Como agir quando seu filho diz ‘eu te odeio’

Explodir, dar lição de moral, gritar... São essas boas estratégias para lidar com momentos de raiva e explosão das crianças?

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Menina de vestido jeans tem expressão de raiva
A Comunicação Não Violenta diz que não somos responsáveis pelos nossos sentimentos, pois não conseguimos controlá-los, mas somos responsáveis pelas ações que eles podem desencadear
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Ao escutar do seu filho a afirmação:

– Eu te odeio!

Como essa frase chega até você?

Sim, seu filho pode estar sentindo raiva e soltar um “eu te odeio” bem grande e bem gritante, porém a questão toda é, como isso chega até você?

Se você disser que não liga, então talvez precisemos conversar.

Se você disser que entende, mas dá uma lição de moral por ele ter dito que te odiava, então precisamos conversar.

Se você disser que sente uma dor no coração e chora muito, então esse texto é para você!

O texto de hoje é sobre uma das “paradas” mais complexas que existe em um relacionamento. Estou falando sobre como lidamos e não lidamos com nossos sentimentos.

Primeiro, vamos a uma perguntinha bem fácil.

O que é um sentimento?

No meu texto sobre nomear os sentimentos das crianças, explico que muitos de nós não fomos criados para falar sobre nossos sentimentos, e como é difícil aprender isso depois de adulto.

Os sentimentos são basicamente reações involuntárias que causam uma sensação em nosso corpo, por exemplo:

Quando temos medo.

Sentimos um frio na coluna que vai até a nuca, ficamos meio que paralisados e os pêlos, principalmente dos braços, se arrepiam.

Quando temos ansiedade.

Sentimos o coração bater mais rápido e não conseguimos ficar muito parados.

Quando temos fome.

Sentimos uma espécie de dor no estômago e um gosto meio azedo na boca.

E assim por diante.

Então com essa informação, podemos dizer que os nossos sentimentos fazem parte da mistura genética e emocional que carregamos no decorrer das nossas vidas.

Ou você nunca se questionou que todos nós experimentamos pelo menos um sentimento no exato momento em que saímos da barriga das nossas mães? Estou falando do medo.

Se pararmos e olharmos para essa perspectiva, então os nossos sentimentos são as respostas para as infinitas reações emocionais que iremos sentir ao longo das nossas vidas.

E como já havia dito, eles são reações involuntárias, ou seja, não conseguimos controlar quando vem ou quando vão.

Explicado o que são os sentimentos, vamos ao fato do seu filho ter dito que te odeia.

Muitas mães e pais com quem converso, estão tentando entender melhor seus próprios sentimentos com o objetivo de melhorarem sua paternagem ou maternagem.

Esse é um ótimo caminho, porém como eu havia dito, os sentimentos são involuntários, então entender o que está sentindo é bom, mas o melhor, é saber o que você vai fazer com isso!

Na CNV (comunicação não violenta), dizemos que não somos responsáveis pelos nossos sentimentos, pois não conseguimos controlá-los, mas somos responsáveis pelas ações que eles podem desencadear.

Vou dar dois exemplos:

No caso do seu filho ter dito “eu te odeio”, podíamos muito bem ter explodido e gritado com ele, ou simplesmente ter ignorado, ou tentado dizer que você ficou muito triste quando ele disse isso e dar um monte de lição de moral.

Nenhuma dessas opções acima é uma boa estratégia para a ação.

  • Gritar, pode levar a uma violência maior.
  • Ignorar é uma forma de tentar abafar os seus próprios sentimentos, isso pode causar várias complicações psicossomáticas no futuro.
  • Dar lição de moral pode criar culpa no seu filho (agora imagine isso acontecendo por toda infância).

Chorar o quanto for necessário (dar vazão ao seu sentimento) e tentar entender por que seu filho sentiu algo tão forte que desencadeou a frase de ódio (validar os sentimentos do seu filho), essa sim pode ser uma ótima estratégia.

O outro exemplo é sobre o relacionamento do casal.

Seu companheiro ou companheira já ficou com tanta raiva que descarregou um monte de palavras sem sentido (que provavelmente tenham te magoado) e depois se arrependeu? Acredito que isso acontece com muitos casais.

Como já disse, dar vazão aos nossos sentimentos é super importante, mas… lembre sempre de uma importante dica:

Ninguém tem o poder de manipular nossas reações emocionais, de gerar na gente um sentimento. O sentimento é nosso e o que a gente faz com ele é nossa responsabilidade.

As pessoas tendem a culpar os outros pelo que sentem e pelas reações que apresentam. Mas será mesmo que uma pessoa tem um poder tão grande a ponto de conseguir gerar raiva no outro, manipular a reação (descarregar um monte de palavras sem sentido) e ainda criar novamente outro sentimento de arrependimento? Eu creio que não.

Se você é uma pessoa que sente dor quando as reações emocionais das outras pessoas te machucam, saiba que você não está só.

Não é saudável sentir essa dor sozinha(o).

Obs: Se precisar conversar, deixe nos comentários a palavra “conversa” que entro em contato com você, quem sabe assim podemos criar uma linda rede de apoio.


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Mauricio Maruo
É pai da Jasmim e do Kaleo, e companheiro da Thais. Formado como artista plástico, atua como educador parental desde 2016. É fundador do "Paternidade Criativa", uma empresa de impacto social que cria ferramentas de transformação masculina através do gatilho da paternidade. Criador do primeiro jogo de Comunicação Não Violenta direcionado para pais e crianças do Brasil.

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