Veja as mais de 15 dicas que Luiza Fiorini deu para seu filho comer melhor

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Por Cristina Moreno de Castro

 

Foto: Cristina Moreno de CastroSeu filho não aceita comer salada de jeito nenhum? Toma refrigerante com mais frequência do que você gostaria? Tem nojo de alimentos pastosos, como purê de batata? Só toma suco se for “de caixinha”? Faz uma hora danada para terminar o prato de almoço? Só come diante da tevê?

O drama com a alimentação infantil acontece em praticamente todos os lares. As perguntas acima foram feitas por algumas das mães participantes da palestra “Como ensinar meu filho a comer bem?“, que a gastrônoma Luiza Fiorini, 27, deu neste sábado (26), no Encontro Canguru, que acontece gratuitamente todos os meses, no anfiteatro do Pátio Savassi. Também são perguntas ouvidas corriqueiramente em qualquer rodinha de pais.

Por isso, não se preocupe: seu drama não acontece só na sua família. Tampouco é impossível de solucionar, embora fique mais difícil quanto mais velha for a criança, já que é mais fácil ensinar hábitos saudáveis desde o berço.

A própria Luiza admitiu, logo no início da conversa, que ela oferecia suco de saquinho, paçoquinhas e outros alimentos industrializados ultraprocessados — e riquíssimos em aditivos — à sua filha mais velha. “Eu não sabia ainda o mal que estava levando para minha casa.”

Ao perceber que ela própria já havia ganhado 6 kg acima de seu peso médio, ela resolveu mudar completamente a alimentação em sua casa. Mais tarde, tornou-se a gastrônoma especialista em alimentação infantil que é hoje.

Industrializados são os vilões

Luiza Fiorini defendeu, em boa parte de sua palestra, que os alimentos industrializados ultraprocessados são os grandes responsáveis pelo fato de que, hoje, um terço das crianças do mundo estão obesas — além de muitas estarem hipertensas e diabéticas.

E a publicidade contribuiu para que esses alimentos tenham entrado de forma tão agressiva dentro dos lares. Hoje, inclusive por questões legais, os comerciais são mais voltados às mães que às crianças, então é preciso que tenhamos atenção redobrada.

“Comer, hoje, é uma questão de status. As crianças gostam de comer mais o que vem na caixinha colorida do que o que você faz e põe num pote para levar para a escola.”

O primeiro problema desses produtos, segundo Luiza, é que eles contêm muito mais açúcar do que os pais imaginam, inclusive porque alguns açúcares vêm com nomes que os leigos desconhecem. Ela dá um exemplo de alimento que normalmente é sugerido para quem quer perder peso: as barrinhas de cereais. “Uma barrinha dessas tem cinco tipos de açúcar diferentes!”

As palavras destacadas em vermelho na foto abaixo também são açúcares, por exemplo:

Foto: Cristina Moreno de Castro

O segundo problema é que os aditivos químicos que os ultraprocessados contêm viciam o paladar. Por isso, uma criança não aceita tão bem o suco de manga feito em casa com a fruta de verdade, já que o da caixinha, com aditivo, tem o gosto bem mais acentuado. “Não existe quantidade segura para o consumo de aditivos químicos, exatamente como não existe quantidade segura para o uso do cigarro.”

Aí entra a primeira dica aos pais: ler, com atenção, os rótulos dos alimentos, com as informações nutricionais — lembrando que o que aparece na frente vem em maior quantidade. De preferência, ler junto com as crianças, explicando a elas o que está sendo dito ali: “Vocês sabiam que esse corante vermelho, usado na maioria dos alimentos industrializados vermelhos, é feito com uma secreção expelida por um besouro criado em laboratório?”

Como a maioria não lê esses rótulos, oferecemos uma quantidade muito maior de açúcar para as crianças do que imaginamos. “Vivemos uma epidemia mundial de obesidade infantil.” 

Veja outras dicas de Luiza Fiorini para incentivarmos a alimentação saudável das nossas crianças em casa:

– Dificultar o acesso a industralizados em casa. Não é proibir, mas dificultar mesmo. “Se o mundo inteiro está oferecendo isso, pra que oferecer também em casa?” Afinal, é possível encontrar esses saquinhos, potinhos e latinhas não só em supermercados, mas virtualmente em qualquer lugar hoje em dia: farmácia, pet shop, hospital, posto de gasolina… Já tem máquinas de fast-food até em playground de prédios residenciais!

