5 dicas para responder às difíceis perguntas das crianças sobre sexo

Sexóloga Cida Lopes esclarece algumas dúvidas comuns e explica como quebrar o tabu e conversar com naturalidade sobre o assunto com os filhos

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Os pais podem falar sobre o tema nas conversas de rotina, para deixar claro que não é um tema proibido | Ilustração: Ju Ferreira
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Por Rafaela Matias – De onde vêm os bebês? Por que meu coração dispara quando vejo duas pessoas se beijando? O que é sexo? Se essas perguntas ainda não surgiram na sua casa, é melhor se preparar para respondê-las mais cedo ou mais tarde. Com pequenas variações, a curiosidade é unânime entre a criançada e, segundo a sexóloga Cida Lopes – autora do livro “Soltando os grilos” e convidada de novembro do Encontro Canguru de Belo Horizonte –, é importante que as dúvidas sejam esclarecidas o quanto antes. “É fundamental manter um diálogo aberto em casa, pois falando ou não sobre o assunto o seu filho vai construir os conceitos dele. Pode ser que esses conceitos fiquem distorcidos se não houver uma orientação adequada, por isso costumo dizer que é melhor começar a falar sobre isso 5 anos antes do que 5 minutos depois”, diz Cida.

Ela ressalta também que ainda que a criança não fale sobre isso, ela certamente pensa sobre o assunto e os pais podem introduzir a pauta nas conversas rotineiras, para deixar claro que não é um tema proibido. “As crianças têm uma curiosidade geral sobre o mundo e tudo que faz parte dele. O sexo é apenas um dos assuntos e, assim como qualquer outro motivo de dúvida, não deve ser ignorado ou marginalizado”, afirma.

Veja algumas dicas de Cida Lopes para que o sexo não seja um tabu na sua casa.

1) Liberte-se de seus próprios preconceitos.

Historicamente, a sociedade foi ensinada a tratar o sexo como um assunto indecente e aprendemos a deixar as crianças de fora da pauta. Mas é importante lembrar que todo ser humano é dotado de sexualidade, desde o dia de seu nascimento e por toda a vida. “Nós somos relação, somos contato. Se não construirmos um conceito bonito sobre a relação sexual, não há pergunta que a criança faça que seja adequada. Nós é que precisamos adequar o nosso conceito e tirar a lente que nos faz enxergar de uma forma tão negativa. Não transfira para a criança uma dificuldade que é sua”, defende Cida.

2) Devolva a pergunta.

Se o seu filho está com uma dúvida, ela já ouviu, conversou ou sentiu alguma coisa sobre isso antes. Devolva a pergunta e questione o que ele sabe e com quem já conversou sobre o assunto. Uma boa opção é perguntar qual a criança acha que é a resposta para aquela pergunta. “Isso dará uma boa noção do quanto ela sabe e qual o seu nível de maturidade sobre o assunto”, afirma. Para responder, Cida explica que é possível usar a experiência do pequeno para exemplificar. Por exemplo: se a pergunta for sobre o que é um orgasmo, os pais podem dizer que é como em uma festa de aniversário, quando chega o convidado mais esperado, com um presente que era exatamente o que você queria ganhar. Você pula, grita, comemora. E depois a euforia passa. “Não precisa ser literal, basta explicar de uma forma que a criança seja capaz de entender.”

3) Não reprima.

A criança está curiosa sobre um assunto e confiou em você para esclarecê-lo. Encare como um presente e uma prova de que você é alguém de referência, alguém de confiança para ela. “É importante não tolir ou invalidar o questionamento. Não é algo feio, a maldade não está na cabeça da criança. É o adulto que costuma interpretar o sexo como algo proibido e pecaminoso”, afirma Cida. Se ele perguntasse, por exemplo, por que os homens têm barba e as mulheres não, poucas pessoas teriam problemas para responder. Então, por que quando a pergunta é sobre o pênis ou a vagina a dificuldade é tão grande? Na cabeça da criança, não há essa distinção.

4) Trate com naturalidade.

Isso faz parte da vida dos pequenos. Eles têm curiosidade, como têm sobre tudo que está ao seu redor. Introduza esse assunto de forma natural, em conversas descontraídas do dia-a-dia, para a criança perceber que o tema faz parte da rotina, e que não é mais e nem menos importante que outros assuntos. Se ela fizer uma pergunta e você não souber como responder, tudo bem. Basta ser honesto e dizer que não sabe ou não se sente confortável para dar aquela resposta, mas que vai procurar um especialista ou outra pessoa que possa explicar melhor. “A criança não precisa que você tenha todas as respostas, mas precisa saber que ela pode chegar até você desarmada. Que pode confiar e perguntar quando tiver dúvidas, sabendo que você fará de tudo para esclarecer.”

5) Não minta.

Mesmo que o seu filho esteja te fazendo uma pergunta, é possível que ele já saiba a resposta. E mesmo que não saiba, um dia ele descobrirá e mentir não ajuda a construir um laço de confiança. “Os pais precisam se mostrar confiáveis e acessíveis durante a infância se quiserem ter uma relação de amizade com os filhos na adolescência”, afirma. “Se não, o mais provável é que eles não sejam procurados para discutir esses assuntos, o que torna mais difícil a orientação”, completa. E atenção: ignorar a pergunta ou ser omisso diante dela é tão prejudicial quanto a mentira. “Quando a criança faz uma pergunta e você não responde, o sentimento que ela tem é de traição. A omissão também é uma forma de reprimir, de mostrar que esse assunto não deve ser falado.”

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