Por Rafaela Matias
Após um ofício apresentado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-REDE) nesta quarta-feira (9), o prefeito Alexandre Kalil (PHS) se recusou a apresentar uma nova proposta aos professores. O documento enviado pela categoria solicitava uma nova reunião na tarde de hoje para discutir a equiparação salarial dos professores de educação infantil com os de nível fundamental.
A PBH, porém, afirmou que já chegou a seu limite orçamentário em relação à implementação da proposta sem comprometer as finanças do município. De acordo com a nota enviada pelo executivo, a proposta limite foi apresentada no dia 2 de maio e “não se justifica a marcação de nova reunião”. Eles pediram ainda que a categoria aceite o reajuste e encerre a greve.
A última proposta apresentada pelo prefeito, de até 20% de aumento salarial, foi rejeitada pelo sindicato e o grupo realizou uma passeata em direção à sede da prefeitura. De acordo com diretores do Sind-Rede, 80% dos 6 mil professores das Umeis estão paralisados. O sindicato informou ainda que a greve deverá seguir por tempo indeterminado. Uma nova assembleia já está marcada para esta quinta-feira (10), para definir se a categoria aceita ou não a proposta final da prefeitura.
CARTA DE PROFESSORES
Uma mensagem atribuída a professoras da UMEI Vila Estrela, no bairro Santo Antônio, zona sul de Belo Horizonte, está circulando nas redes sociais nos últimos dias. O texto afirma que os professores da unidade estão em greve por tempo indeterminado e traz um pequeno histórico para entender a greve:
“Nossa luta não é por aumento de salário, mas por carreira única, uma luta que dura 14 anos, desde que começou o cargo de Educação Infantil, cujo movimento era o de ampliar o atendimento às crianças de 0 a 5 anos na rede. No entanto, o prefeito Pimentel, na ocasião, criou o cargo de Educadora Infantil, com salário muito baixo e carreira diferente.
Ao longo desses anos, estamos lutando pela unificação das carreiras (Ed. Infantil e Ensino Fundamental) pois, apesar do cargo de Educadora Infantil ser considerado inferior pela PBH, as cobranças em nível de qualidade são exatamente as mesmas.
O prefeito não está dizendo a verdade na mídia quando afirma que propôs um aumento de 20%. Ele ofereceu um aumento escalonado, que estaria previsto desde dezembro de 2017 no Projeto de lei 442/2017 (que encontra-se em tramitação na Câmara Municipal dos vereadores há mais de seis meses). Esses 20% não correspondem ao aumento salarial, mas a mudanças de níveis na carreira, que não contemplará todas as professoras da Rede Municipal de Educação, em particular as que possuem mais tempo de serviço.
Diante desse quadro, nos sentimos obrigadas a parar nossas atividades para reivindicar e nos fazer ouvir, pois lamentavelmente esta é a única maneira de conseguirmos algum tipo de negociação.
Assim… a Educação Infantil pede SIM à valorização já! E NÃO ao desrespeito, como ocorreu no dia 23 de abril deste ano, quando vivenciamos a violência contra as professoras em frente à PBH.
Nossa luta é também pela valorização profissional da Educação Infantil, que implica na valorização da criança, pois lutamos também pela qualidade do Ensino Público.”
Em carta publicada no dia 5 de maio por professores da UMEI Capivari, no bairro Serra, com mesmo teor, são informados alguns valores: “Esses 20% não correspondem a aumento salarial, mas sim em mudanças de níveis na carreira, que não contemplará todas as professoras que atuam na Rede Municipal de Educação, em particular as que possuem maior tempo de serviço. Nosso salário iria para 1.680,79 reais; lembrando que o salário inicial dos professores do Ensino Fundamental é de 2.252,42 reais. Onde está a equiparação? A carreira única? Merecemos uma carreira que nos valorize!”
NOTA DA PBH
Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que a proposta apresentada teria impacto de R$ 15 milhões por ano e que a equiparação salarial da categoria com os professores do ensino fundamental, que representa um aumento de 55% e impacto de R$ 80 milhões por ano aos cofres municipais, significaria uma medida incompatível com a capacidade financeira da PBH.