Foto: Cristina Moreno de Castro

– Tentar cozinhar em casa os alimentos que substituem os industrializados. Por exemplo, fazer a própria barrinha de cereais ou iogurte em casa. Não temos tempo? “Podemos separar duas horinhas por semana para fazer o lanchinho de todos os sete dias, e congelar para facilitar”, exemplifica Luiza.

– Evitar que a refeição seja diante de uma TV. “Elas comem no automático, não prestam atenção aos sabores, cores e texturas dos alimentos.”

– Incentivar a criança a prestar atenção à comida. “Olha que maravilha está esse arrozinho!” Falar coisas assim, incentivá-las a cheirar e tocar os alimentos.

– Fazer refeições em família. Mesmo que seja na correria, com pressa, mas juntos.

– Preferir os alimentos orgânicos. Há várias feirinhas de orgânicos em BH — em breve, a Canguru vai colocar no site uma relação dessas feiras 😉

Foto: Cristina Moreno de Castro– Deixar à mão para as crianças os alimentos saudáveis. Colocar a cenoura já lavada em uma estante acessível da geladeira, por exemplo. Se você fez um biscoito, deixá-lo no pote que seu filho alcança, e não o biscoito industrializado.

– Demonstrar prazer em comer, comer com a boca boa diante do seu filho.

– Não usar comida como suborno ou recompensa. Nunca falar, por exemplo, que seu filho só vai ganhar sobremesa se comer tudo: assim, a refeição vira vilã e a sobremesa passa a ser o grande triunfo. 

– Aliás, a criança não TEM que comer TUUUUDO. Cada criança de um apetite diferente. Se ela está bem, forte, fazendo cocô, correndo, é sinal de que está se alimentando na quantidade ideal. Respeite o apetite do seu filho.

– Mas tem dias em que os filhos enrolam para comer, e a gente conhece nossos filhos. Ser firme nestas horas.

– Não rotular seu filho. Dizer na frente dele e de outras pessoas que ele “não come nada”, por exemplo. Ele vai acreditar nesse rótulo e se fiar nele.

– A neofobia alimentar (medo de alimentos novos) é normal e acontece por volta dos 2 anos. O importante nessas horas é não deixar de oferecer as comidas para o filho. Tentar oferecer de outras formas (por exemplo, dar a cenoura crua em vez de cozida, ou batata em outras texturas…).

– Cozinhar e deixar seu filho participar do processo, nem que seja só desfolhando um manjericão ao seu lado. “Eles amam cozinhar!” Luiza reconhece que há pouco tempo para isso, mas sugere que seja feito de vez em quando e em momentos do dia mais tranquilos — a janta, em vez do almoço, por exemplo –, para se tornar um momento familiar agradável. “Hoje ninguém cozinha, a gente só abre pacotinho. O futuro da gastronomia está perdido! Temos que transmitir essa habilidade aos nossos filhos.”

– Criar memórias afetivas ligadas à refeição. Até chegar o momento em que seu filho vai mostrar aos coleguinhas, orgulhoso, o biscoito que você fez junto com ele. E vai se lembrar do cheiro e sabor da “comidinha da mamãe”, anos depois.

– Fugir do excesso de exceções. Não tem problema tomar um refrigerante no dia da festa de aniversário de alguém, o problema é que hoje tudo vira exceção: pode comer porcaria porque é sexta-feira, porque tirou nota boa, porque está na casa da avó, porque é festa de aniversário… “Tem que ter dia e horário para tomar o refri.”

Mesmo evitando o tom de orbigatoriedade em sua conversa, Luiza diz que já ouviu de muitas pessoas que sua preocupação com a alimentação saudável é “muito mimimi”, ou “terrorismo alimentar”. “Temos que lembrar que os hábitos da infância vão para a vida toda. Nossas crianças estão ficando obesas e diabéticas e a gente nem está vendo.

Quer saber mais sobre as ideias de Luiza Fiorini? Leia seu blog, que é publicado quinzenalmente, às sextas-feiras, na Canguru.

Sucesso de público

Foto: Cristina Moreno de CastroO anfiteatro do Pátio Savassi estava lotado durante a palestra. Ao final, alguns ouvintes fizeram perguntas sobre seus casos mais específicos.

A cirurgiã-dentista Daniela Fialho, que tem filhas de 5 e 9 anos, comentou ao final, com a reportagem da Canguru, que achou a palestra “excelente”. Ela conta que já evita industrializados em sua casa, almoçando fora e lanchando na padaria, mas que vai passar a aplicar mais a ideia de cozinhar junto com as filhas em casa.

Todos os meses, a Canguru promove um encontro gratuito sobre assuntos relevantes ligados à criação de filhos. Fique ligado no site da Canguru para se inscrever nos próximos eventos!

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