunto. A educação sobre IA começa em casa, em pequenas conversas e exemplos cotidianos. E é complementada na escola, com abordagens mais estruturadas e críticas”, destaca.
Entre os benefícios que a IA proporciona, Rafael cita o pensamento crítico, a curiosidade, a criatividade e a capacidade de resolução de problemas. “Ao compreenderem como algoritmos funcionam, crianças e jovens desenvolvem não apenas habilidades técnicas, mas também uma visão mais responsável e ética sobre o uso das tecnologias. Quanto antes começarmos, maior será a naturalidade com que esses conceitos serão incorporados ao repertório deles”, aponta o especialista. A seguir, ele sugere maneiras de introduzir o tema da IA entre crianças e adolescentes.
Linguagem adequada a cada faixa etária
Com os pequenos, entre 5 e 7 anos, é essencial usar o lúdico nos ensinamentos. Histórias simples podem ajudar a explicar que os robôs, assim como as crianças, aprendem observando e praticando. Jogos que envolvam comandos de voz ou reconhecimento de formas também são úteis para mostrar como os desenhos que as crianças assistem são escolhidos com base em seus gostos.
Entre 8 e 10 anos, já é possível explorar o funcionamento de algumas ferramentas que as próprias crianças utilizam, despertando assim um interesse genuíno por entender como a tecnologia “pensa”. O ChatGPT, por exemplo, pode contar uma história nova com base em sugestões da turma.
A partir dos 11 anos, as crianças começam a questionar mais. É o momento ideal para introduzir reflexões sobre ética, viés algorítmico e privacidade. Para levantar provocações, vale fazer perguntas como: “Você acha justo uma máquina tomar essa decisão?”.
Aos 14 ou 15 anos, os adolescentes já enxergam a IA como ferramenta para o futuro. É hora de mostrar a conexão dessa tecnologia com o mercado de trabalho, os desafios sociais e as oportunidades de inovação. Vale incentivar que pensem em projetos com IA para resolver problemas reais — muitos se sentem motivados a atuar em causas que já conhecem, como meio ambiente, saúde ou inclusão.
Rafael diz que não se trata de impor uma nova disciplina, mas de integrar a inteligência artificial ao cotidiano da família e da escola com naturalidade e propósito. Afinal, a IA evolui rapidamente e a alfabetização nessa área precisa acompanhar esse ritmo.
“Ensinar nossos filhos sobre essa tecnologia não é apenas capacitá-los para o amanhã — é oferecer ferramentas para que eles ajudem a moldar esse amanhã com responsabilidade, criatividade e empatia. Comece com uma pergunta simples, compartilhe uma descoberta, assista a um vídeo juntos. O mais importante é começar”, conclui.