O drama de 11 milhões de mães suecas pobres na pandemia*

* Este título é um absurdo, mas torna-se verdadeiro ao ser trocada a palavra "suecas" por "brasileiras"

714
O drama de 11 milhões de mães solo suecas pobres na pandemia*; uma criança sorridente e um bebê sério olham para a câmera
2021 será um ano difícil, principalmente, para as mães que criam os filhos sozinhas
Buscador de educadores parentais
Buscador de educadores parentais
Buscador de educadores parentais

Por que um título enganoso numa publicação que preza pela credibilidade de sua informação jornalística, caso desta Canguru News? Afinal, a Suécia não tem nem 11 milhões de habitantes. Ele serve para chamar a atenção para um excelente artigo (mais um) do economista Pedro Fernando Nery, no Estadão desta terça-feira (dia 15/12). Nele, Nery relata que 11 milhões de brasileiras receberam neste ano da epidemia o auxílio emergencial dobrado, pois são “mulheres provedoras de família monoparental”. Criam o (os) filho (os) sozinhas. Receberam o auxílio dobrado pois não têm emprego fixo e vivem abaixo da linha de pobreza. Com o fim do auxílio, metade volta ao Bolsa Família (R$ 41 por mês) e a metade, mais de 5 milhões (uma Noruega, lembra) não receberão mais nenhum benefício.

Em seu artigo, Nery descreve as condições difíceis do mercado de trabalho para as mulheres em geral e mais ainda para as pobres e negras. Imagine, para as que ainda têm de cuidar sozinhas dos filhos, quando muito com ajuda de parentes e vizinhos, num País em que nem com as escolas elas estão podendo contar? Uma questão negligenciada por aqui desde que a epidemia chegou. Corremos o risco, como já foi alertado, de que entremos em 2021 sem uma definição sobre as voltas às aulas, pois o assunto não foi tratado da forma que merecia durante estes 9 meses de epidemia. Pior, estas mães monoparentais, não vivem na Suécia (que também teve problemas no enfrentamento da covid), mas num País em que a melhor saída para o momento dramático que todos vivemos, a vacinação em massa, vem sendo tratada pela principal autoridade do Brasil como uma questão política e não de saúde pública.

Neste cenário, 2021 será um ano difícil para as mães solo, escreve Nery. Não só para elas, mas certamente ainda mais para elas. Com a indefinição da volta às aulas, sem auxílio emergencial, e com o mercado de trabalho fechado para muitas, a perspectiva será ainda mais dramática.

“No Brasil, a maternidade é uma sentença de pobreza”, escreve Nery. Este grupo, esquecido, diz ele, precisa de uma renda básica e de um conjunto de políticas públicas que estão fora do debate nacional. Um debate público mais atento a outras questões: reeleições, compadrios, defesa de corporações, etc. Mas Nery termina o artigo com um viés otimista. “Diante das dificuldades de 2021, há uma oportunidade de mudar. A sociedade não deve abandonar as mães solo a serem mães sozinhas”, afirma. O que podemos fazer por estas mães brasileiras e seus filhos?

LEIA TAMBÉM: Home office na pandemia: mulheres e pais com crianças pequenas são os mais afetados, diz estudo

Gostou do nosso conteúdo? Receba o melhor da Canguru News, sempre no último sábado do mês, no seu e-mail.

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor, deixe seu comentário
Seu nome aqui