Crianças e telas – como chegar ao equilíbrio para uma vida saudável

Psicólogo sugere critérios e combinados para ajudar as famílias a balancear tecnologias e vida analógica

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Menina de boné e cabelo de lado segura na mão celular com capa de pop it colorido
Em consultórios de psicólogos e clínicas pediátricas, o excesso de tempo nas telas está entre as maiores queixas dos pais
Buscador de educadores parentais
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Por Damião Silva* – Uma geração que já nasceu digital, com inúmeras possibilidades de adquirir conteúdo, e autonomia para escolher o que quer ver a qualquer hora. Se formos traçar um paralelo com a infância dos anos 80 e início de 90, podemos dizer que isso era completamente inexistente. Lembro quando torcia para que o próximo desenho da tv aberta fosse o meu preferido ou correr para chegar em casa a tempo de pegar o episódio do Chaves ou da novela Carrossel começando.

Mas essa autonomia tem seu preço e custa caro! As telas são possivelmente as maiores queixas no meu consultório ou mesmo em clínicas pediátricas. Pais e mães aflitos por deixar seus filhos em telas de computador, televisão ou tablets por um período maior que o recomendado pelas sociedades médicas.

E a pandemia? Ah, a pandemia colocou luz em um problema que já tinha a preocupação dos pais e pelo visto piorou em muitos lares. O home office implantado às pressas fez com que famílias encontrassem na tecnologia a única solução viável para entreter as crianças naquele momento dramático e desafiador. Mas esse tempo se estendeu por quase dois anos e além das telas por diversão, chegaram as aulas online, que também levaram uma fatia do tempo de vida das crianças para a frente do computador. O resultado não poderia ser mais devastador: dificuldades de socialização e conexões presenciais, problemas de desenvolvimento escolar, aumento de queixas para doenças cardiovasculares, risco de exposição a conteúdos impróprios, interferências no sono, obesidade, entre outros.

Mas como ajudar pais e mães nesse assunto tão desafiador e, mais do que isso, como criar um equilíbrio para a vida dessas famílias alternando tecnologia e vida analógica?

Primeiramente, é preciso estabelecer critérios e combinados!

  1. Determine quando é o momento da tela dentro da rotina. É importante que os pais tenham essa constância para ajudar o filho a entender as regras inegociáveis da casa.
  2. Determine quanto tempo a criança fará o uso da tela e comunique. Quando uma criança recebe uma tarefa com começo, meio e fim, fica mais fácil dela entender e aceitar as condições propostas para aquela ação. Faça uso de um relógio com despertador se necessário.
  3. Avise quando o tempo estiver terminando. A rejeição muitas vezes vem porque um programa não terminou ou um jogo não foi para a próxima fase. Com esse tipo de combinado, a criança se programa e evita a frustação ao final do tempo permitido.
  4. Participe dos últimos minutos determinados interagindo com a criança. Mostrar-se interessado por ajudar a criança a refletir sobre a importância da amizade e dos combinamos estabelecidos com os pais. Isso ajuda na aceitação das regras, promovendo um desenvolvimento saudável entre família.
  5. Convide seu filho para uma brincadeira após o uso da tela. Nessa hora, mostre que é possível ser feliz brincando com a família, aposte em um jogo de pega-pega, esconde-esconde ou mesmo bola, algo que promova o movimento e a alegria.

Os perfis das crianças quanto ao uso das telas

E sobre os perfis estabelecidos para uso de telas e quando de fato temos que se preocupar? Tracei aqui 4 tipos de perfis que podem auxiliar pais e familiares na identificação do uso das telas, principalmente em períodos de recesso escolar, quando a criança tem mais tempo livre para desenvolver suas habilidades psicológicas e motoras. Conheça eles:

  • Perfil Positivo: quando o uso de tela tem como objetivo socializar, aprender coisas novas, estudar, realizar atividades físicas por meio de vídeo aulas, visitar locais como museus, cidades por meio de passeios virtuais, etc.
  • Perfil Precoce: quando a criança faz uso de telas antes da idade recomendada, conforme orientação dos órgão de saúde. Esse fator tem ocorrido muito em razão da pandemia por conta de os pais estarem trabalhando de casa e sem opções para entreter os bebês.
  • Perfil Problemático: quando o uso de tela acontece em locais e horários inadequados ou quando se consome conteúdo impróprio para a idade.
  • Perfil Excessivo: o tempo gasto em frente às telas é maior que o recomendado e substitui atividades essenciais como comer, dormir, interagir com outras pessoas ou mesmo deixar de brincar ao ar livre para ficar online, em jogos e atividades.

Mas entendam que todas as dicas acima não são a garantia de que tudo será um sucesso. Sabemos que tirar uma geração que já nasce digital de frente das telas é tarefa árdua, mas é muito importante que os pais reconheçam o comportamento de seus filhos e tentem adotar medidas necessárias para amenizar esse problema. Se notarem questões mais delicadas como desvio de comportamento, solidão excessiva e falta de motivação, procurem ajuda de um profissional imediatamente. Por fim, vale lembrar que crianças aprendem com exemplos, fiquem atentos também ao seu uso de telas e o quanto é de fato necessário estar conectado!

*Damião Silva é psicólogo e especialista em comportamento infantil.


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